terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Capítulo 29: Pequena Grande mentira!










            - Você tem certeza disso, Elliott? – Grey sentia medo de sofrer uma nova decepção. -  Se for só um golpe para me fazer sair da fazenda eu juro que...
            - Não! É verdade. Eu vi a Ana em pleno enjoo matinal. – Isso soou constrangedor.
            - E o que você fazia na casa da minha mulher logo cedo?
            Nada do que você está pensando...pelo menos não com ela...pode tirar essa cara de urso esfomeado.
            Enquanto Elliott falava sem parar, Grey nem prestava a atenção. Estava inebriado com a notícia. Pai! Anastásia estava grávida. Nunca antes na vida teve algo para agradecer a Deus. Não...isso era mentira. Nasceu em uma família de merda, mas depois que Grace o encontrou e o escolheu como filho as coisas melhoraram. Depois dos quatro anos tinha boas lembranças. Também teve sorte e construiu uma fortuna. E teve a sorte de conhecer Ana. Sim, o motivo não foi dos melhores, mas o importante era tê-la conhecido. O que seria de sua vida sem ela? Mas agora tinha algo novo para agradecer. Um novo milagre...tão importante quanto lhe dar uma nova família...Ana teria um bebê.
            Não sabia como seria criar uma criança. Sua mãe de sangue fora uma prostituta drogada, mas Ana seria uma grande mãe. Daquelas mães que defendem os filhos de tudo e sabem dar educação enquanto enchem os rebentos de amor e carinho. E ele? Poderia ser um pai que preste? Provavelmente não. Nunca quis um filho. Nunca se imaginou pai. Mas esse bebê veio como uma benção. Veio para uni-lo a Ana novamente.
            - Chris? Chris? Vai ficar sonhando aí acordado ou vai fazer alguma coisa? – Elliott ainda o observava.

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            Gail e Kate conversavam animadamente. Estavam pensando sobre roupinhas e sapatinhos para o bebê de Ana. Eram muito gratas pela corajosa amiga que ajudou as duas a mudar de vida e não mais viver com medo por causa de homens que não as respeitavam. Kate agora não tinha mais medo de ser encontrada pelo ex. Se ele aparecesse e fizesse alguma ameaça e iria à polícia. E nos últimos dias se sentia ainda mais feliz. Seu coração voltara a bater com felicidade. E Elliott tinha um pouco haver com isso. Com ele voltou a se sentir bonita e sensual.
Gail finalmente deixara as agressões de James e pela primeira vez na vida era livre. Trabalhar fora de casa esta sendo uma maravilha. Ana estava conseguindo iniciar um bom trabalho no ramo editorial e ela estava ajudando. Auxiliava no que podia e, no fim da tarde, fazia um curso de informática para aprender a mexer no computador. Diferentemente de Kate, não tinha encontrado um novo amor, mas não se importava. Depois de tantos anos de opressão, a liberdade era o melhor de todos os presentes. Estava feliz e mesmo que seguisse sozinha por toda a vida, jamais reclamaria.
Felizes pelas coisas boas que ocorreram em suas vidas, as amigas torciam para que Ana encontrasse a felicidade. Por mais durona que aparentasse, Anastásia estava muito infeliz. Nem a gravidez trouxe vivacidade aos seus olhos. Sofrendo com enjoos muito fortes a jovem mamãe ficava até mais tarde na cama e depois ia trabalhar apenas para, no fim da noite, voltar para casa cansada e dormir logo. Não fazia nada além de dormir e nem mesmo contou para a família que seria mãe. Já sabia que o tio Ray, muito tradicional, ficaria triste pela sobrinha ser praticamente mãe solteira.
- Mas não podemos fazer nada por ela, Kate. – Gail disse.
- Eu acho que o Grey e ela ainda podem se acertar.
- Não sei. Ele é muito obsessivo. Até violento às vezes. Eu sei que nunca a espancou...mas já chegou perto disse. Era sempre tãooo bravo, irritado, mudava de humor a toda hora.
- Mas Gail...Elliott disse que ele está sofrendo muito. E ele a ama, eu acho que eles ainda têm chance.
- E se ela desse uma oportunidade ao José? – Gail comentou. – O pobre garoto casou com aquela Alice que agora posa de rainha do lar enquanto ninguém na família a suporta! Ele veio ver a Ana, mesmo no meio de tantos problemas, se preocupou com a prima. Acho que ele tem um carinho sincero pela Ana.
- Sim, tem. Mas carinho não é amor, muito menos paixão! E isso a Ana encontrou nos braços do Grey. Ela não se contentaria com menos que isso.

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Vestindo calça jeans clara e camisa azul escura e carregando um boque de flores Christian chegou a empresa de Anastásia. Elliott o havia atualizado quanto aos avanços de Ana nos últimos tempos e ele se sentiu orgulhoso. Ela estava conseguindo ser independente e isso era elogiável. Só não gostou de saber que Jacob esteve envolvido em tudo aquilo. Era um empresário importante! Claro que tinha deixado muitos de seus negócios abandonados por conta da vingança, mas suas empresas continuavam rendendo muito bem e a fazenda dava lucros vantajosos. Ela deveria se aconselhar com ele e não com Jacob.
Mas não ia criar caso com isso agora. Veio ali para dizer que já sabia do bebê e propor que, pelo bem da criança, esquecessem o passado e voltassem a agir feito a marido e mulher. Era o melhor a fazer. Ana compreenderia. Logo que chegou foi avisado que ela estava atrasada. Na verdade, vinha trabalhando apenas a tarde nos últimos dias devido ao mal estar que sente pela manhã. Enquanto esperava pensou se devia marcar uma consulta médica para essa tarde mesmo, afinal Anastásia precisava de acompanhamento e, como pai, era sua obrigação levá-la às consultas e zelar por mãe e bebê. Pensando melhor, decidiu que ela já podia estar se consultando com algum médico. Mas iria exigir ver todo o histórico médico. Era o seu direito de pai e marido.
1h40 min e algumas xícaras de café depois...Anastásia entrou na recepção da empresa com uma expressão de poucos amigos. A manhã tinha sido terrível, assim como todas daquela semana. Acordou terrivelmente enjoada e sentia no corpo as dores e o desânimo de quem passa mal todos os dias. Seu dia não melhorou muito ao ver Grey.
- Você...é eu já esperava. – Foi só o que disse.
- Ana! Há quantos dias você não come? – Seu rosto estava mais fino e haviam manchas sob seus olhos. As grávidas não deviam engordar e ganhar um brilho todo especial?
- Não é da sua conta!
- É sim! E você sabe!
- Eu como todos os dias...e vomito tudo assim que abro os olhos pela manhã...satisfeito? – Foi a resposta desaforada.

Sem pensar duas vezes, Grey pegou-a no colo e deitou-a no sofá da recepção. Ela mal teve tempo para pensar direito. Só reagiu quando ele pegava o telefone.
-EI! O que pensa que está fazendo?
- Vou chamar uma ambulância! Você não está bem. Talvez o melhor seja ficar internada no hospital, com alimentação controlada até se fortalecer.
- Enlouqueceu de vez, Christian?!??! Só pode! Enjoo é normal na gravidez.
- Não dessa forma. Você perdeu muito peso.
Ela o empurrou e levantou do sofá.
- Não vou para hospital algum e você não tem nada a fazer aqui. Achei que já tínhamos acertado nossos problemas e que só faltava assinar o divórcio! Suma daqui Christian Grey!
- A não! Não pense que vai me enxotar daqui Ana, agora não pode mais. Sou o pai de seu filho. Tenho direito a acompanhar essa gravidez tanto quanto você! Vou querer ir a todos os exames e consultas, vou participar de tudo! Não pense que vai me tomar um filho, Ana. Essa criança é minha.
Assustada com o tom irritado do marido e sabendo o quanto Grey podia ser obsessivo, seguiu um impulso de mentir. Iria se arrepender, mas não conseguiu pensar em nada melhor.
- E quem te disse que o filho é seu? Eu nunca confirmei isso! – Gritou para ele.
- Ora Ana...e de quem seria.
- Você não vivia me acusando de ter amantes? Então...meu filho pode ser de qualquer um deles.
- Ana...não me irrite! Você é minha mulher, está grávida e esse bebê é meu!
- Não necessariamente! – Manteve a mentira.
- E de quem é?
Antes que Ana pudesse responder, José entrou na sala e irritou Grey ainda mais.
- Meu. O filho de Ana é meu. – Ele sabia que não era verdade, mas estava ouvindo atrás da porta e achou que a prima precisava de ajuda.
- Deixe de mentiras, seu idiota! – Ele segurou a vontade esmurrar José. – Ana...o bebê é meu, eu sei que é.
- Eu não preciso de pai para o meu bebê! Ele é só meu. É MEU filho. Não preciso que ninguém registre ele.
Agora foi Jacob a se intrometer na conversa.
- E, se precisar...eu posso assumir esse filho, Ana. Seu bebê pode ser o nosso bebê.
- Ora não venha mentir também, Jacob! Sei bem que o bebê que Ana espera é meu filho! – Christian passou as mãos nos cabelos mais uma vez.
Anastásia olhava pálida para os três.  Iriam brigar e a culpa seria sua. Para completar, a fraqueza tomava conta de seu corpo. Inferno. Agora que começou teria que levar a confusão até o fim.
- Calados! O meu filho é meu e só meu!  Não tem pai. Se quiser, Grey, espere nascer e pede um exame de DNA. Até lá, meu filho é apenas meu!

Capítulo 30: Em alerta!



Há três dias eu não conseguia pensar em outra coisa se não a conversa que tive com Bella. Ela sempre fora uma mulher surpreendente. Desta vez se superou. Jamais conseguiu imaginar sua esposa sendo tão altruísta a ponto de abdicar de um filho por acreditar que isso seria melhor para o menino e saber do tamanho de seu amor de pai. Eu também deveria ser assim, ser tão bondoso a ponto de honradamente ter-lhe dito um sonoro NÃO. Mas não fui. Só consegui chorar de emoção e me imaginar acordando no meio da noite para embalar meu bebê.
Só que o sonho logo virou pesadelo quando imaginei meu filho chorando desesperadamente sem que a minha companhia pudesse amenizar seu sofrimento. Ele desejava a mãe e, por mais carinho e atenção que eu lhe desse, nada iria abrandar essa falta. Meu menino precisava de Bella mais do que de mim.
O que devia fazer então? Devolver meu filho para Bella como se ele não fosse desejado por nenhum de nós antes mesmo de nascer? Triste ironia. Ele e as irmãs foram desesperadamente esperados por ambos os pais que agora não sabiam como redimir seus erros.
- Nossa Edward...nunca imaginei que Isabella fosse capaz disso. – Mais uma vez fui abrir o coração para minha mãe. – Não pode aceitar isso, meu filho. Por mais tentador que seja. Vocês dois estão errados. Como vão separar três irmãos?
- Bella acha que podemos fazer dar certo. Ela acha que com organização eles podem se encontrar, conviver e que, com a guarda compartilhada, eles podem ter as duas casas e se alternar com nós dois.
- Isso não se faz nem com bichinhos de estimação Edward. Não gosto dessas modernidades! Criança precisa de uma casa, um lar para lhe dar segurança. Pobrezinhos dos meus netos tendo de crescer dessa forma! - Esme ficou se lamuriando.
- Calma mãe, não permitirei que meus filhos passem por qualquer sofrimento que possa evitar. Se não houver alternativa, eu vou abdicar deles.

Mas depois de muito pensar eu descobri a solução perfeita. Como não pensei nisso antes?! Era muito simples! Eu e Bella tínhamos apenas de morar no mesmo prédio, de preferência no mesmo andar. Bella teria a individualidade da sua casa e eu da minha, mas nossos filhos teriam acesso a tudo. Seria apenas atravessar um corredor como se todo pertencesse apenas a uma única casa. As meninas e o menino poderiam dormir uma noite comigo e outra com Bella. Nenhum de nós perderia um dia na vida do filho. Meu plano era a perfeição!

Ou era o que eu pensava até expor minha ideia a Emment. Meu amigo e advogado não concordava.

- Você ficou maluco ou o que?
- Por que? É a convivência perfeita! Ninguém perderá nada.
- Claro Edward, é perfeito. Já consigo imaginar a Vic, com seu lindo nariz empinado, batendo na porta de Bella no meio da madrugada para avisar que uma das crianças acordou assustada e pede pela mãe. E Bella, é claro, agradecendo a sua esposa e andando pela sua casa de camisola para buscar o filho. Acha mesmo que elas serão civilizadas dessa forma?
- Não precisa ser assim. E eu não lembro de ter pedido Victória em casamento. – Na verdade não conseguia me imaginar dividindo a vida com mais ninguém que não Bella e nossos filhos.
- E perguntou para Bella se ela não vai querer se casar novamente? O marido dela iria achar a cena linda.
- Bella jamais colocaria outro homem acima de nossa família! – Descobrir que ela amava nossos filhos foi um lindo presente.
- Ainda acho isso loucura Edward! Sem falar que falta menos de dois meses para o parto e encontrar dois apartamentos no mesmo andar, no padrão que você deseja não seria fácil.
- Com dinheiro tudo é possível. – Eu estava confiante.
- Ao menos converse com Bella antes.

Claro que faria isso, jamais decidia algo assim sem que ela lhe tivesse concordado. É claro, no entanto, que eu não jogaria isso para cima dela sem que tivesse um bom plano já organizado. Minha Bella é uma gestante na reta final da gravidez, não podia ter sustos. Preparei tudo, encontrei os apartamentos perfeitos, grandes, arejados e totalmente seguros. O prédio era seguro e tinha tudo que ela poderia desejar. Mandei as fotos por e-mail e liguei para lhe contar o plano.

- Quer que eu more com nossas filhas no apartamento enfrente ao que você irá morar com nosso garoto? É isso?
- Sim e não. – Eu não havia lhe dito que não iria ficar com o menino caso ela dissesse não a minha proposta. – Se morarmos próximo, não vejo razão para essa divisão, estaríamos sempre juntos. Meninas e menino estariam sempre juntos e tendo contato com o pai e a mãe. E você terá sua privacidade já que estará na sua casa. Eu jamais irei lá sem seu consentimento.

- Eu...eu...não sei o que lhe dizer Edward.
- Diga sim Bella, por favor. Ao menos gostou do apartamento?
- Sim, é perfeito. – Silêncio. – Sim Edward...eu aceito sua proposta.

Fiquei tão feliz que não suportava mais a ideia de ficar longe deles.
Já tinha marcado um jantar com Victória para aquela noite, nossa relação havia tomado certa seriedade, mesmo sem eu chamá-la de namorada nós saímos algumas vezes e dormimos juntos em duas noites. Foram meses de abstinência, sem ter o corpo de Bella para me aquecer e, em horas de carência, recorria a ela para encontrar algum prazer, mesmo sem nunca sair realmente satisfeito. Era vergonhoso, mas eu assumia para mim mesmo que fazia sexo com uma mulher sonhando com outra.
Aproveitei o jantar para contar minha decisão e de Bella. Ela não pareceu muito satisfeita.

- Eu...eu achava que as crianças ficariam com a mãe. É o mais lógico Edward.
- São meus filhos também, Vic. Eu desejo ser pai há anos e com eles vou realizar esse sonho.
- Eu sei, mas você está separado de Bella e ter contato, passar os finais de semana com as crianças, ter feriados junto a eles. Não precisa morar com sua ex para ser pai! – Pela primeira vez eu via Victória demonstrar alguma emoção. E era raiva.
- Não vou morar com ela, vou morar enfrente a ela. – Dessa vez era eu a me manter frio. – E o que importa é que meus filhos poder aproveitar do carinho do pai e da mãe, além de ter acesso às duas casas. Não posso ficar sem minhas crianças Vic.
- Sim claro. Mas você sabe que eu estaria disposta a lhe dar filhos. Talvez não três mas...
- Não faça assim Vic! Nada vai mudar a decisão que eu e Bella tomamos pelo bem de NOSSOS filhos. Isso é assunto meu e de Bella. Quanto ao nosso relacionamento...quando chegar a hora certa, poderemos ter os nossos herdeiros. A menos que você decida que não pode lidar com essa situação e que devemos parar por aqui.
- Não! Não é isso Edward! Eu amo você e não vou interferir...se é disso que você precisa.
- Obrigada Vic. Sua compreensão significa muito pra mim.

Passados quinze dias eu estava animadíssimo e ocupadíssimo. Para desgosto de Victória eu não só passei muito tempo dos últimos dias preparando as duas casas como viajei novamente para a fazenda. Ela estava muito grande, se sentindo inchada e se movimentando bem menos. Até me ofereci para ficar ali até o nascimento, mas ela não quis. Combinamos então que era mais seguro ela passar o último mês em Boston, com acesso rápido aos hospitais. Quando voltei da fazenda Bella veio comigo e se instalou em seu novo apartamento. Não estava pronto, faltava muito para estar totalmente mobiliado e decorado, mas ela já estava com todo o conforto. Eu ainda não tinha feito minha mudança. Morava praticamente só na mansão enquanto Anna se dedicava a cuidar de Bella e das crianças.
Victória observava tudo à distância, não estava satisfeita, mas não reclamava. Essa situação estava se tornando insustentável.
Em meio a tanta alegria Bella entrou no último mês de gravidez. Estava no escritório quando algo muito esperado ocorreu. Recebi uma ligação de Jasper avisando que precisávamos conversar. Tinha novidades quanto a investigação que pedi. Marcamos em um bar onde sempre íamos. Quando cheguei ele me entregou um grande dossiê.
- Isso significa que terminou o trabalho?
- Não exatamente. A resposta que me pediu está aí, mas...acho que ainda há algo. Leia e veja se concorda comigo.

Meu amigo, exímio militar, não errava em serviço. À minha frente havia um compilado de provas que confirmavam a ligação de James e Tânia. Realmente minha desconfiança estava correta, mas de outra forma. Desconfiava de que eram amantes e não era isso que Jasper me mostrava.
- Irmãos?
- Sim, por parte de pai. Mães diferentes e criados em estados distintos. Ela com muito mais classe e dinheiro que ele. Foram ter contato já adultos quando ele já trabalhava para seu pai. – Tinha certeza de que ele tinha feito um relatório, mas ouvir era muito mais fácil.
- Ok. Então…ela entrou em contato com ele para se aproximar de mim?
- É o que parece. Lembra como a conheceu?
- Em uma festa dada por meu pai em nossa casa.
- Seu pai não abria a casa para desconhecido Edward. Ela entrou lá por que o irmão facilitou por ser o chefe da segurança.
- Tudo sempre foi pensado. – Era a única conclusão possível.
- E é pior do que você pensa. – Senti um calafrio, mas deixei meu amigo concluir. – Sabia que Bella sofreu ‘um acidente’ pouco antes de vir conhecer você?
- Não.
- Bella nunca deve ter ligado os fatos, mas semanas antes ela sofreu uma queda numa escada rolante de shopping. Uma pessoa esbarrou nela. Muita sorte ela não ter se ferido.
- Acha que...?
- Ora Edward...Bella precisaria ser a pessoa mais azarada do muito para ter quantia de ‘acidentes’ que já aconteceram com ela. Foi tudo armado, tenho certeza. Ela investigou a Bella e descobriu sua suposta infertilidade e conseguiu separar vocês. Assumiu o posto que sempre gostou no relacionamento com você, o de  amante oficial e usava seu dinheiro para sustentar os luxos do irmão. Isso tudo até você querer sua mulher de volta. Ela achou que seria fácil afastá-los novamente, como não foi, seus planos foram se tornando cada vez mais violentos e perigosos para Bella.
- E agora? Onde estão?
- James é louco, mas nem tanto. Ele sabe que você poderia descobrir tudo, caso realmente desejasse. Forçar um acidente de carro é muito grave. Ele fugiu desesperado e ainda está fora dos EUA.
- E ela? –
- Ela continua na cidade, Edward. Não consegui descobrir como se sustenta, mas está num caro hotel. Acho que você deveria se certificar de que Bella está segura, Edward. Na fazenda era uma coisa, aqui é outra. Não acho que Tânia esteja com uma sanidade mental das melhores.
- Vou cuidar disso, meu amigo. Obrigado por tudo. – Daí lembrei de uma coisa. – Porque disse que não estava completo o dossiê?
- Pense comigo Edward: como Tânia sabia que Bella seria convidada a se tornar sua esposa num acordo comercial antes mesmo da noiva? Da onde saiu a possibilidade de você contratar justamente James para ser segurança de Bella? E Tânia estar misteriosamente escondida num hotel de luxo, para que? Ainda há segredos aí.
- Então siga procurando. – Deus, quando isso pararia?
- Eu vou. Mas quis te entregar o dossiê agora para alertá-lo de que precisa proteger sua família.   

domingo, 22 de dezembro de 2013

A Mentira - Capítulo 28: Surpresas da vida





1 mês depois...                                     

            - Ana...desculpe insistir, mas aquele rapaz continua na recepção e disse que não sai por nada. – Gail alertou.
            As últimas semanas foram agitadas. Havia tomado posse de sua herança, oficializado a criação de sua editora e alugado o local onde ela funcionária. Gail fazia as vezes de sua assistente. E estava dando conta do serviço muito bem. Ela estava fascinada pela ideia de ter um trabalho com carteira assinada, afinal, passara a vida toda cuidando da casa.
            Também havia alugado uma casa. Onde as três amigas moravam. Kate tinha tomado coragem de voltar a profissão. Estava largando currículos em TVs, rádios e jornais da capital. Logo deveria estar empregada.
            Irritada por estar muito ocupada e, também, por saber bem o que o tal visitante viera fazer, levantou-se de sua cadeira. Quem estava na recepção era Elliott, irmão mais novo de Christian. Essa não era a primeira vez que ele a procurava. Certa noite ao voltar para casa, encontrou-o sentado à sala, conversando animadamente com Kate. Queria distância daquela família, mas não podia impedir sua amiga de se relacionar com o rapaz que, aparentemente, era boa gente. Se bem que Grey também aparentava ser.
            - Bom dia, Elliott. Em que posso te ajudar? Desculpe fazê-lo esperar, mas estou muito ocupada. – Disse pensando em fazê-lo ser breve.
            - Você sabe o que eu desejo, Ana. Estou preocupado com meu irmão.
            - Não posso fazer nada, Elliott.
            - Ele está depressivo, Ana. Voltou pra fazenda e mais chora do que vive. Os empregados estão preocupados. Temem que ele tente um novo suicídio.
            - E o que você espera que eu faça? – Tinha que ser dura. – O que seu irmão me fez foi muito grave, Elliott. Não desejo o mal dele, mas não quero vê-lo, nem me sentir responsável por suas loucuras. Ele jogou fora o nosso casamento, agora terá que viver sem mim.

            Chateado, Elliott ia se retirando quando voltou para fazer mais uma pergunta.

            - Eeee Ana...você se importaria se eu levasse a Kate pra jantar um dia desses? Eu sei que a minha família não foi muito legal com você...mas...
            - Seu irmão não foi legal comigo, Elliott. Eu nem tive chance de conhecer a família direito. Saia com Kate sim...ela vai adorar. Mas cuide bem da minha amiga, sim?
            - Pode deixar!
            - E, se quiser...janta com a gente uma hora dessas.
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            Mal humorado, na fazenda Grey não queria nem beber. Ao contrário de James que passava mais tempo bêbado do que sóbrio. A tristeza pela perda de Gail era intensa, a casa estava suja e destruída, a mão ferida pelos socos que deu na mesa feita de madeira maciça. Tentou ligar, até implorou, mas no fundo sabia que jamais teria sua mulher de volta.
            Os empregados da casa dos Grey também estavam apreensivos. O que poderia tirar o patrão da depressão? Aparentemente nada. Jéssica até tinha tentado se oferecer como alento, mas despachou-a grosseiramente.
            - Nunca será a Anastásia! Ela é a dona dessa casa! Só ela! Saia daqui! Saia! Me deixe com as lembranças dela!
            Depois pouco saiu do quarto. E tinha ao seu lado o telefone. Sempre que o irmão ligava pedia para que tentasse convencer Ana a lhe dar uma oportunidade. Christian já havia perdido peso e sua saúde também parecia afetada. Como James era o único médico da região, ninguém naquele momento podia ajudar.
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3 semanas depois...

            Elliott passou a frequentar a ‘casa das garotas’. Até mesmo a filhinha de Kate estava gostando do novo ‘amigo da mamãe’. Bem...ele estava conquistando essa amizade com um presente a cada visita. A pequena já esperava ansiosa pela chegada do amigo.
            - Tio Elliott! Trouxe presente pra mim? – Perguntou se jogando no seu colo.
            - Bianca! Isso são modos? Não seja interesseira!
            - Não tem problema, Kate...até porque sim, eu trouxe um presente. – Ele pré entregou um lindo urso de pelúcia. – Pra você gatinha.
            - Obrigada Tio Elliott. – Bianca lhe deu um beijo no rosto e sussurrou no seu ouvido. – Acho que a mamãe ficou brava porque só eu ganho presentes...ela não.
            - Será?
            - Eu acho, Tio. – A pequenina ria
            - Nós vamos resolver isso então.

            Todos estavam animados à mesa, menos Ana. Ela estava distraída, pouco falava e pediu para se retirar cedo. Ninguém entendeu o que se passava. Bianca dormiu no sofá da sala e foi carregada para a cama, Gail se recolheu logo depois. Kate e Elliott namoraram tranquilamente sozinhos na sala. Até que ele acabou ficando para dormir por lá.
            Acostumado a uma rotina de exercícios diários, Elliott estava de pé as 6 da manhã. Pretendia deixar um bilhete para Kate e sair sem ser percebido, mas ao passar pela porta do quarto de Anastásia, ouviu-a passando mal. Não soube o que fazer. Deveria chamar Kate? Oferecer ajuda? Bateu na porta e ia falar algo quando Ana gritou.
            - Entra! – Ela estava sentada no chão do banheiro, de costas para a porta. - Ai Kate! Esses enjoos matinais vão me matar. Não sei se sobrevivo os 9 meses.

            Elliott estava em choque e não disse nada, alertando Anastásia de que não era Kate à porta. A amiga nunca ficaria calada. Virou-se e soube que seu segredo não estava mais seguro. Não adiantava nem pedir, logo Christian saberia que ela estava grávida.
            E ela estava certa. Elliott foi embora pensando que aquela notícia ira tirar seu irmão da depressão.