quarta-feira, 24 de julho de 2013

A Mentira - Capítulo 17: Culpa


            Os acontecimentos se precipitaram pela madrugada. James, o médico da cidade, foi chamado para cuidar de Ana, mas logo avisou que ela deveria ser transferida para um hospital com melhores recursos. Ali não poderia fazer muita coisa por ela.
            A ideia inicial era apenas levá-la a cidade mais próxima onde pudesse receber atendimento. Assim que a família de Ana ficou sabendo do que se passava, no entanto, exigiram que ela fosse tratada no melhor hospital de São Paulo. Ray entrou em desespero ao saber que a ‘filha’ por um telefonema de Grey que a ‘filha’ tinha sofrido um grave acidente. Ele tinha a sensação de que havia algo lhe sendo escondido.
            - AQUI! Ouviu bem, Grey! Eu quero Anastásia aqui em São Paulo. O helicóptero irá buscá-la na fazenda para trazê-la até a pista mais próxima. De lá um jatinho a trará. Aqui nós conversaremos.
            - Eu concordo. – Respondeu Christian.
            - Eu não perguntei se concordava. Se não a trouxer, eu mesmo a busco!
            - Senhor eu...entendo que esteja nervoso, mas...estou fazendo o possível e...
            - Está? Será mesmo?! Primeiro Ana telefona aparentando estar infeliz e agora esse acidente. Você no mínimo não cuidou de minha menina como deveria. Nós temos muito o que esclarecer, Grey!
            Com problemas o suficiente com que se preocupar apenas no translado de Ana, Christian deixou de lado a ameaça velada feita por Ray. Sabia que teria graves problemas caso Ana dissesse o que se passou na fazenda, mas, naquele momento, ver a esposa imobilizada em uma maca e, mesmo inconsciente, gemendo de dor, o estava destruindo.
            - James! O que você acha que é? Por que ela aparenta estar sofrendo tanto e não acorda? – A culpa o consumia.
            - Ela não aparenta ter fraturas então eu acho que pode ser alguma hemorragia interna. Ou eu não consegui diagnosticar a fratura...uma das costelas pode estar pressionando um órgão.
            - Não tem nada que a gente possa fazer?
            - Nada...só levá-la o mais rápido possível.
...Horas depois, já em SP.

            Ninguém trazia notícia alguma. Sentia-se isolado no hospital. Por todos os lados familiares e amigos de Ana conversavam, dando apoio uns aos outros. Ele sentia-se sozinho. Ninguém entendia, nem mesmo ele, o que sentia.
            - Eu queria que você sofresse! Eu quero que você pague pelo que fez! Então porque não consigo sentir satisfação?! – A imagem do sofrimento dela durante toda a viagem mais a angústia de não saber o que se passava naquele momento o estava agoniando.
            Quando finalmente ela foi levada para o quarto, o médico do hospital o chamou e a James para ouvir o diagnóstico.
            - Primeiro devo parabenizar ao Dr. James por ter feito o melhor por ela, mesmo sem as melhores condições. A rapidez em transferi-la, salvou-lhe a vida. – Olhou-o seriamente. – Sua esposa chegou muito perto de morrer devido a uma inflamação no fígado. Estamos controlando a situação.
            - Ela não corre mais risco de vida? – Perguntou.
            - Ainda depende de alguma evolução, mas temos perspectivas. Também depende muito da sua vontade de viver. Agora é administrar medicamentos para diminuir seu sofrimento. Ela deve recuperar a consciência em breve. O senhor pode vê-la.
            - Obrigada, Doutor.

            Passou algum tempo apenas observando-a imóvel na cama hospitalar. Não tinha o que fazer a não ser deixá-la se curar e aceitar que os parentes viessem vê-la. Mesmo que ela se queixasse, era o marido e ela não poderia simplesmente expulsá-lo de sua via. De repente ela abriu os olhos aparentando uma fragilidade muito grande.
            - Ana...eu estou aqui. Tente não se mexer. – Tentou agir como se aquele fosse um casamento normal. Mas não era e Ana, mesmo machucada, lembrou-o disso.
            - Você não conseguiu...não me matou. – Disse olhando-o nos olhos. – Sua vontade não se realizou.
            - Eu não tentei te matar! Não sou um assassino!
            - É um mentiroso.
            - Eu podia ter te deixado morrer na fazenda.                              

            - Está muito enganado se pensa que eu vou te agradecer. – Ela se calou tentando recuperar o fôlego. Parecia muito sofrida e cansada. – Vamos Grey...termine o serviço...completa sua vingança imbecil. Mata! Se me sufocasse aqui ninguém ia desconfiar que se casou comigo e me torturou todo esse tempo pra vingar o seu irmãozinho.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Casamento, Fuga e Vingança - Capítulo 22: Surto!


            Eu sabia o dia de cão que me aguardava. As fotos comprometedoras do baile foram publicadas por alguns jornais de última classe, mas tive a felicidade de ver que as publicações mais conceituadas as ignoraram. Essa era uma das vantagens de ter se firmado como um dos grandes empresários americanos. Quando Bella me abandonou eu era o filhinho de papai mimado que vivia do pai empresário, fui a isca perfeita para os tabloides ganharem dinheiro do povo. Agora sou importante no meio empresarial por meu próprio dinheiro, uma fortuna construída ao concentrar minha vida no trabalho, já que a pessoal estava em pedaços.
            Ironicamente agora tenho dinheiro de sobra e Isabella segue me impedindo de ter paz. Queria deixá-la para trás, mas não consigo. Talvez quando não estivermos mais próximos tudo se resolverá. Ai sim cada um de nós estaria  com o que considera importante. Eu teria meu filho, Charlie estaria livre e com dinheiro no bolso e Bella livre para sair pelo mundo e torrar dinheiro com o amante. Era a única alternativa que tínhamos.
            Deixei claro para minha secretária que ela não estava autorizada a permitir a entrada de ninguém ou ligações de casa ou que não fossem assuntos profissionais muito importantes. Queria me afogar em trabalho ou não sobreviveria. Meu único arrependimento foi não desligar o celular. Logo meu pai deixou um recado de voz:

            - Já estou sabendo de tudo! Pode fugir de seu pai, fugir da verdade. Só não fique quieto enquanto ela lhe enche de chifres. Tenha uma atitude de homem e faça essa piranha respeitar você!

            Inferno! É claro que ele já sabia. Desliguei o aparelho para realmente ficar incomunicável e trabalhei até esquecer o que se passava em minha vida pessoal. Por duas vezes minha assistente tentou me interromper. Na primeira fui calmo.

            - Senhor Cullen, ligação se sua casa.
            - Sarah, por favor, faça o que pedi e não me interrompa.

            Eu sabia o que deveria estar acontecendo. Todas as portas internas de minha casa têm duas chaves. Uma fica na porta e a cópia guardada na dispensa para o caso de alguma emergência. Eu sabia muito bem que Ana não hesitaria em me desobedecer e ir lá abrir a porta e Bella fugiria logo em seguida. Então eu trouxe está também comigo. É claro  que minha mulher deveria estar fazendo um escândalo gritando no quarto e Ana, de coração mole, estava preocupada.
            A segunda me irritou um pouco mais. Eu sabia que teria problemas. Era Jasper no telefone. Meu amigo certamente ainda não sabia do que se passou em minha casa, mas Alice não demoraria a descobrir. Só que não tinha volta! Ela não entraria em contato com Bella, mesmo que isso criasse um mal estar entre eu e meu amigo por conta disso.

            - Senhor Cullen...o senhor Jasper insiste que eu passe a ligação.
            - Será que eu não estou sendo claro Sarah? Não atenderei ninguém!
            - Ele disse que seu celular está desligado também e...
            - É obvio que está! Eu não quero falar com ninguém! Qual é a dificuldade de você fazer o seu trabalho?

            Nada dava certo neste dia e eu estava quase desistindo de trabalhar e indo para casa, afinal era quase meio dia e eu tinha de ver o que se passava por lá. Mas aí fiquei sabendo que outra unidade da empresa, numa cidade vizinha estava com problemas e precisei ir lá. Era um problema com os funcionários que se revoltaram com algumas decisões da diretoria. Ouvi o que se passava, fiz uma reunião com as chefias deles e tentei resolver tudo da melhor forma.

            - Sempre fui justo com meus funcionários e não mudarei isso. – Deixei claro para o gerente.
           
            O problema foi que isso levou tempo. Eram quase três da tarde quando sentei no banco de trás de meu carro e pedi que o motorista da empresa que me acompanhava seguir de volta a ela, queria me inteirar de tudo, saber se ia normalmente antes de poder descansar. Coloquei a mão no paletó e lembrei do telefone. Liguei o aparelho e não demorou muito para aparecerem mensagens de texto e voz, além de avisos de muitas ligações perdidas. Muitas eram de minha casa. Ana deixou uma mensagem de voz onde falava duramente.

            - Edward, você nunca foi irresponsável! Não pode sumir assim! Ligue  para casa!

            Irresponsável?! Ela transformava minha vida em um inferno e eu ainda tinha de ouvir que sou irresponsável? Como ela conseguia enganar a todos com seu jeitinho de anjo e colocá-los contra mim? Até Ana, mulher que ajudou a me criar, viu todo meu crescimento e sofrimento quando fui abandonado tinha ficado ao seu lado. Liguei para saber o que minha segunda mãe tanto desejava.

            - Fale Ana, sou eu. Qual a razão de tanto desespero?
            - Você não sabe? Eu não criei um criminoso e o que você está fazendo é crime.
            - Ana, por mais que eu ame você, não vamos conversar quanto a isso.
            - Virou assassino agora?
            - Pare de falar bobagem! – Ela estava louca? – Eu não matei ninguém!
            - Pois parece que quer matar Bella. De fome! – Quando ela disse isso eu me toquei do que havia feito. - Já viu que hora é? Você deixa a moça trancada e quer que ela se alimente como?
            - Ana, eu não tive um dia fácil e, se quer saber, também não almocei.
            - Não quero saber. Você não comeu porque não quis, ela não teve opção.
            - Ok Ana, você venceu. Arrume uma bandeja que eu já vou para casa. E arrume o meu almoço também. – Não resisti e perguntei sobre ela. – Como Isabella está?
            - Nada bem! – Antes que eu pudesse questionar algum detalhe, um tu-tu-tu-tu tomou conta da linha telefônica.

Só pude solicitar ao motorista que mudasse a rota e me levasse em direção a casa. Quando cheguei vi a mesa arrumada para dois e não me surpreendi. É claro que Ana tentaria algo. Fui até a cozinha e ela viu quando peguei uma bandeja e comecei a montar uma grande refeição.
- Se vão os dois almoçar a essa hora, porque não comem juntos, sentados a mesa, como um verdadeiro casal?
- Por que não somos Ana.

Fui colocando os alimentos enquanto Ana me observava. Uma garrafa d’água, um copo de suco, um prato com o macarrão, o chocolate que ela gostava, uma fruta e, no cantinho, as vitaminas que a médica lhe receitou. Ela vinha me seguindo, mas pedi que esperasse na sala.

- Eu já venho comer. Você poderia me fazer companhia.

Não nego que tinha medo do que encontraria. Espera um quarto destruído, coisas quebradas pelo chão, roupas espalhadas e ela me atacando. Só que não foi assim! Destranquei a porta lentamente com cuidado para conseguir equilibrar a comida. Quando entrei a vi deitada na cama, dormindo um sono agitado. Ela estava vestindo uma camisola longa, tinha os cabelos presos e nenhuma maquiagem no rosto marcado pelo choro.  O quarto parecia intocado e somente os lençóis da cama demonstravam o nervosismo da moradora. Bella deveria ter se revirado na cama por toda manhã. Larguei a comida sobre a mesa e vi que o sanduíche estava intocado. Preferia deixá-la dormir para evitar um confronto, mas não podia. Ela tinha de comer enquanto a comida estava quente.

- Bella, acorde. Trouxe seu almoço.

Quando ela abriu os olhos eu caminhei até a porta.

- Coma enquanto está quente.
- Edward, por favor, não me abandona sozinha aqui. Pense em como fomos felizes na fazenda. – Eu estava saindo, mas parei para lhe responder.
- Eu penso, mas isso só me lembra o quando fui idiota Bella. Agora acabou a brincadeira. Você teve sua oportunidade e desperdiçou. Agora de você, só quero meu filho. – E saí.

Quando retornei, Ana estava servindo meu prato.


- Me faz companhia? – A solidão começava a incomodar.
- Não é o papel de uma empregada Senhor. – E saiu da sala.

Eu tentei comer sem demonstrar estar chateado com a atitude de Ana, mas não consegui e depois de duas garfadas fui até a cozinha levando meu prato e sentei a mesa.

- Lembra quando eu ia lanchar com você na cozinha lá da mansão. Carlisle ficava indignado!
- Sim. Para ele, a cozinha não era lugar para o dono da casa. – Ela se virou e me encarou. – Eu sempre o vi como alguém melhor Edward. Pena que me enganei. – Depois tornou a se virar para fazer seus serviços.
- Não fale assim Ana. Você me criou, tem que confiar em mim.
- Achei que tinha criado bem, mas vejo que não. O Edward que eu e a Dona Esme educamos jamais maltrataria uma mulher.
- E o que ela apronta em Ana? Isso ninguém vê!
- Se ela não é boa para você e, talvez não seja mesmo, pode afastá-la, pode mandá-la embora de sua vida, mas jamais faça o que está fazendo. Como você se sentiria enjaulado?

Eu sabia que estava errado, mas não voltaria atrás! Isso não!

- Não será por muito tempo. – Eu tentei acalmá-la.
- Já é tempo demais Edward.
- Não vai me dizer como ela está? - Perguntei.
- Não sei. Logo que você saiu ela mexeu na porta, bateu, gritou e me chamou. Depois só chorou. Você acha que é fácil ouvir essa moça chorar por horas. E eu lhe telefonava e nada!
- Eu desliguei o telefone.
- Sim, é fácil se esconder. Já pensou o que aconteceria se Bella tivesse feito uma loucura?
- Ana, pode não parecer, mas foi para evitar isso que eu a prendi. Da outra vez ela atirou o carro contra o portão. Lá estará segura. Não pode fazer nada.
- Nada? Ela não pode fazer nada Edward? Você já parou para pensar no tempo que ela teve para pensar besteiras. E se ela se matar? Aí sim você estaria bem encrencado...com a polícia e com a sua consciência!
- Ela não...
- Lá tem banheira, têm remédios no banheiro, têm lâminas de barbear e lhe garanto que ela acharia inúmeras outras maneiras. E o principal, ela está acuada e desesperada.

Eu não queria pensar em nada daquilo, em nenhuma daquelas hipóteses. Então desisti de almoçar e voltei à empresa. Trabalhei bastante em minha sala e fiquei até bem depois do expediente. Quando Ana me ligou perguntando se eu iria jantar disse que não. Minha vontade era dormir ali, mas fui para casa. Estava preocupado com o que Ana disse. Sabia muito bem que Bella era louca, mas não ao ponto de se matar. Mesmo assim, era arriscado mantê-la lá. Tinha vontade de acabar com tudo, abrir a porta e expulsá-la de minha vida. Cobrar as dívidas que tinha comigo e colocar ela e Charlie na cadeia, mas, na verdade, nunca pretendi fazer isso e nunca farei. Sinceramente, nem tenho certeza se as evidências do roubo e dos desfalques da família seriam o bastante para condená-la. O pai sim! Esse ia para trás das grades num estalar de dedos. Ela não. Seria um trabalho difícil para Emment. Na época pedi ao meu advogado e amigo para lhe dizer que tínhamos provas contundentes. Com seu tamanho e cara de mau, Bella acreditou. A realidade, no entanto, é que com um depoimento de Charlie assumindo a culpa, Bella saía limpa de tudo. Enfim, nunca deixaria a mãe de meu filho ser presa, só que ela não precisa saber disso. E era isso que Bella seria.

Cheguei era meia noite. Vi que a bandeja tinha sido mexida e mesmo sem comer tudo, Bella tinha beliscado algumas coisas. Fiquei feliz por ela não estar fazendo greve de fome. Era um problema a menos. Pensando no que Ana disse fui até o banheiro e tirei tudo o que podia ser perigoso. Era bom não arriscar. Tomei banho e quando retornei ao quarto a encontrei acordada. Queria muito deitar ali e fingir que nada de errado acontecia. Era impossível! Então peguei as roupas que usaria no dia seguinte e saí do quarto. Não trocamos uma palavra.

Na manhã seguinte acordei mais animado. Era o dia em que iria fazer a coleta do esperma. Era o dia em que meu filho começaria a ser concebido. Já totalmente arrumado passei na cozinha para arrumar a bandeja com o café de Bella. Deixei sobre a mesa do quarto e ainda a observei enquanto dormia. Era uma manhã fria, a cobri melhor e deixei o cômodo. Ana não perdeu a oportunidade de criticar minhas atitudes.
- Nem só de comida vive um ser humano Edward, as pessoas também precisam de carinho e atenção. Levar comida para ela não anula o mal que está lhe fazendo.
- Basta Ana. Não estrague meu dia, ele é muito importante.
- Posso saber o motivo?
- Vou recolher o esperma que será implantado em Bella. Assim poderei ser pai. – Provavelmente isso era meio confuso para Ana.
- E vai trazer uma criança para essa casa em pé de guerra?
- Não seguiremos assim para sempre. Depois que Bella tiver o bebê, vai seguir com sua vida e eu nunca mais vou interferir. Ela poderá ir ser feliz com o amante, é o que ela sempre quis.
- Edward, você realmente não está bem. Deveria procurar um médico.
- Eu não estou louco! – Era só o que me faltava!

Fui a clinica logo cedo e passei alegremente pelo constrangedor procedimento. Ficar sozinho dentro de uma pequena sala quando deveria estar com uma mulher desejosa, depositar dentro de um potinho o que foi feito para ser colocado dentro dela, no lugar mais íntimo, num ato antigo e sagrado, capaz de gerar o maior dos milagres. Mas estava feito. Conforme a médica explicou, seriam separados os espermatozoides mais fortes para serem depositados nos óvulos de Bella e, se Deus e a genética permitirem, gerar um bebê. Ou mais de um já que concepções após tratamento hormonal geravam muitas gravidezes múltiplas. Mas isso não é aconselhável no caso de Bella. O corpo dela podia não suportar. Agora era só esperar pela hora de Bella ir a clinica. Só espera que ela não tentasse nenhuma fuga.
Meus dias seguiram certa rotina. Eu saía pela manhã, voltava ao meio dia, trabalhava pela tarde e retornava a noite. Sempre passava pelo quarto onde Bella estava trancada. As vezes ela estava dormindo, aliás, ela andava dormindo demais. Em outros momentos acordada, mas nem trocávamos uma palavra. Por duas vezes discutimos. Numa por ela dizer que não faria inseminação alguma. No fim eu a calei com uma simples ameaça.

- Então não faça! Mas só sai dessa casa, deixando meu filho. Caso contrário, ficará me fazendo companhia. – Obviamente era uma ameaça que jamais cumpriria. Nem eu nem Bella suportaríamos essa guerra por mais muito tempo.

A outra briga foi quando ela tentou uma chantagem emocional para me fazer ouvi-la.

- Eu quero te contar tudo. Toda a verdade! Me ouve, é só isso que eu peço.
- Não quero mais mentiras! Cale a boca!

Assim, faziam quatro dias que Bella não saía daquele quarto e eu passei a me sentir cada vez mais culpado. Na manhã do quinto dia quando passei pela porta para trazer seu café a vi dormindo tão linda que meu coração doeu. Sabia que ela não era um anjo, mas parecia um. Minha mão coçou para destrancar a porta e deixá-la livre, mas talvez Ana esteja certa e meu coração esteja endurecido. Saí de casa com a cabeça baixa, envergonhado pelo que vinha fazendo. Por Deus, eu não era um psicopata, não era um criminoso!

No meio da manhã meu telefone tocou. Era Ana.

- Algum problema com Bella? – Eu tinha um pressentimento ruim hoje desde cedo.
- Não, é com minha neta. Desculpe Edward, mas minha filha ligou e parece que a neném não está bem. Preciso ir vê-la. Mãe de primeira viagem não sabe bem o que fazer. – A filha de Ana tinha mais ou menos a minha idade e estava com bebê novinho.
- Vá vê-la Ana.
- Mas é longe e a menina Bella ficará sozinha. E é longe, voltarei só amanhã.
- Não tem faxineira que seja da sua confiança?
- Sim, tem Mary, mas...
- Peça a Mary que fique e assuma o almoço de hoje. Eu mando um motorista aqui da empresa ir buscá-la e você poderá ver sua filha e neta com calma. Amanhã, se tudo estiver bem, ele a trás. Pode ser?
- Obrigado, filho.

Mantive contato com Mary e tudo estava bem. Trabalhei durante a tarde e recebi uma ligação de Jasper. Como eu imaginava, Alice estava estranhando o sumiço da sócia.

- Até agora ela acredita que não é nada demais, mas se Bella não aparecer Alice vai invadir sua casa.
- Mantenha sua mulher quieta Jasper. Minha vida não é problema dela.

Cheguei em casa cansado, dispensei a empregada e parei para tomar uma bebida. Não subi para ver Bella, deixaria para mais tarde. Fui ao escritório, tirei o paletó, tomei outro drinque e liguei o computador. Fiquei ali trabalhando e bebendo por mais de uma hora. Lembrei que tinha de ver como minha mulher estava. Eram 10h45min. Peguei minha pasta como fazia no tempo de solteiro e trabalhava no quarto e fui subindo a escada. Só me dei conta quando estava em frente ao cômodo.

- Devo estar meio bêbado. Devia ter deixado no escritório.

Mas não quis voltar. Peguei a chave, abri a porta e vi Bella novamente adormecida. Joguei a pasta com papéis de trabalho sobre uma cadeira e fui ao banheiro de nossa suíte. Tomei uma longa e reconfortante chuveirada. Fiquei ali, sob a água corrente tentando que ela levasse embora meus problemas e angústias. Saí do banheiro vestindo um roupão felpudo e vi uma cena que me enfureceu.

Bella havia acordado e descaradamente mexia em minha pasta.

- Se procura essa chave? – Mostrei. – Perdeu seu tempo. Agora largue esses papéis, não são da sua conta.
           
            Ela estava fazendo isso, mas de repente surtou. Isabella agiu com nunca antes eu vi.

            - E o que eu tenho a perder, Edward? Vai fazer o que comigo se eu não obedecer? Me trancar num porão escuro? Em Edward o que eu tenho a perder?

            Ela estava descontrolada a atirar os papéis para cima, rasgar, pisotear. Simplesmente estragou tudo. Eu fiquei estático vendo ela destruir coisas importantes e percebendo o quanto ela estava fora de si.

            - Chega Isabella! Ouviu bem? Chega de chilique de mulher mimada. Largue minha pasta agora!
            Já não havia muita coisa para ela rasgar então jogou minha pasta contra mim e passou a jogar no chão tudo que tinha no quarto. De uma hora para outra ela avançou em mim, bateu, arranhou e só parou quando eu a segurei fortemente, talvez forte demais, pelos braços e a atirei na cama. Cheguei a erguer a mão para esbofeteá-la, mas não o fiz.

            - Agora cale a boca e vá dormir.

            Saí do quarto e voltei ao escritório. Ela, não parou de gritar. E eu não sabia o que fazer. Estava fora de si, estava violenta, estava desesperada. Lembrei de Ana falando que ela estava acuada. Realmente, Bella lembrava uma leoa enjaulada. Eu criei um monstro e agora não sabia o que faria com ele.
            Ao som de seus gritos eu abri uma garrafa de whisky e liguei o computador. Na tela comecei a ler as matérias falando do baile e algumas que relembravam todo meu histórico de escândalos por Bella. A esposa que não quis o marido, que não valorizou ou seu dinheiro, a vida boa que ele podia proporcionar.

            - Idiotas! Ela não quis foi o amor, o dinheiro ela levou. Ela e o papai.

            A cada matéria uma dose de bebida e os gritos pareciam cada vez ecoar mais alto em minha mente. Em um momento olhei para o relógio.

02:45

            Era madrugada. Eu seguia bebendo e ela fazendo escândalo no outro andar. Na rua eu ouvia a chuva bater contra o telhado. Em um certo momento percebi que aquela situação era tão ridícula. Se ela não me quer? Outras vão querer. Se tanto deseja a liberdade... que vá embora. Decidido, subi as escadas e fui em direção ao quarto destruído pela mulher que amo ou odeio, já não sei. A peguei pelo braço e arrastei para fora do quarto. Cambaleantes descemos as escadas. Ela percebeu o que eu faria apenas quando estávamos de frente para a porta da rua.

            - O que vai fazer Edward?
            - Vou te dar o que tanto quer. Não quer a liberdade? Não quero te ver nunca mais Isabella. Suma da minha casa agora. – Falei e a empurrei porta afora.
            - Edward! Eu estou de camisola, está chovendo, é madrugada. Não posso ficar na rua...por favor está frio.
            - Era isso que você tanto queria...agora suma daqui. – Eu sentia a cabeça pesada pelo álcool e segurei na porta não cair no chão. De repente eu também chorava e pelos olhos nebulosos pela bebedeira e pelas lágrimas a vi se molhando com a chuva. – Você tem 20 min para passar pela portaria. Ou virão buscá-la.

            Eu bati a porta e tropeçando nos móveis segui novamente para o escritório. Não liguei para a portaria como prometi fazer, nem lembrava como fazer isso. Só voltei a beber. Sabia que tinha feito coisas erradas, mas no meio de tantas, essa de agora nem parecia tão grande.

Algumas horas depois...

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Parou e logo depois retornou...

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            Abri os olhos e nem me preocupei em pegar o telefone que tocava alucinadamente ao meu lado. Aos poucos aquela noite começava a se reconstruir em minha mente, mas tudo parecia não passar de um pesadelo. Com muito trabalho levantei e segui para as escadas. Só acreditei realmente que era realidade quando olhei para meu antigo quarto de solteiro, agora dividido com minha esposa, destruído. E, principalmente, vazio! Por Deus! Eu realmente fiz isso. Eu havia colocado Bella para fora de casa em plena madrugada chuvosa.
            Minha vontade era me atirar no chão e chorar, mas não podia. Tinha de encontrar uma forma de resolver a enrascada onde havia me metido e encontrar Bella sã e salva o mais rápido possível. Joguei água no rosto para acordar, peguei um cobertor e corri para pegar meu carro. Minha primeira parada foi na portaria do condomínio. Era cedo e cheguei bem no momento onde estava trocando o porteiro. Pelo olhar de um deles, sabia exatamente quem estava ali quando Bella passou. Chamei-o para conversar.

            - Não finja que não sabe quem eu sou.
            - Eu sei sim, senhor Cullen. O senhor é o marido da moça que saiu na chuva ontem a noite.
            - Sim. – Eu abaixei a cabeça, envergonhado. – Me diga para onde ela foi...por favor.
            - Ela pediu para ficar aqui na portaria, mas eu não deixei.
            - Porque não? – Ora, minha mente respondeu, por que não era problema dele proteger Bella. Era responsabilidade sua.
            - O senhor é o patrão e se não a queria aqui...eu não podia me intrometer.
            - E o que ela fez?
            - Eu lhe dei meu casaco e ela saiu andando naquela direção.

            Eu saia correndo para entrar no carro quando uma voz me impediu.

            - Edward Cullen! O que acontece aqui? Eu estava telefonando para você me buscar no aeroporto e você aqui conversando na portaria? – Minha mãe não podia ter retornado em pior hora.
            - Mãe, agora eu não posso perder tempo. Tenho de encontrar Bella.
            - O que houve com Bella? – Esme perguntou.
            - Saia desse táxi, entre no meu carro e eu conto.

            Ela o fez rapidamente, mas gritou assim que chegou perto de mim.

            - Que cheiro é esse? Você andou bebendo?

Eu teria de contar tudo, mas agora minha prioridade era encontrar Isabella.

domingo, 14 de julho de 2013

A Mentira - Capítulo 16: Uma verdade e muitas mentiras


Ao acordar na manhã seguinte Ana percebeu que estava sozinha. Não sentia mais tantas dores e, após tomar banho e passar pomada, desceu para o café. Jéssica estava sempre a sua volta. Esse ‘cão de guarda’ a estava deixando louca.
- Vá procurar um serviço! Suma da minha frente.
- Meu serviço está todo em dia, senhora.
- Petulante! – Mas não queria se estressar. – Então vá mandar selar meu cavalo.

Foi até a cidade para tentar, enfim, contatar sua família. As emoções distintas que sentia ali, a paixão que sentia por Christian, mas também a sensação de abandono que ele lhe deixava eram terríveis. Precisava do apoio de Ray. Assim que chegou lá e cumprimentou o padre, pediu para usar o telefone.
- Filha! – Como era bom poder ouvir sua voz. – Como está? Nós aqui ficamos com o coração na mão, sem saber como te contatar. Seu celular não atende e o Grey não me disse direito como chegar aí!
- Tio...eu sinto tanto a sua falta.
- Eu também, minha querida. – Ele estava arrependido de tratá-la com frieza nos últimos tempos. Mesmo que ela tivesse agido errado, isso não apagava o amor de pai que sentia por ela. – Filha, você está feliz?
Para essa pergunta ela não tinha resposta. O casamento não estava sendo o que ela esperava, mas amava Grey. E sabia que de alguma forma ele também a amava. Não queria desistir.
- Responda, Ana. Você não me parece feliz, Anastásia e não há nada no mundo mais importante que isso. Me responda, filha.
- Eu...eu não sei. Eu sinto a falta de vocês e...- Ela sentiu o telefone ser tirado das mãos do tio.
- Ana..Ana... é o José. Que bom falar com você. – Disse o primo sem esconder a falta que sentia de Ana.
- Oi José, também senti sua falta. – Ela sentia as lágrimas rolarem pelo rosto.
- Ana? Você está chorando? Você não está bem! – Ela sussurrou algo para o tio que pegou o aparelho novamente.
- Anastásia, me dê as indicações para chegar nessa tal fazenda agora! Nós vamos te visitar! Eu não ficarei mais longe de minha filha. – Ray exigiu.
- Tá tio. – Depois que disse o endereço ela se despediu deles. – Eu amo muito vocês. Muito. Logo nós estaremos juntos novamente.

Quando saía da igreja, na sacristia, viu Gail. A esposa do médico, parceiro de Grey, parecia ser uma mulher muito simpática e temerosa. Fora ela a preparar a casa para recebê-la, mas poucas vezes a viu. Ela parecia uma mulher sofrida. Talvez esse povoado fosse um lugar de casamentos ruins e mulheres infelizes.
- Gail! Há tempos queria conversar com você. Desde que cheguei, na verdade. Sei que foi você a arrumar minha casa. Lhe devo um agradecimento.
- O que isso, senhora Anastásia. Não me deve nada. Foi um prazer poder me ocupar de algo.
- Não sou sua patroa, chame-me de Ana. Se tem tanto tempo livre, poderia ir tomar um chá comigo a qualquer hora, o dia que quiser.
- Sim...eu irei se James, meu marido, permitir.
- A claro, se ele permitir. Eu esqueço como são os costumes por aqui. – Gail a olhou feio. – Desculpe, não quis ofender. É que em São Paulo as esposas não pedem permissão aos maridos.
- Cada lugar tem sua cultura. – Só nesse momento Ana viu a lateral do rosto, disfarçada com o cabelo, arroxeada. – Mas nem tudo pode ser desculpado com a ‘cultura local’.
- O seu marido não se importa de receber visitas. Não quero criar problemas entre vocês...se é que já não os têm.
- Sim, temos. E eu sei que não são um segredo para ninguém. – Mas se envergonhava disso. – E eu gostaria de conversar com você sobre isso. Gail...você vive aqui há muito tempo. Conheceu o irmão de meu marido? Conheceu Emmett?
Gail empalideceu.
            - Segundo seu marido a senhora também o conheceu e muito. O senhor Grey acha que foi a senhora que o levou a morte! – Ela já desconfiava, mas ouvir assim não foi fácil.
            - Então é isso. Ele fala tanto nessa morte e eu nem sabia que tinha acontecido. Eu conheci Emmett sim, mas nem chegamos a ser amigos!
            - Então não foi a senhora que o seduziu e levou a cometer o suicídio?
            - O quê!?!?! – Seduzir? – Como assim? Eu teria seduzido o irmão de meu marido?
            - Olha...eu bem que imaginava que podia ser mentira. O senhor Grey sabe que uma mulher que ele conheceu na sua casa tornou-se amante de Emmett e no final do relacionamento ele tirou a própria vida. E o nome da mulher começa com A. Mas não sabemos se era uma moradora da casa ou apenas visitante, afinal aconteceu em uma festa!
            - Ele acha que sou eu! E casou comigo mesmo assim. – Se agora alguém perguntasse se estava feliz, como o tio fez pouco tempo atrás. – Trouxe-me para cá para me castigar.
            - Não fique assim, Ana. Lute por seu casamento. – Disse Gail.

            Ana foi embora, direto para casa. Esperaria Grey voltar ao anoitecer e finalmente colocariam tudo às claras.
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            Enquanto isso, na casa de Ana, em São Paulo, a organização da visita a fazenda não agradava a todos. Alice odiava a ideia de ter Christian por perto, fuxicando no passado. Desgostava mais ainda de Ana e José se encontrarem.
            - Aquele imbecil ainda se derrete pela doce Ana.
Sem poder evitar a tal viagem, a alternativa era recorrer a tia para que intervisse e não os deixasse se aproximar. Já estavam namorando, mas tinha que conseguir que marcassem o casamento o mais breve possível.
- Titia, preciso da sua ajuda. Se o José for lá sozinho, Ana o seduzirá novamente. Eu sei. José aceitou namorar comigo, mas ainda pensa nela. Se ele for lá agora, sem termos um relacionamento mais sério, Ana trairá o marido com José!
- Não, querida. Sua prima não tem a cabeça no lugar, mas ama aquele homem.
- Ama nada, titia. Já encheu a cabeça do tio Ray de preocupação. Ela está louca para voltar e me tirar o José! Ela quer todos os homens pra ela.
- Ok, Alice. Falarei com seu tio. Confie em mim! Você e José irão se casar! Talvez o melhor seja apressar o noivado de vocês.
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            Ele tinha chegado tarde e tirava a camisa para tomar banho quando ela invadiu seu quarto. Notou que ele estava nervoso, estressado, mas nada se comparava a raiva que ela sentia.
            - Então é isso! Agora eu descobri qual o seu problema! – Disse logo após entrar e bater a porta.
            - Não te convidei para entrar. O que quer? Fiquei sabendo que mais uma vez saiu de casa sem me avisar.
            - Fui na igreja ligar para minha família. Você pode não lembrar, mas há pessoas que gostam de mim, que zelam por mim. Eu tenho a quem recorrer!
            - Sim, é claro. O seu cão fiel, José! Não importa o que ocorra você sempre o tem aos seus pés. – Ele se aproximou dela. – Mas escute bem! Você é minha. Nem pense em me deixar!
            - Eu não liguei para meus tios pensando em te deixar, mas estou mudando de ideia.
Ele a encarou duramente.
            - Está querendo ir embora?!
            - Eu já sei Christian! Já descobri que nosso casamento não passa de uma grande mentira! Você entrou na minha casa, falou com minha família e tudo não passou de uma pilha de mentiras para uma vingança maldita! – Ela se descontrolou e começou a empurrá-lo. – Descobri tudo! Seu mentiroso!
            - Quem te contou isso?
            - Não importa! Foi bom para eu saber o cretino que você é.
            - Sim, é verdade. Fiz tudo isso para você ver o que Emmett construiu e não recebeu seu amor em troca. – Ele tocou-lhe o rosto com grosseria. – Que bom que esclarecemos tudo. Vou gostar de viver com você sabendo que seu destino é pagar pelo que fez a meu irmão.
            - Me solta! – Ele pegou-a pelos ombros.
            - E saiba que eu não terei piedade! Você vai sofrer tudo o que ele sofreu, em cada dia que passar aqui. Você, para mim, não vale mais do que qualquer uma que vende na esquina!
Ela o esbofeteou  com toda a força e sem pensar que ele poderia revidar.
            - Nunca mais erga a mão para mim, Anastásia. Nunca! Ou vai se arrepender! Eu poderia te bater até cansar.
            - É, essa parece uma prática bem comum por aqui, mas já te disse e repito. – Estava descontrolada e emperrava-o a cada palavra. – Eu não ficaria de boca calada. Não sou masoquista e te denunciaria. As mulheres parecem esquecer que existem leis que nos protegem. E se eu deixei você extravasar seus desejos sádicos, era apenas por acreditar que havia um casamento para salvar, era para te dar prazer e era porque estava com vontade de experimentar. Mas acabou. Eu vou embora.
            - Você não vai a lugar nenhum. – Ele a segurava pelo queixo.
            - Você é muito pouco homem, Grey. Quer dizer que Emmett conheceu a tal mulher na minha casa  e seu nome começa com A. Grande coisa! Tudo por suas mentiras! Suas paranoias! Tudo por um imbecil que já morreu!
            A cada ofensa de Ana ele tornava-se mais violento. E ela não parava de empurrá-lo e de tentar lhe dar tapas.
            - Não fale assim dele! Você é responsável pela morte dele!
            - E você me humilhou, me rejeitou. Você é responsável pela minha infelicidade! Tudo em você é uma mentira, inclusive o seu amor por mim.
- É verdade. Eu não te amo, eu te odeio, Anastásia. Eu nunca pensei que tivesse tanto ódio em mim, mas eu odeio.
Com isso não tinha mais nada a ser feito.
            - Adeus Christian. Eu vou embora. – Ela ia sair mas ele a impediu, jogando-a sobre um sofá e prendendo-a com o peso do próprio corpo. Solte-me!
            - Não vai ser feliz com o José. É minha!
            Travaram uma luta em que ela, menor, porém mais ágil conseguiu vencer. Desvencilhou-se dele e saiu correndo em direção as baias onde montou rapidamente em seu cavalo que, por sorte, ainda estava com a cela e saiu em disparada. Torcia para que Grey não viesse a atrás dela.
            Ele até tentou, mas não conseguiu alcançá-la. Só pode pedir que Taylor preparasse a sua montaria para tentar procurar por ela. Jéssica e Kate apareceram enquanto ele esperava na frente da casa.
            - Não vá atrás dela não, patrão. Se quer mulher, aqui tem. – Disse Jéssica.
            - Já chega! Já disse a você que Anastásia é a patroa nessa casa. É melhor respeitá-la! – Respondeu mesmo sabendo o quão contraditório estava sendo.

            Logo montou no cavalo e saiu em disparada.

            - Não devia sonhar tão alto, Jéssica. Até parece que ele vai olhar para você. – Disse Kate.

            A noite se transformou em madrugada e logo Christian estava desesperado por Ana não retornar. Ninguém a encontrou. Nada. No fundo o que o incomodava era o medo de um acidente. Taylor era próximo o suficiente para questionar o que o patrão estava fazendo.
            - O que está fazendo com ela? Parece ainda mais grosseiro do que o Dr. James com a esposa. – Comentou.
            - É muito diferente. – Ele sabia que James, apesar de bom médico, era bruto e violento com a mulher, piorava quando bebia. Não compare. Eu não bebo e James não tem as minhas razões. – Achou que tinha algo errado. – E eu não sabia que você não gostava de James.
            - Não tenho nada contra ele. É só que não acho que uma mulher deva ser tratada com murros ou tapas. A senhora Gail é frágil e delicada, não merece isso.
            Um aviso preocupante chegou. O cavalo de Ana fora encontrado sozinho, sem sinais de ferimentos. Tinha voltado para as terras de Jacob. Inicialmente achou que ela poderia ter fugido com ele, mas depois percebeu que não. Sua esposa tinha sofrido um acidente e estava, machucada, em algum lugar.
            Rapidamente foram mobilizados homens da cidade para procurarem nas terras onde ela passaria se cavalgasse da fazenda até a cidade. As horas não passavam e quando finalmente veio uma notícia, ela não era boa. Ana fora encontrada no campo, machucada e inconsciente.
            - Ana...meu amor. O que eu fiz? – Os lamentos tomavam conta de Christian.

Para quem quiser ‘ver’ a briga deles. Minuto 17:20 até 21:06