quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Dupla Perseguição - Capítulo 26





            Diana acabou reservando dois quartos. Um em nome de Nick Halden e o outro para Rebecca Lowe. Se Rodrigues recebesse checar, não desconfiaria de nada, mas eles teriam um quarto como segurança. Eles eram interligados. Assim, caso Ruan Rodrigues aparecesse ali, poderiam interferir a qualquer momento. Não sabiam muito bem que tipo de homem ele era, mas a abordagem agressiva dele na festa deixou-os desconfiados. Ninguém imaginava que ele fosse ser tão ousado num primeiro contato. O acharam impulsivo demais.

            - Temos informações de que ele é bipolar, Rachel. Precisa ter cuidado. Mantê-lo calmo. – Disse Neal enquanto ainda estavam sozinhos nos quartos.
            - Não, querido. Tenho que deixá-lo nervoso...o descontrole dele é a nossa arma. No estado normal, ele é controlado e desconfiado...nervoso se solta. É por aí que vamos pegá-lo. Ele gosta de controle...acha que está me cercando.
            - Você gosta disso, né?
         - Do que? De me sentir desejada? Claro. Qual mulher não gosta. – Ela foi sincera. – Mas nesse caso...é ser desejada pelo FBI que me interessa. Acredite, Neal...enquanto faço tudo isso...só penso no George.

            Ele achava bonito vê-la tão leoa pelo filho. Só que era impossível não lembrar de quando também foi o alvo da sua sedução. Também fora assim? Apenas o prazer de tê-lo envolvido para se sentir desejada?

            - Você fez exatamente igual comigo, não foi? Me fez acreditar que estava te conquistando. Eu fiquei feito um bobo...com medo de você ver a tornozeleira. Eu cheguei a montar um FBI falso pra você achar que eu era um agente, não um criminoso. – Parecia tão ridículo.
            - Vocês homens são tãooo óbvios, Neal. – Ela afirmou. – Sim, foi praticamente a mesma coisa. Só que...não era para passar daquilo. Eu só tinha que te induzir ao erro no museu. Te procurei, depois, no FBI, porque precisava te ver.
            - Mesmo? – O ego de Neal gostou disso.
            - Sim! – Ela ria lindamente. – Não sabe o quanto eu pensei, o quanto foi difícil...entrar no FBI é difícil pra mim. Não é só o Mozzie que tem medo! Mas eu fui. Porque queria te ver. Queria continuar com aquela mentira.
            - Pra conseguir seu diamante, talvez?!?! – Ele realmente não esquecia que foi usado. Duplamente. Ela e Hagen o usaram. Ele a contratou para enganá-lo, ela o fez e depois enganou e matou o bandido.
         - Sim...não vou negar. – Nunca negou querer aquela pedra. – Você era o ‘pacote completo’. O homem que eu queria e o que podia me ajudar a conseguir o que tanto desejei um dia. Mas eu NUNCA precisei de você para conseguir o diamante, Neal. Eu desisti dele. Se quisesse, ele seria meu.
            - É? – Disso seu ego não gostou.
            - É! E por você, eu teria largado tudo. Até o diamante. Pena que você não acreditou e me prendeu. – Ela constatou triste.
            - Nunca vai esquecer isso?
            - Não. Esquecer não. Mas como você sabe...não te odeio mais por isso. – Era uma dor que sempre ficaria. Quando teve que escolher, Neal preferiu o FBI.

            Neal veio se aproximando. Queria testar aquele amor e ódio que via nela. Às vezes um pouquinho de ódio podia até ser interessante.









            Quando sentiu-o muito perto, Rachel o afastou. Não queria deixá-lo pensar que ficaria rastejando por ele. Neal a dispensou, ela não iria ficar se oferecendo só porque estava temporariamente fora da cadeia.


            - Pare de me beijar a todo momento! Pare Neal Caffrey!

            - Está reclamando? Não quer mais meus beijos?

            - Não...mas posso querer mais do que beijos! E se eu quiser, não vou aceitar menos. – Era bom que ele entendesse o aviso.


            Ele beijou-a mesmo assim. Depois disso tudo, o que mais desejava era lhe tirar aquele vestido. Ver e tocar, finalmente, descobrir as diferenças que George deixou naquelas curvas. Encostou-a na parede, prensou-a com o próprio corpo. Sentiu seus braços trançados às suas costas. Rachel era a mulher mais contraditória do planeta. Há segundos dizia que não esqueceria o passado. Agora já se derretia em seus braços. Poderiam esquecer tudo e passar uma noite agradável ali, só os dois, só o presente.


            E ouviu a porta se abrir. Eram Peter, Jones e Diana. Inferno!


            - Atrapalhamos? – Diana brincou enquanto Peter só olhou feio.

            - É claro que não. – Neal respondeu.

            - Vou tomar um banho...aproveitar já que no FBI não tem banheira. – Rachel provocou.



            Quando estavam sozinhos, Peter aproveitou para conversar com Neal. Uma das razões para não querer Rachel no FBI era a proximidade com ele. Rachel Turner o tinha nas mãos novamente.


            - Viu bem o que ela fez com o Rodrigues, não?

            - O que quer dizer? – No fundo Neal já imaginava.

           - Ela é mestra em seduzir pra conseguir o que deseja, Neal. No caso do Ruan são os títulos que buscamos...e no seu? Não deixe que ela te faça de bobo, Neal. Não esqueça quem ela é de verdade.

            - E claro que ‘de verdade’ ela é a assassina cruel. – Já estava cansado de ouvir isso.

            - Você sabe que é. – Peter tentava fazer o amigo ver o que para ele era claro. – Veja a facilidade com que ela enrolou o Rodrigues.

           

            Claro que Neal ainda tinha algumas desconfianças. Ela gostava de provocar. Não negava isso. Mas achava que ela era sincera com ele. Tinha que ser. Já tinham passado por tanta coisa juntos...mesmo quando separados, não se esqueceram. Ele a ouviu nos meses da gravidez. A conhecia muito melhor que Peter.


            - Eu dou conselhos sobre o seu casamento com a Ell, Peter? – Neal perguntou.

            - Sim...já deu alguns.

            - Só quando você pediu. – Agora Neal estava sério. – Eu não pedi.

           - Ok...faça como quiser. Só não se queixe depois. – Todos na equipe foram trabalhar.



            A noite seguiu tranquila, com eles apenas monitorando o que se passava na festa pós concurso. A informação era de que Rodrigues já havia deixado o local acompanhado de outra mulher. Isso confirmou a Rachel que aquele show de desejo era apenas tesão. Se tivesse ficado lá, iriam transar e pela manhã ele a dispensaria.


            Neal e Rachel queriam que George viesse passar a noite ali, chegaram a ligar para Mozzie logo após Diana ter ido pra casa para ficar com Theo. Mas foram convencidos por Peter que não era bom para ele. Sempre podia ocorrer de terem de sair rapidamente ou Rodrigues aparecer de surpresa. Ter uma criança ali destruiria o caso e poderia ser perigoso para George.


         - Você se importa de ficar com ele? – Neal perguntou para Mozzie.

        - Claro que ele vai ficar aqui comigo, Neal! Já viu a hora que é? Ele já está no berço há horas, dormindo quentinho.

            - Obrigado, Mozzie. – Não podia existir amigo melhor.


            Jones também se retirou. Ficaram os três ali, na constrangedora situação de dormir praticamente juntos. Rachel ficou em um quarto, Neal e Peter no outro. A divisão não agradou a Neal.


            O relógio marcava 1h45min quando o telefone da suíte tocou. Rachel atendeu imaginando quem era...mais ninguém sabia que estava ali. Neal e Peter também imaginaram do que se tratava e vieram ouvir a conversa.


            - Ligação do Sr. Ruan Rodrigues, Srt. Lowe. – Falaram da recepção do hotel.

            - Pode passar.

          - Isso são horas, Sr. Rodrigues? – Ela disse de cara. – Como terei meu sono de beleza?

            - Você não pode ficar ainda mais bela, Rebecca.

           - É bom ouvir isso. – Seu tom era doce. – Ligou para me desejar boa noite?

          - Não exatamente. Liguei para dizer que vai almoçar comigo amanhã. Mandarei alguém buscá-la. – Não foi um convite. Ele comunicou isso.

            - Vou? Não lembro de ter me convidado para um almoço.

        - Você passará pouco tempo aqui em NY, não pode me negar um pouco de seu tempo. Não irá se arrepender.

            - Ok...aguardarei pelo almoço. Agora me deixe dormir...quero estar bela para você amanhã. – Ela olhou para Neal e Peter quando desligou. – Ansioso, sem noção de horário e com um super ego. Terei um almoço interessante.



           Foram pela manhã bem cedo ao FBI. Era necessário dar andamento aos outros casos. Peter tinha pilhas de papéis acumulados. Neal tinha outras investigações para analisar também e Rachel poderia ajudar...se a equipe do FBI não fosse tão desconfiada. Todos ali sabiam que era capaz, só achavam que confiar nela não era boa ideia. Diana a viu excluída e se aproximou.


       - Não se preocupe. Com Neal também houve isso. – Disse ela mentindo um pouco.

          - Fazer o que? Eu entendo. – Mas Rachel já estava com vontade de voltar ao trabalho de investigação. Fez muito isso na MI5. – Meu filho está chegando. Vou sair com ele.

         - Me ajuda enquanto isso. Tenho que analisar esses papéis. Encontrar falhas na falsificação.

            - Tá bom...mas não sou especialista nisso como o Neal. – Avisou sinceramente.

            - Tudo bem. Ele está discutindo uma coisa com Peter. Vamos ver o que conseguimos...depois ele termina. – Diana gostava e não gostava de Rachel. A achava legal e insuportável na mesma medida. Mas seus filhos conviviam. Era bom manter boa relação. – Seu filho é lindo. Theo o adora.

            - Theo é uma graça também. Tem quantos meses?

            - Faz um aninho mês que vêm. Ainda tenho que ver a tal da festinha de 1 aninho. Minha mãe faz questão de comemorar!

            - Claro que tem de comemorar! É o primeiro aninho dele! – Rachel concordou animada, mas logo depois lembrou de uma coisa. – Eu vou querer que George tenha sua festa também...só não sei de vou estar nela.



Diana sentiu vontade de perguntar uma coisa para ela.



            - Você se arrependeu do que fez, Rachel?

            - Não. – Era duro dizer isso ali. – Eu aprendi muito cedo, Diana, que a gente faz o que tem de fazer. A gente ‘sobrevive’...como dizia meu pai.

            - O David Siegel era um bom agente...você o matou por nada. – Era uma acusação. Dita em tom ameno, mas ainda assim uma acusação.

            - Você nunca matou em serviço? – Rachel respondeu.

            - Sim. Mas é diferente.

         - Por quê? Porque você tem um distintivo? Porque a lei deixa você matar?

          - Nós temos regras. – Diana se defendeu. – Não saímos matando é apenas quando não há alternativa.

        - Eu também não tinha alternativa...Siegel estava no lugar errado e na hora errada. Eu não queria matá-lo. Fui obrigada pelas circunstâncias. – Ela pensou e resolveu se abrir um pouco mais com Diana. – A primeira vez que eu matei, estava ma MI5. Não tive problemas por ter matado...as agências se protegem, nós sabemos disso. Mas aquela morte eu senti. Depois...a gente aprende a não sentir mais nada. Se quer saber? Eu não gosto de ter matado o agente de vocês... o Hagen é outra história.

            - Se não gosta, é porque se arrependeu. – Para Diana era simples assim.

            - Não! Eu não fico pensando nisso. Eu não gostar significa que eu espero não ter que matar mais ninguém. O passado está no passado. – Com isso ela encerrou o assunto.


            Quando Mozzie chegou com George, logo saíram para passear. Não queria ficar pensando nesses assuntos. Eram pesados, difíceis.







            Depois que ela já havia saído, Neal estranhou não tê-lo esperado para o passeio.


            - Aconteceu alguma coisa? – Perguntou para Diana.

            - Nãooo...o assunto ficou meio pesado e ela resolveu sair.

            - Tá...eu vou atrás dela. – Ele avisou.

           - Neal... -  Peter chamou. – O que conversamos fica entre nós. Não quero envolver Rachel em casos que serão resolvidos depois que ela já tiver retornado ao presídio.

            - Ok. – Ele disse simplesmente. Peter estava bolando algo para pegarem Lucy. Melhor Rachel não se envolver mesmo.



            Ele a encontrou e passaram algum tempo no parque com George. Algumas pessoas paravam para brincar com ele. Estava crescido e esperto. As vezes queria que prestassem mais atenção nele e dava gritinhos. Neal o erguia no colo e fazia cosquinhas. Ele gargalhava.






            No meio da manhã retornaram e mais uma vez a ‘babá’ Mozzie entrou em ação. Rachel se arrumou e voltou ao hotel para esperar pelo almoço com Ruan. Teria que ter muito saco para aturá-lo. Não usaria fone, mas tinha consigo um microfone para o FBI ouvir o que falavam. Estava novamente usando cores claras. Ele pareceu gostar.







            Rachel foi ao encontro sabendo que dificilmente conseguiria algo. Em almoços não se costumava beber tanto e sóbrio ele era mais controlado. Seria complicado. Esperava por um homem frio.

Errou!

        Ele estava sim mais frio, porém não mantinha o controle. Ruan Rodrigues tinha um comportamento estranho. Parecia querê-la, mas não estava cortejando-a...era como se ela já fosse dele. Só faltava ordenar que fossem ao quarto. Ela foi se irritando com isso.


            - O que faremos a tarde? – Ele perguntou quando bebiam vinho e esperavam os pedidos.

            - Eu tenho que ensaiar com Nick daqui a 2 hs. – Era bom ele já saber que não terminariam o almoço na cama dele. – Nem posso beber muito.

            - Ensaio hoje? Pensei que as bailarinas descansassem depois de se apresentar.

            - Só dancei uma música ontem. Não preciso de descanso.

        - Pensei que ficaria comigo. – Ele pegou sua mão e a beijou num gesto romântico e agradável. Assim até aparentava ser um homem normal e apaixonado.

            - Não posso. – Rachel respondeu e viu seus olhos escurecerem. Em segundos, transformava-se em outro homem.

            - Você vem comigo! – Reafirmou, agora apertando-lhe a mão.



            A equipe do FBI trocou olhares apreensivos. Neal estava cada vez mais convicto de que Rodrigues escondia mais do que títulos de estado. Ele era um descontrolado. Rachel se arriscava demais. Ele podia surtar a qualquer momento.


            Rachel pensou rapidamente em qual a melhor atitude. Ele era volúvel. Assim como embraveceu, podia se acalmar rapidamente. Fez sua melhor expressão de dor e susto.


            - Querido...assim me assusta. Está me machucando. – Olhou-o fazendo-se de frágil. – Me solte sim? Tenho que dançar. Não posso estar machucada.

            De raiva, o olhar dele agora já demonstrava culpa. Havia funcionado. Talvez Neal estivesse certo. Era melhor não puxar demais a corda. Ele era descontrolado demais.

            - Desculpe Rebecca...sua pele é delicada demais para qualquer toque sem delicadeza. Você é frágil...tenho que me lembrar de te tratar com cuidado. – Os pratos chegaram. – Vamos comer?

            - Claro. – Ela respondeu calmamente.



            - Isso é loucura! – Disse Neal, na van.

            - Ela sabe segurar ele. – Jones lembrou.

            - Mas o cara é pirado mesmo. – Até Peter reconhecia. – Ela tem que ir com calma. Ele não pode se sentir enganado.



            Eles falaram amenidades durante o almoço. A casa de Rodrigues não era assunto. Ele a escondia. Ela não perguntava para não criar nenhuma suspeita.


            Na saída, Ruan a pressionou.


            - Eu posso me despedir de você agora.  Mas um beijo eu quero. Não pode me negar isso. – Disse e veio se aproximando.


            Estavam na frente do restaurante. Ele tomou-lhe a boca de forma agressiva, ela não pode se negar. As mãos lhe seguravam por ambos os braços. Ele a prendia. Era como se soubesse que ela ia se afastar se pudesse. Beijou para que não desconfiasse de nada.


            Ruan foi se animando e uma das mãos desceu para a curva do quadril. Estavam em plena rua e ele a apalpando com se fosse um quarto de hotel.


            - Chega...pare. – Que nojo!, pensava.

            - Não...quero você. – Ele simplesmente não percebia onde estavam.

            - Não aqui, querido. – Conseguiu afastá-lo. – Estamos na rua. Veja.


            Ruan se recompôs.


            - Sim...claro. Hoje não...tenho negócios a tratar...mas amanhã a noite você jantará comigo. – Novamente era um comunicado. Ele tornou a lhe apertar o braço. – A noite não tem ensaio, imagino.

            - Não, não tenho. – Teria que enrolar esse homem. – Já pedi pra não me apertar assim, Ruan.

            - Desculpe...é que você me descontrola.



            Despediram-se e Rachel se sentiu feliz em retornar ao hotel. Era emocionalmente desgastante lidar com Ruan. Ele era uma montanha russa!


            O reencontro com a equipe do FBI mostrou que eles também estavam apreensivos. Só Peter mantinha-se igual. Diana e Jones reconheciam que sua tarefa não era fácil. Aturar aquele bipolar com tendência a agressividade, não era nada divertido. Neal achava que aquilo não ia terminar bem. Invadir a casa já lhe parecia uma ideia melhor.


            - Se quiser parar, ok. – Informou-a. Peter olhou-o feio.

            - Não. Eu vou até o final. – Ela respondeu.  
      

            Já estavam armando um plano para o tal jantar. Descobriram que o hotel onde seria realizado, tinha mesmo um restaurante muito conhecido, mas Ruan não fez nenhuma reserva.

            - Ele tem um apartamento lá. – Diana informou. – Provavelmente vai pedir o jantar no quarto...isso se tiver comida.

        - O cara é descontrolado e não vamos estar nem perto. – Jones confirmou. – É arriscado.

            - Nem tanto. – Rachel mesmo já sabia o que fariam. – Eu terei que embebedar ele...talvez drogá-lo.

            - Não. – Peter disse. – Aqui você vai trabalhar sem drogar ninguém. Isso não está nos métodos do FBI.

            - A é???? – Rachel o olhou bem nos olhos. – Então você só tem duas opções: desiste dos títulos ou vai lá se deitar com ele.


            Peter não gostava de ser pressionado...mas teve que aceitar que não podia exigir que transasse com o cara e, sóbrio, era o que Ruan exigiria.


            - Vai embebedá-lo e? – Disse permitindo que ela continuasse.

          - Não serei eu. Ele tem que ter certeza de que não fiz nada para evitar a...noite de amor. Alguém vai trazer e servir a bebida. Esse alguém terá que colocar algo na taça dele.

            - Boa noite cinderela. – Simplificou Neal.

         - Sim. Mas muito discreto. Aos poucos. – Ela caminhava enquanto falava. – Vou beber e fazê-lo beber muito. Vamos pedir outra garrafa...e ganhará mais uma dose de remédio. Se puder pedir a terceira garrafa, pedirei.

            - Só cuide para você não ficar bêbada. – Disse Jones apenas para receber um olhar mortal de Rachel. – Foi só um aviso.

            - Quando amanhecer ele não vai lembrar o que se passou. – Ela finalizou.

            - Ma isso enganará ele essa noite...e depois? – Diana perguntou.

           - Vou ter que conseguir entrar na casa logo...vou encontrar um meio.

            - É loucura! – Neal disse. – Não pode ter certeza de que vai terminar assim a noite. E se o cara resolver não beber?

           - Farei com que beba. – Sabia que conseguiria. – Agora quem levará as bebidas? Tem que ser ágil com as mãos e não falhar. Vai ter que colocar o remédio da taça sem que ele veja porque se batizar o da garrafa, eu beberei também.

       - Para Neal seria fácil...mas ele já o conhece. – Peter disse. – Podemos treinar alguém para isso até amanhã. É só o jeito de segurar a garrafa.

            - Não pode falhar. – Jones disse.

       - Não precisa treinar ninguém...só conseguir uma babá. – Todos olharam para Neal. – Mozzie faz isso até de olhos fechados.



            Claro que Mozzie topou na hora. Fazer uma armação dessas...e com a autorização do FBI não tinha preço.






            - O bom e velho golpe do boa noite cinderela. Será divertido! – Ele adorou.





         Entre preparativos, descobriram que Ruan também estava planejando coisas para esse jantar. No hotel foi entregue um caixa com um lindo vestido para ela usar. Não só o vestido. Havia o traje completo, inclusive as peças íntimas e era de muito bom gosto.


            - Claramente, ele conta em vesti-la e despi-la. – Disse Neal.

            - Conta, mas não o fará! – Ela estava segura.



          Estavam todos reunidos no quarto do hotel quando foram informados de que Rebecca tinha uma visita.



        - O Sr. Rodrigues deseja subir até seu quarto. – Disse a recepcionista.

        - É claro...diga que suba. – Ela disse.


            Rapidamente, todas as coisas do FBI foram retiradas da sala e eles criaram uma estratégia. Em poucos minutos de conversa, ela diria que tinha um compromisso e ‘Nick’ apareceria para confirmar a história.


            Admiraram-se. Dessa vez, Rodrigues estava o mais agradável dos cavalheiros. Trouxe-lhe um presente que conseguiu surpreendê-la. Uma joia. Um par de lindos brincos.






           - Quero que use com o vestido que lhe mandei. Gostou? – Ele estava quase frágil de tão ansioso pela resposta.

            - Sim. Adorei. É tudo lindo. – Ela sorriu. – Você me vestiu dos pés a cabeça para o jantar.

            - É porque quero tirar cada uma das peças. – Respondeu Ruan, já mais animado.


            Ele não se convidou para ficar. Foi embora após mais um beijo relâmpago e voraz. Só faltava engoli-la. Mas foi.

E eles tiveram mais tempo para planejar a noite.

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