domingo, 26 de maio de 2013

A mentira - Capítulo 5: Benção ou castigo?


Os braços dele estavam a minha volta, suas mãos pareciam estar em todos os lugares do meu corpo. Inferno de homem gostoso. Christian estava quente...nós estávamos...o calor de um entrava na pele do outro. A barba pinicava passeando pelos lugares mais delicados. De repente sinto as mãos serem atadas a cama. 
Ele me amarrou. “Agora você é toda minha. Para tudo o que eu desejar. Só eu. Você é propriedade de Christian Grey”. Seu sorriso era maldoso. Senti medo. Esse homem ia me amar e me ferir ao mesmo tempo. Era como uma chama que me atraía e eu sabia que iria me queimar.
                                                                                                
            Anastásia acordou com o corpo úmido de suor. Aquele desgraçado a estava deixando maluca de desejo. E agora, depois de quase dois meses enlouquecendo-a sem jamais consumar o ato, volta para a fazenda e deixa-a pegando fogo.

            - Não vai adiantar me ligar. Lá o sinal do celular é terrível. – Disse ele no aeroporto quando ela foi se despedir.
            - Vou sentir sua falta.
            - Isso é bom. – Ele sorria orgulhoso.
            - Não é não. -  Ele ia ficar três semanas fora. – Eu quero ser sua.
            - E será...na hora certa. Ana, eu não vou te tratar como uma qualquer. Quando você decidir ser minha...será para sempre. Não vou aceitar menos que isso. Sem falar que...nada irá acontecer antes de cuidarmos da papelada.
            - Que papelada? – Anastásia ficou confusa.
            - Três semanas Ana. Espere três semanas. Quando eu voltar vou te contar algumas coisas ao meu respeito. E, se você quiser, nós vamos selar o nosso relacionamento.
            - Selar? Como assim? Você está me assustando, Grey.
            - Digamos que eu vou NOS dar uma oportunidade de conversar claramente, dizer a verdade nua e crua na cara do outro.
            - Eu nunca te menti. – As vezes Grey falava como se fosse outro homem. Existiam dois Christians dentro dele. E ela estava descobrindo que amava aos dois...mesmo que um parecesse tão misterioso que ela não sabia defini-lo muito bem.
            - Não vou te explicar nada agora. Três semanas Anastásia.

            Ambos sentiram a falta um do outro. Ele corria contra o tempo para preparar a fazenda. O plano era simples: traria Anastásia para viver naquele lugar longe de tudo e de todos. Lá só viviam empregados fiéis. Ela estaria ao seu dispor. Com...o tratamento correto iria confessar seu ‘crime’ e seria punida. Não ia parar enquanto ela não se arrependesse totalmente do que fez. Depois disso, TALVEZ, seria libertada.
            O único porém desse plano era o sentimento de que, por mais mentirosa e escorregadia que Anastásia fosse, não podia simplesmente rapta-la e trancafiá-la em um lugar longínquo, lhe apresentar o suas práticas sadomasoquistas e obrigá-la a se tornar sua escrava sexual. No fundo de seu mais profundo amargor por todo o mal que ela fez a sua família, uma parte sua desejava trancafiá-la e castigá-la noite após noite. Marcá-la com as próprias mãos, cintos, varas e tantos outros objetos. Obrigar Ana a usar uma coleira e chamá-lo de SENHOR, sem sequer poder-lhe olhar nos olhos. Só que não podia. Era errado. Ela precisava saber de seus gostos, aceitar ser submissa e, mesmo sem entender o real motivo, submeter-se a obedecer. Teria que assinar o contrato e ser sua...sua esposa.
            Casar nunca fora um plano, muito menos um objetivo. Mas seria importante estar atado à Anastásia para legalmente ela lhe pertencer. Ajudaria a ela aceitar sua posição de subimissão. Dessa sim, depois de entrasse na fazenda, Anastásia não conseguiria fugir. Ele não ia deixar. Para se vingar sim, claro, era o motivo principal, mas também porque a desejava. Nunca desejou tanto uma mulher. Queria lhe proporcionar sofrimento, mas também precisava do seu prazer. Ela era tão sensual, tão enlouquecedora...era uma mulher perigosa. E seria enjaulada e domesticada.

            Na capital financeira do país, Anastásia passava o tempo entre cavalgadas e ensaios de dança. Não tinha mais um partner fixo já que o bailarino que normalmente a acompanhava foi transferido no trabalho e mudou de estado de uma hora para outra, mas foi a uma gafieira para sambar com alguns amigos.


            - Ana? Ana? Em que país você está? – Kate, sua melhor amiga, perguntou quando estavam bebendo à mesa.
            - No Brasil. No Mato Grosso, para ser mais específica. – Ela disse sorrindo. Seu coração estava com Grey.
            - Você tá caidinha por ele. – Kate concluiu. – Eu não vou com a cara dele, Ana. Parece que quer te monopolizar. Quando estava aqui você não conseguia sair com a gente. Ele tinha ciúme de qualquer um que dançasse com você. Esse Grey é um mandão possessivo! E mora muito longe! Tá afim de virar fazendeira?
            - Com ele eu vou até pro inferno. – Era simples assim.

            As três semanas pareciam tão distantes sem ele. Falavam-se pelas redes sociais e por e-mail. Mas era pouco. Queria Christian ali, queria seu calor, sua pele, seus olhos acinzentados, seu toque. Sua vida ia mal. A tia continuava lhe tratando mal. Agora proibira seus amigos de entrar na mansão.

            - São um bando de jovens drogados e sem educação! – Disse Melissa. – Só lhe ensinam coisas que não prestam.
            - Isso não é verdade tia!
            - Não grite com sua tia, Anastásia. – Ray falou friamente. De uns dias para cá ele estava assim. Não entendia o por que.
            - Mas tio...
            - Não, Anastásia. Não haverá discussão. Sua tia disse não. – Ele colocou fim ao assunto.
            - Ok. Então eu vou encontrar ele fora daqui!

            Saiu de casa magoada. Queria que Christian estivesse ali. Ele poderia lhe fazer companhia e ajudá-la a entender o que mudou com seu tio. Até mesmo José estava mais distante. E não tinha motivo nenhum.

            - O que houve? – Kate perguntou após ver a amiga chegar em sua casa toda chorosa.
            - Meus tios...não sei porque me tratam diferente agora. Bom...o tio Ray. Porque para a tia eu nunca fui grande coisa mesmo.
            - Não liga, Ana. Você já é maior de idade. Se quiser, pode pegar a herança que seu pai te deixou e ir morar sozinha.
            - Eu sei. Mas não me falta nada e o tio Ray sempre cuidou muito bem do meu dinheiro. É só que antes ele me tratava como filha e agora não mais.
            - E o José?
            - Também tá estranho. Mas é porque a Alice grudou nele feito carrapato. Acha que vai virar a dona da casa. Por isso fica puxando o saco da tia Melissa. Aquela cobrinha pensa que me engana! Mas o José é esperto. Duvido que fique com ela.
            - Também acho...até porque ele adora você.
            - Mas eu tenho o MEU Grey.
            - SEU?
            - Sim, meu, só meu. – Grey a fazia se sentir viva. – Ele volta em uma semana. Já estou morrendo de saudade.
            - Vai com calma Ana.
            - Por que você implicou com ele, Kate?
            - Porque eu nunca te vi baixar tanto a guarda para um homem. E ele tem algo que me incomoda. Ele não fala toda a verdade sobre ele. Você sabia que ele foi adotado aos três anos depois de sofrer muitos abusos? Sabia que a família dele é de classe média, mas ele fez uma fortuna no mercado financeiro e nem sequer utiliza o diploma de engenheiro que conquistou na Europa?
            - E isso é crime, por acaso?
            - Não...mas ele é estranho! – O sexto sentido de Kate estava gritando. – Por favor, amiga, vai com calma.

            Calma foi tudo que Ana e Grey não tiveram. Quando voltou da fazenda Christian a levou para jantar fora. Era um restaurante exótico, bonito e de cardápio apimentado. A noite foi repleta de surpresas.

            - Você confia em mim, Ana?
            - Claro.
            - Eu quero testar isso. – Eles estavam olho no olho. Era a hora da conversa definitiva. – Quero que vá até o banheiro, tire sua calcinha e traga ela na mão. Discretamente, é claro. Você irá me passar ela por debaixo da mesa.
            - Mas...mas..
            - Confia ou não confia?
            Com as pernas tremendo, mas adorando a brincadeira Ana fez o que ele pediu. Entrou no reservado, tirou a minúscula peça de seda e, dobrando-a o máximo que pode levou-a, depositando-a nas mãos de Christian.

            - Ótimo. Agora coma. – Disse ele como se fosse absolutamente normal. – Não fique me encarando, Anastásia. Coma! Não gosto de desperdícios.

            Ela não entendeu a bipolaridade, mas sentia sua intimidade úmida de desejo. Será que ele finalmente iria transar com ela? Onde? Precisava desse homem urgentemente.
            O jantar terminou e Grey levou-a para seu quarto de hotel. Estava lindo e sexy em uma roupa que misturava o esporte com o social.




            - Eu disse que quando voltasse nós iríamos conversar, Ana. Hoje eu vou te mostrar quem é o verdadeiro Grey. Pode ir embora, desse quarto e da minha vida, quando quiser.
            - Quer que eu vá embora? – A ideia machucava.
            - Não! Mas quero que tenha a opção de ir embora. Hoje...ao menos...depois eu posse não ser tão ‘liberal’.
            - Você está tentando deliberadamente me assustar. Não vai conseguir, Christian Grey. Eu te quero e não vou sair correndo por essa porta.
            - Vamos ver...vamos ver. – Ele sorria mostrando todo seu charme e caminhava até ela. Com poucos movimentos arrancou seu vestido pela cabeça. Ana estava agora completamente nua à sua frente. – Maravilhosa. Um corpo digno de todos os elogios possíveis.
            - Isso não é verdade. Estou até um pouco gordinha. Essas semanas sem você me fizeram devorar algumas barras de chocolate a mais.
            - Quem gosta de osso, linda Anastásia, é cachorro. Eu prefiro uma mulher carnuda. – Ele a apalpava despudoradamente. Os seios redondos, o ventre macio, as coxas curvilíneas e os quadris fartos. Perfeitos para o que tinha em mente. – Venho sonhando em tê-la na minha cama há muito tempo. Amarrada à minha cama.
            - Amarrada? – Isso foi uma surpresa.

            Ele nem mesmo respondeu. Quando Ana percebeu, suas mãos já estavam unidas à cabeceira da cama pela gravata que há poucos minutos estava em seu pescoço. O nó era apertado. Ela deveria estar sentindo medo, mas só conseguia perceber a sedução daquilo.

            - Gostosa! – Dizia ele passeando por seu corpo com as mãos, lábios, língua ... e dentes.
            - Ai Christian. – Ela gritou  quando sentiu um mordida forte na parte de baixa de sua coxa. – Isso vai ficar marcado!
            - Essa é a intenção, Ana. É para você usar somente saias mais longas na próxima semana...já que eu não estarei com você. Ou, se usar suas minissaias, terá que explicar que seu homem te deixou essa marca.
            - Não estará comigo? – A saudade foi maior que a raiva pela frase machista.
            - Sim, vou te dar uma semana de ‘folga’ para pensar no que tenho a te propor.
            - Mas eu... – Ela começou a falar, mas parou quando seu corpo foi erguido brutamente, seu quadril posto para cima e sua bunda, de forma surpreendente, foi vítima de uma série de golpes dados com a palma da mão. – Ai, ai...
            - Shiiiii não fala...absorve a dor e o prazer. Sente Ana, sente como você fica quente na minha mão.
            - Sim, mas não precisava me bater.
            - Precisava...eu vou bater novamente.

            Deixando essa frase no ar ele voltou a acariciá-la intimamente. Suas pernas estavam abertas completamente, ele as segurava nessa posição para ter completo acesso. Com a língua a fazia gemer desesperadamente.

            - No futuro, se ainda me quiser, você irá mudar a forma de se depilar. Quero você lisinha. – E seguia enlouquecendo-a com a língua e lábios.
            - AAaaa vai Grey...vemm...vem...eu quero você todo.
            - Você já me tem, Ana. – Ele não gostava de assumir isso, mas era verdade.
            - Eu quero você dentro de mim, Grey! AGORA!
            - Vou te fazer gozar assim, Ana. Só assim,
            - Não! – Ela queria tudo. Queria ele todo, não apenas a boca.
            - Isso quem decide sou eu. – Mais um tapa estalado. Dessa vez na coxa.
            -Aaaa – Não sabia se o gemido foi de dor ou de prazer.

            Logo Ana desvanecia na cama, acabada e cansada de seu primeiro orgasmo sem penetração.

            - Você pode me desamarrar agora? – Se ele a deixa assim sem entrar nela, imagina quando o fizer?! Jesus que homem é esse? Era só nisso que conseguia pensar.
            - Sim, posso. – Depois de desfazer o nó, ele foi até a mesa e pegou uns papeis.
            - Acabou a brincadeirinha de submissão? Eu gostei. Apesar de achar que terei algumas marcas e algumas dores amanhã.
            - Não foi uma ‘brincadeirinha’ Anastásia. Essa é a minha vida. Esse dominador sou eu.

            Ana ficou nervosa com a frieza que via em seus olhos. Não era brincadeira.

            - Que papeis são esses?
            - Vamos ter uma conversa bem íntima aqui. Esse é um termo onde você se compromete a não falar com ninguém sobre minhas preferências sexuais. Não é algo público. Assine! – Era uma ordem.
            - Sim, claro. Afinal a minha família ia adorar ler nos jornais que eu estou com a bunda ardendo graças a você! – Isso ela podia assinar com tranquilidade.
            - Ótimo. – Ele guardou a folha assinada e deu a ela uma cópia. – Você não sabe, querida, o que é ficar com a bunda ardida. Ainda! Pretendo mudar esse fato.
            - O que? – Agora ela sentiu medo.
            - Esse outro documento é um contrato. Um contrato de submissão. Quero que você seja minha, Anastásia. Minha submissa. Vou te dar muito prazer, mas também, disciplina. Você irá aprender a ter regras, a levar uma vida melhor, mais saudável, com alimentação e exercícios nas horas certas. Sem se expor sem necessidade e ganhando de mim tudo o que você precisa.
            - Virando seu saco de pancadas?
            - Você gostou de cada tapa que eu te dei nessa cama. Não negue!

Sim, isso era verdade.

            - Aqui está o contrato. Leia com calma. Você terá uma semana para pensar. Se assinar, virará minha mulher e minha submissa. Se disser não, nunca mais me verá.
            - Sua mulher?
            - Sim, Ana. Estou te pedindo para ser minha submissa e MINHA ESPOSA. Quero que se case comigo e venha morar na fazenda. – Esse não era o pedido de casamento que ela imaginava.
           
            Ana passou os olhos rapidamente pelas folhas. Algumas palavras a assustaram:

Surras
Castigos
Regras
Obediência total
Cintos
Varas
Cinto de castidade
Torturas sexuais


            Santo Deus! Ele era louco. Como assim...ter o direito de castigar? Mas ficar sem ele parecia tão ruim e doloroso. Doeria mais que uma surra? Ele queria controlar sua alimentação, obrigá-la a fazer academia com a regularidade que bem entendesse, regrar até sua higiene pessoal e escolher suas roupas.

            - Você é louco.
            - Depois que assinar, esse tipo de declaração será motivo para receber uma bela  sessão de disciplina. – Ele se aproximou e sussurrou em seu ouvido. – Nua, de traseiro pra cima, sobre os meus joelhos.
            - Mas eu não assinei ainda. – Mas lá no fundo pensava em assinar.
            - É..ainda não.

            Ana deixou o hotel levando o insultante contrato. Tinha uma semana para pensar.



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