sábado, 25 de junho de 2016

Alguém Para Perdoar - Capítulo 8

       Não se tratava daquele carinho, lento e cheio de sentimentos com que Milena estava habituada. Nem mesmo da forma doce com que Nathan lhe beijava em sonhos durante esses anos de solidão. Aquele beijo foi ficando mais intenso, mais  irresistível e até mesmo o ar parecia lhe faltar. Conscientemente, sabia que deveriam parar. Estavam sob o parreiral de sua família e Maria Fernando brincava ali perto, poderia vir vê-los a qualquer momento e surpreendê-los naquele instante de intimidade. Mesmo assim, sentia-se entregue e não conseguia se afastar.
            Percebeu quando Nathan afastou os braços que lhe apertavam a cintura e sentiu um calafrio. Desejava que ele ficasse exatamente ali, grudado ao seu corpo e lhe transmitindo todo aquele calor. Mas agradeceu quando sentiu aquela mão passear pela curva de seu quadril, apertar seu traseiro e coxas. Não lhe passou despercebido quando Nathan foi subindo seu longo vestido, desnudando suas pernas até que pode tocar a pele das coxas e sentir sua textura. Ela estava entregue e louca para se atirar no solo junto dele e livrar-se de todas as roupas.

            - Por mais que eu queira continuar, bella ragazza. Nossa filha pode nos ver a qualquer momento. – Nathan disse quando conseguiu afastar seus lábios dos de Milena. As mãos, no entanto, continuaram a lhe acariciar.
            - Me solta! Você tem razão...isso foi... – O encanto estava quebrado e Milena mal conseguia acreditar no que havia feito.
            - Foi paixão, tesão, desejo...não fuja das palavras. Eu não te forcei a nada.
            - Não disse que forçou. E não eu aqui quem costuma fugir nas horas difíceis. – Ela ajeitava as roupas diante dele e o olhar de Nathan fervia assistindo. – Pare de me olhar assim. Eu...perdi a cabeça, só isso. Não vai se repetir.
            - Vai sim, e você sabe. Porque por mais que eu tenha errado com você, seu corpo ainda se lembra de como somos bons juntos.



            A crua verdade dita por Nathan machucava Milena. Lhe soava muito injusto ainda desejá-lo quando ele lhe fez tanto mal. Mas, disse a si mesma, não importava. Por mais desejo que ele lhe despertasse, não era uma mulher dominada pelo prazer e não se permitiria enganar dessa vez, não quando tinha uma filha a quem proteger.

            - É verdade, Nathan. Por mais que eu tente, não consigo te odiar por completo. Deve ser porque meu corpo o reconhece e sabe que do nosso tempo junto nasceu Maria Fernanda. Ela é o que de mais lindo eu tenho na vida, é dela todo o meu amor, só por ela eu digo que sou feliz. De todo o resto eu abriria mão pela felicidade de minha filha.
            - Nossa! Não esqueça que Maria Fernanda é nossa filha. – Nathan corrigiu.
            - É, nossa. – Naquele instante Milena reconhecia que viver mentindo era cansativo demais. - E mesmo que os anos tenham passado, ainda há um pouco daquele amor aqui dentro, não negarei. Ele não se apagou, mesmo você me machucando do jeito como fez. Mas isso não significa que eu consiga esquecer tudo o que nos aconteceu, voltar quatro anos no tempo e retomar de onde paramos.



            - Nem eu quero voltar no tempo. O passado me traz recordações tristes, Milena. Eu estou...estou mais esperançoso com o futuro. Quero que seja tudo diferente.
            - O que quer dizer com isso?
            - Por todos esses anos que eu passei fora, era atormentado por um sentimento desconhecido por mim até então. Eu lembrava dos nossos momentos juntos e me sentia agoniado. Não sabia o que era esse desespero, nunca tinha sentido por mais ninguém e sei que não sentirei novamente. Por isso voltei, queria sentir novamente o sabor da felicidade.
            - É muito fácil dizer isso quatro anos depois de sumir quando eu mais precisei. Você está encantado por Maria, entendo. Mas não misture as coisas, não nasceu para essa vida em família.
            - É claro que estou encantado por Maria. Ela é a minha filha e eu já a ama. Mas não foi por ela que eu voltei. Não foi por ela que viajei ao Rio Grande do Sul no mesmo dia em que cheguei da Itália.  Depois de tudo que aconteceu por lá, eu vim decidido a ter você de volta pra mim. Já te amava naquela época, apenas não sabia. E agora que sei, não aguento carregar isso comigo em silêncio. Eu a quero de volta.

            Sem palavras, Milena encarou aquele belo homem que em segredo já havia sido seu. Era difícil lhe dizer não. Mas como mãe, sentia ser sua obrigação. Se quisesse ficar, Nathan que o  fizesse pela filha. Eles não tinham futuro, por mais que seu corpo gritasse o contrário.

            -Não, Nathan. Se você pensa que pode vir aqui dizer que me ama e se arrepende, e tudo ficará bem, está enganado. Mesmo te amando não poderei estar com você. Não adianta te amar e não confiar. Eu passaria meus dias esperando por aquele amanhecer em que você perceberá ter se cansado da rotina e fará as malas. Não sirvo mais para isso. – Com amargor ela respondeu. - Mas sei dos seus direitos como pai de Maria, e ela merece saber que é sua filha, mesmo que não fiquemos juntos.

            - Então você aceita que estarei perto de vocês, mas não me quer como homem? É isso? – Ele perguntou, sorrindo, enquanto via lágrimas nos olhos dela.
            - Exatamente. Vou conversar com minha família, contar o que aconteceu e marcar um jantar com você lá em casa.
            - Ótimo. – Ele confiava que aquela armadura contra ele iria cair aos poucos. – Mas eu prefiro estar junto quando você contar.
            - Essa decisão é minha, não sua. – Milena foi dura. Então seus olhos ficaram mais doces quando viu Maria se aproximando. – Eles irão aceitar que resolvemos ter uma relação de amigos pelo bem de nossa filha, como aceitaram que eu fosse mãe solteira. Está na hora de irmos.
            - Está bem. – Ele achava que já haviam avançado muito. Milena reconheceu ainda sentir algo por ele. Apenas era teimosa o bastante para ainda crer que algo capaz de sobreviver a solidão por tantos anos, agora, com ele ali perto, não fosse desabrochar. – Mas não acredito que vamos ser amigos, Milena. Ainda há uma chama entre nós.
            - É apenas isso. Uma chama.
            - No que depender de mim, vai arder feito brasa, daquelas que nem uma tempestade consegue apagar. O desejo não vai morrer apenas porque você quer.
            - Pare de falar essas coisas!
            - Por quê? Não fique tímida quando digo isso. – Naquele momento, o fato de Maria não ouvi-los era bom. - Não é errado sentir tesão por mim. É uma mulher livre. E agora eu também sou um homem livre. Eu te quero também. E não vou mais esconder isso.

            Milena foi embora com o corpo e a mente fervendo. Os pensamentos tentavam imaginar quando seria o melhor momento para informar os pais e os irmãos de quem era o pai de sua filha e, ao mesmo tempo, deixar claro que nada mudou quanto a ela. Já o corpo estava em combustão pela ânsia de estar junto dele. Caso não fosse uma mulher sensata, largaria tudo e iria ao seu quarto de hotel e daria vazão a tudo o que acumulou nesses anos. Por ser sensata, passou direto pelo mãe, pediu a Giovanna que olhasse Maria enquanto se banhava antes de voltar para sua casa na cidade.

            - Está tudo bem, Milena? Não sente frio com esse vestido de alcinhas hoje?
            - Não, mãe. Estou fervendo, se quer saber. – O motivo ela não contou.


...

            Em São Paulo, Márcia arcava com o preço de suas atitudes sem pensar. Alex, que até estão tinha se mostrado um ex-marido inútil, mas que em nada lhe atrapalhava, após seu sumiço sem avisar, resolveu dificultar as coisas. Como Raul havia lhe alertado, ter vindo de Minas Gerais para ver o menino e ser recebido por uma porta fechada, sem que Márcia sequer atendesse ao telefone para dar explicações, irritou o engenheiro a ponto de que, agora, ele se dizia disposto a comprar a briga com a ex.
            Na sua manhã de folga, enquanto ela passava algum tempo junto do filho, o porteiro afirmou que um oficial de justiça a procurava. Ao deixá-lo subir, Márcia descobriu que junto dele estava uma assistente social. E isso já lhe dava uma ideia do que acontecia.

            - O Senhor Alex Salomão então com processo na vara da infância e juventude contra a senhora, acusando-a do crime de alienação parental e de afastá-lo propositalmente do filho, dificultando visitas e impedindo-o de cumprir seu papel de pai.
            - Meu ex-marido não sabe o que está fazendo. – Mesmo furiosa, ela sabia ser importante manter-se serena na frente das autoridades. – Eu não o afasto de Joaquin, apenas não decidirei minha vida pelos desejos dele. E me mudei de Minas Gerais para São Paulo.
            - Ele alega que veio visitar o filho e a senhora descumpriu um acordo.
            - Esqueci de uma combinação feita às pressas e por telefone. Sou uma mulher muito ocupada. Além disso, Alex descumpriu votos bem mais relevantes e feitos na frente de testemunhas. – A mágoa pela traição continuava lá, mesmo tendo-se passado mais de um ano da descoberta.
            - Bom, a senhora assine aqui a intimação, por favor. E compareça a audiência amanha pela manhã.
            - Audiência para quê? Ele quer visitar Joaquim, ok, eu permito. Amanhã terei uma agenda cheia e é melhor resolver...
            - Sugiro que cancele seus compromissos, senhora Campos. Foi uma intimação do juiz, não um convite. Passar bem.



            Na manhã seguinte, Márcia tinha a sensação de encarar um ‘dejavú’. De frente para Alex e o juiz, cercada por advogados de ambas as partes, dessa vez eles não falavam do divórcio nem da divisão de bens. Era Joaquim quem estava em jogo e havia uma expressão debochada na face do ex. Ele não fazia aquilo para feri-la. Conhecia-o bem o bastante para entender que ele apenas vingava o ego ferido por ter sido feito de idiota vindo até São Paulo e não ter visto o filho.
            Calada, ela ouviu a advogada que representava Alex elencar as vezes em que ele tentou levar o filho para passar dois ou três dias em Belo Horizonte e a mãe negou. Contou também de um presente devolvido pelos correios. A experiente advogada também fez questão de relatar ao juiz da breve internação hospitalar de Joaquim devido a uma queda na escola e que Alex só foi informado semanas depois. A tudo, Márcia ouviu calada, elaborando mentalmente sua resposta. Ela conseguia se comportar ouvindo a voz da jurista. Revoltou-se apenas quando Alex tomou a palavra.

            - Tudo o que quero é a chance de continuar sendo um pai presente ao meu filho. E não apenas pagar uma pensão, que sequer sei como é utilizada. – Ele falou, pausadamente, como se discutisse as ações da bolsa de valores chinesa.
            - Curioso como quando éramos casados, esse instinto paternal era menos aflorado, Alex! – Ela gritou. – Agora, apenas para atrapalhar a minha vida, você quer levá-lo para Minas! Pois saiba que eu irei descumprir acordos sempre que for desnecessário! Pensa-se em ser um pai presente antes de ir se esfregar com aquela vagabunda e trair minha confi...
            - Está vendo, Meritíssimo? Ela mistura as coisas. Posso ter errado como marido, mas, como pai...
            - Como pai você nunca existiu! Não passa de um...
            - Chega Márcia. – Raul falou. – Destemperos não irão ajudá-la.
            - É por esse comportamento da Senhora Campos que meu cliente pensa em pedir a guarda compartilhada ou, quiçá, a integral, do filho, senhor juiz. – A advogada de Alex falou, para desespero de Márcia.




            Antes da cliente ter mais um ataque de ofensas sem sentido e já saísse dali sem direito a guarda do filho, apesar de achar de Márcia estava realmente fora de limites, Raul tomou a palavra decidido a ajudá-la.

            - Eu entendo, senhor Meritíssimo, que todos compreendem a importância da mãe na criação de um filho. Por isso, faço um apelo para que em hipótese alguma o menor Joaquim Campos Salomão seja levado para o estado de Minas Gerais. Minha cliente cometeu um erro grave ao esquecer da combinação feita por telefone com o senhor Salomão, mas jamais teve má fé. – Ele mentiu. E estava disposto a continuar. – Esclareço que o presente do senhor Salomão apenas foi devolvido porque não havia ninguém para recebê-lo no apartamento. Tratou-se apenas de um erro do porteiro, que não recebeu a encomenda. A senhora Campos jamais negaria um presente do ex-marido ao filho. Ela apenas não permitiu que ele fosse ficar com o pai, na ocasião citada por minha nobre colega, porque aqueles dias iriam atrapalhar seu rendimento escolar. E ela acreditou que o senhor Salomão entenderia isso porque sabe de seu amor pelo filho. Fato esse, que a fez esperar que o filho estivesse bem para então comunicar ao a ele do episódio. Ela é uma grande mãe e, mesmo que o senhor Salomão tenha deixado de amá-la o bastante para respeitar os votos matrimoniais, tenho certeza de que ele reconhecerá  sua dedicação ao filho e jamais lhe tomará a guarda.

            Márcia reconheceu em pensamento a inteligência de Raul em inventar todo aquilo em poucos segundo e conseguir inverter a situação ao seu favor. Ficou claro, afinal, quem era o traidor que tentava passar por bom pai. O juiz propôs a manutenção do acordo inicial já que ambos os genitores pareciam interessados no bem-estar do filho. Mesmo a contra gosto, Alex aceitou. Já na saída no prédio da justiça da família, porém, Raul decidiu que apesar das perdas terem sido mínimas, era hora de colocar um freio em Márcia ou, afastar-se do caso. Não concordava com a postura tomada por ela e não mais compactuaria com isso.

            - Espero que esteja satisfeita, aliviada e ressabiada, Márcia. Acabaram suas chances. Se fizer qualquer coisa fora do estipulado pelo juiz, perderá a guarda de Joaquim.
            - Não tente me assustar! Não sou criança e sei que nada tirará Joaquim de minha casa. Você não fez nada mais do que o seu trabalho. Pelo qual é bem pago, alias.
            - Olhe bem para você, Márcia, e me diga se gosta do que vê. – Raul falou, cansado daquela mulher intratável - Você está se tornando uma cópia do seu ex, que só pensa em trabalho e nem percebe que seu filho é quem mais sofre no meio dessa disputa sua e de Alex.
            - Não quero a sua opinião. Quero o seu trabalho! – Márcia gritou.
            - Pois não terá, mais. Eu também sou divorciado e tenho um filho que mora com a mãe, Márcia. Sei como é estar do outro lado. Não vou ajudá-la a forçar um pai a não ver um filho. Eu me demito. Procure outro advogado!



            Atônita, Márcia assistiu Raul dar-lhe as costas. Sozinha, pegou um táxi e voltou ao requinte de seu apartamento. Lá ficou sozinha e sentiu o peso da solidão em que se encontrava. ‘Está se tornando uma cópia de seu ex’. Aquilo ainda repetia-se em sua mente. Às vezes percebia que nem mesmo ela gostava de si mesma. E assim como os funcionários da JRJ se esquivavam de ir à sua sala, de conversar com ela ou de lhe contar qualquer coisa, ela também preferia ficar sem encarar o próprio rosto. Foi uma tarde triste e sozinha, mas que serviu para repensar muitas coisas. Aquela não era a vida pela qual sonhou.

            Com Márcia ainda muito envolvida com questões pessoas e, naquela semana, Jonas ter pedido dois dias de folga com a desculpa de resolver assuntos da vinícola, coube a Rafael administrar a construtora. O que o deixou um tanto irritado. Primeiro por saber que o problema de Jonas era mimar Emily depois que tiveram uma séria discussão por ciúme. Nesses momentos ele valorizada o casamento que construiu com Mel. Foram raras as vezes em que brigaram nesses anos todos. Por ciúme, apenas uma ou duas vezes. Afinal, ela sempre soube que  ninguém lhe atraía o olhar desde que ela cruzou seu caminho.



            Melissa o colocou louco desde o primeiro dia. Linda, era pouco para descrevê-la. E junto da beleza clássica vinha uma curiosidade aguçada e força de vontade sem fim. Essas características a fizeram ter uma carreira de sucesso nas passarelas internacionais. Mas, quando chegou a hora de escolher entre formar uma família e seguir nos holofotes, ela o surpreendeu e decidiu largar tudo por ele. Jamais lhe pediu isso, mas, lá no fundo, sabia que era por ele que ela largou a profissão. E nesses anos todos não cansou-se de lhe agradar e provar ter feito a escolha certa. Sobre tudo após Táles nascer.
            Viveram bem por 15 anos. Uma década e meia de amor e compreensão. Mas, acima de tudo, de gostos similares. Quando queriam viajar, era sempre ao mesmo destino. Se ele desejava comida chinesa, ela estava disposta. E se ela resolvesse tirar aquela noite para ver um filme, Rafael sempre sabia escolher o título perfeito. Só que agora, a decisão dela pela primeira vez parecia ir no sentido oposto ao que ele imaginou para si. Enquanto ela não abria mão de aproximar-se e adotar uma adolescente difícil, ele estava satisfeito com a família que tinham. Enquanto jantavam, ele já esperava quando Isabely se tornaria o assunto. Só não imaginava quem começaria a conversa.



            - Pai, mãe...será que amanhã depois da aula eu posso ir no abrigo? Vocês foram lá ver a menina e depois não falaram mais nada... e eu quero saber se ela está bem. – Táles disse e ficou esperando a resposta dos pais. – Eu não sei se vão adotar ela ou não, mas eu posso até me tornar um voluntário lá,  sei que ainda não tenho idade, mas posso ajudar em alguma coisa lá, brincar com as crianças, essas coisas. O que acham?
            - Me deixa emocionada, filho. Está provando que se tornou um rapaz responsável. – Mel comentou. – Vá. Depois eu mesma busco você e aproveito para visitar Isa.
            - Sim, muito responsável. Só não se apegue nessa menina como sua mãe. Ela já mostrou que não deseja uma família.

            Mel olhou feio para o marido. Mesmo após tantos anos de casamento, Rafael parecia acreditar poder lhe mentir. Ele estava feliz por Isabely não os ter recebido bem, achava que assim não teria de se adaptar à nova rotina, com outra criança em casa. Ele que se acostumasse porque ela estava disposta a brigar por Isabely.

            - Sempre pessimista, hem. – Mel falou, chateada, mas mantendo o sorriso. Sabia como conquistar o marido sem brigas. - A Isabely só agiu daquela maneira foi maltratada em seu antigo lar. Precisa apenas de mais carinho e amor, e isso nós temos para dar. Afastei-me por esses dias apenas para ela não achar que a estamos pressionando.
            - Vamos para com essa discussão que já vi que não irá levar a nada. – Ele respondeu antes de deixar a mesa e ir para o escritório.

            Enquanto a família de Melissa deixava a mesa de jantar cabisbaixa, os Vicentin, lá no interior rio-grandense, sentavam-se para saborear um típico arroz de carreteiro feito em panela de ferro. Giovanna pediu a cozinheira de confiança para ajudá-la no preparo do jantar feito às pressas quando Milena avisou que viria com Maria Fernanda para jantar na fazenda.

            - Mas as meninas nunca vêm à noite. – Ana estranhou.
            - Também não entendi a razão, mas fiquei feliz. E Maria adora carreteiro!  - Giovanna respondeu picando a carne.

            A razão da decisão de última hora foi que Nathan não desistiu e informou-a que permaneceria no Rio Grande do Sul quantos dias fossem necessários para que conversasse com seus pais, após eles saberem de tudo. “Conte hoje, Milena. Ou amanhã eu falarei com eles”. Dizia sua mais recente mensagem. Ela então foi obrigada a marcar o jantar.
            Agora Milena se encontrava à mesa, com Maria muito interessada em seu prato de carreteiro e seus pais e avós olhando-a, sabendo que havia algo para falar. Lorenzo e Jonas teriam de saber depois, já que estavam em São Paulo, e isso a fazia se sentir melhor. Já bastava ter de falar aos pais que aquele homem recebido por eles como amigo anos atrás fora seu amante.

            - Está pálida, minha filha. – Leonel falou à filha enquanto bebia de um cálice o vinho denso produzido nas terras dos Vicentin. – Algum problema.
            - Não, papai. Mas vim aqui hoje porque preciso falar uma coisa para vocês. Uma coisa bem importante.


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