domingo, 23 de junho de 2013

A Mentira - Capítulo 12: MINHA!


            Após uma noite em que Grey chegou tarde e não lhe procurou em seu quarto, Ana tomava café sozinha na varanda quando Kate veio avisar que tinha uma visita aguardando.

            - Visita?
            - Sim. O Padre da cidade veio te ver.
            - Aaaa claro. Bom é quando o padre vem te visitar que você percebe o quão pequena é essa cidade. – Brincou.
            - Sim, mas é um lugar agradável. Eu gosto. – disse Kate. – Conseguiu falar com sua família?
            - Não! O celular não pega em nenhum lugar dessa casa...e meu marido não parece muito interessado em me tirar daqui. – Hoje ela estava se sentindo um pouco carente. – Bom...vamos encontrar o padre.

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            - Bom dia, Padre. É um prazer recebê-lo em minha casa.
            - Ótimo conhecê-la, Anastásia...ou Senhora Grey...como preferir.
            - Me chame de Ana, por favor.
            - Pois bem...Ana, então. O que está achando da cidade? É pequena e não tem as mesmas facilidades de São Paulo, mas é um lugar de gente muito boa.
            - Na verdade, Padre, eu não vi praticamente nada além da fazenda. Meu marido anda...muito ocupado...eu acho pelo menos.

            Era muito claro que os problemas do casal não eram apenas falatórios dos funcionários. Essa moça estava infeliz e mal tratada. Para o interior ainda não era raro encontrar homens que não tratavam as esposas com delicadeza e muitas mulheres acabavam se acostumando, mas esse não parecia ser o caso. Era uma mulher da capital...logo logo iria deixá-lo. Aliás, por que veio e permanece ao lado dele? Em especial, se não passa de uma interesseira e aproveitadora, como Christian tanto acreditava. Mas, vindo de família rica, ela iria morar nesse fim de mundo por outro motivo que não fosse amor? Será que Grey não conseguia ver isso?
O fantasma que o aterrorizava era a certeza de que a esposa teve um caso com o irmão. “E se eu perguntar?” Questionava para si memo. Isso resolveria a questão e colocaria tudo em pratos limpos. Não podia interferir assim. Além disso, as conversas que teve com Christian eram em confiança e jamais poderia contar a ninguém.
- Padre? O senhor tem internet e telefone na igreja?
- Internet...não...isso ainda é muito complicado por aqui. Telefone sim. O da sacristia costuma funcionar bem. – Respondeu o homem de Deus. – Mas o de vocês não está bom?
- Aqui não tem padre. Não sei como uma fazenda tão boa ainda não tem linha telefônica.

Tinha. Desde os tempos de Elliott a fazenda tinha telefone. Se a rede estava desligada era a pedido de Christian e isso  o deixava ainda mais temeroso. Se o que for a tal vingança prometida, ali Anastásia estava escondida do mundo.

-É estranho mesmo. – Tinha obrigação de ajudar essa mulher. – Mas o da igreja está a sua disposição para se comunicar com quem desejar.
- Que ótimo Padre! Estou louca para falar com meu tio e meu primo. José é quase da minha idade e sempre fomos muito próximos.

Christian os encontrou tomando limonada à sombra. Não gostou nada de ouvi-la falar de José.

- Saudades do querido primo, meu amor? – Chegou beijando-a nos lábios.
- Ela me falava da família, Sr. Grey. Parece ter muito carinho por eles. E isso é sempre bonito de ver.
- É...vejo que ela já o conquistou. Minha esposa parece ser ótima em conquista.
- Obrigada, ‘querido esposo’. – O tom era falso o bastante para o padre sentir vergonha. – Acabei de aceitar a oferta do Padre. Ele vai me ajudar a contatar meu tio. Assim eu poderei contar para ele o quanto sou feliz aqui. O que acha?

Ele não gostou nada disso.

- Acho que você não precisa incomodar o padre quando não faz nem uma semana que viu seus tios.
- Não será nenhum incomodo. – Assegurou o religioso no momento em que Jacob se aproximava guiado por um empregado da fazenda. – Olhe quem também veio fazer uma visita.
- Bom dia a todos. – Apertou a mão dos homens e cumprimentou Anastásia. – Eu vim fazer a entrega de sua encomenda, Sr. Grey e aproveito para conhecer sua senhora. Muito bela...exatamente como se comenta pela cidade. É ótimo ter uma dama como a senhora vivendo em nosso povoado.
- Bem...pode me chamar de Ana. Não precisa tanta formalidade.
- Como desejar, Ana. – Ele continuou sem perceber que despertava timidez nela e ódio em Grey. – Mas devo dizer que não esquecerei nome tão singelo e lindo ao mesmo tempo. Combina com seus olhos límpidos.
- Eu acho que MINHA mulher já entendeu o quão maravilhosa o senhor a julga. – Christian interferiu.
- Deixei-a tímida, Ana? – Ele ignorou Grey.

Ela sorriu adorando ver a reação do marido. Ele, tão frio desde que chegaram, agora mostrava sangue nas veias. Até que essa cidadezinha podia oferecer tardes divertidas

- Não, nenhum pouco tímida. É sempre ótimo receber elogios. Quem sabe meu marido não se inspira? – Ela devolveu o beijo. – Mas eu sequer sei seu nome!
- Desculpe! Que erro meu! Jacob Black, ao seu dispor. – Ele pega em sua mão. – Qualquer coisa que precisar, em qualquer horário, pode bater em minha porta.
- Senhor Black! – Grey estava prestes a explodir. – Onde está minha encomenda? Veio aqui pra isso...ou não?
- Sim, eu vim. Já está nos estábulos.
- Comprou um cavalo do senhor Black, meu amor? – Ana perguntou.
- Sim, Ana, comprei. E ele é seu.
- Sério?! – Ele andava tão bruto que não esperava nenhum presente.
- Sim. Assim você terá uma atividade durante o dia. Eu sei o quanto gosta de montar.
- Sim, eu amo! – Ela tornou a beijá-lo. Dessa vez não teve falsidade nenhuma. – OBRIGADA! Eu te amo!
- Senhora Grey. – Jacob atrapalhou o momento. – Devo adverti-la que esse animal não é dos mais mansos...ele....
- Não se preocupe. Saberei lidar com ele. – Nunca teve medo de nenhum animal.
- Eu já tinha dito isso, Ana. Mas o Senhor Black parece não ouvir os meus avisos. – Era bom isso mudar daqui para frente.
- Bom...eu vou aos estábulos ver meu presente. Fiquem conversando rapazes. Tchau Padre! Tchau Sr. Blak...
- Também pode me chamar de Jacob, Ana. Acho que seremos bons amigos.

- É claro, Jacob.

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