segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Vida Roubada - Capítulo 26


     Quando postou-se à frente da sede da Polícia Federal, Gabriela já não era dona de sua habitual frieza. Tudo aquilo que levou anos junto de seu pai a estruturar com todo o cuidado, agora desabava pelas mãos de uma policial insistente demais. Agora ela percebia seus erros. O principal deles, concluíra, fora dar atenção demais à irmã errada. Beatriz deveria ter sido morta na primeira oportunidade.

            - Foi um erro de julgamento. – Acreditava.

            Errou ao crer que com a jornalista sob sua posse, conseguiria manter a policial sob controle. Elizabeth sempre soube que a irmã vivia. E esse sempre fora o seu objetivo. Era um risco calculado. Enquanto houvesse esperança em Elizabeth, a teria em suas mãos, pensava.  Mas ambas mostraram-se ardilosas. E, principalmente, teve de contar com algumas surpresas. Jamais deveria ter confiado em Gregory e Samantha para algo tão importante quanto guardar Beatriz. Ele demonstrou pouca inteligência, ela ciúme e ganância.

            - Eu já livrei o mundo da presença de Gregory. – Esse pensamento lhe trouxe algum alívio. Tanto que decidiu dar o mesmo caminho para ela. – Você irá encontrá-lo no inferno logo, Samantha. Em algumas horas, eu diria.

            Enquanto Elizabeth esperava o táxi uma fina garoa começou a cair, molhando seu cabelos e fazendo um calafrio atravessar sua espinha. O trânsito estava tranquilo, fluindo bem apesar da intensa passagem de veículos ser intensa. Os anos de serviço ensinaram Elizabeth a manter a atenção no que ocorria à sua volta, independente do quão cansada estivesse. Por isso, o carro preto, parado do outro lado do cruzamento e cujo condutor ela não conseguiu identificar num primeiro olhar, lhe chamou a atenção. O carro não fora estacionado, porém o motorista não aproveitou nenhuma das inúmeras oportunidades para colocá-lo em movimento quando o fluxo de veículos deixava uma brecha. Estava ali observando a algo. Ou alguém.
            Se a olho nú a distância impedia olhar a face do condutor, resolveu isso com o celular. Tirou-o da bolsa e primeiro fingiu fazer uma ligação, depois mirou a câmera e com o auxílio do zoom de longo alcance não apenas identificou quem era, mas também fotografou.

            - Me seguindo Gabriela...peguei você. – Disse a si mesma.



            Mesmo confiante, foi com bastante preocupação que Elizabeth entrou do táxi e deu seu endereço ao motorista. Pelo retrovisor, percebeu o carro de Gabriela seguindo-os.  Benício chutou em sua barriga em reflexo ao nervosismo de sua mãe. Em outros tempos, apenas pediria para o motorista guiar o carro à uma área deserta, sacaria a arma que sempre trazia na bolsa e resolveria a questão. Com uma vida no ventre, porém, não podia arriscar. Pegou novamente o celular e pensou em discar para Miguel. Pensou, porém, que ele nada poderia fazer além de ficar preocupado. Então foi o telefone de Rebeca a tocar minutos depois.

            - Estou em um carro em movimento e Gabriela está me seguindo. Loca entraremos na Avenida Rebouças. Desconfio que assim que seguirmos para algum lugar mais calmo ela tentará algo. – Disse pausadamente, vendo os olhos do motorista se arregalarem. – Continue dirigindo, por favor.
            - O que você disse, Elizabeth? – Rebeca foi pega de surpresa.
            - Exatamente o que seus ouvidos captaram, Beca. Eu e Benício precisamos de uma ajudinha.
            O carro guiado por Gabriela aproximou-se cada vez, a ponto de ficarem colados. Elizabeth aproveitou para fazer mais uma foto. Essa comprovava a perseguição. A ousadia da criminosa lhe dizia duas coisas. Primeiro que ela reconhecia o risco que corria e tinha certeza de que seu tão eficiente disfarce, mantido por anos, havia sido descoberto. Depois deu-se conta que Gabriela representava o pior tipo possível de pessoa. Ela aproveitava-se da maldade dos outros para agir sem sujar as próprias mãos. Se ela preferiu ficar enquanto Sebastian retornou aos EUA, foi para limpar ela mesma o terreno. Gregory já estava morto. O arriscado plano dessa noite era livrar-se da policial que dificultava sua vida.

            - Não será tão fácil assim. – Decidiu.
            - Senhora...é verdade que... – O motorista, que ao ela entrar no táxi já tinha as roupas amassadas pelo dia de trabalho, agora as tinha grudada ao corpo devido a transpiração. Ele segurava o volante com ambas as mãos e do banco traseiro Elizabeth as via tremer.
            - Sim, estamos sendo seguidos por uma assassina em potencial. Preciso que o senhor mantenha a calma, olhe para a frente e dirija. O resto deixe comigo.
            - Não deveria chamar a polícia?
            - Eu sou a polícia.

            Sentindo-se culpada por não avisar ao marido que o filho deles estava em risco, Elizabeth voltou a pegar o telefone. Dessa vez ele demorou a atender.



            - Fale senhora Benitez. – Ele lhe cumprimentou. – Cheguei em casa um pouquinho mai cedo e estou preparando um jantar. Espero que chegue logo para poder ficar com você na banheira e depois curtir você e meu filho. Benício está bem?
            - Bem agitado, eu diria. Mas não posso culpá-lo nesse momento.
            - O que foi?
            - Fique calmo e não faça nenhuma bo...
            - Fale, Elizabeth! – Ficar calmo esteve longe da sua realidade.
            - Estou em um táxi seguindo em direção a nossa casa e Gabriela está logo atrás, em um carro próximo, muito próximo, eu diria. Ela está me seguindo desde que saí da PF. Já pedi por reforço. – Informou e esperou pela explosão do marido.

            Naquele tempo de relacionamento com Liz, Miguel aprendeu que a vida deles jamais seria calma. Não com ela sendo uma policial tão dedicada a sua profissão e ele membro de uma família que comprovadamente teve envolvimento criminoso. Já se habituara a isso. Agora, porém, somente pensar em Elizabeth e Benício em risco o faziam tremer.
            Ele insistiu para ela dizer qual o caminho o taxista faria. Em seguida desligou o fogo das panelas e saiu ainda mantendo-a na linha. A explosão que Liz esperava não veio. Ou, ao menos, ele não transmitiu o que sentia. Ficou calado a não ser para passar tranquilidade para a esposa. Tinha uma profunda confiança na capacidade de ação de Elizabeth. Se alguém conseguiria sair daquela e de tantas outras situações de risco, é ela que muitas vezes já provara ser capaz de lidar com a tensão sem deixá-la atrapalhar seu raciocínio. Ainda assim, o medo fez com que sua mão tremesse ao fechar o cinto de segurança.

            - Eu já estou chegando. Me diz o prefixo do táxi para eu identificar vocês.
            - Não quero que interfira, Miguel. Você é civil. Não se esqueça.
            - Sou seu marido, investigadora. Não se esqueça. – Foi a única resposta oferecida por Miguel. Não iria prometer manter-se distante. Não quando tudo o que deseja era justamente colocar-se entre Gabriela e sua família.

            A calma abandonou Miguel guando ele percebeu que não chegaria em tempo de nada fazer. A ligação foi cortada minutos depois por um forte estrondo seguido por um grito de Elizabeth. Uma voz masculina e tremida também ecoou pelo telefone e Miguel imaginou que fosse o motorista ao perder o controle do veículo.
            O que Miguel ouviu de Elizabeth não foi um grito de medo, mas sim de comando. Ela viu Gabriela emparelhar os carros quando ambos passavam por uma elevada. O risco, Liz percebeu, de ambas morrerem era altíssimo. E ainda assim fora justo ali que Gabriela resolveu agir.

            - Você está louca, Gabriela. Demente. – Elizabeth concluiu. Por isso não temeu mostrar o rosto durante o atentado. Preferia morrer junto a deixar a inimiga viva.

            Elizabeth nada pode fazer, mesmo com sua arma em punho. Se o carro despencasse, cairiam sob os que trafegavam no nível inferior e dificilmente sobreviveriam. Foi a perícia do motorista que salvou a todos. Na primeira vez que Gabriela forçou o choque entre os veículos, o experiente profissional conseguiu manter o controle da direção. Instintivamente, pisou no freio. Foi quando Elizabeth assumiu o comando.

            - Não! Acelere. Coloque carros entre nós. Precisamos ganhar tempo até recebermos ajuda. – Gritou.

            O homem até tentou, mas Gabriela mostrou-se boa motorista. No momento em que sirenes foram ouvidas e eles já desciam ao nível do solo, a mulher descontrolada que dirigia o outro veículo causou uma nova batida. E então Elizabeth sentiu o carro bater forte contra uma mureta, se cinto de segurança apertar o ventre e o airbag se abrir fazendo seu rosto doer.



            Confusa e com dores pelo corpo, Elizabeth não sabia dizer exatamente quanto tempo ficou no carro antes de ser socorrida. Abriu os olhos ao ser colocada em uma maca. E então já avistava Miguel e Rebeca. Sem coração acalmou-se imediatamente quando sentiu Benício mexer na barriga. Lembrava-se das palavras lidas no livro de gestantes “quando o bebê mexe é porque está bem”. Saber que ele estava vivo lhe trouxe uma sensação de alívio e de felicidade tão grande dentro do peito que, naquele instante, Elizabeth entendeu o que era amar um filho, amar alguém acima de tudo, amar outro ser mais do que a si mesma.



            - Liz, Liz... – Miguel repetia incansavelmente. – Fala comigo.
            - Eu te amo. – Ela falou o que ele precisava ouvir. Mas então voltou à realidade. – Gabriela....o que aconteceu com ela?
            - Ela conseguiu manter o controle do carro e seguiu pela rodovia quando vocês bateram. Ela fugiu, provavelmente acreditando ter conseguido tirá-la de mim.
            - Meu celular....eu a gravei...agora tenho como provar. Vou indiciá-la como tentativa de assassinato. Gabriela irá presa. Não é bem pela razão que eu planejava, mas vou prendê-la.
            - Eu irei atrás dela, Liza. – Rebeca afirmou. – Você irá ao hospital. E não adianta nem reclamar.


Uma semana depois...

            Sebastian pedira que Luísa avisasse Beatriz que ele precisava lhe falar no escritório. O que tinha a lhe dizer não era algo fácil, mas a realidade se impôs entre eles. Há vários dias eles haviam conversado, toda a verdade veio a tona, ao menos da parte dela. Ela jamais lhe tinha contado detalhes da própria vida. Hoje chegara esse dia. Ira colocar todas as cartas na mesa, para logo depois dar adeus a mulher que entrou em sua vida para mudá-la por completo. Por mais que doesse, reconhecia que viver trancada naquela casa não era o destino de Beatriz.

            - Chamou? – Ela chamou, sorrindo da porta.
            - Sim. Entre. Temos que conversar. Mas antes, dance comigo.



            Aquela semana lhe apresentou dias lindos ao lado dela. Alguns momentos passaram com Luísa, numa relação familiar que afagou o coração daquela menina tão necessitada de carinho. Outros dias passaram a sós. E Sebastian aproveitava qualquer folga no trabalho para ficar junto dela. Quase numa despedida. Agora a tinha em seus braços, cheirava seus cabelos e guardava na memória aquele momento bonito, que antecedia tempos difíceis. Quando a música acabou, se fez necessário encarar os problemas.

            - Você disse que quer me conhecer de verdade. Não é mesmo? Não quero que saia da minha vida sem saber de tudo.
            - Não quero sair da sua vida. – A resposta dela fez o coração dele acelerar. Porém, era preciso não se enganar.
            - Há coisas que não dependem do nosso querer. – Ele indicou que ela se senta-se e fez o mesmo. – Sou filho de uma imigrante latina com um trabalhador americano. Eu dediquei a maior parte da minha vida a fazer dinheiro. E consegui. Meu pai não conseguiu ver tudo isso, mas consegui oferecer à minha mãe o melhor. Muito ocupado com esse objetivo, demorei muito a desejar formar a minha família. Então surgiu Lílian, uma mulher de beleza comum e que ainda assim se destacava pela classe e postura.
            - Você a amou muito? Ainda a ama? – Beatriz ousou interrompê-lo.
            - Para uma prostituta, Bia, você romantiza demais as relações. – Havia um profundo amargor nas palavras ditas por Sebastian. – Não sei mais por qual sentimento chamar. Foi bom por algum tempo. E então ela me traiu e eu reagi de uma forma que...não me orgulho, mas também jamais me arrependi. Eu a matei, Beatriz. Sou o assassino de Lílian.
            - Isso não é verdade! Ela morreu em um acidente.  Dona Angelina me contou do carro no precipício!
            - Não seja ingênua, Beatriz. Minha mãe lhe contou o que todos repetem por aí, mas ela sabe a verdade. Até hoje somente eu e ela dividíamos esse segredo que, agora, você também saberá. Eu espanquei Lília naquela tarde enquanto mamãe cuidava de Luísa no andar de cima. Não via nada à minha frente além da mulher que havia me desrespeitado. Ela poderia ter morrido em nossa casa, mas ainda teve forças para ir embora dirigindo seu carro. A queda do precipício foi apenas o golpe final e um ótimo disfarce. Quem a matou de verdade, fui eu.



            Beatriz assustou-se com a cena que se descortinava para ela. Queria poder desacreditar, pensar que aquele homem descrito não representava o tão bem conhecido por ela. Mas a negativa ficou presa na garganta. Tinha muito forte na memória a lembrança de garotas da boate relatando agressões praticadas por Sebastian. Por lá, ele era temido. Muitas encaravam a notícia de que iriam atendê-lo como um castigo.

            - Eu nunca tinha agredido nenhuma mulher antes de Lílian. Mas espanquei muitas depois dela. – Ele reconheceu. – Você tem razão em me olhar assim. Não sou uma boa pessoa, Beatriz. E sempre me surpreendi por você não me temer, como as outras temiam.
            - Você jamais me bateu. Nem vai. Eu tenho certeza disso. – E essa afirmação foi 100% sincera, apesar de todas as revelações.
            - Isso é verdade...até porque não terei chance. Essa será a nossa última noite juntos. – Sebastian colocou à frente dela dois documentos. Estavam ali o passaporte e uma carta de apresentação da embaixada brasileira. Por fim, ele lhe estendeu o telefone. – Ligue e diga aonde está. Eles irão ajudá-la a retornar ao Brasil e...



            - E você irá preso. Não! Não será assim.
            - Não há alternativa, Beatriz. Você quer voltar ao Brasil, quer rever a sua irmã, quer embalar nos braços Eva. Não posso mais mantê-la aqui.

            Queria. Precisava. Seu coração gritava por rever a filha. Mas não podia aceitar simplesmente a proposta, sem importar-se no que ocorreria com ele. Não quando haviam vivido juntos momentos tão importantes nas últimas semanas. Há muito tempo tornaram-se mais do que amantes. Agora tinham sentimentos demais entrelaçados para poder abandoná-lo sem nada fazer.

            - Não vou em embaixada alguma. Não ainda, pelo menos.
            - Beatriz...por favor...
            - Preciso de acesso a um computador com internet. Vou mandar uma mensagem para Elizabeth. Ela saberá como nos ajudar.

            Sebastian fez o que Beatriz pediu. No íntimo, porém, duvidava que Elizabeth Benitez tivesse alguma motivação em ajudá-lo. E, ainda pior, não tinha razão para condená-la por isso. A irmã de Beatriz não tinha razão alguma para ver nele nada além de um homem sem caráter, capaz de comprar uma mulher. Ela sabia, ele tinha certeza. Por isso fez questão de ficar frente a frente com ele no Brasil. Beatriz ainda não conseguira prendê-lo, mas iria fazê-lo muito em breve. Viu uma motivação tão grande em seus olhos que não ousava desacreditar. Deixou Beatriz sozinha no escritório e foi passar algum tempo junto de Luísa. Em breve ela estaria sentindo falta de um pai.



            Com um novo visual, Gabriela conseguira escapar do Brasil antes mesmo que Rebeca conseguisse colocar barreiras nos aeroportos de São Paulo. Ao chegar em Moscou, porém, soube que seu bom nome era passado. Fotos suas estavam espalhadas por jornais e sendo reproduzidas em programas de TV. Imagens gravadas pela investigadora federal Elizabeth Benitez comprovavam que ela agira em uma perseguição e tentativa de assassinato contra a autoridade policial. “Apesar do susto, a investigadora grávida de oito meses passa bem”, complementara a jornalista.

            - Vadia desgraçada. Não serve nem para morrer na hora certa. – Disse ao assistir o vídeo pela internet.

            O fato dela ser prima do marido de Elizabeth colocou combustível nas discussões e não tardou para que o escândalo da prisão de seu pai e as acusações de Elizabeth à época, vinculando a BTez a um possível esquema que lavaria dinheiro vindo da prostituição na empresa, forem novamente trazidos a tona. Ela era agora chamada de psicopata e, possivelmente, a líder internacional de uma quadrilha que lucrava a partir do tráfico sexual. Por enquanto não era Elizabeth a se manifestas publicamente, mas sim outra policial.

            - Todos os indícios apontam para que Gabriela Alencastro esteve durante anos lucrando através da escravização de mulheres levadas da América Latina para países europeus. Com a ajuda de seu pai, Javier Alencastro Benitez, lavava o dinheiro na BTez Motors sem que o presidente da companhia soubesse. Com um trabalho detalhado e muito dedicado, a investigadora Elizabeth Santos conseguiu desmembrar parte da quadrilha há cerca de um ano e meio na operação que prendeu Javier. Ela seguiu fechando o cerco e aproximou-se tanto que Gabriela resolveu ousar a ponto de uma tentativa de assassinato. – Rebeca afirmou em sua declaração aos jornalistas.



            - A senhora referiu-se a investigadora como Elizabeth Santos, mas ela é casada com Miguel Benitez, atual presidente dessa mesma montadora e, por tanto, com vínculos familiares com Gabriela. Qual relação elas mantinham? – Um repórter bem informado perguntou.
            - Nenhuma. Elas mal se conheciam. – Rebeca respondeu, seca.
            - A investigadora chegou a culpar publicamente essa quadrilha da responsabilidade pelo sequestro de sua irmã. Ouve alguma mudança nisso?
            - O sequestro da senhora Beatriz foi investigado pela Polícia Civil. Por isso nós nada temos a dizer. E agora, se me permitem...
            - Apenas mais uma questão, policial. – Outro repórter insistiu. – Qual o próximo passo da polícia?
            - Fechar as algemas em Gabriela Alencastro. E não demorará. Ela pode esperar. – Foi uma ameaça dita em tom firme. Quando Elizabeth visse, sentiria orgulho da parceira.



            Pela primeira vez na vida Gabriela sentia medo. Passou uma semana escondida, sem andar pela rua nem falar ao telefone. Teve de reconhecer que o cerco se fechara de uma forma grave demais. Não poderia mais pisar no Brasil, nem nos EUA. E mesmo na Rússia precisaria manter-se escondida ou não demoraria a ser presa. Ao menos enquanto a poeira baixava, teria de assumir Moscou como a sua casa. Instalou-se em um hotel muito mais simples do que o de costume e resolveu ir até a boate de Otto por fim ao problema chamado Samantha. Tudo o que não precisava era de mais aquele problema vivo por aí, disposto a derrubá-la. Seguiu em direção aquele buraco na intenção de matá-la rapidamente. Seria indolor e sem gritos. Nada a preparou para a cena que lá encontrou.


            - O que se passa aqui? – Gritou atirando uma garrafa de bebidas contra a parede!

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