terça-feira, 7 de maio de 2013

Casamento, Fuga e Vingança - Capítulo 12: Ombro amigo



            Não fui para empresa porque não queria ter de falar com ninguém, não fui para casa para não ter mais uma discussão com Isabella, não fui ver Tânia porque já há algum tempo até sua voz era irritante. Já fazia algum tempo que aquela relação estava estagnada, próxima de seu fim, mas sem Tânia, quem restaria. Isabela havia mostrado mais uma vez o quanto eu jamais poderia  confiar em sua cara de anjo. Lembro como se fosse ontem a primeira reunião que tivemos, quando tudo aquilo, todo o plano arquitetado por Carlisle ainda parecia impensável.

            - Charlie? – Ele jamais se dirigia diretamente à Bella. – O que tenho a oferecer para você como pai e responsável por Isabella é um acordo muito rentável as nossas famílias.

            Estávamos os quatro na sala da casa dos Swan. Eu sabia o que meu pai tinha para propor, mas sinceramente jamais imaginei que se concretizasse. Por que um pai venderia a filha? Eles não tinham nossa fortuna, mas não eram miseráveis, ao menos aparentemente, não precisavam de nosso dinheiro. Para minha surpresa, apenas alguns encontros depois Charlie e Isabella me surpreenderam:

- Isabella. – Charlie chamou. – Acho que você tem algo para dizer aos Cullen.
- Sim, eu tenho. – Ela estava firme, convicta. – Estou pronta para casar e para ter seu filho.
- E está pronta para deixá-lo também?
- Sem dúvida. Não quero crianças. – Era impossível perceber mentira naqueles olhos.
- Perfeito então. Vamos cuidar da papelada e da transferência do dinheiro de vocês.

Nos não tivemos grande contato depois disso. Foi contratada uma empresa específica de organização de casamentos, eu cuidei da contratação da lua de mel, seria no Brasil, e a responsabilidade dela era apenas procurar por um belo vestido e caminhar pelo altar para dizer o sim.
E assim foi. Ela estava linda feito um anjo, o vestido era simples, delicado e elegante. Dissemos votos simples, trocamos um beijo tímido, típico de casais sem a mínima intimidade. Depois saímos em direção à festa e então, ela simplesmente sumiu. Saiu por um instante e quando me dei conta havia fugido junto ao tal Jacob. Esse sim um completo mistério. Mas dele eu realmente não queria saber, me bastava resolver a situação com Isabella.
Nestes dois anos de distância ela mudou muito ou ao menos suas máscaras caíram. Era outra mulher. Ou melhor, agora ela era mulher, antes era uma garota. Mesmo tendo de assumir que aquela garota foi capaz de me levar à destruição.
Precisava conversar com alguém, me desligar de tudo. Nesse momento apenas um ombro serviria de amigo para ouvir minhas lamurias. Disquei.

- Alô? Jasper...eu preciso conversar. Não quer sair para beber?
- Claro. Mais o que houve?
- Pessoalmente eu te conto.

E eu contei tudo. Na verdade Jasper já me conhecia muito bem. Tão bem que sabia exatamente qual meu problema.

- O que há agora com Isabela?
- Descobri que ela não pode ter filhos. Ao menos não da forma tradicional.
- Nossa...seu pai vai odiar essa história.
- Nem fale. Ele ainda não foi informado, mas não demorará muito para descobrir.
- E o que você vai fazer?
- Por enquanto minha única alternativa é esperar para ver se o tratamento médico irá funcionar.
- E se não der?
- Vai dar. – Eu não queria pensar em outra opção, mas Jasper queria.
- Eu acho que você tem de pensar nas alternativas Edward. O que fará se o tratamento não impedir a infertilidade. Vai se separar? Vai acabar com essa vingança? Vai assumir que a quer, vai continuar com ela mesmo sem filhos? O que fará de sua vida?
- Eu não sei!!!!

E eu realmente não sabia qual era meu futuro com Isabella, se é que ele existiria, mas eu não saberia daquela união sem esgotar todas as alternativas para ganhar meu filho da mulher que escolhi para isso.

- E como vocês estão...como casal?
- Não somos um casal propriamente. Temos uma vida sexual ativa, ou tínhamos. Agora ela  terá alguns dias de resguardo. E mesmo antes, era sexo e depois cada um na sua vida. Ela dorme em um colchonete ao lado da cama.
- Sério?
- Sim. Na primeira noite eu não sei o que me deu, ela me provocou e... eu não aceito ela falando no tal de Jacob, nem se esfregando em qualquer macho quando saímos. Ela me irrita e eu acabei mandando ela dormir no chão. Depois não adiantou nossa relação melhorar. Eu chego em casa tarde e ela já está dormindo no chão.
- Mas ela está doente!
- Eu sei. Não sou nenhum carrasco tá?! Vou ver o que faço quanto a isso.
- Tem que ver o que faz quanto a muita coisa Edward! Olhe bem... será que não vale tentar se aproximar dela. Sinceramente. E quando o bebê nascer, se nascer, ele terá pai e mãe.
- E eles viverão felizes para sempre? Me poupe Jasper! Não é assim. Eu sei que não posso confiar nela. Nós somos diferentes. Eu ao menos sempre fui sincero quanto ao que quero dela. Ela, ao contrário, mentiu. E se o tal Jacob aparecer novamente? Ela vai com ele e leva meu filho junto? Não!
- Não pode ter certeza de que é assim.
- Nem quero! É isso e acabou. Ela vai conseguir ter meu filho e depois vai embora. E...
- E?
- E eu a deixarei em paz junto com Charlie. Esse é o único final feliz que vamos poder ter. Eu com meu filho e ela com sua liberdade e com dinheiro para torrar.

Alguns dias depois...

Eu teria que fazer uma viagem ao México, o que desta vez até foi agradável. Nossa situação estava difícil. Ela havia iniciado o processo de tratamento para engravidar e nós fomos avisados de que o processo seria longo. Quando seu ciclo menstrual se fechou e fluxo parou ela iniciou com uma bateria de exames e medicação hormonal. Primeiro seriam comprimidos, depois injeções de hormônio feminino, tudo para garantir que no momento da fertilização haveria a concepção na primeira tentativa.
O meu papel era simples. Quando chegasse a hora eu teria que comparecer ao laboratório e retirar esperma. Depois meus espermatozoides mais ‘fortes’ seriam selecionados para serem implantados em óvulos retirados de Bella. Após a concepção feita em laboratório, eles retornariam para minha mulher gerar meu filho. Depois era só esperar que ela conseguisse levar a gravidez até o fim e dar Adeus à Isabella.
Obviamente não consegui deixar meu pai fora dos planos. Ele soube do que se passou no hospital e interrogou a direção até saber do histórico médico de Bella. Nós estávamos almoçando na cozinha, de forma simples junto com Ana quando ele invadiu nossa casa e atirou alguns papéis sobre a mesa. Eu fique sem ação e por mais que conhecesse Carlisle, nunca o imaginei tão fora de si.
- Então é isso? Acha o que Isabella que iria me levar na conversa como fez com o Edward? Hem? Hem? Me responda! – Ele a segurava por ambos os braços e a sacudia. – Fale de uma vez!
- Não tenho nada para falar com velho esclerosado. – Ela conseguiu se soltar. – Agora fique longe de mim.
- Você ficará longe de nós. Vá embora agora. Tem meia hora para pegar suas coisas e ir embora. – Eu vi Isabella e Ana olharem para mim.
- Sr. Cullen precisa se acalmar. – Ana tentou intervir.
- Eu não comecei a falar com a criadagem.
- Não fale assim com Ana! – Eu disse. – E não pense que vai decidir quem vive em minha casa.
- Edward! Você está me desafiando? – Ele voltou seu ódio contra mim como a muito não fazia.
- Isabella vá terminar seu almoço no quarto. E você, Pai, venha comigo para o escritório e lá nós conversamos.

Não foi uma conversa fácil. Ele estava certo de que não valia mais apena continuar naquela união. Se em outros tempos eu teria agradecido poder mandar ela embora, hoje esta possibilidade era inexistente.

- Ela fica e ponto final.
- Ela é seca!
- Está fazendo tratamento.
- Ter um filho por inseminação artificial? Você não precisa disso. É um homem viril, pode fazer um filho sem precisar de um tubo de ensaio.
- Não tem o que discutir pai.
- E se nascer uma criança doente? O que fará
- Isso não acontecerá! – Eu explodi e joguei a bandeja com bebidas longe. – Pare de agourar minha vida e suma daqui agora!

Eu e Bella jamais falamos sobre o que se passou.

Três dias depois...

- Eu devo voltar em um mês. – Falei para Bella enquanto arrumava minha Bella.
- Eu devo dizer que vou sentir saudade? – Ela estava deitada na cama onde agora dormia ao meu lado.
- Não, mas poderia ser mais agradável.
- Você é comigo?
- Chega, não quero discutir. – Peguei minha mala para sair, mas antes lhe dei um beijo. Sei que deixei com vontade de ter mais. – Até Bella. Se cuide.
- Você também.

Antes de ir ao aeroporto ainda teria uma passada na casa de Tânia. Se passasse um mês fora e não me despedisse ela entraria em desespero. Na casa tudo certo. Ana sabia seu serviço e James estava bem orientado. Também pedi que Jasper ficasse atendo para o caso de algo errado ocorrer.

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