quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Vida Roubada - Capítulo 8


       Beatriz preparou-se para o encontro com Sebastian. Não apenas como Samantha orientou, embelezando cabelo e pele, mas também buscando por informações junto de cada menina da casa que o conhecia. Poucas lhe disseram algo realmente importante. Algumas por respeito ao homem que às vezes buscava por companhia ali na boate. A maior parte delas por não conhecê-lo de perto, apenas o visto circular pelo salão.

            - Ele é muito exigente, não aceita qualquer uma. Na verdade é um pouco esnobe, além de bipolar.  – Natacha explicou. - Não se anime com aquele sorriso charmoso e comece a sonhar com príncipe encantado. Sebastian não combina com o papel. Ele não moverá um dedo para tirar você desse lugar.
            - Eu sei. Não sou uma idiota. – Beatriz afirmou.

            Era verdade. Seus planos estavam longe de incluir um príncipe. A possibilidade de pedir qualquer coisa a Sebastian era o último de seus objetivos. O que dizer? “Sou jornalista e me pegaram depois que denunciei o esquema de tráfico sexual. Aaa, e minha irmã é policial federal e vai acabar com a quadrilha logo”. Não, melhor ficar calada. Porém, Sebastian podia sim lhe ser útil, se usasse da inteligência. E era isso o que faria. Por isso esmerou-se em conseguir informações do que ele gostava. Agradaria Sebastian Gonzáles em tudo e arrancaria dele seu passaporte para fora daquele lugar.
            Quando um segurança levou-a ao encontro de Sebastian, Bia usava uma roupa sensual e elegante. Disseram-lhe que ele curtia mulheres ousadas, que não exibissem inibições na cama, mas que não aparentassem ser o que realmente erram. Sebastian se satisfazia numa falsa nuvem de desejo, que escondia a luxúria e ganância que dominavam o seu mundo. Quando ficou frente a frente com ele, Beatriz viu em seus olhos o desejo ferver.



            - Entre e feche a porta. – Ele ordenou simplesmente enquanto caminhava pela sala de estar. Surpreendendo Beatriz, Sebastian não foi para o quarto. Parou para se servir de uma bebida. – Tire o casaco.

            Beatriz obedeceu e mostrou o que usava por baixo do sobretudo longo e discreto. Era um vestido feito em renda negra, emprestado por uma das garotas. Ela tinha medidas mais enxutas que Beatriz e a peça, já ousada, tornou-se ainda mais reveladora. Pouco ficava à imaginação quando os seios pareciam querer pular para fora do decote e as coxas ficavam amostra.

            - Tira. – Disse ele após uma breve análise. – Quero vê-la sem nada.



            Beatriz notou que Sebastian continuava frio. Desejou seu corpo, claro, como qualquer homem desejava uma mulher que se colocava à disposição. Mas não havia a mesma ânsia de quando a viu no elevador do hotel ou quando esteve na boate. Agora que ela já estava ali para satisfazê-lo, agora que já a tinha comprado, parecia ter perdido um pouco do valor. Com isso Beatriz não contava. E teria de fazer algo para manter seu plano de pé.

            - Não. – Respondeu em bom português.
            - Como é que é? – Sebastian não estava habituado a ter algo negado. – Você tira ou eu arranco. Simples assim, Beatriz. E se eu precisar arrancar, a noite será bem menos agradável...para você, é claro.
            - Tirar eu faço para todos, Sebastian. Você merece que eu faça melhor. Quero dançar pra você. Nunca dancei em particular para nenhum outro. Por favor, deixa...eu imploro.

            Beatriz via o quanto Sebastian era comandado pelo ego e seus desejos. Ali ele sentia-se um rei, dando ordens e comandando a vida de mulheres como ela, obrigadas a lhe satisfazer. Ele gostava de dar ordens e se satisfazer impondo seu poder. Por isso ela se ajoelhou à sua frente e implorou como se realmente desejasse lhe dar muito prazer.

            - Por favor...permita. – Repetiu.

            Sebastian afastou-se dela. E, por um momento, Beatriz pensou que o plano havia falhado. Seria expulsa do hotel e da vida daquele homem sem nem mesmo chegar perto de alcançar o objetivo. Mas ele andou apenas até chegar a uma poltrona, sentou-se e apertou um botão no controle remoto. Uma música tomou o ambiente.

            - Está bem. Dance Beatriz. Dance pra mim. – Concedeu.

            O show de Beatriz teve início. Aquele tipo de sedução nunca foi parte de sua vida. Mas aprendeu muito no período na boate. As mulheres sabiam exatamente como seduzir aqueles homens e fazê-los gastar mais dinheiro com elas. Eles eram enganados e nem percebiam. Ali o objetivo podia ser outro, mas a técnica exatamente a mesma. Beatriz dançou de costas para ele e sentiu a temperatura do local subir. Sebastian a queria, muito, estava vidrado em seu corpo. Ela desceu o zíper do vestido, mostrou às costas e permitiu que a peça escorresse por seu corpo. Ficou diante dele se salto alto e lingerie com cinta-liga. Tudo preto. Estrategicamente, permaneceu de costas, expondo a curva dos quadris, a cintura e as pernas. Ouviu-o gemer quando se abaixou.



            A dança era lenta, combinava com a batida da música e, por um instante, Beatriz teve a sensação de ouvir, ou sentir, o coração de Sebastian bater no mesmo ritmo. Virou-se e lhe permitiu ver seu colo exposto pelo bonito sutiã meia-taça, teve certeza que ele estava vidrado nela, exatamente como planejado.

            - Bonita. E tem o gingado típico das brasileiras. – Ele elogiou. – Mas isso eu já sabia. Tira tudo e vem aqui.

            Beatriz estava disposta a arriscar um pouco mais, levá-lo ao limite. Sebastian é o tipo de homem acostumado a dar ordens e ser obedecido no instante seguinte. Se fizesse isso, seria esquecida após a primeira transa. Sebastian precisava ser contrariado. Só isso a faria ser diferente.

            - Ainda não, Sebastian. – Chamou-o pelo nome, olhando-o nos olhos porque todas as garotas da boate que saíram com ele lhe aconselharam a não encará-lo nem respondê-lo. Preferia o diferente, o desafiador.






            Quando olhou-a de frente Sebastian surpreendeu-se. Desde o primeiro momento que notou-a naquela boate, no dia em que Beatriz levou bebidas em sua mesa, percebeu sua beleza, sensualidade e charme. Uma leoa, imaginou naquele momento. E desde aquele instante imaginou como ela seria na cama. Sua, exclusivamente sua, para fazer o que bem entender na privacidade do hotel.
            Ela, no entanto, conseguiu lhe surpreender. Não era uma leoa, estava mais para loba, daquelas que estuda sua presa antes do golpe. Sua intuição dizia para tomar cuidado com Beatriz. Ela não era como as outras. Deveria freá-la, jogá-la no chão e fazê-la ver quem mandava. Mas não conseguiu. Se ela desejava brincar de sedutora, que o fizesse, o final seria o mesmo, de qualquer forma.



            - O que você quer, bela Beatriz? – Ele perguntou quando ela se aproximou e abaixou-se à sua frente.
            - Você! Simples assim. Te quis desde o momento que te vi.
            - Ainda bem então porque você é minha hoje. Para tudo, exatamente tudo, o que eu desejar.
            - E o que você deseja? – Estavam cara a cara. Sebastian mantinha as mãos despudoradamente apoiadas em seus quadris quanto analisava as curvas de que dispunha.
            - Nesse momento? Que você cale a boca e me faça gozar. – Num movimento só ele rasgou o sutiã e fez a peça cair enquanto apertava os seios até fazê-la gemer. – Eu gostei dessa sua boca atrevida. Mas agora é bom me mostrar que ela sabe fazer outras coisas além de me provocar. Antes que eu me irrite.

            Com Sebastian era sempre assim. De uma mão vinha o golpe, da outra o afago. Seu lado bom, generoso e delicado acariciou Beatriz. A parte ruim, amarga e fria machucou. Sebastian urrou nos lábios dela que nem mesmo ali, de joelhos à sua frente, parecia fraca ou humilhada. Ela o desafiava a usá-la cada vez mais e Sebastian estava disposto a testar sua resistência.
            Sebastian ergueu-se do chão e numa atitude que beirava a brutalidade, puxou-a junto dele até a cama. Minutos depois Beatriz estava completamente nula e amarrada à cama. Nesse momento ela sentiu medo. Ele parecia descontrolado, perdido, sem o domínio das próximas atitudes. E quando tocou-a, deixou rastros em seu corpo.

            - Você é gostosa demais. Eu quero você todinha.
            - Então pega. Sou sua!
            - Não é não...é uma vagabunda sem dono, qualquer um que pagar te come. Hoje sou eu.
            - É, verdade. – Aquele amargou surpreendeu-a. – E já que pagou bem, quem sabe você não come exatamente na mesma proporção?


            Sebastian desistiu de humilhá-la. Beatriz parecia imune ao seu comportamento agressivo. Então ele dedicou-se apenas a receber o prazer que ela parecia tão disposta a lhe dar. E gostou. Gostou mais do que deveria, mais do que planejava. As horas passaram, o dia se encerrou, a noite teve início e eles continuaram na cama.

            - Eu já deveria ter ido embora, segundo as ordens de Gregory. – Ela lhe disse esparramada sobre a cama num intervalo do prazer.
            - Já avisei que você será minha durante toda a madrugada. Amanhã cedo você vai.
            - Ele não deve ter gostado nada disso. Era para eu estar na boate, dançando no balcão. – Ela fez questão de suavizar a voz, torná-la mais frágil. – Não é bom irritá-lo.
            - Esqueça Gregory. Ele não encostará um dedo em você. Ele tem medo de mim. Você devia ter também.




            - Não tenho. Nem um pouco. – Ela disse em palavras o que demonstrou o dia todo.
            - Eu sei. Talvez seja por isso que gostei de você, Beatriz.

            As razões eram muitas. E ao vê-la partir logo que os raios de sol brilharam, Sebastian ficou tentando entender o que ela tinha de diferente. Não era sincera, isso estava em seus olhos, em sua postura, em cada passo que dava. Beatriz era inteligente, esperta e culta demais para se prostituir numa boate. Havia algo de muito estranho naquela mulher.
            Toda aquela sedução era falsa e dispensável. Ela era naturalmente arrebatadora. Estranho como mesmo sabendo que Beatriz não era o que aparentava, seguia tentado a tê-la cada vez mais. Quando viu-a sair, não lhe disse nada sobre um possível futuro encontro. Continuava desejando-a, aquelas horas não foram o bastante, mas antes tentaria entender quem era aquela mulher.

            Quando chegou no alojamento, Beatriz sentia o corpo dolorido. As garotas estavam certas. Apesar de ser delicioso na cama, Sebastian machucava as mulheres, até quando não planejava. Era como se o hábito de ferir fizesse parte dele, algo a que não conseguia dominar, um vício difícil de se livrar.
            Ela andou diretamente até o dormitório, mas no corredor, antes de entrar, encontrou com Gregory. Era muito cedo e naquele horário ele sequer deveria estar acordado. Samantha certamente não estava. E isso era um problema. Apesar de cruel, Samantha era muito útil para manter o marido na linha. Sem ela por perto, Gregory costumava abusar das garotas conforme bem entendia.

            - Isso são horas? – Ele disse, soando como um pai irritado.
            - O cliente quis assim. Aposto que você foi bem pago.
            - Abusada! – Com um puxão de cabelos Gregory aproximou-a. – Cuidado Beatriz! Minha paciência pode acabar.
            - Só cumpri minha obrigação. Deveria ter me negado a satisfazê-lo?
            - Não...mas eu tinha outros para você atender ontem a noite. Está em dívida comigo. – Ele já tinha recebido um recado de Sebastian. Não podia tocá-la, nem feri-la. Mas ainda assim podia castigá-la. – Pegue o material de limpeza. O salão é todo seu hoje.
            - E as outras garotas?
            - Elas estavam aqui ontem. Você não. Vai limpar sozinha. – Disse e se retirou.

            Beatriz limpou tudo e não perdeu o sorriso apesar do cansaço. Apesar de tudo, seu plano foi um sucesso. Estava confiante. Sebastian a procuraria novamente. E mais outras vezes. Seria enredado em suas artimanhas e a tiraria dali. Fugir dele certamente seria mais fácil que de tantos seguranças.

            Pela diferença no fuso horário, Elizabeth acordava quando Beatriz já estava exausta de tanto limpar. Quando uma enfim podia descansar a outra começava a correr com as demandas da justiça. Atividades eram muitas, mas duas ganharam mais a atenção de Elizabeth. O primeiro era a prisão de Pedro Ferraz. Na noite anterior a equipe policial tentou, mas não conseguiu efetuar a prisão. Fariam uma nova busca durante aquele dia. Tinham em mãos o mandado de prisão e Beatriz em breve poderia interrogá-lo.
            No fim da manhã, porém, ela teve de dar atenção a outro compromisso. Chegou apenas 10 minutos atrasada e mesmo assim foi recebida no consultório médico indicado por Miguel com ele lhe olhando feio.

            - Curioso como nas suas diligências você sempre chega pontualmente. – Comentou, azedo.
            - Curioso como agora você resolveu bancar o preocupado com a família.
            - Já pedi perdão pelo meu erro. Você pode até não me perdoar como mulher, mas não pode descontar no meu filho a raiva que sente por mim.
            - Não estou fazendo isso! E não ouse me acusar de nada assim! – Liz agora já estava mais armada de respostar e se protegendo das acusações de Miguel, mesmo que as considerasse verdadeira.
            - Não estou acusando de nada! – Ele respirou profundamente e resolveu por fim àquela discussão. – Vamos entrar logo. A médica está aguardando.

            Ao escolher o médico que trataria de Elizabeth, Miguel preferiu que não fosse Margô, que atendia Alejandra. Não que ela fosse nada menos que uma grande profissional. Apenas seria constrangedor demais. As duas seriam atendidas na mesma clínica especializada em saúde da mulher, mas por profissionais diferentes. A médica escolhida por Miguel para cuidar da gestação de Elizabeth era já experiente, fora sua professora na faculdade de medicina e era especializada no atendimento de gestantes diabéticas.



            - Bom dia queridos. Miguel, é um prazer reencontrar você e ainda mais num momento tão especial. Agora me digam com quanto tempo de gestação acham que estão? – Francisca Cesário, ao recebê-los no consultório.

            Timidamente Elizabeth teve de contar a médica, assumir em voz alta, que vinha se comportando de forma muito errada. Não só desconhecia questões básicas como o tempo gestacional, como tinha certeza que as coisas não iam como deveriam. Para deixá-la mais irritada, Miguel ficava intrometendo-se e falando detalhes ainda mais desagradáveis como seu histórico médico ruim, sua rotina estressante e a recente perda de peso.
            Em todas as vezes que ele fez isso, Elizabeth o olhou feio com o objetivo de fazê-lo se calar. Não conseguiu em nenhuma das vezes. Para Miguel, nada era mais importante do que garantir a segurança dela e do bebê. Diabete, pressão alta e gravidez não eram uma combinação que o agradasse. E ele não se importava de dizer a médica tudo aquilo.

            - Estamos diante de um início difícil, incomum até. Mas isso não significa que vamos entregar os pontos. – A médica ficou surpresa com tudo o que ouviu, mas não esmoreceu. – Sua alimentação daqui para frente será regrada e de qualidade, Elizabeth. Você medirá a glicose e a pressão com regularidade e tomará suplementos. Eu vou te indicar uma lista de exames para serem feitos ainda essa semana. Sem falta.
            - Mas... – Elizabeth já pensou na quantidade de atividades que tinha para cumprir nessa semana.
            - Ela fará todos. E cumprirá todas as recomendações, Francisca. – Miguel intrometeu-se.
            - Ótimo. Tentem me trazer os resultados ainda essa semana. Vamos garantir que esse bebê venha ao mundo saudável.
            - É claro. – Foi tudo o que Elizabeth conseguiu dizer. Lá no fundo era tudo o que esperava. Podia não se preocupar com a própria saúde, agiu assim a vida toda. Mas a do filho não.
            - Então faremos um ultrassom. – Francisca orientou.

            Nervosa, Elizabeth seguiu todas as orientações da Médica e nem mesmo se importou em tentar convencer Miguel a sair. Ele, que há poucos dias tinha visto seu filho com Alejandra num monitor similar, agora podia ver como seu bebê com Elizabeth estava. Nem mesmo o absurdo daquela situação tirava sua alegria. Ali estava seu filho. E ele se emocionou ao ver as imagens e percebeu o mesmo em Liz. Ela agarrou sua mão e apertou com força. Estavam unidos. Não é só o bebê. É o sentimento que o fez ser concebido. Havia amor entre eles, havia algo pelo que lutar.

            - Eu diria que você tem 15 semanas de gestação. É muito. Esse bebezinho já deveria estar maior e com mais peso. Mas daqui para frente vamos cuidar melhor dele. – A médica garantiu.
            - Quase quatro meses. Está bem adiantado. – Miguel surpreendeu-se. Liz engravidou antes que Alejandra. – Eu vou cuidar bem deles. Garanto.

            Elizabeth não gostou nada de Miguel falar como se ela fosse sua responsabilidade ou não estivesse ali. Mas ignorou porque sua cabeça estava perdida ainda nas imagens que via. Era seu filho. E vê-lo tornava tudo mais concreto, mais real e mais emocional. Teria de ser muito dura ou muito fria para ignorar aquele pequeno ser.

            - Evite se estressar, Elizabeth. Lembre-se que o bebê sente o mesmo que você, em cada minuto do dia. – Foi a orientação final de Francisca.

            Elizabeth saiu do consultório convicta em seguir as orientações da médica. Ela, e Miguel, estavam certos. O bebê não era culpado do fim de seu casamento. Infelizmente, sua decisão em manter a calma durou apenas três corredores da clínica. Quando ela e Miguel saíam pela recepção com ele apoiando um braço em suas costas, a voz irritante e excessivamente alta de Alejandra foi ouvida.

            - Mas o que é isso? Miguel! Quando eu preciso que me acompanhe à clínica tudo é muito difícil. Mas aqui está com ELA? Por quê? - Alejandra ainda juntava as peças. – Não! Ela não...
            - Alejandra, essa clínica não é exclusividade sua e eu venho aqui, com quem eu quiser, na hora que bem entender. Não tenho que te dar explicações. – Miguel tentou sair levando Elizabeth antes que a discussão ficasse pior.
            - Não! Nada disso! Se trouxe ela aqui... – Alejandra continuava gritando.



            E Elizabeth perdeu a paciência. Resolveu dar a Alejandra o tratamento que merecia. E, para isso, aproximou-se mais de Miguel. Ela provaria o gosto amargo daquele veneno.

            - Não precisa segredos, Miguel, querido. – Ela falou como se ainda fossem um casal e viu Alejandra arregalar ainda mais os olhos. – Você não é a única grávida, Alejandra.
            - Não! Você fez isso para tê-lo de volta! Despeitada! Só porque eu estou esperando o herdeiro dos Benitez você tratou de engravidar! Sua...

            O talento de Alejandra para inverter a situação irritou Elizabeth. Mas isso não a fez retroceder. Ao contrário, ganhou ainda mais combustível contra a loura.

            - Sua o que, Ale? Vagabunda, vadia, piranha? São muitas as opções para uma mulher que tenta roubar o marido da outra engravidando. Mas eu prefiro outra palavra: desesperada. Só que a vagabunda desesperada pelo homem de outra aqui é você. Porque eu estou grávida do meu marido. Já você, a gente não tem como saber. – Liz gritou e todos na recepção ouviram.

            Com isso, Liz extravasou boa parte da ira acumulada nos últimos tempos. Miguel sabia bem que aquelas palavras tinham o objetivo de irritar Alejandra. Só isso. Ele não fora perdoado. Ainda assim, sorria vendo Liz agir como se ainda defendesse o seu casamento. Ele ainda podia ter esperança.




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