segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Casamento, Fuga e Vingança - Capítulo 3: Primeira noite


Se por um lado Isabella conseguia ser a criatura mais desprezível por sua falsidade, por outro ela era infantil a ponto de acreditar que o fato de se negar a falar comigo fosse mudar algo em sua situação. Só conseguia me deixar mais furioso com seu desrespeito. No momento em que a comparei com uma prostituta eu queria sim ofendê-la, queria deixar claro que ela iria agir como minha mulher, mas não seria respeitada como tal. Talvez até as vadias merecessem mais respeito, afinal, como eu lhe disse, elas recebem pelo serviço prestado, enquanto por Isabella eu paguei e não recebi a mercadoria. Vi ela ser levada por outro, mesmo tendo minha aliança no dedo.
            O que senti nada tinha haver com ciúme, para isso eu precisaria amá-la, o que não era e nunca seria o nosso caso. Eu me senti ultrajado por ser enganado por uma mulher, pela minha mulher. Enquanto ela curtia a vida com o amante eu inventava histórias para que nossos amigos nunca soubessem que eu era corno. Minha família soube o que aconteceu, mas o restante dos convidados do casamento foram ludibriados com a ideia de que os noivos, muito ansiosos pela lua de mel, já haviam partido. Claro que o fato de não serem vistos juntos e eu nunca comparecer aos eventos onde antes costumava ir, serviu de motivo para boatos, mas nada foi confirmado. Sempre que algum empresário ou amigo perguntava, eu dizia que ela estava viajando, passando uns dias na fazenda, casa da praia ou sei lá o quê. Obviamente isso não evitou que meu nome fosse motivo de chacota.
            Agora tudo poderia voltar ao que deveria ter sido. As regras de nosso casamento seriam simples. Essa noite nós ainda passaríamos nesse apartamento de Nova York, mas amanhã nós iríamos para Boston, nossa morada nos próximos 24 meses. É claro que eu poderia afastar Isabella de tudo e todos levando-a para alguma ilha, praia ou fazenda afastada, mas não o faria por três motivos: primeiro porque meu objetivo era mostrar quem mandava. Ela precisava saber que não daria um passo sequer sem minha permissão e que para isso eu não precisava escondê-la, tinha poder sobre ela. Segundo porque não era necessário, meu condomínio em Boston era seletivo e eu teria total privacidade. Ia para lá sempre que precisava me desligar do mundo. Ana, minha antiga babá, era a única a realmente morar lá. Os demais empregados cumpriam seu horário e voltavam para suas residências. Enquanto minha esposa estivesse lá, no entanto, seguranças tomariam conta do lugar. E terceiro, eu não queria esconder Isabella, ela iria comigo a jantares de negócios ou recepcionaria meus convidados. Eu mostraria à sociedade o casal mais perfeito que já existiu e, por fim, pediria o divórcio de Isabella. Todos saberiam que EU a abandonei para ficar com outra mulher.
            E essa mulher já existia. Tânia era deslumbrante, loira clara, muito mais curvilínea que Isabella, sensual, ousada, experiente e louca por mim. Ficar longe dela seria difícil e por isso ela também estava se mudando para Boston. Um apartamento reservado, onde ela moraria e que também serviria para as noites em que eu não estivesse com vontade de olhar na cara de minha mulher. Esse caso eu pretendia manter em segredo da sociedade, mas Isabella saberia, não para fazer ciúme, disso eu não precisava, mas para humilhá-la mais um pouco.
            Assim que chegamos ao apartamento eu indiquei qual seria o ‘nosso’ quarto para uma noite tão especial de reencontro. Ela apenas seguiu em silêncio e foi direto para o chuveiro. Eu enquanto revisei a bolsa dela que estava comigo desde que chegamos. Os documentos eu confisquei, o dinheiro ela não iria precisar, o celular já havia virado material reciclável e o resto das bugigangas eram coisas femininas sem nenhuma utilidade...apenas... Depois de mexer em toda a bolsa, cheia de bolsos minúsculos, encontrei uma cartela de remédios. Será que ela estava doente? Peguei o nome do medicamento e procurei na internet, era um anticoncepcional. Joguei fora, ela não precisaria mais.
            Uma ou duas doses de bebida depois eu subi ao quarto levando a aliança e uma garrafa de champanhe. A brincadeira iria começar. Apesar de ter uma banheira imensa parecia que Isabela havia preferido utilizar o chuveiro, assim como também ignorou os cosméticos que estavam sobre a pia. Ela estava de cara lavada, descabelada e apenas enrolada em uma toalha enquanto mexia nas gavetas.
            - Se acha que vai evitar algo se mostrando descuidada com a aparência, está enganada. Posso muito bem fechar os olhos.
            - Não sei do que está falando. – Ela percebeu que eu tranquei a porta ao entrar, mas não disse nada.
            - Não viu os cosméticos sobre a bancada da pia? Normalmente a noiva quer agradar seu marido na noite de núpcias.
            - Não divido maquiagem com vagabunda.
            - Não se preocupe. A dona daquelas costuma ser mais tolerante e não se negaria a emprestar para você, mesmo sendo uma. – Ela tentou dar uma bofetada em meu rosto mais a minha força e rapidez venceram. – Terá de se acostumar com a verdade. Sorte sua que eu segurei seu braço, se me atingisse, pode ter certeza de que eu revidaria.
            - Covarde! – Ela rosnou, mas eu sequer liguei. Estava mais preocupado em, aproveitando que ela estava presa pelo pulso, arrancar a toalha que lhe cobria o corpo.


            Era bonita, mais bonita do que imaginei. Apesar da pouca estatura suas pernas eram longas e bem torneadas. A brancura do corpo chamava atenção, não havia uma mancha sequer. Os peitos eram pequenos, mas bem feitos, a barriga plana e o quadril fantástico. Passei as mãos por seu corpo da forma mais desrespeitosa, apalpei tudo o que podia e ela não disse uma palavra sequer, apenas ficou parada como se estivesse congelada. Apesar da falta de qualquer relação entre nós, o bater acelerado de seu coração deixava claro que ela também estava excitada. O motivo era simples: mulheres como ela não precisavam sentir nada para ir para cama com qualquer homem.

 Apesar disso, depois de alguns amaços e beijos acalorados, ela resolveu dificultar a nossa noite de núpcias.

            - Quem pensa que eu sou para me tratar assim. Quer as aparências do casamento, tudo bem, mas vá achar uma amante.
            - Eu já tenho e continuarei tendo.
            - O quê?
            - Isso que ouviu. Talvez vocês possam até se conhecer. Mas não é Tânia que assinou um contrato milionário para se casar comigo e parir um filho. Tenho que contribuir para essa gravidez, não acha?
            - Temos muito tempo.
            - Prefiro tentar desde já. – Neste momento eu coloquei a aliança em seu dedo e o chupei até que ela puxou a mão com força. Ela tinha sangue quente, podia jurar que já estava molhada. – Conte Isabella...com quantos homens já fez sexo?
            - Com quantas mulheres você já fez? – Ela respondeu com outra pergunta.
            - Não costumo contar. Mas normalmente as mulheres têm números mais restritos.
            - Muitos. Os últimos anos foram fantásticos, sabe como é, no mundo da moda com muitos modelos sarados...
            - Sabe o que eu acho, que não teve nenhum. – Eu mordi seu pescoço...para deixar uma marca no que é meu.
            - Oraaaa Edward, se você queria uma virgem, sequestrou a mulher errada. – Sua voz era carregada de deboche.
            - Dormiu com muitos garotos, mas só hoje vai encontrar um homem. – Falando isso dei um forte tapa na farta bunda de minha mulher. – Vamos de uma vez.
            - Ui. Bruto!
            - Não viu nada ainda.

            O Champanhe esquentou sem ser aberto. Eu devorei Isabella, cada pedacinho...levei ela ao máximo do desespero antes de penetrá-la e, quando o fiz, foi com força, de uma vez só.
            - O garoto fazia assim?
            - AAA continua Edward...não quero papo agora.
            - Ele fazia assim. – Eu continuava estocando. – Fazia ou não?
            - Quem? Inferno.
            - O cara da moto. O com quem você fugiu na garupa, na festa do casamento.
            - Haaa, o Jack. – Seus olhos brilharam. – Era... muito melhor com ele!.

            Não enxerguei mais nada, apenas segui fazendo da forma mais forte e rápida que consegui. Parecia como um animal bruto. Jamais havia feito dessa forma, nem mesmo em meus dias mais loucos com Tânia. Quando gozei dentro de Isabela não me preocupei em sair de cima dela, fiquei ali e ela também não reclamou. Tive que confessar que foi a melhor noite de toda minha vida. Levantei para ir tomar uma ducha e aproveitei para chutar cachorro morto, como se diz por aí:

            - Você acaba de comprovar uma teoria minha.
            - Qual?
            - Vagabunda é um ótimo relaxamento. – Enquanto falava fui ao closet e peguei cobertores e travesseiros. Joguei-os no chão, junto à cama. – São para você.
            - Como assim?
            - Eu posso ‘comer’ uma vadia, mas não durmo com uma. Vou tomar uma chuveirada e quando voltar, quero encontrá-la aqui, na sua cama improvisada. Não se preocupe, para nossa casa oficial eu comprarei um colchonete, não quero que tenha dor nas costas. Por hoje é no chão mesmo.
            - Não posso dormir no chão.
            - Pode sim. Poderá usar a cama quando quiser, mas quando estiver sozinha. Comigo não. Para dormir, é claro, acordados ela nos servirá muito bem. A escolha é sua. As acomodações da prisão não são muito melhores. – Saí com a certeza de que ela não tentaria nada, afinal o quarto permanecia trancado.

            Quando voltei do banho a encontrei deitada como eu havia ordenado. No rosto escorriam algumas lágrimas silenciosas. Por mais birrenta e minada que fosse, ela estava sofrendo com a humilhação. Sinal que eu estava no caminho certo.

            - Durma bem!



domingo, 24 de fevereiro de 2013

Regras Quebradas, Limites Ultrapassados - Capítulo 20: confronto final



            Era como uma missão de guerra. Tudo estava armado e sob a coordenação do ‘comandante’ Taylor. Haviam homens espalhados pelas ruas do centro próximas ao restaurante. Todos tinham descrições minuciosas de Jack e sabiam que a qualquer aparição o suspeito deveria ser discretamente observado e seguido enquanto Taylor e Christian era alertados.
            Grey acreditava que estavam numa luta contra o relógio. Nada garantia que Ana ainda estava viva ou que Jack não teria um surto a qualquer momento e colocaria fogo no cativeiro. Enquanto isso Grey ficava em casa para não alertar os policiais antes da hora e estar lá para o caso de Jack ligar. Estava nervoso, inquieto e sem paciência com ninguém. Menos Teddy. O menino tinha passagem livre com o pai para qualquer coisa, inclusive não fazer nada além ficar no colo, com preguiça de caminhar. Sem a mãe Teddy parecia muito mais carente de atenção.
           
            - Quer tocar piano um pouquinho? – Perguntou baixinho. Era bom porque na sala do piano não havia mais ninguém. Poderiam ter um momento apenas de pai e filho.
            - Quero. E quero mostrar pra mamãe uma música bem bonita quando ela voltar. – Respondeu o garotinho já menos sonolento e mais animado.

            Ao piano, sentado sobre as pernas de Christian, Teddy foi aprendendo a música nova aos poucos. Era uma melodia simples e bem mais leve que a que aprendeu observando o pai escondido.
- Tá gostando? Quer tocar mais? – Não desejava que o menino tocasse para satisfazê-lo.
- Quero papai.

Levaria mais algumas aulas para tocá-la na íntegra e sozinho, mas era visível a facilidade do garoto em aprender a sequência de notas e a leveza do toque das teclas. Só pararam quando o telefone de Christian tocou e Taylor o alertou para a necessidade de ir até o centro. Jack tinha aparecido.

Era hora da caçada.


Haviam informações de que Jack saiu do restaurante levado a comida e, entrando num carro discreto e popular, seguiu para uma parte mais deserta da cidade. Dois homens o estavam acompanhando de longe enquanto Grey e Taylor estavam a caminho.

-Senhores, peço desculpas, mas fui chamado no escritório para resolver um problema urgente. Qualquer ligação desse maníaco, por favor, me alertem. – Disse tentando disfarçar.
- Você vai trabalhar mano? – Elliot achou isso muito estranho. Seu irmão não seria frio assim. Estava chorando há pouco tempo e agora ia trabalhar? Não. Aí tinha coisa errada.
- Os negócios não param por causa dos meus problemas pessoais.

Ele saiu rapidamente sob olhares curiosos dos familiares e foi até a garagem pegar seu carro. Quando colocava o cinto, no entanto, Elliot abriu a porta do carona sem ser convidado e entrou no veículo.

- Faz tempo que não vou no seu escritório. Vou te fazer companhia. – Disse tranquilamente.
- Sai. Não posso perder tempo.
- O ‘negócio’ é tão urgente assim?
- Sai Elliot!
- Não. E pode abrir o jogo porque ganhar dinheiro é a última coisa que você fará enquanto a Ana não estiver a salvo.
- Não é seguro Elliot. Você tem esposa e filha. Sai do carro.
- Você também. Pelo que sei, aliás, tem dois filhos agora. Então se vai se arriscar em algum lugar, não vai sozinho.
- Só que a Ana e o meu filho tão correndo risco de morte em lugar perto das divisas da cidade. E...eu não...eu não sei como eu vou poder olhar nos olhos do Teddy se eu não lhe trouxer a mãe de volta. Se a Ana não ficar bem, Elliot, minha vida desaba. – As mãos de Christian tremiam.
- Troca de banco e me diz por onde ir. Você não está em condição de dirigir.

E eles seguiram com Christian explicando o caminho até que Taylor e outro segurança entraram no carro.

- Precisamos ser discretos. Ele não pode, de modo algum desconfiar. Se não ele acaba com a Ana. – Disse Grey quando encontraram um dos que seguiu Jack.
- Daqui em diante temos de ir caminhando, senhor Grey. O local é deserto e os carros iriam nos denunciar.
- Ok, vamos. – Quanto mais rápido melhor.
- Acho que é uma boa hora para alertar a polícia, chefe. – Taylor lembrou.
- Ainda não. – Grey foi enfático. – Cerquem a casa. Quero tentar entrar.

Chegaram a casa afastada e a ordem era observar. Eles o fizeram, mas não viam nem ouviam barulho de dentro da casa grande e com todas as janelas fechadas. Parecia que não tinha ninguém lá dentro a não ser pelo carro estacionado na frente.

- Tem certeza que é ele que está aí?
- Sim, Sr. Grey.
- Tem algo errado...algo errado. – Grey sentia que tinha de fazer alguma coisa.

Mais algum tempo e o seu celular tocou. Era ele. Atendeu.

- Você está aqui, não está? – Disse assim que foi atendido. Grey se manteve calado. – Liguei para sua casa e você saiu.
- Estou no escritório.
- Não, não está. – Do outro lado da linha ouviu um grito de dor. – Grey...Grey...eu te avisei. Porque tem de ser tão nervoso? Eu avisei que se errasse quem pagaria seria a Ana. Não percebe que assim me obriga a machucar nossa doce Anastásia? – Mais um grito ecoa pela casa.
- É eu que você quer. Me deixa entrar aí. Vamos resolver nossos problemas de uma vez por todas! – Era perigoso, mas a única oportunidade.
- Você e o seu exército?
- Só eu.
- Quer morrer junto com ela?
- Eu, Jack. Seu problema é comigo.
- Ok. Entre. Só você. Não esqueça que eu tenho uma arma apontada pra Anastásia. Um passo errado e ela morre.

Grey colocou uma arma presa na parte de trás da calça e foi em direção a casa. Elliot e os outros sabiam que nada o faria mudar de ideia. Mas estavam apreensivos. Christian não estava entrando para lutar contra um bandido, mas sim contra um louco.

- É hora de chamar a polícia, Taylor. – Foram suas palavras antes de se afastar.

A porta de madeira era velha e rangeu ao ser aberta. Passou pela sala, olhou a cozinha e o banheiro e seguiu para o ultimo quarto. O único com a porta fechada. Abriu. Estavam lá. Jack usava uma arma com mira laser apontada para a cabeça de Ana. A visão do estado dela o assustou, mas também o fez ter mais ódio. Muito machucada e bem mais magra, tinha braços, pernas e quadril marcados por hematomas e vergões. As mãos pareciam ter fraturas e o rosto também carregava muitas lesões. Ela estava deita no chão e tinha uma das pernas amarradas a um móvel pesado. Chegava a ser ridículo levando em consideração que Ana apresentava tanta exaustão e machucados que não tinha nenhuma chance de levantar e sair andando.
Queria matar Jack com as próprias mãos e da forma mais dolorosa possível. Não seria um simples tiro. Não! Isso não era o suficiente depois de todo o sofrimento que ele causou em Ana. Que tipos de tortura não lhe fez passar? Quais traumas não lhe deixou?

- Larga essa arma e vem me enfrentar homem a homem, punho a punho. – Sua única oportunidade era mexer com o ego de alguém fraco mentalmente. Precisava tirar aquela arma da equação para igualar as chances. – Você sempre quis medir forças comigo. Eu estou aqui. Vem!
- Eu podia simplesmente lhe dar um tiro bem no meio do peito.
- Mas que graça teria para você? – Tinha que blefar. Não podia morrer ali e deixar Ana a mercê desse louco.

Ana observava os dois sem ter forças para fazer nada a mais. Jack estava completamente louco e Grey tentava se aproveitar disso para fazê-lo largar a arma. Era desesperador não poder ajudar em nada. A tensão do momento era grande, não tinha a mínima oportunidade de ajudar Grey e pedia por um milagre para sair viva dali. Em alguns momentos jurou que morreria sem que soubessem onde ela estava.
Do chão ela assistiu Jack cair na isca de Christian e largar a arma longe de ambos. No mesmo instante Grey se jogou sobre o inimigo e passaram a trocar golpes violentos. Christian era forte e lutava bem desde muito jovem além de manter grande preparo físico. Mas Jack também estava bem preparado e eles trocavam socos, chutes e joelhadas por igual. Não tinha como saber quem iria ganhar a disputa.
Com uma rasteira Jack derrubou Grey no chão e antes dele poder se levantar pegou um isqueiro e jogou sobre um estofado. As chamas logo ficaram fortes e a fumaça começava a tomar conta do lugar.

- Vocês não vão sair vivos daqui, Grey. Eu não me importo de morrer, mas vocês vão comigo!
- Seu desgraçado! – Grey gritou ao ver as labaredas subirem. Elas ainda não alcançavam Ana, mas, se não fizesse algo, logo, os três morreriam ali.

Saiu do chão rapidamente e se jogou contra Jack fazendo-o se chocar contra a parede. Ele bateu a cabeça e pareceu perder a consciência. Não quis arriscar. Pegou a arma que estava em sua calça e descarregou as balas no peito do inimigo. Ana assistiu a cena chocada. Christian jamais tinha dado um tiro na vida, mas, naquele momento, só parou de apertar o gatilho quando não haviam mais balas.
Só então ele pegou o canivete que trazia no bolso e cortou a corda que prendia Ana aquela casa. Assustado com a quantidade de disparos Taylor e Elliot chegaram correndo ao quarto em chamas. Em meio a fumaça, não viram o corpo de Jack, mas, vendo Grey e Ana vivos e observando o brilho de ódio nos olhos dele souberam quem tinha vencido a batalha.

- A polícia está chegando. – Elliot viu Ana muito ferida e sabia que tinham de sair logo dali. Christian também estava machucado no rosto. – Eu levo a Ana. Saia dessa fumaça.
- Não. – Foi a resposta seca. – Eu levo minha mulher. – Ergueu-a nos braços com todo cuidado e mesmo assim ouviu gemidos de dor. – Desculpe Baby. Um médico logo vai te atender.

Tudo o que Ana pensava era em seu bebê. Ele tinha que sobreviver. E porque tinha que sentir tanta dor? Grey a colocou deitada na grama longe o suficiente da casa que começava a ser consumida pelas chamas e cobriu seu corpo com a camisa jeans que tirou do próprio corpo. Ao longe começaram a ouvir as sirenes da polícia e ambulância.

- Calma baby...já vai passar. – Ela queria responder, mas não tinha forças.
- Senhor Grey...é a polícia vindo. Vamos deixar o corpo lá? O senhor trouxe a arma?
- Não, não trouxe nada. E ninguém vai se arriscar a entrar lá para pegar. Deixa ele queimar junto com a arma. Que queime aqui e queime no inferno que é o lugar dele.


- Mano...como você está? Não respirou muita fumaça? Também precisa de atendimento.
- Estou bem. Não começa com essa merda Elliot! Eu vou com a Ana. Liga pra todo mundo e avisa que Jack tá morto e nós vamos ao hospital cuidar da Ana.
- Sr. Grey?
- Fale Taylor. O que é agora?
- Acho que devia contatar um advogado. O senhor descarregou uma arma nele...pode ter problemas, apesar de tudo.
- Cuide disso pra mim, por favor. Você sabe os números dos meus advogados. E é bom que ninguém venha encher meu saco com isso! – Ana estava assustada e começou a tremer. – Chega desse assunto. Agora eu só vou cuidar de você, amor, só isso.
- Te...T..Tedyy. – Ela tentava perguntar pelo filho.
- Não se preocupe. Teddy está bem, está em casa com todos. Pense apenas em ficar boa logo.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Regras Quebradas, Limites Ultrapassados - Capítulo 19: A perseguição tem início



            Kate chegou a sentir medo ao olhar a expressão que tomava o rosto de Christian ao fechar a porta do escritório. Ele estava tenso devido a tudo o que se passava, claro, mas a notícia da gravidez o tinha deixado ainda mais pálido e desesperado.

            - Desde quando você sabe?
            - Uns 10 dias...mais ou menos. – Observou ele se fechar ainda mais. – Ela ficou muito nervosa quando descobriu e veio conversar comigo Grey. Acredite ela também não ficou feliz com isso.
            - Então tinha que ter se cuidado! A Ana não é mais uma menina, já tem um filho! – Mas no fundo era a mentira o que mais o incomodava.
            - Você também não é um menino e já tem um filho e nem por isso se preocupou! – Não era mulher de ter medo de falar a verdade.
            - Eu usei preservativo! – Christian Grey dando explicações. Até Kate se surpreendeu. – Ela não me disse uma palavra. O que estava esperando?
            - Olha Grey...eu não sei o que você quando soube que Ana esperava Teddy, mas deve ter sido algo muito grave porque você não fez apenas com que Ana se separasse, mas você perdeu a confiança dela. Quando soube que esperava outro bebê ela entrou em desespero. Estava tão feliz com você e de repente tudo desabou novamente. Ela ia fugir com Teddy antes de você perceber as mudanças em seu corpo.

            Era como se uma pedra pesasse no estômago de Grey. A mulher com quem fez amor em cada uma das noites desde a reconciliação vinha planejando deixá-lo. Que sentido tinha então vir aproximando-o de Teddy, fazê-lo amar o garoto para então tirá-lo quando estivessem apegados?

            - Ela queria se vingar de mim? Me fazer sofrer? É isso? – Interrogava.
            - Claro que não! Será que você não vê? A Ana morria de medo que você fizesse o mesmo que fez há cinco anos, seja lá o que for!

            Kate viu o que jamais imaginou. Grey deixou o corpo cair sobre uma das poltronas do escritório, escondeu o rosto entre as mãos e chorou feito criança. Não parecia o homem com quase 35 anos, mas sim um jovem em completo desespero. A dificuldade em lidar com Teddy, as brigas com Ana, a solidão dos últimos anos, o sequestro e essa descoberta, tudo veio a tona. Era um pranto sofrido que Kate jamais imaginou ver surgir do homem que muitos juravam ser o dono do universo tamanho era seu poder. Por um momento sentiu pena. Mas durou pouco. Quando tornou a falar Christian disse algo que revoltou Kate.

            - Eu bati nela Kate! Por isso ela se separou de mim há cinco anos. E eu vivo num inferno desde esse dia.
            - Você fez o que? – Kate sabia que Grey era adepto do sadomasoquismo e que sua relação e de Ana era ‘regada’ a brincadeirinhas de submissão. Mas jamais imaginou que ele fosse capaz de ferir a esposa, muito menos estando grávida. – Você é doido o que?
            - Eu sou um desgraçado.
            - É mesmo! – Não ia passar a mão por cima só porque ele estava sofrendo. – Como pode bater nela? Que inferno Grey! Claro que só algo assim faria a Ana deixar você. Doida do jeito que ela era, te endeusava mesmo eu dizendo que não era essa coca-cola toda.
            - Ela deve ter achado que eu ia machucá-la novamente...por isso resolveu me deixar. Fugir de mim porque eu sou um monstro.
            - É bem provável.
            - Mas eu não ia...não agora, depois de tantos anos sentindo o que é a vida sem ela. Você pode duvidar, Kate, mas eu aprendi a minha lição e eu jamais vou machuca a Ana novamente...nem fazer o Teddy sofrer.
            - Agora, sabendo disso tudo, eu ainda me pergunto porque a Ana tentou tanto aproximar você do Teddy. Se fosse eu, jamais você colocaria os olhos no meu bebê.
            - Eu jamais fiz nada de ruim pra ele! Nunca! E nós estamos próximos, ele confia em mim. – Na tempestade de emoções que vivia, um sentimento finalmente ficou claro. – Eu amo meu filho Kate.
           
            Mesmo sem desejar, Kate apiedou-se de Grey.

            - Então trate de encontrar a Ana e convencer ela disso. – Ela saiu do escritório e o deixou sozinho para chorar e colocar os pensamentos em ordem.


            Todos na sala estranharam o fato de Kate ter saído sozinha do cômodo e não ter falado nada do que se passou lá. Christian ficou mais de uma hora sozinho, saiu com os olhos inchados do choro e avisou que tomaria um banho. Teddy encontrou-o no corredor. O menino estava triste, mas percebeu que o pai  estava pior e ofereceu carinho.

            - Você tá chorando por causa da mamãe? – Disse ele esticando os braços para ganhar colo.
            - Sim, Teddy. O papai tá muito triste sem a mamãe. – O menino passou os braços por seu pescoço.
            - Eu também to com saudade dela. Mas ela volta, não volta?
            - Volta! Olha bem pro papai, Teddy! Eu prometo que a mamãe vai voltar. Você confia em mim?
            - SIM!

            Quando retornou para a sala Grey ainda estava triste, mas revigora pela confiança que Teddy tinha nele. Tinha que pensar, tentar se manter frio para encontrar uma saída. Era impossível que Jack não deixasse nenhum rastro, nenhuma falha. Ele ia errar e precisava estar ligado para perceber a falha.
            Foi nessa pilha de nervos que quase cinco horas depois recebeu um novo vídeo, entregue de forma similar ao anterior. Nesse Ana aparecia deitada ao fundo, dormindo sobre um colchonete. Jack aparentava estar cada vez mais perturbado andava de um lado para o outro e preparando uma refeição elegante demais. O ambiente escuro e sujo contrastavam com a louça fina e o vinho caro que enchia as taças. De repente ele falou:

-Estou há quase dois dias com a doce Anastásia. Passa rápido, não é? Não ia te enviar nada hoje. Mas mudei de ideia pra te mostrar como estou tratando bem sua esposinha. Veja as belas refeições que eu lhe trago? É ela que não quer comer nada.

Ele puxa um saco preto de lixo com embalagens de isopor e papelão e muitos restos de comida.
- Que fique claro! Se ela morrer de fome a culpa não é minha. – Ele gargalhava entre as frases. – Uma pena, sei que isso te incomoda. A outra comia melhor, não? Jéssica, a delicada e obediente Jéssica. Sabe que foi bem fiel a você? Arranquei poucas informações dela. Uma pena...tão linda. Morreu por sua culpa. – Disse pouco antes de o vídeo terminar.

- Foi ele quem matou a Jéssica...e não tem nem vergonha de assumir. A gente tem que pegar esse desgraçado logo. – Era duro dizer. – Ele não vai deixar a Ana viva. Vai matá-la só para me destruir.

Meia hora depois a agonia de todos continuava.

- Senhor? – Taylor chamou Grey ao escritório. – Preciso lhe dar um recado da empresa. – Era desculpa e Grey soube imediatamente que tinha haver com Ana.
- Fale! Os homens descobriram algo?
- Não, fui eu olhando o vídeo. – Os segundos demoravam a passar. – Eu aproximei a imagem do saco de lixo.
- E? – Ele rezava para que fosse uma pista confiável.
- Olhe isso. – Na foto era perceptível um símbolo, um logo de empresa, talvez. Mas era irreconhecível. – Agora olhe isso. – A segunda imagem era a fachada de um restaurante de luxo que continha uma imagem bem parecida, mas em ótima resolução.
- Você acha que ele comprou a comida lá?
- Exatamente. São muitas embalagens. Ou ele fez uma compra grande, para várias refeições ou busca a comida diariamente. E como  é ele quem traz esses vídeos até o centro da cidade, eu aposto na segunda opção.
- Sim, você pode estar certo. – Tinha de estar.
- Dessa vez ele nos deu rastro para seguir, senhor. Mas eu acho que devia comunicar a polícia e pedir ajuda.
- Eu vou fazer isso. Mas não agora. Só depois que descobrir onde fica o cativeiro. Eu vou pegar ele.
- Mas...
- Não discuta comigo Taylor...coloque vigias nesse restaurante e me avise assim que ele aparecer. Precisamos seguir ele.
- Ok.
- E Taylor?
- Sim.
- Me lembra de triplicar o seu salário.
- Assim que senhora Grey estiver em segurança. – Respondeu o funcionário e amigo fiel.

A polícia seria sim avisada. Mas, se possível, apenas para recolher o corpo de Jack. Dessa ele não ia sair vivo. Esse era o objetivo que tomava os pensamentos de Grey.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Regras Quebradas, Limites Ultrapassados Capítulo 18: Espera




            A encomenda de Jack estava sobre a mesa da sala, a frente de Christian e cercada pelos familiares e seguranças. Apenas Ava e Teddy estava no andar de cima da casa, cuidados por uma babá.
            Christian sentia medo, não queria abrir a caixa. Não queria imaginar o que aquele monstro estaria fazendo com Ana. Ele era um maníaco, fanático sexual. Somente isso já era uma indicação terrível. Lentamente abriu a caixa:

Na parte mais visível, estavam as roupas de Ana. Sujas, rasgadas e com manchas de sangue. Grace e Carla, que havia sido avisada por Grey e trazida de Helicóptero, choraram ao ver as peças. Christian tirou cada uma das roupas da caixa. Estava tudo ali, inclusive a calcinha e os sapatos. No fundo da embalagem de papelão estava  o que mais os desesperou.

- Como ele pode? Porque não pede logo o dinheiro e para de judiar dela? – O pai de Ana  se lamentava.

Christian estava agradecido por não ser nada pior. Retirou da caixa os fartos cabelos amarrados por um elástico e aproximou-os de seu rosto. Sentiu o cheiro de Ana neles e lembrou-se das vezes em que os trançou ao levá-la ao quarto de jogos.

- A polícia precisa levar para perícia, senhor Grey. – Disse Taylor.
- Ok.

As horas de espera seguiram e o telefone não tocava. Era como se o tempo tivesse parado e eles paralisados na espera de mais um terrível ‘presente’.

- Filho, você precisa repousar um pouco. Faz 20 horas que você anda irritado por essa sala. – Disse Grace.
- Não posso dormir mãe. Não sem saber pelo que a Ana está passando.

Era meio da tarde quando um barulho chamou a atenção de todos. Dessa vez não era o telefone, mas sim o grito de Teddy que, tendo passado boa parte da madrugada acordado e nervoso pela falta da mãe, tinha adormecido após o almoço. Christian correu para encontrar o menino no quarto em que ele dormia.

- O que foi Teddy?
- Eu quero a mamãe! Sonhei com o moço com cara de mau! – As lágrimas escorriam pelo rostinho delicado.
- Não chora. – Nunca soube lidar com o choro de Ana e também não sabia o que fazer para Teddy se acalmar. – Não vai acontecer nada de ruim com a mamãe.
- Mas onde ela tá?! Ela me abandonou?
- NÂO! Claro que não! Ela nunca faria isso.
- Então onde ela tá?

Ele era esperto demais para acreditar numa mentira.

- Teddy, aquele moço que você viu...ele levou a mamãe, e o papai está tentando descobrir onde ela está.
- Aí você vai buscar ela?
- Vou. – Espera não estar mentindo ao dizer isso. – Agora você e a Charlote podiam voltar a dormir.
- Eu queria dormir abraçado com a minha mãe.
- Mas ela não está aqui agora. – Infelizmente.
- Tudo bem por aqui? – Grace apareceu na porta.
- Tudo mãe. Esse moço acordou assustado e não quer dormir sozinho.
- Então, acho que o pai dele, que está precisando dormir um pouco, pode tirar uma soneca aqui com ele.
- Não eu...
- Christian, você precisa de descanso e o Teddy precisa de você. Na falta da Ana, é seu dever dar o que ele necessita.

Após uma rápida ducha, Christian, Teddy e Charlote dormiram no quarto de Grey. Grace tinha prometido acordá-lo se algo ocorresse. Mas não precisou. Apenas 50 minutos depois ele acordou e ficou observando seu filho dormir. Percebeu que Grace estava certa. Tinha a responsabilidade de cuidar ainda melhor de Teddy enquanto Ana não voltasse.
Ficou mais alguns minutos deitado na cama acariciando o pelo de Charlote e pensando no que faria. Precisava descobrir onde ficava o cativeiro de Ana. Não tinha a mínima ideia.

Estavam próximo das 30 horas de sequestro quando um boque de flores foi entregue na portaria de seu prédio por um garoto. A polícia o interrogou, mas pouco pode descobrir. Um homem, com as características de Jack o encontrou no centro da cidade e lhe deu uns trocados para fazer a entrega.

- Significa que estão por perto. – Disse Taylor.

No envelope que vinha junto tinha apenas o cartão assinado por Jack e um pendrive. Isso preocupava Christian. Jack não tinha medo ou estava tentando negar nada. Ele era completamente louco e estava disposto a tudo. No pendrive havia um vídeo curto.

- Vou assistir sozinho no meu escritório. – Disse Grey.
- Nós precisamos ver, Sr. – Falou um policial.
- Depois. Primeiro eu vou ver sozinho. – Ninguém iria questionar.

Deu play com as mãos tremendo. O vídeo mostrava um lugar escuro, úmido e pouco arejado. Logo Jack aparecia bem mais envelhecido do que ele se recordava. ‘Olá, meu amigo Grey. Eu continuo aqui zelando pela nossa querida Anastásia’.

- Eu vou te matar seu desgraçado! – Grey xingava.

O vídeo seguia com o sequestrador caminhando até onde Ana se encontrava aparentando estar muito sonolenta ou dopada. Estava nua e cheia de hematomas pelo corpo. Ele a puxa pelo braço, coloca-a sentada numa cadeira e com violência joga água em seu rosto para lhe dar mais consciência. Então pega um galão. ‘Cheira! Diz pro seu querido marido o que tem aí’. Silêncio. ‘Diz!’Ele lhe dá uma forte bofetada no rosto. ‘DIZ!’

- Gasolina!

‘Ótimo. Boa menina. Ouviu Grey? Aqui tem gasolina e não me custa nada riscar um fósforo e morrer agarradinho com  Anastásia’.  Jack passa a mão em seus seios e ri como se soubesse do sofrimento de Grey ao ver isso. ‘Não aconselho você a por os seus homens atrás de nós. Se eu for pego ela. Tudo isso é uma lição de paciência. Vou ficar com ela o tempo que eu desejar e, quando cansar, te aviso o valor que quero por ela’.  Jack empurra Ana novamente para o chão e desferre chutes por seu corpo já ferido. Ela enrola o corpo passando os braços pelo abdômen e subindo as pernas. Logo o vídeo acaba.

Depois Christian permite que a polícia veja as cenas. Estava desesperado sem saber o que fazer. Por pior que fosse o medo, tinha que manter seus homens em busca. A ameaça de por fogo no cativeiro era grave, mas sabia que Jack não deixaria Ana viva por resgate algum. Sua única chance era encontrá-la.

Estavam todos na sala quando ele levou outro duro golpe.

- Curioso como ela abraça o corpo quando ele a chuta. – Disse o investigador da polícia.
- Pra proteger o bebê. – Kate disse em pranto e surpreendendo a  todos. – A Ana está grávida.
- Tem certeza disso? - Elliott perguntou.
- Sim. Ela me contou. Está de quase dois meses.

O golpe foi duro e ameaçava derrubar Christian. Não era apenas uma segunda gravidez não planejada. Era a falta de confiança. Desde quanto sabia? Porque não contou? O que iria fazer?

- Quero falar a sós com você no escritório, Kate.