segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Regras Quebradas, Limites Ultrapassados - Capítulo 7: Um garoto especial parte II


- Mamãeeeeeeeee!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
            - Fale meu amor. É a tia Kate no telefone?
            - Não. É o papai e ele quer falar com você.

Como se tivessem uma relação próxima, Teddy enchia o peito de orgulho para dizer que era o ‘papai’ no telefone. Seu garotinho especial, inteligente, de olhos imensos e brilhantes sorria e lhe oferecia o telefone como se aquela fosse uma ligação muito especial. Ele adorava o pai.

- Vai arrumando seus livrinhos enquanto a mamãe fala com ele?
- Sim.

Christian era sempre surpreendente em suas aparições. Normalmente nas datas comemorativas ele liga, talvez por sentir solidão. As vezes mandava presentes sem razão ou inventava uma festa ou um final de semana em Aspen sem motivo aparente. E assim, mesmo sem querer, enchia a cabecinha de Theodore de ilusões quanto a ter um pai.
Mas na prática Christian nunca estava presente quando precisavam. Um desejo estranho durante a gravidez, uma febre esquisita, uma queda na creche...tudo sempre foi encarado sozinha, sem a ajuda do pai de seu filho. Até nas coisas mais estranhas como quando foi chamada na escola pelo comportamento estranho do Theodore. Foi imaginando que ele havia se envolvido em alguma briga, mas não.

- Ele é disperso, mas muito inteligente. – Disse a tia que ficava com a turma das crianças de 3 anos.
- Eu sei, mas achava que pensava assim por ele ser meu filho. Ele é muito esperto. – Disse orgulhosa.
- Até demais, senhora Grey.
- Como assim?
- A senhora notou que ele está praticamente alfabetizado?
- Não...é claro que não. Aaaa ele ainda não tem idade para ler.
- Mas está lendo e nós achamos que as atividades do maternal não o estão satisfazendo. Por isso ele está disperso e até brigando com os coleguinhas.
- E o que a senhora me sugere?
- Ele precisa se desenvolver no ritmo dele e esse parece ser mais rápido que o das outras crianças...talvez seja melhor adiantá-lo uma turma na escola. O laudo de um psicólogo ou psiquiatra pode ajudar.
- A senhora acha que ele tem algum problema psiquiátrico?
- Não, nada disso. Theodore é um menino especial, no melhor sentido, e merece ser desenvolvido. E em casa, deixe ele lhe mostrar o que sabe. É estranho que ele não tenha lido para a mãe ainda.

Naquela noite, horário em que sempre lia para o filho, Ana puxou o assunto. E se surpreendeu quando o filho leu perfeitamente o livro dos três porquinhos.

- Por que não contou pra mamãe que já sabia juntar as letrinhas?
- Por que eu não quero que você pare de ler pra mim. – Ele explicou ingenuamente.
- Meu homenzinho está crescendo...mamãe tem de se acostumar.

Depois disso ela levou o filho até Flynn. Após algumas conversas com Teddy ele atestou que o menino tinha uma facilidade de aprendizagem elevada para a idade. Pode ser algo momentâneo ou seguir com ele por toda a vida. Poderiam fazer um teste de QI para descobrir se ele era realmente mais inteligente que a média das crianças em sua faixa etária, mas Ana não quis. Não era um número que diria que seu menino era especial, ela sabia disso. Também não deixou que fosse colocado com uma turma de crianças maiores. Ele tinha quase 4 anos e tinha que aproveitar a infância não seria tratado como um pequeno gênio. Para compensar a agitação e suprir a curiosidade de Teddy, usou o dinheiro que Christian insistia em mandar para matriculado em aulas diferentes. Grace estava orgulhosíssima. Agora seu neto fazia aulas de esportes para gastar toda a energia.

Pena que o pai nem sabia o que estava pagando.

- Alô. Diga Christian.
- Porque você quer negar ao Theodore uma festa de aniversário quando eu posso pagar pela melhor e maior festa que ele pode desejar?
- Eu quero negar o que você pode dar? Sim né Christian agora eu sou a bruxa má e você o pai devotado.
- Não seja histérica Anastásia! Isso não combina com você. Eu sei que é uma mãe maravilhosa e eu sou um pai de merda! Mas está negando algo que ele quer e...NÓS podemos dar.
- Ele não quer! -  Teddy não falou nada de festa.
- Ele disse para Ava que adorou a festinha dela e queria uma assim. – A festa de Ava foi linda, cheia de balões coloridos e brinquedos infláveis.
- E uma menininha que acabou de completar 3 anos te contou isso?
- Eu ouvi ele falando. Porque vai negar Ana?
- Ele não pode comer essas coisas de festinha.
- Nós mandamos fazer coisas que ele pode comer...não será problema. – Ele parou de falar e parecia emocionado do outro lado da linha. – Ana...eu lembro do meu primeiro aniversário com os Grey. Eu lembro como foi bom finalmente ganhar uma festa, ouvir o parabéns. Não negue isso ao Teddy.

Ana pensou por um momento.

- Tudo bem Christian, nós faremos a festa. Mas tem uma condição.
- Qual?
- Você não vai poder se esconder atrás do seu cartão de crédito. A sua participação não vai se resumir a dinheiro, ouviu bem?
- Você quer que eu escolha decoração e prove brigadeiros, é isso?
- Não. Para isso eu terei a ajuda de Grace, Kate e Mia.
- Ótimo! Porque temos menos de um mês. Será aqui em casa, no último sábado do mês. O que você quer de mim?
- Eu quero que você esteja nas fotos da família. Você viu o que Elliot fez na festa da Ava? Eu quero isso! Eu quero que você participe Christian. Quero que você erga Teddy para ele soprar as velinhas, quero estoure balões com ele, quero que brinque quando ele te chamar porque é isso que ele quer. O que Teddy quer, Christian, dinheiro não compra.
- Ok Ana, ok.

            O mês seria de correria para todos. Grey fazia questão de uma festa com tudo que uma criança pudesse desejar, Ana achava exagerado, mas qual mãe resiste ao sorriso do filho? Grace, Mia e Kate estavam animadíssimas e isso era ótimo porque sem ajuda Anastásia não conseguiria organizar tudo. Ainda mais...agora tendo de dar atenção a Raff.
            Ele estava se aproximando e, aos poucos ganhando espaço em sua vida. Era um homem bom, paciencioso com o filho, Gabby, de 6 anos. A mãe de Gabby tinha falecido no parto do menino e, desde então, Raff tentava reiniciar a vida. Ele e Ana estavam iniciando um relacionamento e, por mais que não houvesse paixão, ela queria tentar.

            - Eu não vejo seus olhos brilhando Ana. – Kate lamentou.
            - Brilharam tanto por Christian que ofuscaram minha inteligência. Olha como terminou.
            - Não sei Ana...ele tem uma história complicada e um filho pequeno.
            - E eu, não?
            - Sim...mas...
            - Eu vou dar uma chance ao Raff, Kate. Está decidido!

            Estavam começando lentamente. Raff era realmente especial e tinha muita paciência com Ana. Para os dois era estranho recomeçar.
            - Sim, com o Gabby foi igual. Ele engatinhou com oito meses e eu quase enlouqueci. Corria o dia todo atrás dele.
            - O Teddy estava na creche. Por isso eu não sofri tanto, mas nos finais de semana eu queria passar o tempo todo vendo ele engatinhar, cair e levantar. Vê-lo crescer.
            - Claro Ana! Pra você deve ter sido pior. Eu trabalho em casa, pude acompanhar tudo.
            - Pra nós dois não foi fácil. Criar um filho sem mãe ou sem pai nunca é fácil.

            Eles tinham assunto, combinavam, gostavam da mesma coisa e até seus filhos gostavam de brincar juntos. Era perfeito...só que não tinha aquele frio na barriga, o nervosismo, a ânsia de vê-lo. Não tinha paixão...aquela sensação de levar um choque quando as mãos se encostam sem querer, o arrepio no primeiro beijo, nada.
No fim do jantar Raff a beijou, mas foi só um encostar de lábios. Porque não vem aquela tontura? Porque minha Deusa Interior não se manifesta? Ela parece adormecida.

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