sábado, 29 de dezembro de 2012

Regras Quebradas, Limites Ultrapassados - Capítulo 9: Festa animada




‘Parabéns pra você
Nessa data querida
Parabéns pra você
Muitos anos de vida’!

            - Assopra a velinha meu amor! – Ana disse sem saber quem estava mais feliz, ela ou Teddy. Seu garotinho completava 4 anos na festa mais fantástica do mundo e ver seus olhos brilharem era algo impagável.
            - Não consigo. As velinhas são fortes. – O pequeno reclamou. – Papai? Ajuda eu?
            - Ajudo, é claro. – Grey respondeu.

E assim Ana viu a imagem que mais sonhou nesses quatro anos. Pai e filho juntos. Logo as velinhas apagadas foram retiradas e chegou a hora de cortar o bolo. Dava até dó. Era lindo e decorado com vários símbolos de super heróis.
- Pra quem vai a primeira fatia Teddy? – Elliott gritou.
- Pro papai. Ele é um super herói muiiiiito mais forte que todos esses.

Todos riram e Christian sentiu-se orgulhoso e envergonhado ao mesmo tempo. Envergonhado por saber que não era verdade, mas orgulhoso por seu menino acreditar assim nele.

            Fotos feitas, os  adultos foram comer enquanto as crianças só queriam saber de brincar. Engana-se quem pensa que os docinhos são feitos para os filhos, são os pais que comem.

            - Logo logo ele cansam de brincar e atacam os cachorros quentes, aposto. – Falou Kate.
            - Assim espero, amiga. Ou vai sobrar muita coisa. – Ana respondeu.
            - Parabéns Ana! Ficou tudo perfeito. Mesmo ocupada, você organizou tudo muito bem.
            - Christian ajudou muito. Você viu as lembrancinhas? Ele que escolheu. – Ana disse.
            - O planador? Lindo. Uma fofura. Que criança não se encantaria com isso? Teddy está no céu. – Mas Kate conhecia Ana e sabia que havia algo estranho. – E algo me diz que você também fez um passeio...só não sei se é ao céu ou ao inferno.
            - Não começa!
            - Hoje, ANASTÁSIA, você não escapa. Fala! O problema é o Grey ou o Raff?

            Ana pensou em negar, mas achou que não adiantaria nada.

            - Ambos. Digamos que...se o Grey é demais, o Raff é de menos.
            - Aiii não me diga que o problema é... o tamanho!
            - Não...rsrsrs KATE! Ele é...normal nesse quesito.
            - Mas eu aposto que o Grey é acima da média.
            - KATHERINE!
            - Ok, estou calada. Elliott é muito bem dotado, ok? Mas conta qual problema então?
            - O Grey é mais...não sei como explicar...ele me pega forte sabe, já vai me agarrando, não dá nem tempo de pensar.
            - Pega é? Engraçado...você não fala como quem recorda de fatos antigos...tipo há cinco anos atrás. Não pense que eu esqueci da recaída. Vai contar pra mim!
            - Sim Kate. Quer saber? Eu dei pra ele na festa de aniversário de 1 ano da sua filha. No estacionamento, encostada no carro dele...rápido, forte e sem nem ter tirado a roupa.

            Kate estava passada com a revelação. Nem conseguia falar.

            - E te conto mais: adorei. Gostei tanto que quase repetimos a dose agorinha ali na dispensa. Ente uma lata de óleo e latas de atum.
            - Aaaaa ótimo saber que padrinhos da Ava têm tara por festas de aniversário e não conseguem segurar o desejo. Ótimo saber! Daqui pra frente eu vou comemorar TODOS os anos. – Kate gargalhava do ‘problema’ de Ana. – E com o Raff, o que é?
            - Com o Raff é o contrário. Ele é maravilhoso em tudo, menos na cama.
            - Como assim? Ana, as vezes a primeira vez não é boa. É que o Grey é acima da média...não pode exigir isso de todos.
            - Não é ele, sou eu!
            - Isso é clichê, Ana, muito clichê.
            - Olha...eu quero o mesmo fogo, as mesmas mãos, a mesma pegada...
            - Para antes que pegue fogo Anastásia. E o dono da pegada está nos olhando. Se comporte...ou leve ele pro quarto.

            Depois Anastásia até se arrependeu do desabafo, mas alguém precisava lhe ouvir e, se até a Deusa Interior estava definitivamente no torcida do Grey, só Kate estava disponível. Se bem que ela também não parecia muito imparcial.

            - Até você Kate! – Disse falando sozinha.

            Enquanto isso Christian caminhava pela sala reconhecendo alguns dos convidados. Em geral eram famílias, mas raros conhecidos. Além dos Grey, do pai e da mãe de Ana e Elena, mais nenhum rosto era conhecido. Mas foi fácil fazer amizade com alguns pais. Achou alguns bem babacas e ficou pensando que podia fazer melhor que eles.

            - Christian? – E se virou sabendo que era Elena. – Vai me ignorar só porque Anastásia está aqui?
            - Não, claro que não Elena. Como vai?
            - Bem. E você? Impressão minha ou você está gostando do papel de pai...por enquanto é claro?
            - Estou, na verdade estou. Não é todo dia que a gente é chamado de ‘herói’ por um garotinho.
            - Não se comporte como um idiota Christian. Nós dois sabemos que você não nasceu pra isso. Você não convive com o garoto, não sabe como ele é difícil, o que apronta. Se vivesse com ele iria se irritar e, nós sabemos, você irritado seria perigoso para uma criança. Vai que você não resiste e...num momento de raiva...machuca o Teddy?
            - O que você veio fazer aqui, Elena? -  Não podia negar a razão dela. Elena o conhecia bem, mas o tempo passou e... – Ele não é mais um bebê. Não seria mais tão complicado e...
            - Eu vim abraçar Teddy, desejar um feliz aniversário e, é claro, ver você. Crianças são um perigo Christian. Acredite, sua vida é melhor sem elas. Jéssica não é o bastante? Está conseguindo ‘educá-la’?
            - Ela já veio bem treinada. Agora, se me der licença, quero falar com um amigo. – Já ia saindo, mas voltou. – Elena?
            - Sim, querido.
            - Não se aproxime de Theodore. Ana não quer.

            Ela não respondeu e, por algum motivo, Christian teve a certeza de que ela não iria seguir a sua ordem. Chamando Taylor pediu para que a segurança ficasse de olho em Elena. Só de pensar nela com Teddy sentia um gosto amargo na boca.

            Mas logo ele se distraiu encontrando um convidado inesperado.

            - Não esperava encontrar o meu psiquiatra aqui. Seja bem vindo Flynn.
            - É bom vê-lo, Christian. Ainda mais quando você some do consultório.
            - Veio me dar um puxão de orelha? – Após alguns anos, eles formaram uma terna amizade.
            - Não. Ana me mandou um convite. Desde que Teddy foi ao consultório eu não o ... – De repente o médico percebeu o quanto fora indiscreto. – Desculpe Christian...eu não podia ter...
            - Você atende o meu filho, Flynn? O Theodore faz tratamento psiquiátrico e eu não fiquei sabendo, é isso?

            Como isso era possível? O fato do garoto ter seu sobrenome não lhe garantia nenhum direito? Ninguém faz tratamento com Flynn por qualquer outra razão q eu não seja problemas de origem psicológica. Traumas, distúrbios, tendências psíquicas a comportamento indevido ou coisas assim. Mas é claro que Teddy, sendo seu filho, não seria uma criança normal. Nem mesmo uma mãe com Ana seria capaz de sanar o mal que ele fazia ao garoto.

            - O que ele tem? – Grey perguntou.
            - Christian eu não posso falar disso.
            - Eu sou o pai dele merda!
            - Mas é a mãe que tem a guarda e...
            - FALE! – Estava quase pegando o médico pelo colarinho.
            - Não posso, pergunte para Anastásia. Mas não é nada grave, acalme-se.


            Furioso, Christian procurava por Ana pela casa sem conseguir afastar da mente imagens dele na adolescência. Um jovem complicado que ia no caminho do crime até Elena aparecer. Ela o tirou daquele caminho, mas não sabia se o rumo tomado fora melhor. Esse seria o futuro de Teddy? Muitos minutos circulando e nada. Onde estaria Anastásia? Com o escritorzinho?

Seu telefone tocou. Era Taylor e o recado o desagradou muito.

            - Senhor, Teddy e Elena estão sozinhos na sala do piano. Faz poucos minutos, mas achei que era melhor avisá-lo.
            - Obrigado Taylor. Eu vou pra lá. Procure Anastásia, por favor.

            Christian desligou sem se dar conta que sua frase era ambígua e dava a entender que Taylor deveria mandar Anastásia também ir a sala do piano.

            Teddy desejava aprender a tocar cada vez melhor, tocar como o papai faz. Sempre que vinha até a casa de Christian, ele o observava e normalmente não ficavam muito tempo juntos. Sempre que o papai parecia ficar nervoso, de repente, a música começava a tocar. Então ele vinha e ficava olhando Christian tocar. Uma tecla branca e outra preta, uma forte e uma fraca...aos poucos memorizou as teclas que tinha de apertar para sair o som bonito. Era fácil, já estava conseguindo. Será que papai ficará orgulhoso?
Com a música da festinha, ninguém percebia que Teddy tocava o piano na sala normalmente usada apenas por Christian. Só que Elena o viu entrando e logo decidiu aproximar-se e ver o que de tão especial o garoto tinha. Seria Teddy tão viciante quanto o pai? O menino tão pequeno, estava vulnerável ao piano. A música soava triste para uma criança.

            - Você é muito talentoso, sabia? Quem ensinou você a tocar? - Elena questionou o menino.
            - Eu vi meu papai e quis fazer igual.
            - Sou amiga do seu papai, você sabia?
            - Não! Eu não conheço você. – Disse ele parando de apertar as teclas brancas e pretas.
            - Meu nome é Elena. Conheço seu pai há muiiiito tempo. Ele era pouco mais velho que você.
            - Nooooosa, então você é bem velha, né?

Ele riu, mas Elena não gostou nada da ideia. Menino insolente! A ideia de ser muito mais velha que Anastásia a irritava. Christian antes valorizava sua experiência, mas agora só tem olhos para a mulherzinha dele.

- Nem tão velha! Seu pai vai sempre na minha casa.
- Na minha ele vai também...e eu e a mamãe viemos na dele. Você conhece a minha mãe Ana?
- Sim, conheci quando eles foram casados...antes de você nascer. Pena que eles NÃO vão ficar juntos nunca mais.
- Vão sim. – Theodore opinou.
- Toca pra mim ouvir. – Disse ela cheia de vontade de calar a boca daquela criança chata...mas de pele tão branca.

Enquanto ele tocava, Elena fazia carinho em sua bochecha, passava a unha longa e pintada de vermelho lentamente de um lado a outro. Teddy achou essa mulher muito estranha, mas não disse nada. Foi assim que Christian os encontrou. Teddy mexendo no piano que ninguém mais deveria tocar e Elena tocando seu filho. Bateu a porta com força e sentiu a explosão de fúria se aproximando.

- THEODORE SAI DAÍ AGORA! Ninguém te autorizou a entrar aqui e mexer no que não é seu!
Teddy ficou assustado. Diziam que o papai era bravo, mas nunca tinha gritado com ele assim. Por que estava tão bravo? Não gostou da surpresa? Estava tocando mal? Era culpa da loura?
- Christian...não é nada de... -  Elena sabia que sua amizade com Christian estava estremecida e tentou amenizar a questão. – Estávamos apenas conversando.
- Tire as mãos do meu filho e saia daqui.

Duas coisas aconteceram praticamente ao mesmo tempo. Ana entrou e ouviu as palavras e Christian, entendendo que a Monstra estava, de alguma forma, ferindo seu menino. Além disso, Teddy, assustado com o pai, começa a chorar.

Começa a confusão.

- O que se passa aqui? – Nem Elena nem Christian falam. Apenas Teddy, chorando,corre para o colo da mãe. – O que houve meu pequenino? Conta pra mamãe.
- O papai gritou comigo. – Disse ainda choroso.

Só o olhar de Ana para Christian já antecipava a briga que teriam. De que serve organizar uma festa daquele tamanho para terminar com seu filho chorando?

- E essa mulher, o que te fez?
- Ela entrou quando eu estava tocando e ficou falando comigo. Ela disse que é sua amiga e de papai. – Ao menos foi isso que Teddy, em sua inocência infantil, entendeu. – Que conheceu o papai quando ele era pequeno como eu.
- Sim, ela vinha na casa do papai porque ela é amiga da vovó Grace. – Ana lhe entregou o copo de refrigerante que tinha nas mãos. – Beba e acalme-se. Você não fez nada de errado.

Anastásia olhava para ambos e pensava no que fazer. Sair com Teddy e esquecer o que se passou...ou mostrar as garras? A segunda opção era mais atraente.

- É bom que você esteja aqui Christian, quero que ouça o que vou dizer à Elena. – Ainda com Teddy no colo ela se aproximou da loura. – Escute bem sua monstra loura: fique longe do meu filho.
- Anastásia eu... – Elena tentou falar.
- Cala a boca que quem vai falar sou eu. – Ela colocou Teddy no chão e ele ficou agarrado a sua perna. – Longe dele! Nunca mais fique sozinha com meu filho aqui ou em qualquer lugar. Eu sei demais sobre você, não se esqueça disso.
- Está me ameaçando, Anastásia? Você ouviu isso Christian? A mulherzinha que você tanto idolatra por ser fiel, leal e de confiança está ameaçando nosso segredo!

Christian não acreditava que Ana fosse prejudicá-lo. E, depois de ver Elena com as mãos em Teddy, chegava a concordar com Ana.

- Eu avisei que não deveria se aproximar do meu filho. – Ele respondeu.
- Não sou uma ameaça maior do que você. Não fui eu que o fez chorar! – Ela disse.
- Você não vale um terço dessas roupas de grife que usa, Elena. Não vale nada! Não passa de uma aproveitadora de crianças que só serviu para complicar ainda mais a vida do Christian. Você o quer, eu sei. Mas não ouse aproximar-se do meu filho por que, se fizer isso, eu garanto, quem, vai te dar uma surra sou eu.
- A é mesmo? – Elena achou graça.
- Sim e eu não estou falando das surrinhas que vocês gostam. Se tocar no Teddy, Elena, você vai apanhar tanto que vai ficar sem nenhum dente na boca. Fui clara?
- Não devia ameaçar o que não pode cumprir. – A loura disse.
- A não posso? – Disse Ana antes de estalar uma bofetada na cara de Elena. Foi com toda sua força e o vergão vermelho surgiu imediatamente. – Entendeu agora ou a tintura loura danificou seu cérebro?

Elena estava habituada a bater, a ter submissos, nunca a apanhar. Era isso que dificultava sua relação com Christian, ambos queriam mandar. Apanhar de Anastásia a deixou com ódio puro. Ela iria revidar, chegou a erguer a mão, mas o golpe em sua canela a fez parar.

- Não bate na minha mãe, bruxa feia! – Teddy via a briga e achava graça. Mas notou que a mulher ia ferir a mamãe, então atacou como podia e começou a chutar a canela de Elena, além de derramar o refrigerante em seu vestido.
- Vocês vão me pagar por isso! – Gritou ela.

Elena foi embora com o rosto marcado, mancando e com o vestido manchado.

- Elena, o que houve? – Grace a viu e achou estranho sua amiga estar naquele estado.
- Nada, Grace, nada. – Ela respondeu por não ter como explicar a situação. Se soubesse a verdade, Grace nunca a perdoaria.

Teddy, Ana e Grey ainda estavam na sala do piano.

- Teddy, você não pode chutar as pessoas assim. – Ana disse.
- Mas você bateu nela também, mamãe...e foi engraçado. – Ele respondeu.
- É isso foi mesmo. – Christian se manifestou. Ele não sabia como lidar com isso tudo que se passou. Mas tinha uma coisa que ele precisava resolver. – Teddy, você ainda está triste porque o papai gritou com você?
- Não. Você ainda tá bravo comigo?
- Não Teddy. Eu só fiquei assustado quando vi você aqui.

Teddy já estava cansado, com sono, e Ana resolveu que era hora de encerrar a festa.

- Vamos pra casa? Você já brincou e aprontou demais por hoje Teddy.
- Mas ele não abriu os presentes e eu nem entreguei o meu. – Christian não queria que ele fosse embora. -  E eu preciso conversar com você umas coisas.
- Ele precisa de um banho, Christian. Vai a noite lá em casa...você dá o presente e coloca ele pra dormir.
- OK.



quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Por Um Filho - Cap 24: Renovação de votos


Casar duas vezes com a mesma mulher era a certeza de ter feito a escolha certa para toda a eternidade. Minha Bella se tornou mina mulher no mesmo momento em que pus meus olhos nela no clube de danças latinas onde nos conhecemos. Mesmo que ela tivesse dito não naquela noite, eu jamais teria desistido e conquistá-la teria se tornado o objetivo de minha via. Não foi necessário conquistá-la, ela disse sim facilmente. Então concentrei minhas forças em reconquistá-la em cada dia de nossa união.
            Sabia de meus erros, em especial o que nos deixou afastados por meses e a colocou em risco junto com nossa princesinha. O que nos mantinha juntos e apaixonados era que mesmo com todos esses erros, ambos continuamos entendendo um ao outro. Nos amávamos e nos tratávamos como a verdadeira família que agora, com a chegada de Amanda, nós realmente somos.
            Aqui estava eu, exatos 60 dias após eu convidar Charlie para entregar a filha em meus braços, estou desesperado aguardando no altar e tentando sorrir para os convidados. Realmente era a primeira vez que casávamos com toda esta organização e protocolo, nossa primeira união fora muito simples. Agora seria completo. Mas precisava demorar tanto? Avistei minha mãe.

            - O que há? Ela está atrasada.
            - Logo ela estará aqui. Foi difícil arrumá-la, Amanda não aceitava sair de seu colo.
            - Ela podia ter ficado aqui comigo.
            - Não, não podia. Nos ampliamos a tradição dos casamentos. O noivo foi proibido de ver o vestido da noiva e da filha.
           
            Eu não poderia ter uma mãe melhor. Ela largou tudo pela minha felicidade e de Alice, abdicando inclusive de uma vida afetiva. Se bem que agora isso parecia estar mudando. Ela e meu tio estavam mais próximos do que nunca e isso é bom, eles sempre se deram bem, sempre se complementaram, mas nunca se permitiram viver juntos, provavelmente em respeito ao meu pai. Não que eu e muito menos Alice fossemos nos importar com isso. Eu tinha uma relação muito mais duradoura com Carlisle e Alice sequer se lembrava de papai.
            Eu não podia dizer que o amava, mas também não guardava rancor. Esme soube me fazer entender que ele era um bom homem, apenas nunca esteve pronto para a paternidade. Começaram a namorar muito jovens e quando eu fui gerado foram morar juntos. Ele realmente tentou criar uma família, se estabilizar, criar raízes, mas aquela realidade simplesmente não o tornava feliz. Então as brigas começaram e eles foram se afastando cada vez mais. Eu com quatro anos era muito apegado a ele e senti muito seu desaparecimento. Anos depois, com idade e maturidade para conhecer a história verdadeira, fiquei sabendo que ao saber que mais um filho estava a caminho, Antony surtou. Percebeu que cada vez mais estava ficando amarrado aquela vida simples e preso em uma mesma cidade. Então, foi embora sem deixar sequer um bilhete e jamais entrou em contato para saber o que houve conosco.
            Como teria sido minha vida se ele tivesse continuado ali? Não sei. Só sei que teria sido mais difícil, afinal minha mãe só procurou por Carlisle para pedir ajuda quando percebeu que não conseguiria sustentar a nós três sem ajuda. Inicialmente ela queria que ele a ajudasse a localizar meu pai. Mas Carlisle, um jovem inteligente e com uma empresa em pleno desenvolvimento, não tinha relação o com o irmão a muito tempo. Ele era um homem só, não podia ter filhos e queria muito uma família. Acabou convidando Esme a criar seus filhos em sua casa e ela, por gostar do homem e também por falta de opção, aceitou a oferta. Mamãe sempre disse que ele salvou nossas vidas.
            Depois de criados, Alice e eu passamos a ver em Carlisle um verdadeiro pai para se orgulhar de nossas vitórias. Nunca fossos procurar por Antony, algo que provavelmente jamais faremos. Agora ele se sentia ainda mais realizado e a cada sorriso de Amanda dizia: “Vem com o vovô”.  Era isso que ele era, por total merecimento. Ele era o maior exemplo que eu poderia seguir se quisesse que Amanda se orgulhasse do pai.
            E nesse momento ele estava ali sendo atencioso com os convidados enquanto eu me desesperava pelo atraso de Bella. Meu Deus, o que houve? Isso não era normal.

            - Calma meu filho. Ela já vem.
            - Só vou me acalmar depois pai.

            Foi então que a marcha nupcial começou a tocar e eu me virei para encontrá-la. Um verdadeiro anjo caminhando em minha direção, guiada pelo pai, como eu sempre quis. O vestido era feito em um tecido brilhante, com decote em V e mangas longas e rendadas nos punhos. Lindo! Caminhava um pouco lentamente demais para o meu gosto, mas logo chegou. Charlie me deu um frio aperto de mão, era pouco, mas já um avanço se comparado a como nos tratávamos há poucos meses. Fizemos os votos de forma simples e verdadeira:

            - Eu, Edward Cullen aceito Isabella Swan como minha esposa para honrá-la e amá-la, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, por todos os dias de nossa existência.
            - Eu, Isabella Swan aceito Edward Cullen como meu marido para honrá-lo e amá-lo, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, por todos os dias de nossa existência.

            Depois disso o padre pediu pelas alianças e eu, muito confiante, coloquei a mão no bolso onde elas estavam e...o encontrei vazio. Droga! O que está acontecendo? Elas estavam aqui. De repente ergui os olhos pronto para pedir um milhão de desculpas para Bella por estragar seu casamento, só parei quando vi um lindo sorriso em seus lábios e vi todos os convidados se virarem em direção a porta.
            Minha mãe caminhava lentamente com Amanda nos braços. Linda, em uma réplica em miniatura no vestido da mãe. Minha anjinha sorria e quando chegou perto deu os braços parra eu lhe dar colo. Eu fui para pegá-la, mas minha mãe não permitiu.
            - Agora não Amanda. O papai tem que casar com a mamãe. Filho, olhe o pulso dela.
            Eu fui olhar a delicada pulseira feita com uma fita de cetim ainda sem entender bem. Aí vi o par de alianças atado.
  
            Eu as peguei, dei um beijo em minha menina e podemos seguir com a cerimônia. Terminamos a cerimônia e fomos para a recepção. Então eu pude fazer o discurso que sempre quis. Levei Amanda comigo para o palco.

            - Conheci minha Bella há mais de 8 anos e ela tornou minha vida plena, perfeita. Tão perfeita que jamais vi possibilidade dela ficar ainda mais perfeita. Então, quando ela teve desperto o instinto maternal, não soube valorizar. Cheguei muito perto de jogar fora o amor, a minha família, a minha vida. Por isso eu devo a Bella muito mais do que todos aqui podem perceber. Foi ela quem me ensinou a realmente amar, a aceitar os sonhos dos outros. Foi ela que me conquistou, foi ela que lutou por Amanda e a trouxe ao mundo para encher nossa vida de alegria. Hoje me pergunto o que seria de nós, se não fosse por Amanda em casa. O natal que se aproxima será o mais especial de todos porque agora temos uma criança no lar, as férias serão planejadas pensando em Amanda, nossa vida gira entorno dela. Simplesmente porque é com a felicidade dela que ganhamos a nossa. Muito obrigado Isabella, por me perdoar, por me amar e por me dar essa linda família.
Depois do coquetel deixamos Amanda com os avós e, mesmo com dor no coração, fomos para nossa segunda noite de núpcias. Alí nossa vida recomeçaria, desta vez sem traumas ou mentiras.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Regras Quebradas, Limites Ultrapassados - Capítulo 8: Hormônios em ebulição


A 15 dias da festa de aniversário de Theodore, Anastásia e Christian tinham uma relação amistosa. A mais próxima que tiveram nos últimos cinco anos. Era nisso que Christian pensava ao olhar para a foto de mãe e filho que tinha na gaveta de sua mesa, trancada a chave.
Grace tinha ‘esquecido’ a foto na sua casa e ele jamais devolveu. Ela ficava ali na gaveta destinada a transformar os piores momentos em suportáveis. Como teria sido? Como os últimos cinco anos teriam sido se ele e Anastásia ainda fossem um casal e Theodore morasse ali, naquela casa? A casa construída para ela, para satisfazer todos os desejos de Ana...menos o que ela desejava: que ele fosse o pai de família modelo.
            Agora ela quer fotos dele com Teddy no aniversário e brincadeiras, muitas brincadeiras entre pai e filho. Ele faria isso...Ana merecia isso, era uma mãe exemplar, além de ser a única mulher na face da terra que não se aproveitaria de ter um ex bilionário. Mas por ele também.

            - Garotinho fantástico você é Theodore. – Falou ainda olhando para a foto. Até que ergueu os olhos e encontrou Taylor encostado à porta. Tratou de guardar a fotografia. – Fale Taylor.
            - A empregada do Escala telefonou. A senhorita Jéssica chegou há 30 minutos e o aguarda. O senhor marcou algo? Digo que não poderá estar com ela?

            Jéssica era sua submissa há menos de 3 meses e já estava se transformando em algo insuportavelmente chato. Como pode uma tarde com criança lhe parecer mais agradável que uma mulher disposta a ser disciplinada? Talvez fosse o excesso de disposição o estivesse desagradando. Era muito ‘sim senhor’, ‘sim mestre’, ‘eu mereço a surra senhor’ e ‘obrigada por me castigar’. Jéssica não lhe negava nada. Aceitava cada uma das sessões, cada um dos castigos sem reclamar. Apanhava suportando a dor até o limite apenas com gemidos suaves. Sequer estipulou limites. Podia fazer tudo o que desejasse. E fez muita coisa. Só evitou o que não gostava de praticar como brincadeiras com facas e queimaduras graves. Jéssica era a submissa perfeita.
            Tão perfeita que o estava irritando...como todas as últimas nesses cinco anos. Todas seguiam o mesmo padrão. Belas, morenas curvas suaves, olhar adocicado, mas nenhuma era Anastásia. Nos últimos cinco anos os pesadelos retornaram e ele voltou a dormir sozinho todas as noites. Nos finais de semana ia para o Escala com sua submissa, as castigava, fazia seu papel de dominador, a comia com força e sem nenhum sentimento e, mandando-a para o quarto branco, ia dormir sozinho. E sofrer com as lembranças da infância na solidão de seu quarto.
Agora ao menos, não tinha só sonhos ruins. 



Também sonhava com Ana. Lembranças de bons momentos juntos e, principalmente, do sorriso de menina que ela lhe dava, encabulada, a cada manhã. Como pode ela não perceber o quão linda é, o quão perfeita, o quão amada.
- Eu quero você de volta Ana! – Christian disse em voz baixa.
- Senhor? Eu não ouvi. Que digo quanto a senhora Jéssica? – Taylor insistiu.
- Nada. Eu vou mandar um SMS pra ela.
- Ok. Boa noite senhor.
- aaaa Taylor? Você sabe se Teddy vai ficar em casa com a Ana hoje ou vai sair com mamãe ou Kate?
- Na verdade sei sim Senhor. Falei com a Senhora Grey hoje. – Christian fazia questão que seus empregados ainda a chamassem assim, mesmo já não sendo esse o estado civil de Ana. – Ele passará a noite na casa da Senhora Kate. Ele e Ava irão se divertir bastante e...bomm... a Senhora Anastásia irá sair.
- Sair? Com quem?
- Com o namorado, Sr.

O mundo rodou. Então Ana havia encontrado alguém. É claro, é uma mulher maravilhosa. Chama a atenção de qualquer homem. Finalmente um ganhou sua confiança.

- Você é um filho da puta Grey. Tem uma vida de merda! E conseguiu perder a única coisa que prestou em sua vida!

Para descarregar, resolveu responder para Jéssica.

‘Encontro você em 30 minutos. Esteja nua, em posição, no quarto de jogos. Comprei uma vara nova e usá-la. Se prepare! Essa noite será inesquecível!’

Enquanto isso Anastásia tentava se acostumas com a sensação de ter um homem em sua vida e iniciar um relacionamento íntimo. Raff a queria, a desejava como mulher e isso, após cinco anos sendo apenas mãe, lhe assustava, mas também era bom. Era bom saber que um homem a desejava mesmo tendo um filho.

- Ao contrário do Grey. – Disse.
- Amor? Falou algo? – Raff a chamou. Ele estava deitado na sua cama e ala se arrumava para a noite no banheiro.
- Não Raff. Eu já vou, querido. – A palavra amor se negava a sair de sua garganta.

Usando um conjunto de calcinha e sutiã rendado, porém simples, Ana saiu do banheiro e deitou-se ao lado de Raff. A noite não seria fácil.

- Você é tão linda...parece um anjo. – Mas ela não se sentia um anjo. Estranhamente, sentia-se cometendo um pecado. Estava nervosa como se você uma esposa infiel prestes a ser pega na cama com um amante. – Shiiii não fique nervosa. Você é livre.
- Está lendo meus pensamentos agora Raff?
- Não. Mas você está com cara de mulher culpada. E não tem razão pra isso. – Ele a beijou. – Vem aqui vem...vai ser bom, vai ser gostoso.

Mas não foi. Ana tentou entregar-se, fez questão de não pensar em seu ex-marido, mas ele estava ali ocupando espaço no colchão com seus ombros imensos...tão mais largos que os de Raff.

- Relaxa Ana. Assim não dá... – E ele continuava atencioso. Raff era só carinho, só atenção, carícias leves e beijos calmos...Raff era bemmm baunilha.
- Aqui Raff, aperta aqui, assim, pega com força. – Ela tentava ensiná-lo como pegá-la, apalpá-la até ficar a marca. – Me morde?
- O que Ana?
- Você ouviu. Morde, chupa...eu gosto com força!

Mas nada. No fundo Ana sabia que ela estava tentando encontrar Grey no toque de Raff. E isso, além de impossível, era injusto com um homem tão bom quanto Raff. A noite terminou com Ana frustrada após fingir um orgasmo e Raff desconfiado.

- Você me surpreendeu Ana.
- Porque?
- Nunca imaginei que você gostasse de sexo violento.
- Nem eu Raff, nem eu. – Só agora ela compreendia que não tinha do que se envergonhar. – Algum problema com isso?
- Sei lá...é a primeira mulher que pede pra apanhar na minha cama.
- Apanhar? Pedi isso? – Tentou disfarçar.
- Pediu pra eu bater na sua bunda. Palmadas, mordidas e chupões...pra mim é violência, Ana. Não trato mulher assim. Se é isso que você espera então...
- Não Raff...olha eu não sei porque eu agi assim. – Mas sabia, é claro que sabia. – Acho melhor você ir embora. Amanhã nós conversamos.
- Eu vou viajar Ana...a trabalho. Vou passar duas semanas em Sidney.
- Quando vai?
- Amanhã a noite.

E nem pra avisar antes.

- Ok. Você vai estar aqui pra festinha do Teddy.
- Claro. Eu e Gabby não perderíamos por nada. E na casa do seu ex, não é?
- Sim, é.

Com um beijo quase casto se comparados com os de Christian, Raff foi embora.
            - PARE! Pare de comparar eles Anastásia!

            ‘O Grey sempre vai ganhar de goleada’, falou sua Deusa Interior. Ela estava magoadíssima porque não teve seu orgasmo. Não havia dúvidas de que ela pertencia a torcida de Christian Grey.

            - Como se ele ainda me desejasse! – Disse Ana antes de ir tomar um banho frio.


            Correrias e problemas a parte, chegou o grande dia e Teddy desfilava seu grande sorriso pela mansão do pai. Seus amiguinhos de escola corriam alegres pela campina cuidados e entretidos por recreacionistas contratados. O tema era “São Heróis” e muitas crianças vieram fantasiadas. Batman. Super-homem, mulher aranha, super poderosas, homem elástico e muitos outros exibiam seus poderes de fantasia. Theodore não parava de sorrir.
            Já Grey estava nervoso e cada vez mais irritado com a atenção que Ana dava ao tal Raff. Quem esse escritorzinho pensa que é?

            - É o meu filho que está de aniversário! – Falou em voz alta enquanto bebia um suco adocicado demais para o seu gosto.
            - Se acalme filho. Você fez a cama, agora deite nela. E não estrague a felicidade de Teddy. Olhe como está feliz. – Grace falou.
            - Sim, está. Ele é fantástico.

            O que Christian não sabia é que o relacionamento de Ana e Raff mal havia começado e já estava estremecido. Ana achava que ele sequer viria a festa. Não que eles brigassem, não, talvez o problema fosse esse. Nas duas semanas dele do exterior, mal se falaram e agora estavam ali como se estivesse tudo bem. Raff falava como se não fizesse diferença ficar 15 dias longe. Um sequer sentiu a falta do outro.
            Mas Grey não sabia disso e aquela mão na cintura de Ana o estava deixando furioso. Quando o cara beijou-a, foi a gota d’água.

            - Acho que está na hora da foto da família feliz, Ana. – Ela encarou Christian com raiva, mas logo se afastou do namorado. – Vamos? Terá de largar do seu acompanhante...já que ele não faz parte da família.
            - Eu não tentaria roubar seu lugar, Grey, não se preocupe. - Raff respondeu.
            - Ó...não seria capaz mesmo.
            - Eu ainda tirarei com Ana muitas fotos nos aniversários das crianças. – Raff respondeu a Grey e Ana já estava irritada com isso.
            - Na festa do SEU filho, suponho. – Mais uma indireta de Christian.
            - Sim, nas do meu filho, nas do de Ana e...nas festas dos filhos que tivermos.

            Essa frase fez os olhos de Christian ficarem mais escuros.
 Só a ideia de Anastásia gerando o filho, a semente  de outro homem o enojava. Nunca! Nunca deixaria isso acontecer. Esse escritor de merda não sabia com quem estava se metendo.
            - Já estão planejando filhos? – A pergunta era pra Ana, mas ela permaneceu calada. O imbecil é que respondeu.
            - É claro. A Ana é uma mãe fantástica. Chega a ser pecado ela ter apenas um bebê. Quem sabe uma menina, não é querida? – Disse o louro de olhos  azuis.
            - Ta...talvez.- Anastásia gaguejou.

            Ana soltou da mão do namorado e foi buscar o filho para cantar o parabéns. Christian encontrou-a no corredor entre a sala e a cozinha da mansão. Levou-a para a dispensa. Era um ótimo lugar para ‘conversarem’. Dalí viam a entrada da festa, mas ninguém conseguiria vê-los.

            - Pare! Tenho de encontrar Theodore. O que você quer Christian? – Ana reclamou quando viu-se à sós com o marido.
            - NUNCA! Ouviu bem? NUNCA você vai ter filhos com outro homem.

            Ele beijou-a com tal desespero, uma ânsia que parecia mais forte que qualquer força da natureza. Era como uma tempestade que toma conta de tudo e com seu vento leva todo o resto junto ao ir embora.

            - O seu corpo não abrigará filho de outro! – Ele apertava seus braços. Muitas mulheres reclamariam, diriam que estava machucando, mas era disso que Ana sentia falta.

Ela sentia falta de Christian...do seu 50 tons...exatamente como  ele era.

            - Está ouvindo Ana? NUNCA!

Isso tirou-a dos devaneios.

            - Quer dizer que está disposto a me dar mais filhos? É isso Grey? – Era só para provocá-lo. Ana não queria mais filhos. Uma gravidez solitária e abandonada era o suficiente.
            - Eu não disse isso! – Disse ele com pavor no olhar.
            - Foi o que imaginei. – Não desejava voltar a essa triste e velha discussão. – Não se meta na minha vida Grey. Não é da sua conta.

            Não olhou para a entrada e viu algo que a desagradou. MUITO.
             - Eu não acredito que você a convidou.
            - Quem? – Ele então olhou. – Elena é amiga da família Ana.

            Anastásia encarou-o por um momento.

            - Mantenha a amiga da família bem longe do meu filho.