sábado, 1 de fevereiro de 2014

A Mentira - Capítulo 32: O destino...

Fazia apenas 2 semanas que Ana não tinha notícias de Christian. Elliott não trazia nenhuma informação. Ela tentava se convencer de que era melhor assim. De que, sem ele, estava em paz, não tinha que lidar com suas mudanças de humor nem arroubos de raiva.

            - Ana...eu vou pra empresa. Você vem mais tarde? – Gail disse ao bater na porta do quarto.
            - Sim, Gail. Logo eu vou estar lá.
            - Não se apresse. Você não tem reuniões marcadas pra logo cedo.
            - Tá bom...eu vou descansar mais um pouquinho.

            Mas o descanso foi sendo tomado por uma sensação de apreensão. O coração foi ficando acelerado. Queria pegar o telefone e ligar para Grey. Dizer pra ele que viesse vê-la, que podiam conversar e que o bebê era, obviamente dele. A agonia foi crescendo até que tomou coragem e pegou o telefone. Por um longo tempo deixou tocar. Nada. E mais uma vez. E outra. Depois de várias tentativas, deixou uma mensagem na caixa postal: ‘Olá! É a Ana...você já deve imaginar...pela voz e...eu quero falar com você, Chris. Eu...eu...pessoalmente a gente conversa. Me liga”.

            Continuou esperando. Foi para empresa e trabalhou o dia todo angustiada. Por que ele não ligava? Sentia que havia algo de errado. Christian costumava andar com o celular. Se não atendeu, logo verificaria a caixa de mensagens.

            - Calma, Ana. Não aconteceu nada. – Kate tentou acalmá-la.

            Mas foi o dia todo assim. Sem notícias e sem ligação de Grey. E ela quase infartando. Desmarcou o jantar que tinha com José e foi pra casa. Tomou banho e se deitou para assistir ao noticiário. Seu coração, já apertado, praticamente parou ao ver reportagem quanto as fortes chuvas que tomavam o interior de Mato Grosso. Áreas imensas estavam devastadas pela água e muitas pessoas desaparecidas.

            De alguma forma, sem que ninguém precisasse alertá-la, sabia que Christian estava entre os atingidos. Seu coração dizia que ele não estava bem. Sem pensar muito, ligou pra Jacob.

            - Olá, Ana? Algum problema? Você e o bebê estão bem? – Ele estranhou o horário dela telefonar.
            - Sim, estamos. Você viu do temporal e...
            - Vi sim, Ana. Nas minhas terras foi tudo ok...mas a cidade sofreu bastante. Eu estou preparando o avião com suprimentos e vou para lá antes de amanhecer.
            - Eu não consigo falar com o Christian, Jacob. Eu vou com você.
            - Tem certeza, Ana? Aquilo parece que está o caos...tem muitos desabrigados, pessoas desaparecidas e...
            - O Grey pode ser um deles. – Ela disse.
            - Ana, a fazenda não fica numa das áreas de risco. A chance é pequena dele ter sido afetado.E você está grávida. Não é um ambiente adequado.
            - Eu sinto que ele está em risco, Jacob. Me leva com você, por favor.
            - Ok. Vou pedir para o motorista ir te buscar ás 5hs da manhã. Durma, Ana. Vai precisar ter energia...e...veja se Gail quer ir também. Eu imagino que o ex marido dela, como médico da cidade, deva estar com problemas.
            - Sabe se James está trabalhando...se está bem?
            - Não tenho notícias dele...por isso estou enviando médicos. Ana...a parece que houve um desmoronamento. A comunicação está cheia de problemas...não tem como sabermos de muita coisa.
            - James devia estar com Grey...eles andam muito juntos pela fazenda e pela cidade...eu vou falar com Gail e a gente te espera. Obrigada, Jacob.

            O relacionamento de Gail e James tinha realmente terminado. Ela não sentia mais nada pelo ex. Isso não significava que ela não se preocupasse com ele. Nenhuma das duas dormiu naquela noite.
            A viagem de avião foi calma, sem turbulências, mas longa e difícil como atravessar um deserto sob o sol. O conforto do avião não amenizava o desespero. Aterrissaram num campo de pouso temporário e se depararam com o caos total que havia tomado a cidade. Pessoas estavam abrigadas na igreja e no ginásio de esportes, toda uma área fora alagada e muitas casas desabaram. Depois de muito procurar alguém conhecido, avistou Jéssica. Não era a pessoa favorita, mas a chamou e pediu por informações.

            - Você...aqui?
            - É. Eu, aqui. – Disse seca. – Onde está o meu marido? – Nessas horas o sentimento de posse voltava.
            - Seu marido? – A outra provocou.
            - Responde menina. – Gail se intrometeu.
            - Ora...as duas se mandam pra cidade e largam seus homens aqui e agora querem ter algum direito.
            - Fala garota! Ou eu te meto a mão na cara! – Tinha muita raiva acumulada pra ficar calada. – Agora!
            - Nãot tenho medo de você! – Ela respondeu. – O patrão e o James subiram a serra pra ajudar os desabrigados...e não voltaram.
            - Como assim não voltaram? – Gail se desesperou. – Ficaram lá tratando das pessoas.
            - Não tem como tratar de ninguém lá. Eles iam ver se tinham sobreviventes e iam voltar. Ninguém sabe o que houve. Estão preparando um grupo de resgate.
Ana forçou algumas palavras a saírem de sua boca. Estava em choque.
            - Eu vou nesse grupo. Eu vou encontrar o Christian.

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