domingo, 26 de outubro de 2014

Dicas de livro: trilogia Peça me o que quiser





Trilogia Peça me o que quiser

É uma trilogia erótica espanhola (e que exatamente por isso conta com elementos culturais típicos dessa região) escrita pela autora Megan Maxwell. A saga é composta pelos livros "Peça-me o que quiser, Peça-me o que quiser agora e sempre, e Peça-me o que quiser ou deixe-me" que narra a história do casal Judith e Eric Zimmerman, Ela espanhola e ele alemão par romântico que nasceu de um enlace puramente físico, mas que logo mergulhou em uma relação de desejo e posse tanto corporal quanto emocional. Tudo o que ele queria era dominar, dar prazer, e apresentar o seu mudo a ingênua e surpreendente senhorita Flores – sua funcionária, enquanto ela apenas esperava passar imune ao olhar gélido e ao mesmo tempo apaixonante do senhor Zimmerman, também conhecido como o homem de gelo. Consumidos pela paixão eles se entregam sem reservas ao anseio de dar prazer um ao outro, e em um acordo mútuo de dominação eles se deixam levar por seus sonhos mais profundos.

Submissão, erotismo, uma relação que começa no ambiente de trabalho e que leva a mocinha a explorar um lado seu que ela nunca imaginou existir... Clichê? Sem dúvida! Mas a grande questão é que um clichê, quando bem escrito e desenvolvido, pode agradar uma ampla gama de leitores. Contudo, não posso dizer que a escrita da Megan Maxwell é totalmente surpreendente ou inusitada, muito pelo contrário, ela caminha sob a tênue linha do simples e direto, muitas vezes pendendo para o lado da objetividade quando poderia explorar mais as emoções abordadas em seu romance. Ainda assim, mesmo entre tanto clichê e previsibilidade, existe algo de cativante nessa saga, ponto que me fez não desistir dela – o que hoje eu vejo como uma boa escolha.

sábado, 25 de outubro de 2014

Diaba Ruiva: passado revelado - cap 4

            Quando o dia amanheceu e todos desceram para o café da manhã, encontraram a mesa lindamente posta e repleta de delícias. Sem conseguir dormir desde muito cedo e com a cabeça fervendo pela decisão a tomar, Rachel olhou para Neal dormindo e deixou a cama com todo o cuidado para não acordá-lo. Pensou no que faria de sua vida enquanto preparava o café.



            - Isso tudo porque temos visita? Me assustei quando não te vi. – Neal entrou na cozinha sorridente.
            - Bom dia, amor. Estava agitada para ficar lá. Vamos tomar café?

            George e Sofia garantiram o clima leve logo no início do dia. As crianças estavam animadíssimas com o dia que brilhava ensolarado. Ell havia prometido levar a menina para passear no centro da cidade pela manhã e, depois, brincar na praia. George, expert em praia, já tinha contado à Sofia suas brincadeiras favoritas.

            - Eu tenho prancha de surf. Meu pai que me deu. Empresto pra você, Sofia.
            - Só se alguém entrar com vocês na água. – Peter avisou.
            - Eu quero aprender a surfar também. – Sofia disse. – Você me ensina, tio Mozz?
            - É claro! E muitas outras coisas! O ‘superMozz’ tem um kit praia fabuloso. Vocês nunca se divertiram tanto quanto hoje. Mas comam para podermos ir.
- Não ficará conosco? – Ell perguntou.
- Não...depois vocês me encontram na praia. Os adultos têm coisas para conversar enquanto as crianças vão ao mar.
- E Rachel dirá sua decisão. – Neal falou em tom baixo para Mozzie.
- Eu soube da resposta no momento em que a olhei. – Para ele estava na cara. – Vamos crianças? Temos o mar francês para explorar.

A resposta que para Mozz já parecia tão clara, na cabeça de Rachel estava ainda confusa. Ela até tinha sua decisão firmada, mas lhe faltava coragem para começar a falar. Sempre fora corajosa. Nunca, porém, precisou entregar-se ao FBI sem antes lutar.

- Imagino que estão tão ansiosos quanto eu. Então vou falar logo.
- Se precisar de mais tempo para pensar, Rachel, eu compreenderei. Não é algo que não possa esperar mais alguns dias. – Peter mostrou-se compreensivo.



- Eu não sou mulher de adiar decisões, Peter. Esses crimes me perseguem...por eles eu fugi da cadeia arriscando George, eles me levaram a perder Lis e, agora, parecem pulverizar meus planos de ter Helen na tranquilidade dessa praia. – Ela parou por um momento. – Que seja! Eu enfrentarei esse fantasma. Eu e Helen vamos precisar de um macacão laranja tamanho GG.

Neal aproximou-se e lhe segurou a mão sem dizer nenhuma palavra. Realmente não sabia se aquela era a atitude correta, mas não iria interferir.

- Eu estou do seu lado. – Disse, apenas.
- Mas tem algumas condições. – Ela disse antes de ver a todos fazerem cara de surpresa.
- Pode falar. – Peter estava bem disposto a aceitar condições. Ainda mais conhecendo a ótima negociadora à sua frente.
- Em primeiro lugar, eu não deixarei nada do enxoval de Helen para trás. Nem um sapatinho! Nem uma roupinha!
- Todas as malas que você preparar estarão esperando por vocês em NY. Não se preocupe, amor. – Neal antecipava que aquele comentário não passava do ‘esquenta’ para os pedidos. – Continue.
- Antes de chegar perto de NY, vocês terão de se comprometer com a conquista da minha liberdade antes de Helen vir ao mundo. Ou seja, 80 dias será o tempo máximo da minha permanência na penitenciária. Pode me garantir isso, Peter?

O fato de desejar muito finalizar aquele acordo e legalizar a situação deles nos EUA não fez com que Peter mentisse. Se Rachel embarcasse, seria sabendo dos riscos. Ele iria sim tirá-la da cadeia. Essa certeza vinha de seu belo currículo como agente e do desejo do Estado em contar com ela ao invés de viver com medo dela mais uma vez fugir. Ainda mais tendo Neal ao seu lado. Porém não podia dar um prazo. Não mandava nos governantes.

- Eu não posso te dar uma data, Rachel. Você sabe como essas coisas funcionam.
- E sem uma garantia, eu não posso me entregar. Não vou parir na cadeia! Helen não nascerá nessas circunstâncias! Você sabe como muitos estados americanos ainda tratam as presas grávidas? Elas dão a luz algemadas! Não veem seus bebês, não os abraçam, não são tratadas feito gente. Minha Helen não passará por isso.
- Eu terei de solicitar e garantir ao juiz que você é necessária na divisão e...
- Quero saber se você consegue em 80 dias ou não, Peter! Responda!

Silenciosamente, Peter olhou para Ell, sua eterna conselheira. Ela acariciava a barriga que abrigava Valentina e, naquele olhar, concluiu que devia a Neal e Rachel uma garantia. Estava lhes pedindo algo muito sério. Precisava também se comprometer.

- Eu te dou...90% de certeza...não me peça o impossível, Rachel! Se o juiz para o qual o seu processo cair for mais linha dura, demorará. Te garanto dar o meu melhor. Lutar para que sua filha nasça tão livre quanto a minha. E para que as duas cresçam juntas brincando em NY. Quero você na minha equipe da Colarinho Branco por muitos anos.
- Está bem...eu aceitarei. – Na verdade a decisão já estava tomada há tempos. Precisava apenas da garantia dele. Peter é um homem de palavra.

Houve um momento de constrangedor silêncio entre eles. Novamente deixavam de ser FBI versus fugitivos e voltavam ao agradável papel de casais amigos. Ficariam pelo menos mais um dia na França para poder organizar tudo. Sensata, Elizabeth saiu levando o marido logo após abraçar Rachel.

- Você tem certeza? – Um beijo sôfrego impediu a resposta. – Não quero ficar meses longe de vocês.
- A Helen merece conhecer NY. Eu vou pagar essa dívida com a polícia antes dela nascer...e usar aquela maldita do tornozeleira até encontrar um meio de me livrar dela. Enquanto isso, nós vamos buscas pelos nossos passados. Eu vou descobrir a minha história, você procurará pela sua mãe e, juntos, nós encontraremos o diamante.
- Sim...assim será. – Ele lhe deu seu melhor sorriso safado. – Sabe o que eu quero agora? Te carregar para a praia...colocar sobre aquela areia branquinha...deixar os seus cabelos brilharem no sol e fazer amor até me convencer de que o meu dia só agora está começando.
- Legal...até porque a Helen foi feita, bem feita, ali naquela areia...
- Ali? Eu acho que foi na piscina.
- Na areia, amor. Eu sei exatamente a hora. – Ela provocava-o só para afastar depois. – Mas eu ainda tenho duas condições para acertar com você. E essas ficarão entre nós.
- Fala.
- Você já me garantiu que não chegará perto de Sara Ellis. E eu vou cobrar essa promessa. Agora quero outra garantia. Você e Mozz terão um plano B organizado. Se, por acaso, eu estiver próxima de dar a luz e não tenha saído minha liberdade, vocês irão me tirar de lá.

Era um pedido e tanto.

- Você está, hipoteticamente, me pedindo para tirar uma grávida de nove meses de uma prisão federal americana? Rachel! Isso não é simples. E seria arriscado pra vocês.




- Eu estou pedindo para Neal Caffrey, não a um qualquer! Se fosse simples, eu fugia sem a sua ajuda.
- Calma! Não vamos arriscar nada.
- Não vou arriscar é Helen nascer numa prisão. Ela virá ao mundo livre em uma maternidade normal e será colocada nos meus braços. Eu exijo vê-la, Neal.
- Você verá! Fique calma. Tenho certeza de que Peter conseguirá. E, se não conseguir, eu a tiro de lá. Eu e Mozzie teremos o plano B.

Enquanto não embarcavam, Neal fez questão de aproveitar aqueles últimos dias em família para curtir Rachel e Helen. Além de dar a George toda a atenção de que precisaria. Apesar de estranhar, o menininho aceitou tranquilamente que iriam se mudar para uma cidade em que não havia praia. Mas contava com muitas coisas legais.

            Três dias depois todos eles desembarcavam em NY...

            O ar frio indicava que aproximava-se o outono. George estranhou a temperatura e a fria garoa que caía e umedecia a calçada entre os imensos prédios. Ele estava reencontrando aquele mundo. E parecia antecipar tempos de pouca tranquilidade.
            Nos dias que antecederam a viagem, Neal reuniu-se com Peter e Mozz. Estavam relembrando os tempos de FBI e planejando cada passo desse arriscado plano.



            - Depois que você se entregar, vou lhe propor como acordo que Rachel se entregue. Tenho certeza de que um acordo será autorizado. Você volta ao FBI. E Rachel será encaminha à penitenciária.
            - Por pouco tempo.
            - Pelo tempo que for necessário, nenhum dia mais do que isso. Confie no que digo, Neal.

            Neal confiava. Nos anos de parceria aprendeu a valorizar a palavra e a honra de Peter Burke. Ele não trairia Rachel. Mesmo assim, como garantia, ele e Mozz seguiam planos paralelos.

            - Isso tem um ar de ‘déjá vu’, Neal. Somos parceiros do engravatado e mantemos nossos segredos. – Ele sorriu. – É bom. Não nos rendemos ao sistema.
            - Somos o que somos, Mozz. Simples assim.
            - É claro. A sua Diaba Ruiva vai para uma das penitenciárias da região. Eu aposto na de segurança máxima...por motivos óbvios. Agora, pra sua alegria, devo te dizer que ela conta com saídas de ar possíveis de nós utilizarmos. Eu já analisei a planta e...
            - Como você conseguiu essas....Mozz! Você já resgatou alguém de lá!?!?! – Disso nem Neal sabia.
            - Você sabe que eu já participei de um ou...alguns...roubos a banco, Neal. Uma parceira foi pega e...você já sabe o resto.
            - Como a tiraram de lá?
            - Foi um dos melhores planos da minha vida!



            Neal apenas observou enquanto o amigo seguia com a ilegal história. Ainda bem que Peter desconhecia toda a história de Mozzie.

            - Eu infiltrei outra mulher lá. Ela facilitou o destrave da primeira porta. Minha parceira enganou as câmeras e saiu pela tubulação de ar. Arrastou-se por mais de 100 metros até a lavanderia e ficou entre as peças de roupa. Eu era o simpático servente que retirava a carga. O plano foi um sucesso!
            - Ótimo...pena que a Rachel não passa pela tubulação de ar no momento.
            - Já pensei nisso. Teremos de implantar outra presa lá no ‘centro de detenção’ que vá facilitar a fuga. Vou verificar se alguma conhecida está cumprindo pena e será transferida para lá, ou se há alguém pra ser julgada. Essa parceira irá facilitar a fuga. – Ele já tinha tudo preparado. – Deixe comigo Neal. Se precisar, tiro a ruiva e a ruivinha de lá num plano que entrará para a história de NY.

            Tudo caminhou muito rapidamente. Assim que desembarcaram em NY, instalaram-se em um hotel para não levar problemas à June, mas foram visitar a simpática senhora que os abrigou tão carinhosamente.

            - Neal! Que saudade. Dê-me um abraço.



            - Também sentimos sua falta, June.
            - Minha casa ficou tão vazia sem vocês. Sem Rachel e Mozz...sem George. – Ela olhou para o garotinho junto da mãe. - Meu Deus! Como George está lindo! Neal! Rachel! Que menino maravilhoso! – June abraçou o garotinho. – Eu sou a June, pequenino. Mas pode me chamar de vovó se quiser.
            - Você tem um cachorro! – Pronto, ele já estava em casa.



            - Tenho! E ele não morde...pode ir brincar com ele se quiser. – Os quatro adultos viram uma amizade canina e humana começar a se formar. June teria sorte se eles não quebrassem nada na correria que começaram. E ela nem ligou. – Deixe-me olhá-la Rachel! Essa barriga está bem redondinha...é menina!
            - Acertou!
            - Eu sabia...você está linda. E vejo que Neal não poderia estar mais feliz. Já tem nome?
            - Helen. Chega em poucas semanas. – Neal respondeu.
            - Eu acho que vocês deveriam ficar aqui comigo! Vejam como George está gostando da casa e Helen ficará bem aqui...
            - Não podemos June. Mas contamos com a sua ajuda. – Rachel explicou. - Eu vou me entregar para a polícia e Neal ficará com George até que eu consiga sair. Ele precisará dos amigos.
            - Eu e Mozz ajudaremos! Não se preocupe. Mas precisa mesmo se entregar? Sempre há alternativas...
            - Eu disse isso! – Mozz interviu.
            - Dessa vez não tem como, infelizmente. Mas logo tudo se resolverá.
            - Pois bem...então conte comigo sempre.

Enquanto Peter reassumia seu posto no FBI, Rachel aproveitava para reencontrar pessoas queridas. Reviu a mãe e lhe contou o plano. Nicolle aceitou calmamente. Preocupava-se, é claro. Em especial por Helen estar tão próxima de vir ao mundo, mas sabia que nada demoveria Rachel da ideia.
O Próximo a receber sua discreta visita foi Henry. O eterno amigo lhe recebeu de braços abertos em sua imensa casa. Ela achou-o muito solitário. Henry surpreendeu-a contanto que ele e Molly haviam assinado o divórcio. Apesar de terem realizado o sonho de serem pais. Daniel não resolveu todos os problemas daquele casamento. E eles amigavelmente resolveram se separar.

- E você vê Daniel? – Ela não imaginava Neal longe de George.
- Sim...quase todos os dias. Eu e Molly estamos bem mais felizes separados. – Era um assunto bem resolvido. – Agora o SEU problema, Rachel. Eu realmente não acho que seja bom se entregar justamente agora. Você está grávida...e imensa, minha amiga!
- Eu sei! E pare de dizer que estou imensa! Eu e Helen estamos no nosso peso ideal devido ao nosso estado! – O puxão de orelha no melhor amigo não passava de uma brincadeira. – Melhor agora que ela estará comigo do que depois. Acredite, Henry, minha maior preocupação é em como George reagirá à minha ausência.
- Mas eu não queria você na cadeia!
- Será por pouco tempo. – Eles ainda tinham outro assunto. – Henry...eu quero te agradecer a ajuda nesse ano. Sei que se arriscou ao me enviar dinheiro...e...eu vou precisar de mais grana agora. O Neal vai comprar uma casa para nós e eu quero contribuir, mesmo que ele diga que não é necessário.
- Fique tranquila, Rachel. Eu falo com Neal. Quando Helen nascer, ela terá um quarto pronto à sua espera.

Sara, Diana e Henrique foram informados por Peter de que o plano deu certo. A família Caffrey havia topado retornar. Agora bastava Neal e Rachel cumprirem a palavra e seguirem o combinado.
Quando Neal apresentou-se ao FBI, Stone olhou-o de cara feia. E encarou Peter com ainda mais dureza. Ele sabia que algo não encaixava naquela aparição de Neal Caffrey. Muito menos nele se dizer disposto a entregar a esposa. Por outro lado, estava com casos complicados, agravados durante as férias de Burke. O secretário de segurança estava lhe pressionando. Neal seria de grande auxílio na divisão.

            - Tem a coragem de me dizer que suas férias nada tem com isso, Peter? – O chefão do FBI questionou.
            - Posso afirmar que desconhecia o paradeiro de Caffrey até muito recentemente. – Isso não era mentira.
            - Vou ver o que posso fazer. O juiz pode achar que mandar Caffrey para a cadeia vale mais do que fazer o acordo.
            - Então eu jamais direi onde ela está. – Neal ameaçou.
            - Porque a está traindo, Caffrey?
            - Não estou. Ela quer se entregar. Mas só o fará com a garantia de que eu estarei livre para cuidar do nosso filho. Se eu for preso, nunca mais colocará os olhos em Rachel Turner.
            - E ela o abandonará a própria sorte?
            - Tudo é possível, Stone. Tudo. – Nas entrelinhas estava claro que ele não ficaria na cadeia muito tempo.


            O dia passou, a madrugada também. Peter foi para casa ver Elizabeth e Diana assumiu a falsa missão de garantir que Neal Caffrey não escapasse do FBI. Eles passaram horas conversando. Tempo no qual os principais assuntos foram o desenvolvimento de Teddy, apenas alguns meses mais velho que George, e, a saudade que Diana sentia de Mozzie.
Não tardou para Henrique e Sara aparecerem. Ela agora tinha um importante cargo da Sterling-Bosch Seguradora e aquela visita a um criminoso que acabará de se entregar ao FBI era, no mínimo arriscada. Mas ela sequer pensou. A paixão de tempos atrás já não existia agora que namorava e era feliz com Henrique, mas Sara sempre teria carinho por Neal.

            - Eu mereço um ‘bem-vindo’? – Neal cumprimentou-os abrindo os braços.
            - É claro, Neal. Sempre. – Sara respondeu.
            - Seja bem-vindo sim, Neal...vai ser bom ser seu colega e de Rachel, em breve. – O agora agente cedido ao FBI foi bem mais frio com Neal.
            - Sim, será ótimo.

Só ao amanhecer do dia seguinte o juiz liberou o acordo desejado por Peter. Sim, Neal voltaria a ter uma liberdade controlada, inicialmente em prisão domiciliar até que tudo estivesse celado, mas muito em breve ganharia uma nova tornozeleira e tornaria ao FBI. Em troca, daria Rachel de presente aos policiais. Quando os agentes pediram o endereço onde ela estava escondida, no entanto, ele negou.

            - Não irão caçá-la. Eu vou buscá-la.
            - Não! Você não sai daqui, Caffrey. É a minha cabeça a prêmio por solicitar esse acordo. Diga o lugar. – Stone gritou.
            - Se fosse para fugirmos eu não tinha me apresentado aqui. Vou trazê-la e ela se entregará por bem. Vocês entenderão o porque. Em uma hora eu estarei aqui.
            - Você só sai com escolta, Neal!
            - Eu o acompanho! – Peter afirmou. – Sabe que pode confiar em mim, Stone.

            Era hora de apenas seguir o planejado. Mas na teoria era menos doloroso. Olhar para George e explicar que a mamãe iria ficar longe um tempo não foi fácil. O menino que já estava mau humorado por não poder surfar, agora ficaria sem a mãe. Ele chorou e questionou o porquê.

            - É culpa da Helen! – Acusou batendo o pé no chão.
            - Não é não, querido...logo mamãe estará aqui com você. E a Helen também. Não chore.
            - Não quero que você viaje sem eu.
            - Mas a mamãe tem de ir. – Ela abraçou-o. – Você ficará com o papai. Vai cuidar dele? Não deixa ele ficar triste, tá?
            - Tá bom! – Mas a expressão deixava clara sua infelicidade.

            Depois o ‘SuperMozz’ assumiu a tarefa de entreter George para os pais irem ao mais importante dos compromissos. Rachel iria ao FBI e de lá sairia algemada. Peter não fez a escolta. Ficou de longe e apenas observou-os. O casal com imensa fixa policial seguiu de táxi e, à frente do prédio, numa falsa privacidade, despediu-se.



            - Que acha de despistar o Peter, buscar George e Mozz e procurar uma nova praia? – Neal ofereceu enquanto a abraçada e sentia o perfume de seus cabelos.


            Rachel riu da oferta. Era tentadora. Ela poderia facilmente aceitá-la e devolver o sorriso de todos. Também não duvidava da capacidade de Neal para sair vencedor daquele plano descabido. Mas sua decisão estava tomada.

            - Nós repetiremos esse abraço em breve, Neal. Aqui, no meio da rua, no dia em que estiver retornando ao FBI como consultora. E deixando o passado para trás. É agora ou nunca! Vamos entrar antes que eu perca a coragem.
            - Eu acho que ela nunca te abandona. – Ele fez uma última piada.

            Peter não contou a ninguém da equipe que Rachel estava grávida. Todos viram-na entrar de cabeça erguida, mãos dadas com Neal e barriga bem à mostra. Para um ou outro funcionário conhecido ela acenou. Diana e Henrique ganharam fraternos abraços. E, para Stone, ela limitou-se a dar um cumprimento antes de ouvir a frase já conhecida.

            - Você está presa, Rachel Turner. – Ele disse simplesmente.

            No fim daquele dia Rachel já estava no presídio. Olhando-se, imensa, em seu macacão laranja e desgostando do que via. Aquela nunca fora sua cor favorita. E parecia lhe perseguir.

            - Mamãe promete filha! Nunca mais você usará esse tom! Nunca! – Disse alisando a barriga.

            Sua chegada à cadeia despertou a curiosidade de outras presas. Muitas comentavam da grávida novata que parecia ser conhecida por crimes importantes. Inicialmente, Rachel estava disposta a agir como se aquela temporada presa fosse uma parada de descanso. Iria evitar brigas, respirar fundo a cada olhar torto de outras detentas e suportar qualquer destrato dos policiais. Tudo pelo bem de Helen. Ela merecia meses tranquilos.
            Esse plano, no entanto, durou exatamente quatro horas. O tempo para ela receber o uniforme e chegar à sua cela. No corredor já sentiu os olhares sobre ela. A carcereira ainda lhe disse com voz debochada:

            - Essa barriga faz sucesso ruiva!

            Teve de sair para o pátio no horário indicado e interagir com as demais presas unicamente porque Helen precisava tomar sol. Mas tentou manter-se afastada. Não conseguiu. Uma mulher baixa e gordinha aproximou-se cercada por outras três. O lugar tinha uma líder. E ela estava disposta a ‘amedrontar’ a novata. “Coitada”, pensou Rachel ao lhe dar o mais irônico dos seus sorrisos.

            - Você tem nome, ruiva?
            - Tenho...e você?
            - É...também tenho. Karen...mas aqui me chamam de ‘K’. Como chamam você?
            - Pode me chamar de Rachel...mas chama pouco. Não estou a fim de muito papo.
           
            ‘K’ claramente não gostou do fora. Rachel não estava nenhum pouco preocupada.

            - Eu vim aqui, te tratei bem, não exigi nada ainda ruiva...acho que devia baixar a bola. Você tem uma barriga a perder...eu não tenho nada. – A ameaça estava clara. – Vai fazer a santa e dizer que está aqui por engano?
           


            - Não, K. De santa e de inocente eu não tenho absolutamente nada. Aliás, eu acho que poucas mulheres aqui dentro merecem tanto quanto eu uma cela daqui quanto eu. Diga...porque você acha que fui presa?
            - Tem cara de ladra ou de assassina. – Karen não teve dúvida.
            - Acertou...nos dois e eu ainda teria outras coisinhas pra colocar na lista.

            As duas se encaravam enquanto as demais mulheres apenas olhavam.
            - Pode ser ruiva...mas aqui quem manda sou eu. Não esquece disso. Mantenha sua barriga segura, Rachel.

            Com o sangue fervendo Rachel decidiu que tinha apenas duas alternativas. Acovardava-se agora e defendia-se depois ou, sua tática favorita, atacava e esperava o recuo da adversária.

            - Feche os ouvidos Helen. Mamãe não quer que você ouça isso. - Então aproximou-se até a frente de sua opositora. - Vamos já esclarecer uma coisa assim, cara a cara: você não vai complicar a minha vida aqui. E não vai nunca mais abrir essa boca para se referir a minha barriga ou a minha filha. Não mesmo, K. A menos que deseje não acordar numa manhã dessas. Suas ‘amiguinhas’ vão encontrá-la sufocada ou, ainda melhor, com a garganta navalhada e com seu sangue escorrendo pelo chão. Ninguém saberá que fui eu. Você entendeu? Ou quer uma amostra grátis pra captar o recado?

            A outra mulher tentava decidir se Rachel estava blefando ou seria realmente capaz. O brilho de seus olhos indicou que um passo atrás era a melhor ação.

            - Podemos conviver bem, Rachel. É só nos respeitarmos. – Disse por fim.
            - É, concordo. – Por dentro ela ria da outra enquanto se afastava. – Vamos sair desse sol, filhinha. Nossa pele é frágil.

            Achando que tudo estava calmo no presídio, Neal assumia mal humorado sua prisão domiciliar. Ele podia estar preso ali, George não. Então Mozzie e June levaram-no ao parque. E ele ficou ali, sozinho e pensativo. Começou a pintar um quadro, depois partiu para uma leitura, assistiu um filme...mas nada lhe prendia a atenção. Seu dia mudou apenas quando a campainha de seu temporário apartamento tocou. Mal abriu a porta e Peter entrou carregado de processos.

            - Bom dia pra você também, Peter. Saiu o acordo já?
            - Não! Ou você já estaria vestindo uma das suas gravatas italianas e não essa camiseta. Mas a Colarinho Branco não pode esperar pelo acordo. Estou enforcado em casos.
            - Eu vou trabalhar em prisão domiciliar? É isso?
            - Exato! Comece a ler esses processos! Preciso de Neal Caffrey!