segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Dupla Perseguição - capítulo 10


            O plano era simples. O restaurante mais amado e desejado por Elizabeth tinha ligado para confirmar para amanhã as reservas que ela fez há muito tempo. Tanto tempo que ela nem lembrava mais. Enfim...deu trabalho para Mozzie conseguir, mas valeria a pena. Seria a oportunidade para Neal falar com Rebecca. Fazê-la entender que...na verdade ele não sabia bem o que falaria pra ela. Tinha a alternativa de convencê-la a ficar na cadeia e lhe entregar o bebê para criar. Ou podia dizer que ajudaria a fugir em segurança se ela lhe permitisse conviver com seu filho. Mas como conviveria com o filho se ela estaria longe e ele preso por aquela tornozeleira. Não...nesse caso ele seria obrigado a fugir junto com Rachel.

            - Jantarzinho com a esposa...boa noite pra você, Peter. – Neal disse quando deu 18hs e todos saíam do escritório.
- É...mas eu te falei...Elizabeth me apareceu com isso hoje. Eu não fazia ideia. Tinha um monte de papelada pra adiantar.
- Aaaa Peter, mas você não pode fazer isso com uma mulher como a Elizabeth. Sempre tão presente, tão leal. Ela merece uma noite romântica. Eu se fosse você até esticava a noite em algum hotel...sei lá.

Peter olhou desconfiado.

- É...talvez. E você?
- Eu? Eu o que?
- Nenhum novo interesse amoroso...desde a...
- Nem diga o nome dela, Peter. – Droga! Ele não ia desistir. – Eu e a Lucy jantamos esses dias...quem sabe você não foi um ótimo cupido. Mas chega de falar de mim. Vá cuidar da sua esposa enquanto eu vou cuidar...do Mozzie.

O plano era simples. Mozzie ficou acompanhando o receptor durante todo o dia. Não houve nenhuma mudança de plano aparente. Rachel sairia de seu esconderijo hoje a noite. Ele iria para o seu apartamento onde Mozzie iria usar o aparelho que vinha testando nos últimos tempos. Ele confundia o sinal da tornozeleira por algum tempo. Se conferisse, Peter veria no relatório que ele passou a noite em casa, exatamente como falou que faria.

Mas, quando Rachel chegasse no seu antigo apartamento e esconderijo para pegar o que desejava, ele estaria lá. Conversariam e depois ele voltaria para desligar o aparelho e voltar a ter sinal na tornozeleira. Era simples. Não tinha porque falhar.



Quando caiu a noite Rachel estava pronta. Não tinha muito tempo. Tudo estava bem planejado e cronometrado. Dessa vez pretendia usar o trem e um ônibus para voltar. Sem furtos para não chamar a atenção. Tinha saído de casa com o casaco bem apertado para disfarçar o máximo possível o ventre. Os cabelos estavam para dentro do capuz. Tudo daria certo. Às 11h30min entraria na casa. Antes da meia noite já estaria na rua com as coordenadas que John lhe deixou. Elas estavam muito bem escondidas, costuradas no forro falso de uma das cortinas. Eles não procuravam por nada assim. Não tinham porque revisar suas cortinas e, mesmo que tivessem usado cães farejadores, eles não encontrariam.
Dessa vez não ira arriscar ser pega pelas câmeras do metrô. Sabia que há duas quadras dalí havia uma transportadora de móveis. Eles trabalhavam a noite. Então o plano era pegar uma carona em um dos caminhões de carga que saíam do depósito por volta das 12hs. Seria fácil saltar próximo a qualquer rodoviária e ir confortavelmente pra casa. Antes das 5hs da madrugada estaria de volta a segurança do seu esconderijo.



Neal olhava para o relógio com desespero crescente. Estavam há horas tentando desativar a tornozeleira e nada. Já eram 11hs. Rachel já devia estar na casa. Ia perdê-la.

- Chega Mozzie..eu vou assim. Dou uma desculpa qualquer para o Peter.
- Não! Se o Peter colocar Rachel na cadeia...seu filho vai precisar de você solto lhe trocar as fraldas. Eu já estou quase conseguindo.

Quando Neal estava já quase surtando pela tornozeleira estar frustrando seus planos, ouviu o toque do telefone. Era Peter.

- Só o que faltava!
- Atenda. Falta pouco. – Mozzie respondeu.
- Você está me dizendo isso há meia hora. São quase 11h30! – Ele respirou fundo. – Fale Peter. Não me diga que sentiu minha falta logo hoje...com Elizabeth.
- Onde você está? – Ele foi seco.
- Em casa. O que houve? – Será que dispararam algum alerta ao mexer na tornozeleira?
- Estou passando aí pra te pegar. Parece que a polícia de Nova York recebeu um alerta...estavam de tocaia...não sei...mas parece que a Rachel apareceu por lá.

Ele gelou.

- Pegaram ela?
- Ainda não. Ela entrou no prédio, mas não saiu. Vão prender quando sair...eu pedi pra evitarem a violência. Pelo bebê. Se é que ela ainda está grávida. Mas eu acho que se você estiver lá, você pode tentar fazê-la se entregar. Tenho medo de não segurar a polícia se ela reagir...eles não estão sob o meu comando.
- Como eles podem saber mais que o FBI?
- Não sei...acho que estão especialmente interessados em prendê-la. Ela feriu três deles, Neal.
- Vai direto. Eu vou sozinho. – Sem Peter poderia procurá-la melhor.
- Eu já estou na sua esquina. Desce.
Droga!
- Ok. – Claro que Mozzie foi junto.


O relógio marcava exatamente 11hs28 minutos quando Rachel entrou no prédio. Estava no quarto quando teve sensação de ver uma luz passar pelo vidro da sala. O apartamento ficava no terceiro andar. Sentiu um arrepio no pescoço. Tinha algo errado. Correu até a cortina e sorriu ao ver seu tesouro particular ali, esperando por ela. Com ele podia recomeçar a busca para cumprir a palavra dada ao pai.
 
- Pronto. – Disse ao guardar na bolsa as folhas antigas. – Agora é só dar adeus a Nova York.

Desceu as escadas de serviço do prédio teve uma sensação de formigamento ainda mais forte. Espiou pela porta e viu que alguém a esperava. Era uma emboscada. Sentia o cheiro da polícia. Estavam esperando pra pegá-la. Desgraçados! Esperem sentados! Tornou a subir as escadas. Havia uma ligação com o prédio ao lado, pela saída de incêndio. Se conseguisse passar  e entrar em algum apartamento do outro prédio. Teria como sair. E seguir com o plano exatamente como antes. Deixando os imbecis do FBI amanhecerem ali, ao relento, no seu aguardo.
Depois de olhar e ter certeza de que não seria pega, saiu pela janela e caminhou na ponta dos pés pelo peitoral até ficar de frente a outra vidraça, que percebia estar destrancada. Esticando-se, passou para o prédio vizinho.
Foi assim que Neal avistou Rachel. Dependurada na janela do prédio ao lado dos que os policiais a esperavam sair. Ela era louca e fantástica na mesma medida. Mozzie também viu.

- O que há Neal? Algo errado? – Disse Peter olhando...mas quando ele focou o local certo ela já não estava mais.
- Não, Peter. Eu só to nervoso. – Era verdade.
- Eu imagino. Mas essa tocaia pode ir longe. É melhor você ficar com o pessoal. E se acalmar.
- Eles têm certeza de que ela tá lá dentro?
- Sim. Não saiu. – Peter respondeu.
- Eu vou dar uma volta. Reconhecer o local...tentar imaginar como ela pretende fugir. O Mozzie pode te acompanhar ou vir comigo se quiser.
- Eu vou ficar com o engravatado...assim os outros não me prendem. – Disse o amigo.

Ele e Mozzie tinham uma relação tão antiga que o parceiro sabia que devia manter a atenção de Peter distante do prédio vizinho e segurá-lo ali o quanto mais. Diante da mudança de planos, Neal avaliou que o melhor era ir pra saída dos fundos do prédio e esperar. Entrar podia atrair atenção.


Rachel rapidamente conseguiu sair do apartamento silencioso. Todos dormiam e não foi difícil abrir a porta. Agora era ser discreta e deixar o lugar, a rua e a cidade.
Já na rua saiu caminhando a passos rápidos, mas displicentes. Não podia parecer uma fugitiva e havia policiais na área. Quando dobrou a primeira esquina, percebeu que alguém lhe seguia. Acelerou o passo. Pulou um muro e entrou num galpão. Não era o da transportadora, mas serviria para acabar com quem estava no seu encalço. A arma estava em punho. Quando ele entrou, viu que não a utilizaria.


- Neal! Por que eu não imaginei que você estaria envolvido em uma tocaia contra mim.
- Não é nada disso. Nós precisamos conversar...nós temos muitas coisas...
- Quantas vezes você acha que eu vou cair nesse golpe, Neal Caffrey? Você deixou muito claro que não deseja nada de mim.



- Não...a gente tem que conversar.
- Se afasta! Já chamou a polícia pra me prender? – Ela estava feroz.



Achando que não adiantava discutir e que o melhor era mostrar, também sem estar muito seguro de sua ações...puxou-a para seus braços. E num beijo forçado, mas com toda a paixão acumulada nos últimos meses, disse-lhe, de forma silenciosa, o que queria dela.
(desconsiderem as algemas)


As bocas foram tomando vida própria e nenhum dos dois coordenava mais o que fazia. Apenas queriam um ao outro. As mãos dele estavam nos cabelos dela. As mãos dela no peito dele. Só não tiraram a roupa ali mesmo porque o arroubo de paixão foi atrapalhado pelo barulho de sirenes. A polícia já tinha descoberto que Rachel não estava mais no antigo esconderijo.

- Você me traiu mais uma vez! – Ela sacou a arma apontando pra ele



  (desconsiderem as algemas)


- Você não vai atirar, Rachel.
- Não se aproxime.
- Já da pra notar a sua barriga. – Ele disse realmente impressionado. – Eu quero te ajudar, ficar com você.
- Mentiroso.
- É meu filho, Rachel.
Ela não pode negar.
- É, é seu...tá olhando bem pra ele? Vai ser o mais próximo que você vai chegar dele, seu traidor.

Ela ouviu gente arrombando a porta do galpão e correu para os fundos. Atirou na lâmpada para não terem visão da onde ela estava. Ouviu mais tiros. Dessa vez ela era o alvo. Tinha que correr até chegar ao depósito e seguir sua rota de fuga. 

Ao fundo, enquanto pulava um muro, ouviu Neal gritar.

- Não atirem! Não atirem! É uma mulher grávida. Não atirem!

Ele não parecia ser ouvido porque os disparos continuavam.

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