segunda-feira, 31 de março de 2014

Dupla Perseguição - Capítulo 37





            Quando Rachel acordou, apenas Ell e George estavam no apartamento. Sabendo o quanto a situação era ruim, Elizabeth havia expulsado a todos e ficou cuidando de George. Agora, Rachel lhe olhava com gratidão.

            - Sente-se bem?
            - Sim...eu perdi o controle. Foi só isso. – Ela estendeu os braços. – Me dê ele. Eu preciso do meu filho agora.
            - Claro. Eu vou preparar um chá pra você. – Ell se afastou para dar privacidade para mãe e filho.

            Rachel e George só se olharam por algum tempo. Dois pares de olhos azuis conversando. Estavam tristes e entendiam um ao outro. 

            - O papai vai voltar logo. A mamãe promete. Ele não fez nada de errado. Bom...não dessa vez. Consegue esperar pelo papai, não é?

            George se aconchegou ainda mais no colo da mãe e ficou ali, carente de carinho. Se não tinha o pai, queria ficar colado à mãe.

            - Calma filho. A mamãe não vai a lugar algum sem você. – Disse abraçando-o e sentindo o perfume dos cabelos delicados.

            Mas logo teve que se erguer da cama e correr para o banheiro. Um cheiro doce invadiu o ambiente. Elizabeth preparou chá de erva-doce e o cheiro tomou conta do apartamento. Tudo o que tinha no estômago foi embora num enjoo inexplicável.

            - Desculpe, Ell. Não sei o que me deu.
            - Tudo bem...eu nunca soube de ninguém que passa mal com cheiro de chá. – Certa desconfiança passou pela cabeça de Ell, mas ela preferiu ficar calada. – Posso te oferecer outra coisa?
            - Não...eu preciso ir ao FBI, mas vou esperar o Mozz voltar da cadeia para onde Neal foi levado. Eu preciso falar com Peter...
            - Vá, eu fico com George. Sabe que eu cuidarei bem dele.

            Enquanto Rachel invadia o FBI e exigia que Peter tomasse uma atitude para provar a inocência de seu namorado, Neal já estava encarcerado e preocupado com sua situação.


            Ele não sabia o que era pior. Estar de volta ao uniforme laranja, saber que sua mulher e seu filho estavam sentindo sua falta ou a consciência de que foi parar lá porque Alex não tinha noção de seus atos. Ela não era má, nunca foi. No fundo, aquilo tudo não passou de atitude impensada, por despeito. Só que juntando isso a sua fama de criminoso, justificada, comprovada e alardeada entre todos os juízes, poderia amargar muito tempo ali. Precisaria provar sua inocência.

            Para isso, seu advogado estava ali. Mozzie era amigo para todas as horas e situações.



            - Temos decisões a tomar. – Ele já chegou informando. – Você será paciente e tentará que te tire daqui pelas vias legais ou devo tomar atitudes mais drásticas?

            Atitudes mais drásticas significava armar uma fuga e voltar a ser um fugitivo. Agora, com o agravante de ter de fugir com um bebê. Porque ficar longe de George estava fora de situação. E de Rachel. O desespero dela ao vê-lo ser preso foi muito pior do que quando, no passado, ela mesma foi levada encarcerada. Foi emocionante ver claramente o quanto ela se importava com ele. Mas queria-a calma e confiante de que as coisas iam se resolver. E a visão dela desacordada não o deixava tranquilo.

            - Primeiro vamos tentar as vias legais...mas deixe pronta uma alternativa. Se precisarmos fugir, teremos tudo a mão. – Se fosse necessário, iriam fugir.
            - Precisarmos....
            - Eu, você, Rachel e George. – Aquela estranha família não iria se separar. – Escolha um lugar legal Mozz. Um lugar que você ache bacana para o George crescer, caso NY se torne impossível. Venda algumas...coisas. Liquide alguns bens. E compre um lugar confortável. Cuida também para que tenhamos como chegar lá com segurança. Não pode ser uma fuga arriscada, Mozz. E tem que conversar com a Rachel. Se ela der adeus a esse acordo com o FBI, será caçada também, pelo resto da vida. – Nem sabia o que faria caso Rachel resolvesse ficar ali. Não poderia tirar George dela. E também não conseguiria viver sem eles. Não podia perder sua família. – Não posso resolver isso sem falar com ela.
            - Você acha que eu não falaria com ela? Neal, nós somos uma equipe! Eu sei que ela topará. Rachel é como nós! Se você resolver fugir, vamos todos juntos.
            - Ótimo! Se ela concordar, prepare tudo. Documentos para todos nós, o lugar, transporte e dinheiro. Se tudo der errado, nós vamos. – Tinha outras preocupações. – E como ela está? Eu tive que sair antes dela melhorar. A Rachel se descontrola. Aquele desmaio só pode ser por um descontrole emocional...ela é saudável.
            - Ell me disse que ela está bem. Não se preocupe! – Mozz já se levantava. – Cuidarei do plano B...enquanto o engravatado e a Rachel cuidam do A. Peter já vai entrar...Rachel virá mais tarde enquanto Elizabeth estará com George.
            - Dê um beijo nele por mim. – Já sentia a falta de seu menino. – E mantenha a Rachel bem...ela não é do tipo que se deixa ajudar. Fica de olho nela.

            Com um abraço rápido e sincero, Mozzie foi embora. 

            Naquele momento, tudo o que menos Neal desejava era olhar para Peter. Não por ele ter mais uma vez lhe fechado as algemas. Mas a frase ‘sua palavra não está valendo muito’, o incomodou bastante. Era realmente desagradável aquela sensação de que não importava o quando ajudasse o FBI, ele nunca seria digno de confiança.

            Querendo ou não, eles ficaram cara a cara minutos depois.


            - Não importa se você acredita ou não, Peter. – Nem mesmo deixou o supervisão dizer nada. Já começou a falar. – Eu jamais toquei naquele quadro. Tudo isso não passa de uma vingança mesquinha da Alex. E mesmo que você não acredite em uma palavra minha, essa é a verdade. Eu, Mozz e Rachel provaremos isso.

            Primeiro Peter só observou. Depois deixou a raiva explodir.

            - Você, Mozz e Rachel? Pois fique sabendo, Neal, que se eu tivesse alguma dúvida do que aconteceu naquele apartamento, seu habitual parceiro de crimes e sua mulher também já estariam presos! Ou você acha que seria muito difícil convencer um juiz de que eles sabiam que havia um quadro roubado escondido na casa onde eles passam boa parte do tempo?!
            - Não! – Foi a resposta de Neal. – Eles não têm nada com isso! Nada! O acordo da Rachel com o FBI não pode ser prejudicado por...
            - Não é hora de pensar na Rachel, Neal. É hora de se preocupar com você mesmo. – Peter tentou se acalmar. – E é bom você me abrir o jogo. Agora! Tudo, Neal Caffrey! Se você quer ter alguma chance de provar que é inocente!
- Peter ela e mãe do meu filho, quando você vai se dar conta que não importa o que ela fez, é a mãe do meu filho e a mulher que eu amo, e a Alex armou isso tudo só porque eu, e nem o Mozzie aceitamos roubar o quadro com ela. E depois da surra que a Rachel deu nela, Alex quis se vingar ainda mais. Será que você entende agora? 

- Então a Alex te procurou para pedir ajuda com o roubo. Foi isso que eu o ouvi dizer, Neal?

            - Acredita que não fui eu?
            - Se eu não acreditasse em você, Neal, eu não estaria aqui. Pode acreditar! O dia que eu desistir, nunca mais porei os olhos em você. Agora, fale!
            - Ela pediu a minha ajuda e de Mozz para roubar. E a gente disse não. – Omitiu apenas o fato de que eles ficaram bem tentados a participar. – Ela se surpreendeu muito com o fato da Rachel estar na minha vida, conheceu o George e sumiu. Como sempre fez. Eu só tornei a vê-la no dia que desapareceu com George. Nós estávamos um tanto brigados, mas nunca pensei que ela pudesse fazer isso.
            - Então entre o dia que você a avisou que não ia roubar até hoje, Alex só esteve na sua casa no dia que levou George para aquele estranho passeio? – Não foi um passeio. – Naquele dia ela plantou o quadro para incriminar você. Como Mozz não percebeu isso?
            - Mozz às vezes se concentra demais em uma coisa e esquece do resto. George estava dormindo. Ele pegou um vinho e foi para varanda...ele não assume, mas deve ter adormecido também. E Alex não fez isso para me ferrar. Ela queria provar que conseguia roubar sem mim e deixou o quadro lá...ou...
            - Ou o que? Diga Neal.
            - Ou ela precisava da minha ajuda para algo mais do que roubar...ela não queria entregar o quadro, fechar o negócio com o receptador. Queria a minha ajuda ou de Mozzie nisso.
    
          - Sim...e quando chegou no apartamento, encontrou-o cheio de federais e ainda levou uma surra da sua mulher. Ficou com raiva e humilhada. – Peter entendia. – E viu que realmente não teria sua ajuda, resolvendo então buscar o quadro para se livrar dele.
            - Ou porque o comprador está irritado e cansou de esperar. – Essa era a aposta de Neal.
            - Imagino que Mozzie sabe bem de quem você está falando....eu vou investigar Neal. – Ele abraçou seu amigo. – Agora...me faça um favor. Mantenha-se aqui dentro. Sem truques Neal.
            - Ok...será que você pode me fazer um favor também? Mantenha a Rachel ocupada no FBI...e faça com que ela...
            - Fazê-la parar de gritar comigo já foi difícil, Neal. Eu não garanto nada! – Ele lembrava bem como era estar ali, preso injustamente, e preocupado com Ell. – Mas eu vou ficar de olho nela e garantir que não faça nenhuma bobagem que acabe com nosso acordo.
            - Obrigado, Peter.

            Enquanto Peter conversava com Neal, Mozz e Rachel trabalhavam em duas frentes. A primeira era descobrir um meio de provar que Neal não sabia que o quadro estava em sua casa. Algo surreal e que exigiria descobrirem o que fez Alex não entregá-lo logo após o furto. Caso não fosse possível, já estava tudo sendo arranjado para um seguro adeus a Nova York.

            - Espere um instante, Mozz. Está na hora do remédio do George.

            Ela se afastou do amigo e foi até o filho. Ele estava calminho dentro do berço. O olhar caído, triste. Poderia ser por ainda estar doente, é claro, mas a falta do pai também tinha responsabilidade nisso.

            - Ele está tão tristinho. – Disse assim que retornou para a sala.
            - E você, como está?
            - Acabada, Mozz. Destruída com tudo isso. Mas eu não vou me deixar desabar...a gente vai tirar o Neal de lá.
            - Claro que vamos! Não há dúvida disso. – Mozzie guardou os papéis em que estavam trabalhando. – Vá ver ele. Você não para de olhar para o relógio e eu aposto que ele está te esperando.



            Quando o viu, Rachel não soube o que dizer, não soube sequer o que pensar. Já estiveram naquela situação outras vezes, mas era sempre ela a vestir o uniforme. E ela merecera estar ali, assim como Neal também era culpado quando Peter o prendeu no passado. Agora não. Agora tudo não passava de uma injustiça. Neal não combinava mais com aquele ambiente. Ele não fazia mais parte disso.

            Na mais estranha e inadequada das reações, ambos sorriram. Estavam tristes, é claro. E sorriram. Mesmo naquela situação, estavam juntos e não seria um par de algemas e um uniforme laranja a impedir que se sentissem bem nos braços um do outro. Num longo abraço silencioso, reafirmaram que iam superar o problema.

            - Esse uniforme parece nos perseguir, Neal Caffrey.
            - Sim. Mas prefiro um terno de tom elegante. Combina mais com meu estilo refinado.

            Ele tentava se mostrar forte para não apavorá-la e Rachel via o medo disfarçado, quase escondido. Seu olhar o entregava. Neal tinha medo de passar anos ali e não ver seu filho crescer. Ela conhecia bem esse sentimento.

            - Estamos investigando. Não vai acontecer. Você não vai ficar longe de nós por muito tempo. – Era uma afirmação. – George sente sua falta.
            - Como vocês estão? – Nas outras vezes em que esteve atrás das grades, não tinha família. Não tinha com quem se preocupar. Essa era uma experiência nova e mais sofrida.
            - Estamos ansiosos para te ter de volta. – Ela o beijou como se não estivessem dentro de uma cela. – Logo, Neal. Logo. De um jeito ou de outro.
            - Eu preciso que você se mantenha calma, Rachel. O George precisa. Aquele desmaio...você pálida feito papel por aí, estou vendo agora mesmo as olheiras sob seus olhos. Você não pode deixar o nervosismo tomar conta.
            - Eu sei. É que são muitas coisas na mesma hora. Essa pressão do FBI, George doente, suas EXs aparecendo feito fantasmas e agora você preso. Eu perdi o controle. Mas vou melhorar. – Ela garantiu antes de beijá-lo e se despedir. – Vamos encontrar uma forma de provar sua inocência. Até logo, Neal.

            Ao sair, Rachel não foi para casa nem ao FBI. Ela foi até o presídio onde Alex estava presa. Ao contrário de Neal, Alex não era suspeita, era acusada. Isso porque ela confessou o envolvimento no roubo para poder ferrar com Neal. Pediu para falar com ela.

            - Então, Alex...será que pode me dizer porque ferrou o seu amigo quando era a mim que você queria atingir?
            - Você...não Rachel...quem me traiu foi ele. Você pode ter sido a razão, mas quem me traiu foi ele.
            - Neal não te traiu, Alex. Ele não chamou o FBI. Eles agiram pelas nossas costas.

            Alex fraquejou, mas não mostrou nenhuma intenção de consertar as coisas por livre vontade.

            - Ele deveria ter ficado ao meu lado desde o início. Eu participei de muitas coisas só para ajudá-lo e ele não retribuiu. Agora que amargue um tempinho na cadeia. Nós duas sabemos que o Neal sai de lá a hora que desejar. Ele sabe fazer isso como poucos. – As habilidades de Neal o ajudariam a fugir da cadeia caso desejasse.
            - Só que ele não quer sair pela porta dos fundos. Quer deixar a cadeia de cabeça erguida. Quer criar o nosso filho sem ter de se esconder pela vida toda.

            Para Alex, foi esse filho quem fez Neal se afastar.

            - Não se pode ter tudo, Rachel. – Era a resposta final de Alex.

            Como Mozz definiu, se estava contra Neal, estava contra todos do grupo. E o ‘grupo’, estava reunido na sala do apartamento de Neal após o horário de trabalho do FBI. Peter, Ell, Jones, Diana, June, Rachel e Mozz tentavam descobrir algo. Chegaram a conclusão que a chave para descobrirem uma forma de provarem a inocência de Neal estava na razão para Alex não ter entregue o Picasso imediatamente após o roubo. E essa informação, conseguiriam com Robert Owen, o receptador da peça. 



Mozz já tinha descoberto que ele estava muito irritado com o fato de não ter recebido o quadro que foi roubado. Mas porque?

            - Meu palpite é que o Robert já tinha um comprador. Esse comprador sabe que o quadro saiu do museu e não quer ficar sem. Deve estar pressionando. – Mozzie disse.
            - Mas como ele sabe? – Diana questionou. – O roubo não foi divulgado. E amanhã o quadro deve voltar a exposição normalmente.
            - Seja quem for, se desejava o quadro, estava monitorando o lugar e... o museu fechar as portas por tantos dias foi uma grande ‘dica’. – Peter respondeu. – Significa que teremos de manter vigilância. Por que ele vai encontrar outra pessoa para executar o roubo.

            - Sim...mas prendê-lo não resolve o nosso problema. Neal continua envolvido. – Disse Jones.
            Ell ouvia a tudo calada, sentada no tapete da sala, com George a sua frente ensaiando engatinhar. Ele queria se erguer, mas logo caía no chão. Queria pegar algo que estava embaixo de um antigo baú.


            - Rachel...olhe! George está engatinhando!
            - Filho! – Ela deixou a ‘investigação’ de lado e foi ver o filho. Ele ainda estava determinado a pegar alguma coisa. – Deixa a mamãe filmar! Seu pai vai querer ver isso.
            -AAA..AAA – Ele dava gritinhos incompreensíveis.
            - O que é bebê? O que você viu? – Rachel se abaixou para ver o que atraía George embaixo do baú.
            Quando viu, levou um susto. Era um flor feita em dobradura num papel verde limão. A cor deve ter atraído seu filho. Mas era mais importante do que isso. A flor era mais um dos origamis de Alex.

            Peter logo desdobrou a procura de alguma pista. E encontrou um bilhete.

            - Como o FBI deixou isso passar! – Estava inconformado.
            - O vento deve ter levado para baixo do baú e ninguém viu. – June opinou. – Não importa! Leia logo.
 

            - Ela o mandou olhar a pintura de Rachel ‘mais de perto’. Queria que ele encontrasse o Picasso. – Foi a primeira conclusão de Peter. – Você a conhece Mozz! O que ela quis dizer com o resto?

            Mozzie leu e releu o bilhete diversas vezes. O analisou, dobrou, desdobrou e procurou por mensagens cifradas olhando-o por uma lupa. Todos estava já ansiosos quando voltou a falar.



            - Tenho três comentários a fazer. – Disse solenemente.
            - Então faça! – Diana retrucou.
            - O primeiro é: Menino George merece o título de ‘agente-júnior’ de investigação. Ele descobriu a melhor pista que temos...com nem sete meses de idade...e depois que uma equipe inteira do FBI revirou esse lugar. O pequeno-Neal é um gênio em desenvolvimento...graças ao seu instrutor de...
            - MOZZ! – Peter Gritou.             - Vá para o segundo comentário. E é bom que ele seja mais relevante.
            - Ok...é claro que Alex não ‘perdoou’ o Neal por ter lhe dito não. Ela apenas precisava da ajuda dele para uma coisa...só dele. Não servia outro. Ela queria que Neal ‘multiplicasse’ a arte. Ou seja, falsificasse o quadro.
            - Mas pra quê se ela tinha o original? – Rachel questionou.
            - Aí entra meu terceiro comentário: com o roubo ela faturará muito, mas, com a ajuda de Neal ‘muito mais’. Alex tinha dois compradores.
            - E já que quem compra um roubo não sai contando, um jamais saberia do outro. E agora...os dois querem o quadro que foi roubado e não estão nada satisfeitos com ela por não ter entregue. – Foi a conclusão de Peter. – O que significa que ela precisará conseguir não um, mas dois ‘Les Noces de Pierrette’ se não quiser ter dois colecionadores criminosos com ódio dela.
            - Ok...sabemos de tudo agora. – Rachel interviu. – Mas o que faremos?

            Isso ainda era um enigma para Peter e Mozz. O fato de Alex estar encrencada com bandidos não era novidade nem a solução para eles. Se ela morresse, levaria a mentira com ela e Neal teria uma pena para cumprir.

            - Primeiro precisamos que o quadro não volte a ser exposto. O museu vai reabrir, mas sem a peça. – Mozz alertou. – Precisamos que eles não saibam o que se passou. Eles não podem saber que Alex não tem o Les Noces de Pierrette! Se ela ficar desesperada...terá que recorrer ao Neal! E aí ele terá a vantagem.
            - Não posso impedir o museu de expor o quadro. – Peter realmente desejava, mas não podia. Uma ideia lhe ocorreu. – Vou falar com Sara. A seguradora pode pedir isso...alegando que é melhor até a investigação terminar. Ela...gosta do Neal. Vai ajudar.
            - Eu vi como gosta! – Rachel disse, amarga. – Mas como vamos forçar Alex a recorrer ao Neal?
            - Teremos de encontrar esses compradores e fazê-los ir visitá-la, assustá-la. – Mozz já estava trabalhando na identificação deles. – Ela sabe que apenas Neal é capaz de convencer um colecionador de que uma falsificação é verdadeira. Então ela recorrerá ao Neal e ele poderá negociar um acordo, em que ela o absolveu.
            - Não! – Peter negou. – O juiz não acreditará . Ela não pode ficar mudando o depoimento a todo momento. Vamos ter que pegar uma confissão. E provar tudo o que ela armou sozinha, do roubo a falsificação. Aí Neal sai limpo.
            - E ela suja até o pescoço. – Mozzie estava triste em armar um plano contra uma antiga parceira, mas fora culpa dela mesma.
            - É. Só que tem um problema aí. – Rachel lembrou-os de uma peça que não encaixava. – Como Alex vai ‘recorrer’ aos talentos de Neal se ambos estão presos em lugares diferentes?

            Todos na sala se olharam. A resposta era clara e simples. Foi June a dizê-la.

            - É só nós armarmos uma fuga dupla! – Ela estava animada. – Desde a morte de meu marido eu não organizava uma fuga de prisão!

            Dessa vez foi Peter a empalidecer. Eles realmente queriam que ele, um agente federal, participasse de um esquema de fuga para dois presos, a fim de Neal falsificar um quadro?

            - Não! Não! Ouviram bem?! Não. – Respondeu mais que claramente.
            - É nossa única chance, Peter! – Mozz se arrependeu de dividir com Peter o plano. Podiam ter feito tudo sem ele. – Vocês engravatados saberiam de tudo. Neal sai com  autorização de vocês e podemos plantar um localizador na roupa de Alex...ela só não saberá disso. Eles fogem, Neal faz a falsificação e, na hora da troca, você prende quem tem de ser preso e inocenta o Neal!
            
 
            Levou muito tempo. Mas Mozzie e todas as pessoas presentes conseguiram convencer Peter de que, se não era a melhor alternativa, era a melhor que possuíam.
            - Ok, vamos organizar uma fuga dupla.

            Descobrir quem era o primeiro comprador foi fácil. Rachel se aproximou de Robert e num truque já muito utilizado, roubou o celular dele. Apesar de Neal se gabar, ele não era o único com mãos leves na região. Um furto rápido, apenas o tempo de Mozzie revisar os registros de ligações recebidas. Se o comprador estava nervoso e ansioso pelo quadro, era muito provável que estivesse ligando para Robert frequentemente.


            - Há um número não gravado na agenda que ligou todos os dias há mais de uma semana, ontem foram três ligações. – Jones já tinha o suspeito e pesquisava de quem era o número. – Lian Jefferson. Colecionador de arte...34 anos e com alguns processos correndo, um por receptação. Acho que é sim o nosso homem.
            - Ótimo...posso me encontrar com ele. – Rachel disse.
            - Não. – O tom de Peter não era aberto a discussão. – Você já se expôs com o Robert. Diana falará com Lian. Vamos nos concentrar em descobrir quem é o outro comprador. Alguém tem ideia?
            - Nada. – A resposta de todos foi a mesma.
            - Eu vou hoje na cadeia conversar com Neal...atualizá-lo dos nossos planos. Verei se ele não tem nenhuma sugestão. – Já fazia três dias da prisão. – Você o viu hoje, Rachel?
            - Não. Vou no final da tarde visitá-lo. Levarei George.
            - Ok...vou agora então.


            Observando-o, Peter o achou desanimado e pouco confiante. Neal estava calado e cabisbaixo demais. Não parecia Neal Caffrey.

            - O que há? Nunca te vi assim. Nem mesmo preso.
            - Eu estou sem esperança, Peter. É muito improvável que a gente encontre esse segundo cara e, convenhamos, não será fácil convencer a Alex a confessar.
            - Assim você me ofende, Neal. Eu peguei Neal Caffrey duas vezes! Acha mesmo que não vou encontrar um compradorzinho de arte?
            - Você nem sabe quem ele é...
            - Mas sei o que ele quer. Neal! Você tem uma série de amigos agindo por você. Tenha paciência. – Por um momento Peter ficou calado. – Eu sei o que ele quer...sim...é por aí que vamos pegá-lo...
            - Como assim?
            -O museu reabriu ontem e ninguém recebeu um aviso do que houve. O museu não comentou o roubo.
            - E? – Neal não tinha entendido. – Onde quer chegar, Peter?
            - Pense comigo...se você encomendou um roubo e a ladra foi presa, mas ninguém sabe o que foi feito do quadro...de repente o museu onde ele estava exposto reabre. O que você faz?
            - Vou conferir se ‘meu’ quadro está lá. – Neal começava a ter alguma esperança novamente. – Você vai solicitar as gravações.
            - Sim! E algo me diz que alguém foi a sala onde o Les Noces de Pierrette esteve exposto! Nós vamos pegá-lo, Neal. 


            - E depois você vai mesmo me ajudar a sair...para falsificar o quadro?
            - Não...vou participar de uma operação do FBI que vai conseguir provas para manter Alex presa e levar para cadeia outros dois criminosos. Você será inocentado como consequência. No meu relatório, não vou destacar que o meu consultor era o maior interessado.
            - Obrigado, Peter.
            - Não por isso...e coloque um sorriso no rosto...sua mulher e seu filho logo mais estarão aí.


            As imagens de segurança foram certeiras. Logo que o museu abriu um homem entrou e caminhou diretamente a sala onde o Picasso roubado deveria estar exposto. Ficou nervoso ao não vê-lo e saiu irritado. A identificação não demorou muito a chegar.

- Carl Petterson, 39 anos. Um empresário prodígio e, ao que tudo indica, honesto. Parece que seu único deslize é gostar tanto de arte que não deseja dividi-la com mais ninguém...me pergunto quantos roubos já não pode ter ordenado. – Peter concluiu. – Então Diana vai procurar Lian e dizer que deseja comprar um quadro que ele recentemente adquiriu, o Les Noces de Pierrette. Ele deduzirá que Alex está com a peça e está tentando algum comprador que pague mais. Vai visitá-la no presídio para cobrá-la e nosso plano funciona. Ok, Diana?
- Ok, chefe. – Ela se prontificou.
- Já com o Petterson eu acho que a abordagem deve ser outra...ele é muito cuidadoso e tem dinheiro sobrando para ir a um presídio ameaçar a Alex. Ele precisa de um incentivo diferente. – Peter ainda estava decidindo o que fazer.

Rachel teve a ideia perfeita.

- Eu me aproximarei dele...e me oferecerei para roubar a peça. Petterson é um homem prepotente...acha que pode ter tudo com seu dinheiro e não gosta de depender de ninguém. Se o fizermos saber que ele não era o único comprador de Alex...vai desejar sua vingança. Ele a fará saber que já tem outra ladra cuidando do Les Noces de Pierrette.
            - Pode funcionar. – Jones gostou do plano. – Por um lado, Alex ficará pressionada para ter o quadro e poder entregar, por outro, sabe que mais alguém o quer e vai acabar sem o dinheiro dos dois golpes. Pode funcionar.
            - Vai funcionar! – Peter disse indicando que era hora de agir.

            Quando Neal já estava há mais de uma semana preso, Diana e Rachel confirmaram que suas ações deram certo. Lian Jefferson e Carl Petterson tiveram exatamente as reações esperadas as visitas que receberam. 

            - Jefferson foi pessoalmente ‘conversar’ com Alex. – Dia sorriu falando. – Segundo apurei na carceragem, ela voltou para a cela bem nervosa.
            - Ótimo! – Peter confirmou. – E depois recebeu a visita de um homem enviado por Petterson...ele não quis sujar seus trajes indo a um presídio, é claro. Esse homem, logo depois telefonou para ele e avisou que fez o combinado e que Alex disse ser impossível. O quadro estava com o FBI. Ela está desmoralizada com ele, então não acreditaram.

            O plano estava indo bem. Agora o próximo passo era esperar. Alex deveria se desesperar. Enquanto isso, a vida seguia. E não ter Neal por perto era difícil. O visitou várias vezes, levou George, mas queria a privacidade do lar. Para completar, continuava se sentindo doente. E a desconfiança de que não se tratava apenas de estresse ou mal estar passageiro, a estava preocupando. Ela já tinha se sentido assim...uma vez. Claro que não disse a Neal. Ele já tinha preocupação demais na cabeça no momento. E tristeza.
Ele estava perdendo tantas coisas estando preso. Era tão difícil vê-lo naquela situação. Cada dia que passava uma coisa nova acontecia em sua vida, e via o sorriso de Neal, tristeza e felicidade juntos. Não estar lá no  primeiro engatinhar de seu filho doía muito. A lembrança de sua tristeza durante a visita ficaria por muito tempo gravada em sua memória.

- Ele que encontrou o origami de Alex? – Tinha perguntado em uma das visitas com George no colo.
            - Sim...na primeira vez que engatinhou.
            - Eu não podia ter perdido isso. Já perdi tantas ‘primeiras vezes’ dele. Achei que depois que nos reencontramos não perderia mais nada. E agora tudo isso me afasta novamente. – Neal estava deprimido.
            - Falta pouco. – Foi tudo o que ela pode lhe dizer.

            Hoje Neal iria perder outra coisa importante. Completavam os 10 dias de tratamento da pneumonia e ela o levaria ao pediatra novamente. Neal sabia que ele estava bem, mas, mesmo assim, se estivesse livre, não deixaria de acompanhar o filho.

            Atenciosa como sempre, Ell se ofereceu para acompanhar Rachel. Como ela disse, sair com um bebê sempre dava trabalho. Era sacola, carrinho, algum brinquedo. Ter uma companhia era sempre bom. E foi ainda mais necessário do que elas previam porque enquanto esperavam George ser chamado, o cheiro de medicamento impregnado nos corredores hospitalares fez com que Rachel voltasse a ter enjoos. Quando ela correu para o banheiro mais próximo, Ell achou que estavam num bom lugar para tirar uma dúvida.

            - Será que você vai ganhar um parceiro ‘Pequeno-Neal’? – Disse brincando com George enquanto Rachel não voltava.

            Quando ela voltou, Ell decidiu falar sério.

            - Posso não ser mãe, Rachel...mas sou mulher e sei ver essas coisas. Você tem que fazer um exame e confirmar.

            Rachel não podia mais continuar deixando aquilo de lado. Essa era apenas mais uma das suas preocupações. E não ia fugir disso. Só que precisava garantir uma coisa.

            - Eu vou fazer um exame sim...pra ter a comprovação, mas eu não preciso de mais nenhum indício, Elizabeth. Conheço meu corpo. Eu sei que estou grávida...já faz uns dias que eu desconfio.

            - E Neal não sabe, imagino.
            - Ninguém sabe! E vai continuar assim, Ell! Por favor! Me prometa que ninguém mais saberá! – Ell não escondia nada de Peter e isso seria um desastre. – Eu vou contar para o Neal assim que isso tudo acabar. Mas o Peter não pode saber, Ell.
            - Rachel...você não vai poder... -  Ela tentou argumentar.
            - O que você acha que Peter fará quando souber, Elizabeth? Acha que ele vai permitir que eu continue no FBI como agente de campo? Já me disseram que ele não lidou bem nem mesmo com a gravidez de Diana, a quem ele sempre considerou a melhor.
            - É verdade. – Ell foi obrigada a concordar. – Diana só trabalhou até dar a luz porque Peter estava preso, por um engano é claro, quando tudo ocorreu. Se não, provavelmente ele a teria afastado assim que soube. Ela escondeu o quanto pode.
            - Sim. E no caso dela, ser afastada era uma licença maternidade. Pra mim, é voltar pra cadeia. – Era isso que a vinha desesperando. – Droga! Eu não posso estar grávida! Não posso!

            Elizabeth concordou com Rachel. Pelo que sabia, o acordo de Rachel envolvia a MI5 também. Eles a utilizavam em operações importantes e, no geral, arriscadas. Peter não resolvia tudo sozinho. Como ele deixaria uma agente como ela apenas em serviço administrativo? Não! No momento em que Rachel não fosse mais útil aos casos, ela seria devolvida ao presídio. E não havia a menor possibilidade de Peter permitir que ela continuasse no serviço de campo arriscando levar um tiro.

            - Ok...eu não contarei ao Peter. Eu prometo. – Elizabeth gostava de Rachel e, principalmente, sentia por George. Aquele garotinho não merecia ficar sem a mãe novamente. Chamaram George no consultório. – Imagino que você não vai querer fazer um exame de sangue pra não deixar registro. Entra com ele e eu vou na farmácia comprar um teste caseiro. Vai servir pra você confirmar.
            - Obrigada, Ell.

             A consulta era apenas uma formalidade. George estava bem e, mesmo tendo perdido algum peso, ia se recuperar. O médico o examinou e indicou uma suplementação de vitaminas para ele se recuperar mais rapidamente. Mas ele estava saudável. Isso era uma tranquilidade em meio a tantos problemas.

            Deixaram o hospital e apenas em casa, já sozinha, Rachel abriu o teste e confirmou a gravidez. Não podia dizer que era uma surpresa. Ficou olhando para a própria barriga e tentando pensar no que fazer. Não era hora para terem um segundo filho. Nem mesmo se fossem um casar normal, com uma vida comum, seria hora. Eram apenas namorados, George nem completara sete meses. E Neal estava preso.

            De positivo nisso tudo, apenas sua liberação para não ter de voltar ao FBI a cada noite. Podia ficar no apartamento de Neal. Isso, por George, é claro. Também recebia de Peter liberações em intervalos nas investigações para ir ver Neal. Deveria ir ao presídio visitá-lo nessa tarde, mas estava tão nervosa que decidiu não aparecer por lá. Se entrasse no presídio naquele momento, despejaria tudo aos gritos sobre os ombros de Neal e essa conversa não deveria ser assim. Precisavam de privacidade. Precisando de ar, saiu para caminhar. Colocou George em seu carrinho e caminhou pelo parque um pouco. Pena que o ar puro não a acalmou.

            Sentou-se em um banco e ficou olhando o ir e vir das pessoas. Famílias, casais de namorados, alguns mais apressados. Nada de anormal para uma sexta feira no fim da tarde. Isso até observar Henry e Molly se aproximando lentamente. Ela lindamente grávida e ele orgulhoso com uma mão envolta de sua cintura e a outra acariciando a barriga. Por um instante, sentiu inveja daquilo. Sentiu vontade de chorar. Porque aquela cena não era para ela também?

            Só quando já estavam muito mais próximos, Henry ergueu a cabeça e viu Rachel com George. O clima era ruim. Molly e Rachel nunca resolveram suas pendências.

            - Você! – Disse ao vê-la.
            - Eu mesma. – Rachel estava mal humorada. Sem paciência para Molly...mas precisando de Henry. Queria seu amigo. – Como vai Henry?
            - Bem...nós vamos bem, Rachel. E você? – Para evitar uma briga entre Molly e Rachel, Henry não abraçou a amiga como de costume.
            - Bem. Vamos levando. – Ela não queria conversar na frente de Molly. – Será que você pode ir lá em casa hoje? Eu queria conversar...
            - Está convidando meu marido pra ir na sua casa?!?! Escuta aqui sua...
           - Não! Chega! – Henry segurou a esposa. Não queria brigas, em especial com ela grávida. Precisava se lembrar que agora tinha uma família. Uma esposa grávida para cuidar. – Não posso Rachel...eu...não posso deixar a Molly sozinha pra ir te ver. Mas uma hora a gente se fala e...podemos marcar algo eu, Molly, você e Neal.

            Rachel se sentiu magoada, preterida. Não podia acreditar que Henry ia lhe dar as costas. Ele nunca, jamais, deixou de lhe estender a mão.

            - Você tanto fez que conseguiu, Molly. – Acusou. – Nos afastou.
            - Rachel... – Ele tentou consertar as coisas.
            - Não! Fica com ela! E esquece de mim! – E saiu empurrando o carrinho de George sabendo que Molly não permitiria que ele viesse procurá-la.

            Muito triste, Rachel passou o final de semana em espera. Não queria falar com ninguém. Não tinha novidades de Alex, não teve coragem de ir ver Neal e Mozzie a olhava estranho.

            - Eeee tudo bem, Rachel? – Ele perguntou todo cheio de cuidado.
            - Sim, tudo ótimo! Eu só tenho motivos para estar bem, você não acha?
            - Perder o controle não vai resolver o seu problema...eu sei que é clichê, mas é verdade. – Ele pensou antes de voltar a falar. – Falei com Neal...ele estranhou que você não foi vê-lo. Queria saber da consulta do George.

Rachel pensou por um momento. Realmente, teria que ir falar com Neal e abrir o jogo.

            - Mozz...como advogado do Neal você pode solicitar visitas íntimas, certo? Eu queria que você fizesse isso. Quero falar com o Neal com privacidade.
            - Claro. – Mozz sorriu achando que Rachel queria mesmo era acalmar os nervos na cama com o namorado. – Eu solicito...pra logo. Imagino que não vai aparecer no presídio antes.
            - O mais rápido que você puder Mozz. – Ela não se importou com o que Mozz pensava daquilo.

            Mozz ainda estava com Rachel e George quando seu telefone tocou. Era do presídio. E eles sabiam exatamente quem ligava.

            - Alex...que surpresa sua ligação. – Mozz respondeu.
            - Preciso que venha me ver, Mozz.
- Porque? Alex...você traiu o Neal. Eu não quero ir te ver. – Se aceitasse logo ela perceberia a armação.
- Preciso da sua ajuda, Mozz. Muito. – Ela estava realmente desesperada. – Será bom para vocês dois. Quero que faça uma proposta ao Neal.
- Ok...Alex. Eu irei te fazer uma visita então. – Mozz disse pouco antes de desligar e se voltar a Rachel. – Acho que terá uma boa notícia para levar a sua visitar intima com Neal. Podemos começar a organizar a fuga.

E foi isso que o FBI fez. Não seria fácil conseguir as autorizações necessárias para isso. Uma fuga que na verdade teria cada passo controlado pelo FBI, mas onde apenas um dos fugitivos saberia disso. No encontro com Alex, Mozzie apenas confirmou que falaria com Neal. Precisavam ganhar tempo e deixar Alex ainda mais desesperada.

- Diga a ele que será livre e com uma fortuna. Neal topará! Ele tem que topar! Nós precisaremos do original...tem como...
- Eu pegar? – Mozzie sabia jogar com Alex. – É claro. Está no depósito do FBI.
- Ótimo. Você pega, Neal faz uma falsificação perfeita. Nós entregamos os dois e fugimos ricos.
- E Neal permanece com o nome sujo. Será que ele vai topar?
- Ele estará longe! O que o nome limpo ou sujo importa?! Ele não quer sair daqui por causa daquela namorada, mas se Neal for esperto, vai ver que estou certa.
- E se o preço dele não for esse Alex? Se não for dinheiro o que o Neal quiser?
- Ele quer que eu o inocente? – Ela pensou. – Diga para ele me entregar os dois quadros. O original e a cópia e eu...farei isso.

Obviamente, Mozz não acreditou. Mas não importava. O plano estava armado e quando estivessem longe, pensando que estava livre, Alex acabaria por confessar e livrar Neal. Perderia uma amiga, mas salvaria outro. Valia o sacrifício.

            Quando Rachel foi conduzida pelo presídio até a mistura de cela e quarto onde eram feitas visitas íntimas, pensou que aquela era uma das coisas mais constrangedoras que já tinha feito na vida. Até para quem era experiente em prisões, a sensação era péssima. Todos ali achavam que sabiam o que ela veio fazer. Estavam bem enganados. E pelo olhar de Neal ao vê-la, a expectativa dele também era errada.



            - Bom...tantos dias sem te ver...acho que ao menos terá valido a pena esperar! Que bom que você solicitou isso Rachel. – Levantando-se ele veio abraçá-la, animado. – Senti sua falta.
            - Calma aí! – Rachel o afastou. – Não foi bem esse o objetivo da visita.
            - Não? – Agora sim Neal ficou decepcionado.
            - Não. Eu queria ter privacidade para conversar com você...sobre algumas coisas.
            - Privacidade para conversar...ok...temos bastante privacidade. Sou todo ouvidos. Fale!


2 comentários:

  1. Quero ver a reação do papai kkkkkk como ele é inconsequente imagino que irá tirar vantagem da situação! Neal esta bem fértil ein kkkk amo a historia e desejo mtssss capítulos
    melhor fic de todas!

    ResponderExcluir
  2. Elogio de amiga vale?!?!?? Claro q vale kkkkkkkkkkkkkkk Olha se eu fosse a Rachel, ficaria desconfiada pensando na quantidade de filho q ele pode ter por aí. PQ pensa...se com ela é assim kkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    bjsss amiga e abrigada por comentar

    ResponderExcluir