domingo, 31 de março de 2013

Regras Quebradas, Limites Ultrapassados - Capítulo 25: o tempo passa


Foi realmente um dia de agenda cheia. A sessão de fisioterapia foi...dolorosa, mas necessária. Tinha que se esforçar para recuperar totalmente os movimentos do pé e das mãos. Logo teria um bebê em seus braços e queria poder cuidar dele como fez com Teddy. Não, não exatamente da mesma forma. Agora não seria somente ela e o bebê. Christian estaria ali em todos os momentos. Para lhe amparar, para auxiliar, para dar amor a esse menino ou menina que logo chegaria.

            - Posso te perguntar uma coisa? – Falou ao acordar nos braços dele.
            - Sempre.
            - O que você sente pelo nosso bebê?
            - Ana...eu achei que você não estava mais insegura quanto a isso. – Havia preocupação em seus olhos. – O que eu tenho que fazer para você acreditar que eu sou sincero? Eu quero esse bebê. Só de pensar que você chegou muito perto de perder ele eu...sofri como se estivesse no inferno.

Ela não estava convencida.

            - É que num momento de dor a gente pode pensar e fazer coisas e depois se arrepender delas. Tenho medo de você mudar de ideia...e aí já seria tarde demais porque nós já estaríamos muito apegados em você. Eu não sei se eu tenho forças para colocar uma mochila nas costas e recomeçar novamente Grey.
            - Eu espero que você não faça isso nunca mais, Ana. E, se fizer, dessa vez não será tão simples. Saiba que eu iria lutar para manter uma relação com meus filhos. Eu amo vocês.

            Com isso eles colocaram ponto final naquele assunto. A consulta com a ginecologista foi tranquila. Ela apenas reafirmou que precisaria manter mais repouso que as grávidas em uma gestação comum. Quando recuperasse a mobilidade normal, poderia caminhar pela casa ou fazer alguns exercícios leves. Mas sem excessos.

            - Hidroginástica é uma ótima opção. Vi que vocês têm piscina aberta e aquecida. Deve aproveitar para ficar em forma e saudável até a hora do bebê nascer.
           
            Evitar excessos também era a regra no campo sexual. Ela pediu mais algumas semanas de abstinência e avisou que depois poderiam voltar a manter relações.

            - De forma leve. Sem estripulias. – Orientou a doutora.

            Christian assistiu Ana ficar corada ao ouvir a médica. A orientação não o surpreendeu. Apesar de ser muito desagradável ter de ficar longe do corpo de Ana, mesmo se ela estivesse fisicamente liberada, não poderia forçar nada agora. Ela tinha de se recuperar psicologicamente primeiro. Flynn iria ajudar. Ao chegarem ao consultório, pediu, delicada, porém de forma firme, para Grey esperar na recepção durante a consulta.
            - Bom, Ana, nós podemos começar com você me contando como está se sentindo nesse momento. Eu não estou falando do que se passou durante seu sequestro, mas de todas as mudanças recentes na sua vida. – Iniciou o médico.
            - Não é pouca coisa.
            - É a história da sua vida, Ana. Não poderia ser ‘pouca coisa’. Eu lembro de quando você veio aqui, há alguns anos, querendo entender o homem que estava namorando. Naquele tempo você não acreditava que era capaz de satisfazer as necessidades de Christian.

Parecia que ele lhe contava um filme. Mas esse era um filme da sua vida.

            - De lá para cá muita água rolou sob a ponte. – Seguiu Flynn. – Vocês casaram, separaram, tiveram um filho, voltaram, passaram por momentos traumáticos e agora parecem decididos a investir na relação. Como você se sente a respeito de tudo isso?
            - Bemmm...nós crescemos de lá para cá. O Christian não é mais aquele homem dependente dos próprios desejos sádicos. Ele teve submissas, mas não é mais tão obsessivo por comandar a minha vida.
            - Quando vocês se separaram, Christian passou por momentos difíceis. Acho que a paternidade foi um aprendizado para ele.
            - Sim, Teddy o fez ver o mundo de outra forma, Flynn. Mas também nos manteve separados por longos cinco anos. Eu não tenho mais medo de sadomasoquismo. Hoje meu maior temor é que Christian me acorde desse sonho familiar e me diga que não pode educar dois filhos. Tenho medo de ver meu castelo desmoronar.
            - Não acha que o tempo lhe trará a confiança?
            - Talvez.
            - E como o sequestro interferiu na relação de vocês? – O experiente profissional ia fazendo-a falar.
            - Muito, acho. Jack veio atrás de mim para resolver problemas do passado dele com Christian. Nunca fui eu o verdadeiro alvo. Ele só desejava atingir Christian.
            - E você acha que as atitudes de Christian estão sendo abaladas pelo sentimento de culpa?
            - Não sei, é possível. Ele está muito arrependido de não ter firmado laços com Teddy e quer me recompensar agora. Mas é impossível. Esse bebê não vai apagar o que se passou há cinco anos.
            - Mas a história de vocês certamente tomou novo rumo. Ele está muito preocupado com sua gravidez. Sinceramente, Ana, é fácil ver que ele ama você e os filhos.
            - Sim, eu sei. – Ela se sentia triste. – Como se nós já não tivéssemos problemas o bastante, agora...fisicamente estamos afastados.
            - Sou médico Ana, pode ser clara. Não tenha vergonha. Vocês não tiveram relações sexuais, imagino.
            - Não. Estou proibida por mais algum tempo. Mas...
            - Mas? – Ele insistiu.
            - Não sei se quero. Não sei o que vou sentir quando ele me tocar. As mãos de Jack em mim ainda me aterrorizam. Eu sonho com ele me tocando ou me abrigando a tocá-lo. É nojento.
            - Já foi nojento com Christian?
            - Não! Nunca! Não é igual. Nunca foi igual.
            - Então porque você acha que vai misturar as estações dessa forma?
            - Não sei. Mas tenho medo.

Ele olhou para o relógio. Ainda tinham tempo, mas sabia que Ana precisa pensar nas próprias nas conclusões que ela mesma tinha encontrado durante a conversa. Ele caminhou até a porta e encontrou Grey com olhos ansiosos e temerosos.

            - Pode entrar Christian. Acho que basta por hoje. Eu gostaria que Ana voltasse aqui em alguns dias.

            Eles não conversaram a respeito do que se passou no consultório. Essa seria uma rotina. Muitas consultas, momentos em família e idas à fisioterapia. Também não faltaram visitas à Ana. Ray, Carla, Kate, Mia, José e o pessoal da editora vinham seguidamente.

            - Ray, seja bem vindo a nossa casa. – Christian disse ao recepcionar o ‘sogro’ com quem não trocava mais do que cumprimentos forçados desde aquele encontro no seu escritório logo após Ana deixar o apartamento e pedir o divórcio. – Ana está deitada. Eu levo você até o nosso quarto. Ela vai adorar ver você.
            - Quer dizer que agora, depois de tudo o que se passou, vocês dividem o quarto? – Ray exibia uma cara de quem não estava nada contente.
            - Eu não pretendo viver em pecado com Ana por muito tempo, Ray. Aliás, por mim nós estaríamos casados. Mas não vou pressionar a Ana nesse momento. Então sim, nós dividimos o quarto.
            - E eu serei avô novamente. – Não era uma pergunta.
            - Ray, eu sei que você não gosta de mim. E até aceito que tenha suas razões. – Em especial depois de tudo o que aprontou. – Mas Ana quer me dar mais uma chance e eu não vou desperdiçá-la. Então eu acho que você vai ter que me aturar por muitos e muitos anos.

            Ray pensou por um momento.

            - Eee parece que não tenho alternativa. – Ele estendeu a mão ao ‘genro’. – Podíamos marcar uma pescaria pra um final de semana desses.
            - Claro.

            8 semanas depois...

            A rotina era algo natural para qualquer casal. Menos quando se morava com Christian Grey. A cada dia ele lhe fazia uma surpresa. Era um café da manhã especial, um piquenique no campo, tardes preguiçosas na cama e preparações para a chegada da filha. Phoebe! Quando completou 4 meses de gravidez foi fazer o exame para ver se teria menino ou menina. E dessa vez ele estava lá, segurando firmemente sua mão. Não cabia em si de tanta felicidade.


            - Você ganhou um bom peso, Anastásia. Quem olha seus exames hoje, nem imagina como você deu entrada nesse hospital meses atrás. – Disse a médica.
            - É que eu tenho sido muito bem tratada e alimentada. – Disse em provocação a Christian que vivia lhe oferecendo comida.
            - E tem dado ótimos resultados. Olhe como essa barriga já está redondinha? – Até a doutora estava surpresa com a evolução da gestação. – O bebê está perfeitamente formado. No peso e no tamanho correto. Se o senhor é o responsável pelos cuidados, Sr. Grey, está de parabéns. Será uma linda menina.

            Elogiado pela médica, Christian ficou ainda mais obsessivo em seus mimos e cuidados. Ela tinha comido um farto café da manhã há apenas três horas e ele insistia que ela precisa de um lanche.

            - Eu não sinto fome, amor.
            - Você pode não sentir, mas minha filha sente. Se ela puxou ao pai, certamente sente mais fome que você.
            - Ela é um bebê, Grey.
            - Por isso mesmo! Está em fase de crescimento! Você vai comer, Anastásia. Não discuta comigo.

            Até pensou em discutir, mas parou quando ele colocou a sua frente uma deliciosa taça de salada de frutas com uma generosa bola de sorvete de baunilha. Ela se deliciou com a guloseima gelada.

            - Como ficou a questão do processo pela morte do Jack, Grey? – Ela aproveitou que ele estava relaxado e tocou no assunto difícil.
            - Já disse para não se preocupar com isso, Ana. Eu cuido desse assunto. Você tem apenas de cuidar da sua saúde.
            - Isso também me diz respeito.
            - Ana, por Deus, tenho uma equipe de advogados justamente para resolver essas questões. Não quero você estressada. – Mas vendo que ela não desistiria, respondeu. – Ana, o processo ainda não foi julgado. Mas estamos alegando que matei por legítima defesa. O que é a mais pura verdade. A questão da quantidade de tiros complica um pouco, mas nenhum júri irá me condenar por acabar com aquele desgraçado.
            - Se você tivesse me deixado assumir a culpa. Havia minhas digitais naquela arma. Seria muito mais fácil provar que eu me defendi.
            - Não! – Ele nem cogitou isso.
            - É mais fácil me absolverem do que a você.
            - Eu serei absolvido. – Tinha certeza. – E, se tivesse que passar alguns dias na cadeia, ao menos eu não estou grávido.

            Não adiantava ficar brigando com ele por causa disso. Só podia torcer para que os advogados caríssimos realmente fizessem um bom trabalho. Ele tratou de mudar de assunto.

            - Você tem consulta com Flynn hoje?
            - Sim, às 16hs.
            - Ótimo. Depois podemos pegar Teddy na escola e ir fazer compras.
            - Claro. – Ela queria tocar em outro assunto. – Chris eu...estou vivendo aqui há dois meses e nós...bom nós...ainda não...

            Ele a encarava e não sabia bem como agir naquela situação. Dizer que tudo bem? Que ela não precisava ter pressa? Que não sentia a falta de seu corpo? Não podia. Sentia sua distância a cada minuto. Via o corpo dela se modificar e queria fazer amor. Queria experimentar tocá-la enquanto gera aquela vida. Mas ela ainda estava arredia a alguns toques. Já tinha ido conversar com Flynn. ‘Deixe que ela tome a iniciativa’, aconselhou o especialista. Mas era difícil ajudá-la a se banhar, dormir abraçado a ela e não poder simplesmente tomar o que sempre fora seu.

            - O quer que eu diga, Ana? Que não sinto falta? Estaria mentindo. Faz sim dois meses. E têm sido meses difíceis pra mim. Eu queimo por você exatamente como antes e me seguro para não te tocar. – A abstinência o estava deixando nervoso e esse foi um desabafo.
            - Eu ainda tenho medo de alguns toques.
            - Ana...calma. Faz só três semanas que a sua ginecologista te liberou. Nós vamos evoluir nisso juntos. Antes você não aceitava toque nenhum meu. Nem mesmo um beijo. Agora já não é assim.
            - Mas não transamos. E eu sei que você quer.
            - Quero, quero muito. Sempre vou te querer. Mas eu sei esperar.

            Cada dia Ana se sentia pior com aquela situação. Inferno! Também o queria. Tinha que tomar uma atitude e enfrentar o próprio medo. Ia fazer isso. 

Casamento, Fuga e Vingança - Capítulo 7: intimidade forçada



            Três dias haviam se passado desde o episódio da tentativa de fuga. Após esse início turbulento nossa vida tinha ganho certa rotina. Eu saia cedo, por volta de 8hs, em direção ao escritório, ela ficava dormindo, ou fingindo dormir, como eu sabia. Ana levou um susto ao entrar no quarto na manhã após nossa primeira noite na casa. Ela entrou e viu Isabella dormindo no chão e me ligou em completo desespero:

            - Por que fez isso com a menina Bella? Ela parece um anjinho atirado naquele chão duro. Você não tem coração?
            - Menos Ana. Isabella não é uma menina, não é um anjo, o chão de meu quarto não mata e meu coração vai muito bem.
            - Ela é sua mulher!
            - Por favor, Ana, eu gosto muito de você, mas não quero que se intrometa nisso. Deixe Isabella quieta, sozinha de preferência.
            - Sozinha? Aquele cão de guarda não sai de perto dela.
            - James está aí?
            - Sim.
            - Ótimo. Deixe que ele faça seu trabalho.

            Ela continuava brava comigo por julgar ‘inaceitável’ Isabella dormir no chão ou eu não vir para casa almoçar com ela. Nisso eu até concordava, achava que nossa relação estava fria demais. Mal nos falamos no segundo dia na casa. Após eu ficar até tarde na rua, cheguei cansado e a encontrei já em sua cama improvisada. Juro que pensei em acordá-la e exigir sexo, mas vi ao lado da cama um copo d’água e a embalagem do remédio para dor. Acabei saindo para encontrar Tânia. A noite pegou fogo, como sempre, aliás, e voltei para casa apenas para trocar de roupa, ver minha mulher ainda dormindo e encarar o olhar zangado de Ana.
            Hoje foi bem diferente. Não era por Tânia me manter bem satisfeito que iria esquecer de comparecer com Isabella, afinal era minha responsabilidade colaborar para uma gestação o mais breve possível. Alonguei minha manhã em casa por duas razões. Primeiro porque queria ouvi-la gemer novamente e segundo porque precisava esclarecer algumas coisas com James. No momento pode ter passado despercebido, mas depois, com calma, percebi que nada daquilo teria acontecido se James tivesse próximo de Isabella no momento em que me afastei. Nunca aquele garoto teria conseguido enganar um segurança experiente. Então onde ele foi?
            Quando eu estava no escritório Ana foi me levar uma xícara de café e avisou que minha mulher estava na piscina.
            - E a sombra também fica lá. Me admira você não se incomodar de outro homem passar mais tempo com sua mulher do que você.
            - Ele é pago para isso.
            - Verdade. Nesse momento está sendo bem pago para observar sua mulher de biquíni.

            Minha imaginação produziu imagens nada agradáveis e eu fui em direção à piscina. A cena que encontrei não foi melhor.




            Ela estava nadando. Na borda estava uma boia e o chapéu de sol para proteger a pele alva. Ao lado da piscina estava James olhando ela ao sol, como se pudesse ser abduzida dali.
            - Isabella! – Ambos perceberam minha presença. – Saia daí, vá para o quarto e aguarde lá.
            - Mas por quê? – Gritou ela.
            - Porque eu mandei você ir para o quarto. Você não está de férias, ou em um SPA. Está aqui para fazer o que eu mando!
           
Ela subiu batendo os pés e nem mesmo foi capaz de cobrir o traseiro com a canga. Meu sangue ferveu, principalmente ao ver para onde os olhos de James estavam voltados.

            - Eu posso saber o que você faz aqui? – Perguntei diretamente.
            - Cumpro suas ordens, patrão.
            - Então vamos deixar estabelecido, se é que eu não fui claro, que seu papel é seguir minha mulher quando ela sair sem minha presença e se certificar de que ela não fuja dessa casa. Ficar vendo ela se bronzear não está entre suas atribuições.
            - Mas ela já tentou fugir.
            - O episódio do início da semana não se repetirá.
            - Ontem ela tentou.
            - O que? – Como assim? Como não fiquei sabendo?
            - Ela estava na sala de ginástica e pediu que eu fosse pegar água. Quando voltei ela não estava. Encontrei ela na garagem, provavelmente procurando pelas chaves de um dos carros. – Desgraçada. Continua tentando me trair!
            - OK. Fique de olho então. Mas mantenha certa distância da piscina.
            - Como o senhor preferir.
            - Outra coisa. Na noite que fomos a premiére, eu pedi que observasse Isabella de longe e não permitisse que fizesse loucuras. Mas eu saí por um momento e logo outro rapaz a abordou, eles dançaram e podiam ter ido mais longe se eu não voltasse a tempo. Onde você estava?
            - Eu observei tudo, de longe.
            - E não fez nada por quê?
            - É que eu não sei o que sua esposa lhe contou, mas...
            - Fale o que viu!
            - Não foi ele que a abordou. Ela se ofereceu. E se eu interviesse, poderia causar um escândalo.
            - Que seja. Agora...pode tirar a manhã de folga. Vou ficar em casa com minha mulher e seus serviços serão desnecessários.

            Até pensei em questionar Isabella quanto a tudo aquilo, mas qual o objetivo? Ouvir uma mentira após outra, tudo sem fundamento quando sabia que tudo combinava perfeitamente com a falta de caráter dela. Isabella já tinha assumido ser uma vagabunda e tinha tentado fugir antes. É claro que James estava falando a verdade. Fui para o quarto e ela já tinha tomado uma chuveirada e estava passando creme nas pernas.
            - Vejo que o tornozelo já sarou.
            - Sim, só precisava de repouso.
            - E repouso não lhe faltou. Repousou tanto que resolveu dar espetáculo na piscina?
            - Espetáculo? Será que vale tanto assim um simples banho de sol?
            - Não sei. Mas podemos perguntar para James, ele teve oportunidade de assistir.
            - Já chega Edward! O que quer? Você o colocou como minha sombra e agora reclama?
            - Não me provoque Isabella, já sei de suas artimanhas e quando pensar em chegar perto da garagem novamente ou se oferecer para qualquer homem, pense no seu pai, na cadeia ou em como sua vida pode piorar se eu assim decidir.
            - Do que está falando? Que garagem?
            - Não quero falar disso. Só estou avisando para que não se repita. – Eu fui até onde ela estava e ergui a camiseta que ela usava. – Agora vem aqui, não quero mais conversar. Chega de papo.
            - Achei que já tinha tido sua cota nessa madrugada.
            - Não tenho cota. Você é minha em qualquer hora. Eu paguei por isso, esqueceu?
            - Como se você permitisse.

            O sexo foi ótimo como em qualquer outra oportunidade, mas logo depois eu saí para trabalhar. Talvez à noite tivéssemos mais uma rodada, ela era fantástica. Quando cheguei no escritório tinha algumas coisas para organizar e teria uma reunião, mas resolvi desmarcar. Era paz o que eu precisa. Só que não fiquei só por muito tempo. Jasper veio conversar, mas a companhia dele sempre era benéfica.

            - Como está a esposa misteriosa?
            - Como sempre, esperta e ardilosa.
            - Mas deve ter algo de bom, afinal você a quis de volta.
            - Apenas peguei o que já havia comprado.
            - E está valendo o custo? Não me refiro a sua vida sexual que parece estar ótima visto que não veio trabalhar essa manhã, mas vale ter uma mulher obrigada? Ter sexo por chantagem quando pode ter qualquer uma, começando por uma loira escultural chamada Tânia.
            - É diferente com Isabella. Ela será a mãe do meu filho. As outras serão as outras, mas Isabella quando for embora deixará meu filho.
            - Você não era tão obsessivo assim por um filho.
            - Estou ficando velho. É normal que minhas prioridades mudem.
            - E é só por isso que faz sexo com ela? Para engravidá-la?
            - Eu não quero falar de minha vida sexual com Isabella.
            - Sempre falou da com Tânia. E das muitas outras também.
            - Já disse, com ela é diferente. - Eu nem queria pensar no quanto ela era diferente. – Mas não veio aqui só para isso veio?
            - Não. Vim para avisar que a moça que pediu para vigiar...
            - Alice.
            - Alice está bem preocupada. Fez ligações para muitos amigos de Bella, alguns que sabem de seu casamento. Não acho que vá demorar muito para chegar em Charlie e em você.
            - Charlie está em um local reservado, em tratamento para o alcoolismo.
            - Mas você disse que...
            - Isabella é arisca e parecia que apenas a prisão não a estava deixando com medo suficiente, por isso surgiu essa história de dar bebidas a ele. Tudo balela, ele logo deverá estar bem, se cooperar com a própria saúde. Quanto a Alice, preciso que faça uma visita a ela e deixe claro que não deve mexer muito nisso. Assuste ela.
            - Edward eu sou seu amigo, mas também sou um militar. Não posso sair por aí apavorando as pessoas.
            - Está bem, eu mando James.
            - Não, deixe que eu vou. Esse James dá medo em qualquer um.
            - Isabella parece que não tem medo algum. Andou se engraçando pra ele.
            - Sério? – Ele não pareceu acreditar. – Eu não confiaria minha mulher a um homem como ele.

E quem disse que eu confiava...

sábado, 30 de março de 2013

Amor Sem Limites - Capítulo 10: investigações


- Calma minha filha! – Charlie lhe oferecia um copo de água com açúcar. – Me diga o que aconteceu.
- Era a Renée ao telefone. – Há muito tempo não a chamava de mãe.
- E o que ela disse?
- Não falou nada de especial. Parecia nervosa. E o Phil estava com ela; Eu ouvi sua risada ao fundo.
- Calma Bella. Talvez ela só estivesse bêbada e resolveu te atormentar. Vá descansar. Eu estou aguardando algumas informações do investigador e, talvez, logo possa te oferecer boas notícias.
- Descobriram coisas do Arthur?                 
- Calam. Sabe que só te falarei o que for certo. Insinuações só atrapalham. Fiquei sabendo que você e Edward foram visitar Carmen. Bella, isso é arriscado. Eu tenho quase certeza que esse Peter não presta. Não podemos dar pistas pra ele de que descobrimos seu golpe.
- Pai! Eu peguei o Arthur nos meus braços. Ele é tão lindo, tão perfeito. Eu o quero de volta.
- Eu sei. Mas tenha calma. Estamos perto de vencer a batalha.

Bella foi repousar e Charlie seguiu com suas investigações. Na verdade, não tinha a mesma tranquilidade que tentou passar para ela. Tinha algo estranho no ar. Logo agora que chegavam perto de Arthur, Renée aparece? Não. Ela foi alertada por algo. Além disso, sabia não se tratar de uma ligação aleatória como tentou convencer Bella. Se fosse assim, Renée ligaria para o número antigo deles, não o atual, em Forks. Local onde ela não deveria saber que Bella e seus irmãos estavam. Alguém avisou Renée. E algo lhe dizia que esse alguém era Peter.

Na tarde seguinte, Charlie e Carlisle, que vinham trabalhando juntos nas investigações, reuniram a todos para contar o que descobriram. Bella e Edward escutaram apreensivos e de mãos dadas.

- Conseguimos comprovar que Peter estava na cidade onde morávamos, Bella, no final de semana em que você deu a luz. Mais do que isso, ele esteve no hospital. Deu entrada na emergência com um mal estar estomacal às 14hs da tarde.
- Eu já estala lá. -  Disse Bella.
            - Exatamente.
            - E quando ele teve alta? – Esme questionou.
            - Não teve. Ele sumiu do hospital. Deram ‘falta’ do paciente por volta das 16hs30min. Arthur nasceu às 15hs10min.
            - Ele internou-se para ficar próximo.
            - Isso é a nossa aposta, mas não temos como provar.
            - Então do que me serve essa informação. – Bella já estava revoltada com tanta espera. Sua vontade era invadir a casa onde seu bebê estava e tomar posso do que era seu.
            - Aí chegamos ao outro lado das investigações. –Carlisle tirou algo de uma pasta. – Olhe para essa foto e me digam o que veem.

            A imagem mostrava dois homens sentados em uma mesa de bar. Não bebiam. Sobre a mesa não haviam copos, mas sim um envelope. Provavelmente cheio de dinheiro. Dinheiro que Peter recebeu para roubar e dar fim a Arthur.

            - Esses são Peter e Phil. – Bela, em choque, reconheceu os dois pilantras.
            - Acho que, se não serve de prova, é um bom indício para abrirmos um processo. Solicitaremos um exame de DNA em Arthur e você.
            - Eu não quero que ele sofra. – Bela disse.
            - Temo que isso seja inevitável, Bela. Seu filho será retirado da família onde vive e será levado para um abrigo público.
            - NÃO! Ele tem mãe! Ele tem a mim. Por que não pode ficar comigo?
            - Não até você provar que ele é seu com o DNA. E precisam avaliar até que ponto Carmen está envolvida. Ela queria muito um bebê, mas podia ter adotado qualquer um que realmente não tivesse pais. Mas não. Criou o filho roubado de outra mulher. Por que?
            - A polícia irá investigar Bela. – Edward tentava acalmá-la

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            Eles chegaram até a polícia federal para fazer a denúncia. Bela estava nervosa. Tinha o direito de lutar por seu bebê. Mas sabia que ele sofreria longe de Carmen.

            - Bom dia. – O homem jovem e alto a atendê-los estava sério. – Sou Eleazar. Chefe dessa jurisdição. No que posso ajudar?
            - Eu sou Isabela.
            - Muito prazer, Isabela.
            - Roubaram o meu bebê. – Ela era direta e tropeçava nas próprias palavras.
            - A senhorita é mãe? É um recém nascido?
            - Não. Meu bebê tem 2 anos. E foi roubado no hospital.
            - Acho melhor a senhorita me contar toda essa história.

            Foi o que Bela fez. De posse da foto dos dois homens e de informações enviadas pelas outras delegacias por onde o caso de Bela passou, Eleazar decretou que iria investigar. O primeiro passo seria uma batida na casa de Carmen. O conselho tutelar iria conferir como o menino era tratado.

            - Ela cuida bem dele. – Bela disse.
            - Como sabe? – Eleazar perguntou.
            - Ela é parente do meu namorado. Eu estive com ela e com meu filho. Não acredito que saiba que está criando um bebê roubado.
            - Nós teremos de investigar.

            Eleazar saiu em direção a casa de Carmen e Peter. 

sexta-feira, 29 de março de 2013

Casamento, Fuga e Vingança - Capítulo 6: Tem volta - parte II


            - Posso saber o que se passa aqui? – A criança loura já tremia.
            - Conheça Mike, Edward, ele é uma graça.
            - Ou, eu imagino. Mas eu gostaria de aproveitar um pouco de minha mulher agora.
            - É claro senhor. – Ele se adiantou. -  Eu sequer sabia que ela estava acompanhada.
            - Foi o que imaginei.

            Peguei Isabella pelo braço e saí pelo corredor em busca de um lugar mais reservado. Era como se tudo fosse vermelho, eu via tudo pegando fogo. Essa mulher achava que ia me provocar e humilhar, mas não, ia ver que comigo não existia nada disso. O único sentimento que eu tinha nesse momento era de posse, ela era minha, para fazer tudo o que eu quisesse. Entrei com ela pela saída de emergência, lugar apertado e totalmente deserto. Prensei minha mulher na parede e rasguei sua calcinha.
            - Ei! Viu o cumprimento desse vestido. Se algum fotógrafo conseguir uma imagem constrangedora, não venha me culpar.
            - Você é uma vagabunda Isabella. Correu para se esfregar no primeiro que encontrou. Não esperou nem que fosse um homem de verdade, era um garoto.
            - E você? Pensa que não vi a loira oxigenada? Depois eu é que sou vadia.
            - Aquela é Tânia.
            - É ela? Nossa, eu esperava um pouco mais. Me pareceu bem aguada. Tadinha, deve estar desesperada para correr assim atrás de você.
            - Cale a boca! – Eu cheguei muito perto de rasgar todo o vestido e fazê-la ir embora nua, mas pensei que assim meu plano iria embora. Tinha de humilhá-la, mas a sós. Quando ainda decidia o que fazer descobri que ela não tinha amor próprio algum.
            - Não vai perguntar o que eu faria com Mike? Deixe eu mostrar.

            Mal acabara de falar Isabella estava ajoelhada a minha frente e abrindo o cinto e a calça que eu usava. Não podia acreditar que ela faria aquilo ali, praticamente em público e por vontade própria. Tudo o que consegui pensar foi em quantos homens já não passaram por aquela boca.

            - Cansou de fingir que não é puta?
            - Por que está entranhando? Me chama de vadia a todo o momento e agora, quando eu faço sua vontade, fica aí, se fazendo de santo. Não quer?

            É claro que eu queria e ela era boa. Os lábios suaves passearam por meu corpo, beijaram e por fim engoliram tudo o que podiam. Eu apesar de sua ‘dedicação’ percebi que ela não era tão experiente quanto parecia, quanto desejava ser. Fiquei estranhamente feliz com isso. Estava duro, louco para me aliviar nela, mas assim, ali, daquela forma, não queria. Ela parecia até estar gostando, mas eu não gozaria na sua boca.
            - Levanta! – Ela obedeceu e eu a tomei assim, encostada na parede.
            - Ui. Não gostou da minha boquinha?
            - O objetivo principal do nosso relacionamento é procriar. E para isso sua boquinha não é útil. E...gostar, eu gostei. – Segui enquanto estocava fundo. – Mas ninguém supera Tânia.
            - Devia ter ido embora com ela então. Ambos estaríamos nos divertindo nesse momento: Você, Tânia, Eu e Mike.
            - Vadia! Não pense que vai ficar barato o que fez.
            - E como vai me castigar? AAAAI.... fala Edward...
            - Geme cadela... – Eu já estava gozando e ela também.
            - Fala...como serei castigada?
            - Não será você, será seu pai.
            - Sai. – Ela me empurrou para longe. – O que vai fazer? Ele não tem nada a ver com isso!
            - Como não? Foi ele que não te deu educação. Ou devia ter dado.
            - O que vai fazer desgraçado?
            - Ora Isabella. – Enquanto falava fechei minha roupa. - Seu pai está confortavelmente abrigado em uma ótima casa, tendo do bom e do melhor. Sabe que seu pai bebe demais não?
            - Ele sempre bebeu socialmente.
            - Ou você é cega, ou é falsa, ou idiota. Encher a cara dia sim, dia não, é alcoolismo.
            - Ele não faz isso.
            - Faz e você sabe. – Ela arrumou o vestido. – Vamos embora. No caminho eu te conto o que farei. Talvez até goste.
            - Eu saí sem cumprimentar ou me despedir de ninguém. Com a cara de poucos amigos de Isabella e nossas roupas amarrotadas era provável que muitos imaginassem o que houve, ou parte dos acontecimentos ao menos.
            - Fale de uma vez. – Ela disse já com nosso carro em movimento.
            - Até o momento eu estava cuidando muito bem do vício de Charlie. Bebidas do melhor tipo estão a disposição dele. Mas digamos que o seu comportamento de hoje me levou a pensar que o alcoolismo é algo muito sério. Talvez devêssemos colocá-lo em um tratamento de choque. O que você acha de eu tirar todas as bebidas de uma vez? O problema é que normalmente as crises de abstinência são fortes. Alguns começam até a beber álcool puro...
            - Ele vai entrar em desespero, você vai matá-lo. – Ela me acusou, realmente acreditando no que eu disse.
            - Talvez, mas a bebida também fará isso. – Eu parei em um semáforo e ela voltou a soltar as garras.
            - Você é um infeliz que só quer destruir minha vida, mas não conseguirá.

            Para minha completa surpresa, quando eu estava arrancando o carro Isabella abriu a porta e saltou com ele em movimento. Caiu de lado no asfalto, mas antes de eu conseguir encostar o carro ela já havia se erguido, tirado os saltos e saído em disparada pela rua. Começava a pensar que essa mulher era maluca. O que ela queria com aquilo? Ela parecia estar mancando, mas ainda assim tentava correr. Seu ritmo, no entanto, era infinitamente mais lento que o meu. Foi fácil alcançá-la.

            - O que pensa que está fazendo? – Eu a sacudia pelos ombros. – Pensa que vai sumir no mundo novamente é? Me fazer passar vergonha mais uma vez? Não vai!
            - Você mereceu! Você teve tudo o que mereceu! Você e seu pai que acha que pode comprar uma mulher.
            - E você aceitou ser vendida. O que acha que ia conseguir pulando do carro? Ser atropelada e morrer? Ia ser fácil deixar seu pai nessa enrascada né?
            - Não adiantaria nada nem que eu implorasse por ele. Você não tem coração. - Por mais que eu dissesse que não acreditava em seu choro, foi difícil ver lágrimas escorrerem em seu rosto.
            - Quem sabe, se você implorar, eu posso ajudá-lo.
            - O que quer? Me humilhar? Ok. – Para minha surpresa ela novamente se ajoelhou, dessa vez implorando pelo pai. – Por favor, ajude ele a parar de beber, mas não assim, não dessa forma. Ele não aguentaria parar sem um tratamento médico, a abstinência vai matá-lo e eu não tenho mais ninguém. Ele precisa de ajuda.
            - E você vai se comportar? – E não suportava mais ver essa cena deplorável.
            - Sim. – Foi quase um suspiro.
            - Levante daí então e vá para o carro antes que alguém nos veja assim. – Ela o fez e eu vi sangue escorrendo de sua perna. Quando ela firmou os pés no chão soltou um grito. – Ai!!!
            - Por Deus. Veja o que conseguiu fazer. – Sem alternativa eu a peguei no colo e levei até o carro.

            Quando chegamos em casa Ana levou um susto ao olhar para eu subindo a escada com minha esposa lanhada, com a perna sangrando e um dos tornozelos começando a inchar. Não era para menos, parecíamos dois flagelados. Nesse momento, para completar, eu sentia meu telefone vibrar e sabia ser Tânia perguntando por quê eu ainda não cheguei em seu apartamento. Ignorei o toque e fui até o quarto com Ana atrás de nós.

            - Ligue para John, por favor, Ana. Peça que venha ver Isabella.
            - Sim Menino, eu já venho.
            Enquanto isso, tirei o vestido dela e a ajudei a vestir uma lingerie de algodão. Depois peguei uma toalha molhada e limpei os machucados. Tentei ser o mais delicado possível e ainda assim ela reclamou do ardor na pele.
            - Não é nada demais.
            - Então por que chamou o médico?
            - Porque eu posso cuidar nos arranhões, mas temos de ver o que houve com seu tornozelo.

            Depois disso ela ficou calada na cama e eu fui tomar banho. Quando Jonh chegou disse que não seria nada demais, apenas uma leve torção, alguns dias de repouso e estaria nova. Apenas receitou um analgésico para o dia seguinte e lhe deu uma dose para a noite. Deixei-a sozinha e fui acompanhar o médico até a porta. Quando voltei, ela já não estava na cama. O colchonete estava arrumado ao lado, como eu havia lhe dito que deveria ser em todas as noites. E eu não podia dizer nada, ela estava sendo totalmente obediente em minhas ordens. Deitei na cama fria, mesmo sem ter nenhum sono.

            - Edward? – Ouvi a voz vinda de minhas costas.
            - O que é? – Não me virei.
            - Vai oferecer tratamento para Charlie? – Sua voz estava grogue pelo medicamento.
            - Vou.
            - Obrigado. – E não dissemos mais nada naquela noite.