segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Diaba Ruiva - Passado Revelado: Capítulo 25


            - Se essa garota não começar a falar agora mesmo, não precisará Neal atirar, eu mesmo descarrego essa pistola nela e alego legítima defesa. Quero ver quem irá me contrariar. Agora, diga, Verônica, está disposta a morrer? – O aviso com status de ameaça veio de David e conseguiu o efeito de apavorar a cúmplice de John Turner.

            Verônica até tentou se manter firme como John lhe ensinou. Mas a verdade é que sofreu uma grande decepção ao entrar naquele lugar e perceber que seu pai havia fugido levando Rachel. Ela fora excluída do plano. E agora estava dividida entre seguir leal a ele ou defender a própria vida.

            - Eu não tenho como ajudá-los. Mesmo que quisesse. – Foi o máximo que conseguiu dizer.
            - A não? – David não estava calmo o bastante para conversar nem argumentar. Apenas voltou a lhe apontar a arma. – Pois se não nos tem valor algum, pode morrer agora mesmo.
            - Não! Por favor!

            Verônica era sincera ao dizer que não fazia ideia de onde John estava, nem das circunstâncias em que Rachel se encontrava. John agiu por conta própria e num momento de desespero. Os planos haviam saído do planejado quando Rachel, cansada de esperar por ajuda e ainda confusa com as atitudes adversas de Neal, resolveu fugir.
            Logo que foi amarrada ali por John e Verônica, ela não parou de buscar uma alternativa de fuga. Com os olhos revisou cada cantinho daquele lugar, na busca por uma alternativa de fuga. Fazia uso naquele momento de um dos ensinamentos dados por John em seu treinamento décadas atrás, no tempo em que ele contava com ela como aliada e não como adversária, no tempo em que a amava e não a odiava, no tempo em que ela acreditava em suas mentiras.
            John lhe ensinou a não ser precipitada. A procurar as brechas que lhe davam alternativa a conquistar o objetivo, que, nesse caso, seria escapar do próprio John. Já tinha um plano de fuga montado, esperava apenas conseguir soltar os pulsos para, livre, derrubar ao pai e escapar. Foi ao conseguir soltar as mãos e avanças sobre John que ele a surpreendeu com um tiro. Lá no fundo ela ainda acreditava que ele não apertaria o gatilho contra. Enganou-se. Ele não hesitou em atirar. O tiro atravessou a perna de Rachel e levou ao chão sangrando.



            - Você não aprende, não é mesmo? Entenda, Rachel, eu te ensinei tudo o que você sabe, mas não tudo o que eu sei. – Ele lhe disse ainda apontando o revólver. Agora ela não mais duvidada da sua loucura.
            - Você é um demente. Mas sabe qual a grande alegria que eu tenho, papai? – Rachel gritava enquanto tentava estancar o sangue. – É saber que você pode até me matar. Mas isso só fará com que dê um adeus definitivo a sua pedra dos sonhos. Porque nunca a terá! Ouviu bem? Nunca!

            Descontrolado, John avançou por sobre a filha e lhe golpeou no lado direito do rosto com a arma. Os dois começaram a lutar. Foi quase como nos treinamentos do passado quando rolavam no chão trocando socos e chutes. Só que agora John sofre com a idade e Rachel tenta manter-se firme enquanto o sangue escorria e deixava rastro pelo chão. E lá não havia raiva e o objetivo era ensinar, aqui John desejava ferir e Rachel respondia no mesmo ritmo. Não sobrara nenhum laço afetivo capaz de reerguer aquela relação desmoronada. A boca de Rachel encheu-se de sangue após o golpe dado pelo pai e ela não hesitou em cuspir nele.



            - Mas eu poderei continuar procurando, já você estará queimando no inferno porque apesar de bancar a mãe zelosa agora, nós dois sabemos quantos assassinatos você já cometeu. E sabemos o prazer que sentiu em cada um deles! Você pode enganar o FBI, a MI5 e o Neal, mas EU sei o monstro que criei, filhinha.
            - A pedra está comigo, John. – Rachel teve o prazer de dizer e ver John mudar a expressão no rosto. Sabia reconhecer quando Rachel era sincera. – Meu pai me deu de presente. E só eu sei onde está escondido. Nem mesmo Neal sabe. Me mate John! Me mate e jamais saberá!

            Descontrolado John começou a verificar e rasgar as roupas da filha. Tinha a esperança ou o delírio de que ela estivesse com a pedra ali. Não encontrou, mas viu que ela trazia outra joia no pescoço. Um colar feito em prata e circulado por rubis que trazia a gravação da imagem de mãe e filho.

            - Isso não vale nem o preço de uma lasca do meu diamante. – Disse ele olhando o colar e pensando se lhe arrancava do pescoço ou não. – Me diga onde está o diamante ou eu te mato. E essa gravação em prata será sua última recordação dos meus netinhos. Me leve até o diamante, agora.

            Rachel o apertou entre as mãos. Não sabia que aquela joia era a sua melhor chance de sair viva dali. Mas sentia que John poderia cumprir a ameaça e assassiná-la a qualquer momento. Não tinha mais como enrolá-lo. Iria arriscar.

            - FBI. – Disse simplesmente.
            - O que?
            - Isso que você ouviu.

            John surtou. Sabia que estava num penhasco. Não tinha para onde fugir. E, naquele momento, decidiu que sua vida já não valia tanto assim. Usou toda a sua vida para conseguir um objetivo. E se fosse necessário arriscar tudo para enfim ter o diamante, arriscaria tudo. Ele decidiu então pular daquele penhasco e abriu um armário para de lá tirar roupas e jogá-las sobre Rachel.

            - Vista-se e amarre um pano nessa pedra. Vamos sair e você terá de caminhar. – Avisou.
            - Aonde vamos?
            - No FBI. – O tom dele era tão demente que Rachel não mais reconhecia o pai.

            Rachel e John tinham deixado o esconderijo cerca de 1h40min antes do FBI chegar e encontrar a destruição e nenhum sinal de onde estavam. David era o mais descontrolado de todos e assustava principalmente sua filha. Melissa era acostumada com um pai discreto e totalmente antiquado. Ela sempre soube que o pai burlava a lei quando necessário, porém, nunca imaginou vê-lo apontar uma arma à uma mulher. E nos olhos dele via sua real intenção de usá-la.
            Verônica aceitou ajudar frente a ameaça da morte. Ela estava ali aguardando uma ligação do pai que explicasse a saída do plano. Também havia lhe telefonado, mas ele não atendeu ao telefone. Vivia junto de todos a apreensão. Porque se Rachel estivesse morta, logo ela estaria também.
            A atenção do Primeiro Ministro se dividia na apavorada Verônica que o encarava e em Nohan. Era estranho como, apesar de trabalhar com Nohan por tantos anos, Melissa reconhecia que não o conhecia bem. Havia segredos entre ele e David.

            - Senhor... – Nohan chamou ao Primeiro Ministro. Se em particular eles eram íntimos, em público mantinham a aparência de funcionário e superior. – A informação que me pediu foi liberada.
            - Diga para todos ouvirem. Vocês estão em território americano e eu posso prendê-lo se negar a informação ao FBI. – Peter avisou, lembrando do que David havia solicitado ao escudeiro.



            - O colar que Rachel usa está marcando sua localização. Ainda está perto. O ritmo de locomoção é lento. Eles devem estar a pé. Eu diria que, de carro ou moto, os alcançaríamos em 40 minutos. – Disse para todos e ouviu reações que iam da raiva a preocupação. – O problema é que se ele perceber nossa chegada não hesitará em atirar.
            - Seremos cuidadosos então. Vamos logo! – Foi Neal o primeiro a sair para busca.

            Um a um todos eles iniciaram os preparativos para seguir na caçada. As duplas ou trios se mantiveram. Mozz tratou de lembrar Elizabeth que David havia lhe copiado. E não tardou a pegar o próprio computador portátil para tentar acessar os dados.

            - Não confio nesse Nohan. – Confessou à amiga.

            E ele estava certo em não confiar no amigo fiel de David e embaixador inglês. Nohan era leal apenas a David e não tinha problemas em negar regras ou leis para agradá-lo. David não se apressou. Esperou todos saírem e ficou sozinho com Nohan naquele lugar macabro, marcado pelo sofrimento e o sangue de sua filha.

            - Encontre-os, Nohan. Faça isso antes do FBI. E mate John Turner ou me dê a chance de fazê-lo. Quero vê-lo morto, sangrando. Quero ter certeza que aquele coração não bate mais. – Avisou.
            - Farei isso, Sr. – Nohan confirmou. – E terei prazer nisso. Pode apostar.

            Quando já estavam bem mais próximos de John e Rachel, perceberam pelo radar que eles passaram a se locomover com muita agilidade. Provavelmente chegaram ao ponto onde o bandido tinha escondido um carro e agora alcançavam uma rodovia. Para que ele não voltasse a se afastar, também aceleram em potentes veículos. Para a surpresa de todos, o mapa lhes dizia que John Turner estava seguindo em direção a cidade.
            Isso não fez nenhum sentido para nenhum deles. O normal seria ele se afastar ainda mais levando a refém e usá-la para conseguir a pedra ou tentar escapar e abandonar Rachel – viva ou morta -  quando já não precisasse dela como um escudo. Eles ainda tentavam entender o que se passava quando o telefone de Verônica tocou. Era John Turner.

            - Se quiser ficar viva é bom agir conforme combinamos. – Foi o aviso de Neal. Eles não pretendia matá-la, mas essa parecia ser a única língua compreendida por Verônica.
            - Sim. – Ela lhe respondeu ates de atender a ligação. – Papai! Onde você está? Caffrey conseguiu a pedra.
            - Isso é mentira! Eu já sei que Rachel a escondeu até mesmo de Caffrey.
            - Sim...mas nós pegamos a pedra da irmã dela. Eu o ajudei a roubar, está em minhas mãos.

            Nesse ponto Neal pegou o telefone das mãos de Verônica e assumiu a conversa. Ela realmente parecia bem disposta a ajudar e colaborou convencendo o pai da veracidade das informações. Mas o restante seria com ele.



            - O verdadeiro pai de minha mulher, David Williams, deu um diamante para cada uma de suas filhas. Você ficou com Rachel após tentar roubar uma das pedras. Mas elas sempre estiveram em seu poder. David o fez de idiota todos esses anos. E ao reencontrar a filha, ele lhe presenteou com o diamante que sempre lhe pertenceu. Rachel tem um, bem guardado, como ao que parece ela lhe disse, mas Melissa tinha outro consigo. E não difícil pegar. Onde fazemos a troca? Eu lhe dou o diamante, você devolve minha mulher.
            Aquilo atiçou a ganância de John. Ele poderia pôr as mãos em dois diamantes.

            - Depois que Rachel me der o diamante dela, eu faço a troca dela pelo diamante que está com você. Se conseguir fazer tudo conforme eu mando, Neal, eu a deixo viva. Mas experimente me desobedecer para ver se eu não a mato só pelo prazer de te mostrar quem manda.
            - Não foi esse o combinado!
            - Dane-se. – John disse e desligou.

            Não fazia mais muito sentido seguir John Turner agora que sabiam exatamente para onde ele iria. A sede do FBI. Era domingo pela manhã e desconsiderando a segurança padrão da entrada do prédio, não havia muita gente no FBI.
            Peter então tomou as rédeas daquela operação que saía completamente do esperado. Eles retornaram para a região central de NY onde os escritórios do FBI estavam localizados. Cercaram o local com agentes à paisana e Peter orientou que Rachel e John Turner conseguissem entrar no prédio sem maiores dificuldades. Ninguém deveria atirar contra eles nem impedi-los de chegar ao andar da Divisão de Colarinho Branco. Neal e Verônica estariam esperando por eles. Na saída, depois que Rachel estivesse a salvo, John seria preso.

            - John não sabe que vocês informaram o FBI, por isso não imagina que estejamos aqui. E tem de continuar assim. Só vamos abrir fogo contra ele quando Rachel estiver em segurança. – Peter garantiu.



            Dois agentes estavam escondidos no andar da Colarinho Branco, prontos a agir ao comando de Peter, mas proibidos de atirar sem sua autorização. Ele mesmo esperou no térreo. Assim que John passasse, iria encurralá-lo. Atirar na rua seria colocar em risco a integridade de terceiros.

            Rachel chegou mancando ao destino estipulado por John. A cada segundo que passava ao lado dele, mas via o seu nível de insanidade se elevar. O risco que ele corria de não sair vivo dali era gigantesco. E amargamente ela percebia que já não se importava com isso. Com sorte Neal entregaria o diamante, ela o outro e estariam livres. Com mais sorte ainda o FBI pegaria John e estariam definitivamente livres.

            - Olá. – Ela sorriu e cumprimentou o recepcionista. – Trabalho na divisão de Colarinho Branco. Preciso subir com esse senhor...
            - Sim. Eu a conheço. Só que é domingo. Não tem ninguém lá.
            - É importante. Por favor. – Rachel não se lembrava daquele porteiro. E lhe soou muito estranho ele lhe conhecer. Talvez aquilo fosse uma mãozinha de Peter. – Nos deixe passar sim?
            - Está bem. – Ele liberou a catraca e Rachel teve certeza que o FBI observava tudo.



            Quando passaram pelas portas de vidro do FBI, John logo viu Neal e Verônica na parte mais alta dos escritórios envidraçados. Ates que o ladrão tivesse ideias para qualquer plano brilhantes, sacou a arma e ordenou.

            - Desçam já daí e tragam a minha pedra. Ou ela morre agora. – Avisou claramente antes de voltar a atenção à filha. – E você abra a gaveta onde escondeu o diamante.

            Segundos depois Rachel colocava a pedra nas mãos do pai e ele ordenava que Verônica lhe trouxe-se a outra, idêntica. Aquele foi o momento de mais plena emoção vivido por John em toda a vida. Ele matou, roubou e criou duas filhas para alcançar aquele momento. Chegara a hora de se livrar delas e aproveitar o que conquistou.

            - Cada diamante veio pelas mãos de uma filha. Sou um homem de sorte. – Disse erguendo a arma. – Pena que laços de emoção não são indicados. Obrigado, minhas filhas, mas já cumpriram sua missão na terra.

            - Antes que Verônica tivesse tempo seques de entender o que ocorria, John ergueu a arma e disparou. O tiro atingiu sua testa e fez espirar sangue em todas as direções.

            Neal entrou em pânico. Pensou que a próxima bala estava destinada à Rachel e correu na direção de John que segurava a filha pelo pescoço. Ele encostou a arma na cabeça dela e Neal sentiu o sangue gelar. Com uma perna bamba e fraca pelo sangue perdido, Rachel não tinha chance alguma de se defender.

            - Mais um passo Neal, e ela morre. Rachel será meu escudo para sair daqui. Se alguém tentar me impedir, ela morre.

            A equipe do FBI havia visto tudo pelas câmeras e se surpreendido com a facilidade com ele se desfez de uma filha. A qualquer sinal de que fora traído, ele iria fazer o mesmo com Rachel. Mesmo assim, não queriam intervir.

            - Fiquem todos aqui. – Não queria forçar John a perder o pouco se sensatez que mantinha. – Ele não deve ser interceptado.

            Foi então que Peter percebeu a falta de três pessoas na equipe improvisada. Nohan, Melissa e David deveriam estar ali, mas não estavam.

            - Droga! Verifiquem as câmeras! Eles devem estar no prédio! Henry! Onde sua namorada foi?
            - Eu não sei....ela estava aqui agora mesmo!
            - Está bem! Venha comigo. E Diana, você também, vamos antes que eles façam uma bobagem e terminassem todos mortos. John Turner não se incomodará em fazer dessa fuga uma chacina.

            David, Nohan e Melissa haviam se separado. O político tinha observado tudo de perto, na sede da Colarinho Branco, no décimo andar do prédio. Melissa aguardava nas escadas próximo do sexto andar. Já Nohan estava no elevador.
            Se John tivesse resolvido utilizar o equipamento para descer na fuga, teria dado de cara com ele e levado um tiro no meio do peito. Nohan teria tido o prazer de lhe dar o tiro da morte. Mas ele resolveu descer pela escada, arrastando Rachel que puxava uma perna e, com a arma na cabeça e ainda com a visão da morte de Verônica muito clara, não ousava reagir.
            Porém, quando estavam no sétimo andar ela tropeçou e caiu, John irritou-se e a puxou pelo braço. Aquele movimento o obrigou a tirá-la da mira do revólver e ela resolveu tentar uma reação. Atingiu John com um golpe no estômago e o viu soltar a arma e ela rolar pelos degraus da escada.

            - Ótimo! Agora somos só nós, papai. – Rachel atirou-se contra ele esquecendo-se da dor na perna. Todo o amor que já sentiu por aquele homem agora se transformara em ódio. – Eu vou te matar!

            Rachel e John lutaram por vários minutos. Socos, pontapés e gritos mais tarde, logo o rosto de ambos carregava marcas de luta. Até que Rachel conseguiu correr em direção a arma, mirá-la. O ódio queimava em seu peito. Ódio por tudo de errado que fez na vida.



            Todas as pessoas que matou acreditando fazer o certo porque era isso que ele esperava. Todas as vezes que não sentiu remorso porque era isso o que John dizia ser o certo. E todos as vezes que sofreu calada porque mostrar a dor era condenável. A morte de Nicolle foi culpa dele. A morte de Lis foi culpa dele. John tinha culpas demais para ela conseguir aceitar. Ainda mais ela, a quem ele criou ensinando a não ter piedade.

            - Adeus John! Nós encontramos no inferno!
           
            Neal, David, Nohan, Diana, Henry e Melissa, cada um vindo de um ponto diferente, correram na direção de John e Rachel. Sabiam que um deles iria morrer naquela disputa. E fariam de tudo para evitar. Não por piedade por John Turner, mas por saber que um filho que atira contra o pai jamais tem paz de espírito.

            - Não! - Peter gritou ao vê-la de pé, com a arma apontada e pronta a atirar contra John caído nos degraus da escada. Quem o visse poderia crer ser um inocente. Eles sabiam que não era assim. Por isso Peter e Diana também lhe apontavam as pistolas.
            - Rachel, por favor, não faça isso. – Henry, o único a não portar uma arma naquela operação implorou à amiga. – Apesar de tudo, ele é seu pai.

            Rachel não abaixou a arma, não olhou para o amigo, não piscou. Mas também não atirou. Apenas seguiu encarando o pai e devolvendo na mesma moeda o olhar que ele lhe lançava. Perguntava-se se John tinha medo de morrer por suas mãos e, caso puxasse o gatilho, se conseguiria sentir prazer ou apenas alívio. Remorso certamente não seria.



            - Você não vai me matar, Rachel. – Ele desdenhou.
            - Jura é?
            - Você me ama. Eu sou seu pai. Eu te criei e transformei no que é.
            - É verdade. Pena que talvez eu não goste nem um pouco de ser esse mostro no que você me transformou.

            David, Nohan e Melissa também se aproximaram. Mas nenhum deles fez menção de proteger John ou evitar que Rachel atirasse. Todos os três apontavam armas para John. Ele estava cercado e poderia ser morto por qualquer ângulo. Mas quem tomou a frente foi David.

            - Abaixe essa arma, Rachel. Você não é um monstro, nem vai matar esse homem. – Disse à filha. – Agora.
            - Eu vou sim, não obedeço ordens suas! –
            - Abaixe essa arma!



            David pesava naquele momento direitos e deveres, dores e vinganças, o alívio e os problemas que aquela morte lhe traria. Não, não seria algo impensado. Seria algo sonhado durante décadas. E ele resolveu que Rachel não precisava atirar, mas que ela tinha todo o direito de ver aquele homem morrer. Melissa também pensava no sofrimento que aquele homem lhe causou. Fora ele a impedi-la de ter uma infância normal, em família. Ele merecia morrer. Quando Melissa olhou para o lado viu Nohan mirar com atenção. Conhecia os tiros certeiros que ele gostava de dar. Ele ia cumprir a promessa feita ao seu pai e acabar com John Turner como prova de lealdade ao Primeiro Ministro.
            Quatro armas dispararam ao mesmo tempo, como numa execução. Todos tinham motivo para matar John Turner. A bala fatal, que atingiu o coração, pode ter vindo de Rachel, de Melissa, Nohan ou David. Nenhum deles se importava. John Turner morreu cercado por pessoas nas quais as vidas ele interferiu por ganância, morreu cercado pelo ódio e nem no último minuto recebeu o perdão de nenhum deles.
            Apesar de não entender aquele tipo de comportamento vingativo e rancoroso, Peter não ficou surpreso com o desfecho. Turner colheu o ódio plantado pela vida toda. Morreu com os dois diamantes no bolso. Ficou com eles apenas alguns minutos. Eles não só lhe custaram a vida, como o fizeram perder cada minuto dela.
            David pegou as pedras, limpou-as com seu lenço e entregou na mão de cada uma das filhas. Com um olhar Melissa chamou Mozz e lhe entregou a pedra sob olhares estupefatos. Logo ele teve de se explicar.

            - Eu entendi a mensagem deixada por Neal na casa dele e de Rachel. Ele queria roubar a pedra de Melissa, já que não conseguiu a de Rachel. Mas era arriscado entregar o diamante verdadeiro. Por isso, antes dele roubar, procurei Melissa e coloquei uma replica feita de resina no lugar. A verdadeira sempre esteve em segurança.

            Todos sorriram e ninguém se surpreendeu com o plano de Mozzie. Era típico dele. Os únicos que não estavam atentos aos diamantes e a história de Mozz foram Rachel e Neal. Se o final feliz parecia finalmente ter chegado para todos, eles ainda tinham coisas a dizer. A confiança conquistada nos últimos anos parecia ter desabado nas mentiras de Neal. Mesmo assim, enquanto ela era atendida pelos médicos ele se aproximou. E não hesitou em puxá-la para um beijo.



            Rachel respondeu ao beijo. Mas ele teve gosto de desconfiança e de despedida. Era o fim de seu casamento com Neal Caffrey.

            - Solta Neal. Daqui para frente, quero que fique distante de mim. – Disse gritando cada uma das palavras.
            - Não! – Ele respondeu. – Claro que não! Eu...eeu fiz tudo para te proteger. E você está viva. Sofri tanto.
            - Você mentiu para mim!
            - Não! Eu...
            - Não! Você me traiu, você foi desleal... – Ela sofria dizendo aquilo.



            - Eu te amo. E sei que você também me ama. – Neal insistiu.
            - Amo...não devia, mas amo tanto que não consigo evitar te querer. – Ela reconheceu. – Mas a gente precisa se afastar. Amanhã falarei com meu pai. Vou para Londres com as crianças.
            - Não!
            - Está decidido Neal. – Ela foi categórica.

            Rachel deixou-o sozinho com seu sofrimento e seus problemas. Neal tinha algumas explicações a dar. Entre outras coisas, para ajudar um criminoso, havia invadido o apartamento de Melissa. O fato da pedra roubada ser falsa e dela declará-lo inocente ao assumir que participou do plano livrou-o da cadeia.
            Isso alegrou Peter. Ela uma papelada a menos em sua mesa. Mas ainda havia um defunto a explicar. E ninguém sabia quem seria acusado do assassinato. De qualquer forma, David garantiu que assumiria a responsabilidade.


            - Eu o matei, quando ele ameaçou minhas filhas. Por legítima defesa. Quero ver qual juiz me questionará! – Garantiu. – Agora me deixem em paz. Preciso cuidar da minha família.

2 comentários:

  1. Aiiiii mas o Neal merece uma fria da Rachel mesmo,e amei q esse FDP do John tenha ido pros quinto dos infernos,adorei o David botando banca kkkk do poderoso chefão ė isso ai

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  2. Os dois pais da Rachel são doidos kkkkk. Isso explica muita coisa. bjs e até o próximo cap...o último :(

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