terça-feira, 22 de outubro de 2013

Casamento Fuga e Vingança - Capítulo 28

Nada fez com que Bella concordasse a ir para nossa casa. A solução foi instalá-la no melhor hotel da cidade e falar diretamente com o gerente para que ele garantisse uma atenção especial com minha mulher, grávida de trigêmeos. A última parte, falei com um imenso sorriso! Eu e Bella combinamos então que ela passaria essa noite descansando e eu viria almoçar em sua companhia e depois iríamos na médica cuidar de nossos filhos. Dos três, nós não desistiríamos de nenhum deles.
Meu sono não foi tranquilo, também não foi ruim. Tive um sonho lindo e acordei com lágrimas escorrendo pelo rosto. Nele eu e Bella caminhávamos por uma linda campina onde nunca estivemos. Era possível notar como estávamos mais velhos e maduros. Eu a abraçava, beijava, acarinhava e a ajudava a se sentar sobre uma imensa toalha quadriculada, típica de piqueniques. Em um piscar de olhos a toalha estava repleta de guloseimas deliciosas, mas que não eram comuns na nossa alimentação. Além disso era muita comida para nós dois! Logo depois eu ficava sabendo do por que daquele exagero todo. Muitos gritos e risadas surgiram e três lindas crianças com olhos cor de chocolate, um menino e duas meninas, se juntava a nós para devorar as gostosuras.

Acordei chorando de felicidade.

O dia parecia mais bonito e menos nebuloso que todos que o antecederam. Era porque agora minha família estava na cidade. E agora nós éramos uma grande família de cinco integrantes! O correto seria eu dar a notícia primeiro à minha mãe, mas Ana era quase isso e eu não me contive. Queria me exibir dizendo que era pai de três crianças e não precisei da ajuda de laboratório nenhum para isso.

- Ana, preciso falar com você. – Falei enquanto comia algumas frutas sentado à mesa. – Senta enquanto conversamos. Aceita um café?
- De onde vem tanta alegria? – Ela me olhava desconfiada, mas sentou à minha frente. – Do que quer falar? É da Dona Bella?
- Não exatamente. – Comecei com cuidado afinal minha antiga babá já era uma senhora idosa. – Sabe Ana, estive pensando e já é hora de melhorar o quadro de funcionários aqui de casa.
- Como assim? Eu não sirvo mais? – Ela se revoltou.
- É claro que não Ana! Nem pense em me deixar. Mas quero que tenha mais ajuda, que não se canse tanto.
- Não Edward! Agradeço, mas quem coloca a mão em minhas panelas sou eu.
- Mas em breve, você precisará de ajuda. – Era agora. – Não poderá cuidar de três crianças.

Ela ficou muda me olhando...sorriu...e depois...ficou brava!!!!!!!

- Como você foi capaz! Só porque a menina Belinha não pode ter bebês você mal se separou dela e já foi espalhar crianças por aí? Três Edward? Três filhos e cada uma de uma mãe diferente?! Isso é inaceitável!
- Não Ana, não é isso. Eu...
- É claro que eu vou amar a todos e cuidar como cuidei de você, mas não agiu certo! E...
- ANA CALMA! – Eu disse e ela se calou. – Meus filhos, os três, estão sendo gerados na mesma barriga. A única mulher com quem eu quis um bebê é Bella e eu acabo de ser presenteado com três. Bella espera trigêmeos.
- Senhor Jesus Cristo! – Ela disse pálida.
A manhã passou rápida. Eu deveria ter ido ao escritório trabalhar, mas o grande sonho de minha vida se realizando triplamente, quem se preocupa com trabalho? Antes de ir ver Bella, fui ao shopping comprar os primeiros presentes de meus filhos. A vendedora, depois que contei a razão de minha felicidade, perguntou se já sabíamos se era misto, três meninos ou três meninas. Saber eu não sabia, mas confiei na dica que o mundo dos sonhos me trouxe na noite passada. Duas princesas e um garotão!
Fiquei um bom tempo babando nas roupinhas, mas decidi que Bella tinha de estar junto na hora de comprar o enxoval dos filhos. Pedi então que a vendedora me ajudasse a escolher uma lembrancinha simpática e divertida para uma mãe que esperava três bebês. Por fim escolhemos um trio de babadores de bichinhos sorridentes:  


 Dois tinham cores femininas (laranja e lilás), era melhor evitar o rosa para não gerar brigas e para meu menino escolhi um verde.
- Obrigada e volte à loja. – Disse a simpática vendedora.
- Voltarei...tenho certeza.
- Motivos não irão faltar. Esses três exigirão um grande enxoval.

Presentes comprados, ainda passei em uma floricultura e escolhi um lindo arranjo para minha esposa ( prefiro evitar o ‘ex’). Bati em sua porta duas vezes antes dela aparecer linda de jeans, camiseta e jaqueta de couro. Pena que eu já comecei falando bobagem.
- Essa calça não aperta sua barriga? Já deve ser apertado aí, não pode ficar apertando eles, tem de deixá-los crescer.
- Eu sei tudo o que tenho de fazer Edward. Minhas roupas estão bem largas.
- Sim, mas nós vamos resolver isso. Você agora será bem cuidada. Eu vou pessoalmente supervisionar suas refeições e...
- Nem termine essa frase Edward. Vou repetir, caso não tenha ouvido. Eu sei tudo o que tenho de fazer Edward!
- Mas eu sou o pai e...
- E verá seus filhos sempre que desejar, mas a mãe sou eu e não preciso que venha supervisionar nada.

Para evitar novas brigas me calei.

- Bom e...essas flores são para você.
- São lindas, obrigada.
- Eu não sabia quais são suas flores favoritas estão trouxe rosas. Acertei?
- Não, eu prefiro orquídeas. Normalmente são resistentes e duram muito se bem cuidadas. Mas mesmo tendo convivido por algum tempo, nós não nos conhecemos Edward, por isso você não tinha como saber disso.
- Que bom que Deus nos deu essa nova oportunidade.
- Eu não vou colocar os nossos erros na ‘conta’ de Deus.
- Erros? Meus filhos não são erros. – Com essa fiquei ofendido. – Se não os quer pode...
- Não coloque palavras em minha boca! Eu quero meus filhos e vou ficar com eles!
- Só não esqueça de que fala de bebês que também são meus. – Resolvi aliviar o clima. – Bom...eu trouxe um presente para eles também. Acho que o mais justo é que você abra, afinal, eles estão aí dentro né? – Disse apontando para sua barriga.
Ela abriu o simples pacote com desenhos infantis e viu os três babadores. Gostou do presente.
- São lindos. Quando penso na confusão que será quando os três estiverem correndo por aí...chego a ficar com medo. – Como era lindo vê-la sorrir sonhadora dessa forma.
- Eu contei para Ana e ela já está planejando ajudá-la. Aliás, ela quer ver você o quanto antes. Sei que não deseja ir em nossa casa então...
- Em sua casa Edward. Aquela casa é sua. Ela pode vir aqui quando quiser.

Almoçamos tranquilamente e Bella comeu bem, disse que há tempos não sentia tanta fome. Fiquei feliz dizendo para mim mesmo que podia ter algo a ver com isso.

- O que quer de sobremesa?
- Não sei. Na verdade, não sei se consigo comer mais nada.
- Bobagem, grávidas precisam comer bem. E você come por quatro agora!
- Ou seja, vou virar uma bola. – Ela sorria falando. – Mas, se esse é o meu destino, ao menos será gostoso. Eu quero uma mousse de chocolate.

Depois que ela estava devidamente alimentada e adoçada, fomos ver a Dr. Carmen. Depois de muitos exames, ela deu seu parecer.

- Nem tanto ao céu, nem tanto ao inferno. Bella, você sempre soube das dificuldades que teria para ser mãe e, junto a Edward, assumiu o risco. Eu realmente acho que vocês devem um imenso agradecimento a Deus pelo milagre que receberam.
- Eu agradecerei, quando tiver os três em meus braços. – Disse Bella.
- Só que a luta não terminou Bella. Não posso lhe esconder que é uma gestação de risco.
- Quero saber o que pode acontecer. Quais são as melhores e piores hipóteses que temos? – Eu pedi.
- Nós podemos sair dessa com 100% de vitória. Isso seria Bella dar a luz tranquilamente, os três bebês nascerem bem e não haver nenhuma lesão no útero. O que lhes permitiria ter mais filhos no futuro.
- E complicações? – Insisti.
- Temos quatro vidas envolvidas nisso Edward. No caso dos bebês, o risco está em o útero de Bella não conseguir se manter o peso dos três até o final dos nove meses e nós tenhamos que fazer o parto antes. Assim, dependeríamos da maturidade dos órgãos de cada um dos seus filhos. É comum gêmeos nascerem com tamanhos diferentes por um ter se desenvolvido melhor.
- Eu não vou desistir de nenhum deles! – Bella disse.
- Eu sei e não pedirei isso Isabella. Mas terá de se cuidar. Até porque, se houver complicações, você também poderá ter sequelas.
- O que quer dizer? – Eu queria filhos, muito, mas não as custas da vida de Bella.
- É alta a porcentagem de gestantes com quadros como o seu em que, se temos complicações, é necessária a histerectomia.
- Por favor Carmen, seja mais clara. – Bella pediu.
- Histerectomia é a retirada do útero. Há quadros clínicos onde é necessário. – Por impulso segurei a mão de Bella. – Eu não estou dizendo que ocorrerá. Apenas sendo clara quanto as possibilidades.
- O que podemos fazer para isso não ocorrer.
- Não é uma garantia total, mas com repouso, tranquilidade, uma pressão arterial adequada, exercício físico, boa alimentação e um pré-natal podemos ter final feliz para essa história. Temos seis longos meses de trabalho.

Saímos de lá apreensivos e fomos direto para o hotel. Bella estava preocupa e eu tinha uma proposta para lhe fazer.

- Vou ser direto. Não acho que viver num hotel seja o melhor para você e, se minha casa não lhe agrada...
- Ela não me traz boas lembranças.
- E a fazenda? As minhas lembranças de lá são ótimas.
Ela sorriu antes de me responder.
- Sim, ótimas. Só que aquele tempo não vai voltar. Não precisa, mas lá você terá tranquilidade, boa alimentação, ar puro e muitas opções de exercícios leves. E não é tão distante, além de ter acesso por helicóptero. Além disso eu me comprometo a não ir lá sem sua permissão.
- Mas o lugar é seu.
- Não importa. Estou dando minha palavra! Quando quiser vê-los, você e os bebês, vou ligar e perguntar se posso. O que me responde.

Ela pensou por alguns minutos...

- Sim, eu aceito.
- Ótimo. O trovão vai gostar da sua companhia.



domingo, 13 de outubro de 2013

A Mentira- Capítulo 25: Recomeço




A viagem foi longa e difícil. Não por falta de conforte, o Annita era um barco maravilhoso e as quatro mulheres deixaram o povoado sem saber o que encontrariam. Mas sabiam o que desejavam. Kate estava cansada de se esconder. Queria das à filha um futuro melhor. Gail estava cansada das humilhações e agressões do marido. E Ana? Anastásia queria a verdade gritada a todos. Queria jogar na cara de Alice que sabia de tudo e que ela era a culpada pelo desastre que foi seu casamento.
- Ana?                                                                                
- Oi. Fale Kate.
- O comandante disse que já podemos deixar o barco. Jacob deu ordens para um carro vir nos levar até o aeroporto. Em algumas horas estaremos em São Paulo.
- Que bom.
- Você está triste. Se arrependeu?
- Não, Kate. Não é arrependimento. É só que mesmo depois de tudo isso eu o amo. E eu sei que podia ter dado certo. Eu e o Chris podíamos ter sido felizes.
- Ainda podem ser. Agora que sabe a verdade o Grey vai te procurar e não há mais motivo pra ele te tratar mal. Vocês podem ficar juntos ainda.
- Não! Tomara que ele não venha me procurar. Casamento é confiança, Kate. E ele não confiou em mim. Por mais que eu ame o Grey, nunca voltarei pra ele.
Ao todo foram mais de 10hs de viagem. Estavam exaustas ao desembarcar. Jacob fora recepcioná-las. Isso era ótimo, mas incomodava Ana. Tinha medo que ele interpretasse errado sua fuga. Tinha sim abandonado o marido, mas não pretendia se envolver com outro homem logo. Precisa ficar sozinha por um tempo.
Abraçou-o carinhosamente e ia esclarecer tudo quando ele a interrompeu.
- Você não precisa falar nada, Ana. Sou um homem maduro e gosto muito de você. Sei esperar. E...se o que precisa é de um amigo, com comigo.
- Obrigada, Jacob. É tudo o que eu preciso nesse momento.
- Bom...agora você está em casa. Quer que te leve para a casa dos seus tios? Ou prefere um hotel.
- Hotel. Não estou preparada para ver meus tios ainda. Eles sabiam o que o Grey pensava de mim. Também me condenaram nem sem me ouvir.
- Então vamos para um hotel.
Os dias que se seguiram na fazenda foram tristes. Christian não podia sair da cama e o padre pediu que os homens o vigiassem. Nervoso como estava, poderia cometer outra loucura. Mas ele não o fez. Apenas pediu para que terminassem de religar a linha telefônica para poder falar com a família de Ana. Não conseguiu o resultado que esperava.
- É bom lhe ouvir, meu genro. – Ray o recebeu bem. – Mas passe logo para Ana. Quero ouvir a voz de minha filha.
Era tudo o que precisava ouvir. Ana não tinha ido para casa dos tios. Há cinco dias tinha deixado a fazenda e não sabia para onde ela tinha ido.
- Ela não está aqui agora, Ray. Eu liguei pra...saber notícias. – Não podia simplesmente dizer que a sobrinha dele estava desaparecida.
- Aqui está tudo bem. A agitação está grande para o casamento e...por falar nisso...que dia vocês chegam?
- Casamento?
- Sim, Grey. O casamento de Alice e José é nesse sábado. Mas eu gostaria que vocês viessem antes.
- É que nós não sabíamos de nada.
- Como não?! Alice colocou o convite no correio! Que droga! Mas até sábado vocês têm que estar aqui.
- Claro...claro. Eu vou falar com Anastásia.
Não tinha mais como esperar. Mesmo com todos lhe dizendo que ainda precisava de descanso, era necessário ir procurar Ana. Não tinha dúvidas de que ela estava em São Paulo. Mas onde? E com quem?
- Estou indo procurar Ana.
- Eu vou junto. – Disse James.
- Tem certeza?
- Claro, Christian. Sua mulher foi embora e levou a minha junto! Quando eu chegar perto dela acho que sou capaz de....
- Eieieiei! Não vou admitir que  vá a São Paulo para agredir Gail. Chega! Será que não percebe que nossas mulheres foram embora porque não as tratamos bem?

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Casamento Fuga e Vingança - Capítulo 27: Apoio




Quando Bella acordou eu estava ali, ao seu lado, pronto para oferecer meu apoio. A questão era... ela iria aceitar? Eu desejava ser um homem correto e isso incluía não me aproveitar de um momento de carência e de medo vivido por ela. Eu esperava ser recebido de forma nada amigável no quarto, mas não foi assim. Ela estava desconfiada, amargurada, profundamente triste, mas desejosa de carinho.

- Oi. – Disse timidamente ao entrar no quarto.
- Oi... te devo um agradecimento.
- Não, nunca me deverá nada Bella. É a obrigação de um homem proteger àqueles que ama.
- De qualquer forma, obrigada. Nunca iria me perdoar algo acontecesse ao meu filho.
- Nosso. Nada de ruim acontecerá ao nosso filho.

Ficamos em silêncio apenas nos observando por alguns minutos, de certo modo dividindo a felicidade de saber que, apesar de nossos erros, o bebê estava bem e traria alegrias para nós. Achei que seria um bom momento para fazer o pedido e que ela não me negaria.

- Será que...bom...será que você deixa eu ver o ultrasom? Eu queria muito ver nosso filho.
- Claro. Só que Edward eu preciso que você saiba...não vou abandonar meu filho. Ele é meu.
- Não Bella, ele é nosso.
- Mas está dentro de mim. – Ela insistiu.
- Você sabe o quanto eu sonhei com esse bebê Bella. E enquanto eu o desejava, você nem ligava, nem queria ser mãe.
- Mas agora serei. E não abrirei mão dele!

Resolvi não discutir em respeito ao seu estado de saúde.

- Ok, não quero que fique irritada agora.

Logo depois uma enfermeira entrou no quarto dizendo que Bella deveria ser preparada para o exame. Eu fiquei esperando na sala ao lado e quando entrei, ela estava vestida numa camisola verde aberta no ventre e deitada na maca. Logo o gel transparente era espalhado na pele branquinha da mãe de meu filho e o Dr. passava um pequeno aparelho em seu ventre. Enquanto isso, íamos conversando.

- Você tem de se alimentar melhor. – Disse o médico.
- Sim, eu sei. Mas não é por falta de tentativa. Só que eu não consigo comer.
- Pois terá de insistir até conseguir. Isabella, eu vou lhe receitar vitaminas e complementos, mas nada substitui uma boa alimentação. – O médico foi duro.

Assim, enquanto falava e fazia suas indicações. O médico seguia passando o aparelho pelo ventre de Bella e registrando as imagens. Em um certo momento ele ficou quieto, calado e sem nos indicar o que ele fazia. Bella ficou angustiada e, para meu alívio, segurou minha mão. Só que eu também não me sentia bem, confortável. Havia algo de errado.

- Dr., o que há?
- Um instante, por favor, Sr. Cullen.

Mais alguns minutos de análise silenciosa do monitor e o médico nos sorrio.

- Temos algo inesperado nessa barriga.
- Como assim Dr.? A única coisa que há na barriga de minha mulher é meu filho! – Nessas horas não faz sentido dizer ‘ex’. Ela era a mãe de meu filho e nós continuávamos juntos, agora por nosso bebê.
- Fale, seja o que for, fale. – Disse Bella.
- Calma...os dois. Eu disse que era algo inesperado e não algo ruim. – Fiquei mais calmo. – Agora senhor Cullen, por favor, me diga o que vê no monitor.
- Manchas. – Fiquei com vergonha. – Desculpe se deveria ver mais, mas no momento só me parecem manchas.
- É só o que o senhor conseguiria ver. Mas me diga agora você Bella. Quantas manchas vê?
- O que? Eu...vejo...três...mas não pode! O que o senhor quer dizer?! – Ela gaguejava. – Eu não posso...é impossível. Apenas um já é um milagre e...
- Acalme-se senhora.
- Não pode...isso deve estar errado. Eu não posso ser mãe... não podia. Então como posso ter TRÊS bebês dentro de mim.

O médico seguiu falando calmamente, explicando para Bella que, em função do grande tratamento hormonal feito por ela, ter uma gravidez múltipla não era assim tão raro ou inexplicável.

- Devo lhe dizer, inclusive, que apesar de respeitar sua fé, isso não tem nada de milagre. É algo minuciosamente pensado e estudado na medicina. Como a senhora tinha uma dificuldade para conceber, sua médica elaborou um tratamento que lhe proporcionasse uma maior facilidade. É claro, ela contava com fazer uma seleção dos espermatozoides mais fortes e implantar apenas o selecionado. Agora, a senhora deve conversar com ela e decidir se seguirá com a gestação de todos os fetos. Pode, no seu caso, ser um pouco arriscado.

Depois de todo esse discurso feito pelo profissional, Bella, ainda atônita, saiu de seu estado de congelamento. Até eu me assustei.

- O que você quis dizer com: ‘conversar com ela e decidir se seguirá com a gestação?’ O que há para decidir?
- Isabella, você precisa pensar nessa possibilidade. Afinal será um gestação de risco e, entre escolher o bebê que tem mais chance de ‘vingar’ e tentar ter o três e colocar em risco a sua vida e a de todos...talvez o melhor seja...

Eu...estava sem ação. Fui da alegria completa ao pânico. Como assim? Eu acabo de descobrir que agora tenho quatro vidas para proteger apenas para, um segundo depois, ouvir do médico que deveria escolher um filho e matar os outros dois para assim garantir a segurança dele e de Bella? Ela foi mais ágil e dura em sua decisão praticamente instantânea.

- Seu açougueiro desgraçado! Pensa o que? Fique sabendo que eu sonhei a vida inteira em ser mãe e não achava que era possível carregar uma vida. E, se você não acredita em milagres, eu SIM. E meus três bebês nascerão saudáveis! Vamos Edward, eu não fico nesse hospital mais nem um segundo! Irei consultar com minha médica e esse assassino de bebês nunca chegará perto de meus filhos.
- Senhora, por favor, eu não quis dizer isso. Apenas preciso ser franco diagnóstico.
- O senhor foi franco até demais. Nós seguiremos o tratamento com a médica que tratou Bella desde o início. – Falei de forma firme.

Estava tão perdido quanto Bella e por isso não questionei quando Bella disse que desejava ir para casa. Levei-a diretamente para o apartamento dividido com Alice. Ela entrou, sentou à mesa da cozinha e por alguns instantes sorriu sozinha. Isso era outra surpresa para mim. Bella não cabia em si de tanta alegria.  De onde veio tanta maternidade dentro dela, tamanho desejo de ser mãe onde antes não havia nada se não desejo por dinheiro e liberdade? ‘Sonhei a vida inteira em ser mãe e não achava que era possível’, disse ela enfurecida ao médico que ousou sugerir um aborto para duas das crianças.

Precisava esclarecer isso.

- Bella, precisamos conversar. Aquilo que você disse ao médico...
- Eu sei que me exaltei. Mas como eu posso escolher Edward? Como eu posso simplesmente dizer qual deles terá a chance de viver e quais devem perder a vida entes mesmo de nascer? Como eu poderia, daqui a muitos anos, olhar nos olhos de meu filho e não lembrar dos demais? Dizer para ele que eu matei seus irmãos?
- Ei?! – Ela achava que eu concordava com o médico? – Eu entendo e teria ficado muito decepcionado se você pensasse diferente. Só acho que temos de marcar uma consulta médica  e você precisa ter todo o acompanhamento médico.
- Sim, eu sei.
- Mas eu preciso esclarecer Bella...você sempre desejou ser mãe?
- Sim Edward, sempre. Desde muito menina eu sonho em ter meus bebês.
- Então porque sempre foi tão negativa com a ideia de ter meus filhos?!
- Eu não gosto de sonhar com o que não posso ter Edward. Fui muito jovem avisada dos problemas que a endometriose me traria e me conscientizei de que era impossível. Eu repetia para mim mesma de que poderia ser feliz sem isso.
- E conseguiu?
- Sim...até você entrar na minha vida. Você e sua obsessão me perturbavam.
- Mas você deseja esses bebês, tem algo para agradecer à minha obsessão.
- Sim, se não fosse isso, eu jamais faria o tratamento. Fiz apenas para agradar você e ganhei esse presente. – Ela disse com lágrimas escorrendo pelos olhos.
- Presente triplo. – Já eu sorria de orelha a orelha.
- Sim!!!!!!

Meu Deus...como, depois de tudo que ouvi de Bella eu poderia sequer pensar em afastá-la de nossos filhos? Seria imperdoável. Sem desejar pensar a respeito disso, decidi encarar outros assuntos.

- Precisamos ligar para a Doutora Carmem. Ela poderá aconselha-la melhor que esse médico daqui. – Disse calmamente.
- Eu sei, mas tenho medo dela dizer o mesmo. Não vou tirá-los. – Ela caiu no choro novamente.
- Calma Bella, calma. – Achei que precisava levá-la para Boston e tirar logo esse medo de seus olhos. – Vamos vê-la agora, o que acha?

- Eu...eu quero.
- Ótimo.

Não pensei duas vezes e liguei para Dr. Carmen que já nos tranquilizou:

- Se ela está de três meses, já temos uma boa indicação. Os pequenos vão ficar cada vez ficar mais fortes. Venham logo para eu examinar essa grávida tão emotiva.

Depois disso eu segui no telefone enquanto Bella arrumava uma mala. Liguei para o aeroporto e reservei nossos lugares. Depois avisei Jasper de tudo o que aconteceu e pedi que desse o recado para Alice. Talvez ela pudesse estender seu final de semana e fazer companhia à Bella.