domingo, 19 de abril de 2015

Vidas Ocultas - Capítulo 22


            Elizabeth dedicou-se à exaustão na análise dos arquivos encontrados no esconderijo da quadrilha. Levaria muito tempo até catalogar tudo aquilo. Mas era um começo. O dia seguiu com ela não tendo muito tempo para dedicar à própria vida. O que não a impedia de pensar em Miguel em cada segundo do dia. Ela até pretendia ir almoçar com ele, porém não conseguiu. Teve de cancelar após ser avisada de que um corpo fora encontrado com dos tiros num apartamento do subúrbio. Havia suspeita de se tratar de Caleb.

            - Meu almoço será bem indigesto. – Ela pensava ao sair para verificar o local do assassinato.

            Quando chegou lá, não teve dúvidas. Era sim Caleb. E tratava-se de uma queima de arquivo bem eficaz. Caleb levou para o inferno algumas informações importantes. Ela e Miguel viam-se livres definitivamente de suas chantagens, porém, a quadrilha se protegia. Havia alguém muito forte por trás daquilo tudo. Mas quem?

            - Envie o corpo ao IML. Duvido muito que alguém vá requisitar. O mais provável é que termine numa vala comum. – Disse enquanto colocava luvas e verificava o apartamento. Viu garrafas de bebida e um pó sobre a mesa. Cocaína, provavelmente. – Quero que agilizem a perícia. Se essa droga não foi consumida por ele, quero descobrir quem esteve aqui.

            O corpo foi retirado e Elizabeth continuou no apartamento. Mas não encontrou muita coisa. O lugar era, obviamente, apenas um esconderijo. Havia coisas pessoais. Quatro celulares e um notebook seriam periciados. Mas não espera descobrir muito. Enquanto mexia em suas coisas, Elizabeth tentava entender porque Caleb fora morto. Havia ao menos três hipóteses claras.


            - Atentados frustrados contra mim. Preso numa chantagem pra lá de fajuta. E exposto numa reportagem de capa no jornal. Quais outros erros irritaram seus colegas, Caleb? – Ela queria muito descobrir isso. – Isso foi um ‘cala boca’.
            - Investigadora! Veja isso. – Ou policial lhe estendeu um jornal. A imagem de Caleb estampada na capa.
            - Nosso assassino veio aqui bem informado. Apresse a perícia. Quero saber das impressões digitais e o calibre da arma. Vocês podem ir. Farei eu mesma o restante da varredura aqui. – Não era em vão. Tinha medo de algum policial encontrar as fotos com as quais Caleb chantageava Miguel. Ela as tiraria da cena do crime. Era errado, mas necessário.
            - Sim, senhora. – O jovem policial respondeu.

            Naquele momento, Miguel agradecia o fato de Liz ter cancelado o almoço. Caso tivesse vindo à BTez, teria pego Alejandra em seu escritório. E não por sua vontade. Ao entrar em sua sala após uma reunião, a secretária lhe informou que a ex entrou sem ser autorizada e ainda gritou com a equipe.

            - Miguel, finalmente! Eu espero você já faz quase meia hora! Você não almoça mais não? – Ela teve a ousadia de ainda reclamar ao vê-lo.




            - Quem te autorizou a entrar aqui, Alejandra? Nunca mais faça isso! Eu não combinei nenhuma reunião com você.
            - Não mesmo, querido. Até porque somos íntimos demais para agendarmos reuniões.
            - Fomos, não somos mais. Qual é o seu problema!?!?! Estamos separados há anos!
            - Preciso lembrá-lo do que aconteceu no início dessa semana, Miguel? De todo o prazer que tivemos juntos? Eu lembrei, Miguel, de como era bom quando éramos felizes. De como é gostoso ter você dentro de mim.



            - Então trate de esquecer novamente. Porque na minha memória só há lembranças das nossas brigas infernais. Eu não estou te reconhecendo, Alejandra! Você esteve no meu casamento, droga! – Mas ele era obrigado a reconhecer ter errado muito ao ir para cama com a ex. – Me desculpe pelo que eu possa ter dado a entender naquela noite. Eu amo a minha mulher, Ale. E não há chance alguma de eu deixá-la para reatar algo com você. Isso nunca passou pela minha cabeça.
            - Nem pela minha, Miguel. – Por dentro Alejandra ria da expressão confusa dele. – Você é um péssimo marido. Não me leve a mal, mas essa é a verdade. Em compensação, é um amante fabuloso. Sabe dar prazer para uma mulher, mas não consegue respeitá-la como esposa.
            - O que você está sugerindo, Alejandra?
            - Eu já estive no lado ruim. Fui a esposa traída e humilhada. Sabia que você tinha outras na rua e engolia o desaforo para não assumir publicamente a vergonha. Até que a sua traição virou capa de revista. Eu me divorciei e fui me esconder em Madri.
            - Você sempre amou a Espanha. Sua vida é lá, na sua clínica e com a sua família.
            - Não! Minha vida tornou-se o Brasil no dia em que me casei com você! Eu voltei para lá por vergonha da humilhação que você me fez passar. E se pensa que uma indenização milionária apagou a vergonha, está enganado!
            - Eu peço desculpas. Errei com você, Ale. Deveria ter pedido o divórcio assim que nosso casamento se mostrou falido. Mas eu era muito jovem e achava que na rua, com outras mulheres, resolvia o problema. Eu não tenho como voltar no tempo. Hoje sou outro homem. Meu casamento com Elizabeth é completamente diferente.
            - Não, Miguel. Você é o mesmo. Procura na rua o que não tem em casa. E por isso terminou aquela noite nos meus braços. Eu não quero você como marido...quero ser sua amante. Um acordo bom para os dois. Você sabe que não é homem deu uma só mulher, Miguel. Você precisa de mais.

            Ele não sabia se sentia pena, raiva ou desprezo por Alejandra. Ela sim estava se humilhando terrivelmente. Nunca pensou se tratar de uma mulher tão carente. E aquilo o fazia valorizar Elizabeth ainda mais.

            - Eu não pretendo ter amantes, Alejandra. E você estaria fora de cogitação, se fosse esse o caso. Então saia do meu escritório antes que eu chame os seguranças. E suma da minha vida!

            Três semanas de intenso trabalho policial se seguiram. Elizabeth encontrou e deletou as fotos íntimas dela e de Miguel. Com isso, alterou provas do processo criminal. Mas, levando em consideração que o bandido já estava morto, não fazia sentido mantê-la. A perícia apresentou resultados imprecisos e isso a irritou além do normal. Precisava de uma única pista que a levasse até os assassinos de Caleb. Aquele fio a levaria até o líder da quadrilha.
            Foram dias de muito estresse. Só nos momentos com o marido e os amigos conseguia relaxar.  Nesse momento, viviam um raro encontro triplo. Não era comum terem todos uma noite livre. Ainda mais agora que Beatriz tornou-se uma jornalista conhecida do público e vinha sendo requisitada pelo jornal em matérias bem mais importantes. Aquele encontro tinha ainda uma outra razão. Elizabeth e Patrícia organizaram tudo para reaproximar Bia de Will. Eles faziam um belo casal. E após uma grave discussão vinham ensaiando uma reconciliação. Mas ela demorava a aparecer. Jantar, vinho, risadas, carinhos e ao fim só os dois ficariam na mesa.

            - Bia fez um grande trabalho. Depois da reportagem e da morte de Caleb, ela cobriu toda a investigação. O jornal apresentou matérias muito legais. – Matheus elogiou.
            - Quando Liz destruir essa quadrilha farei uma grande matéria. Será manchete!
            - Isso ainda levará muito tempo, minha irmã. Infelizmente não consegui encontrar o fio que leva até o líder. – Liz lamentou.
            - Ainda! – Miguel tentou animá-la. – Conhecendo sua competência, tenho certeza de que conseguirá! E então Bia terá sua manchete!

            Willian observava calado e não conseguia entender toda aquela empolgação. Essa era a profissão de Elizabeth. Prender bandidos deveria sim animá-la. Mas, por isso, ela tinha treinamento policial, sabia atirar, usava colete à prova de balas nas ações e, acima de tudo, era capaz de perceber o momento certo de parar. Primava pela sua segurança. Bia não. Ela não tinha freio. E foi isso a por fim no namoro deles. Mesmo que ainda a amasse acima de tudo. Queria vê-la em segurança. E se ela não fosse achá-lo um homem das cavernas e rechaçar a ideia, a pediria em casamento e diria para ser apenas dona de casa e mãe de Eva em tempo integral. Mas sabia a resposta. Beatriz não abandonaria o jornalismo. Deixou isso bem claro ao preferir a matéria ao namoro deles.

            - Bom, eu e Matt temos um encontro com o nosso cobertor. Então boa noite. – Paty disse logo depois de recusar a sobremesa.
            - Acho que eu e Miguel também vamos aproveitar o momento. Tchau para todos. – Liz disse levantando-se e pegando a mão do marido.
            - Bom...se é assim... – Bia ficou constrangida com a situação.
            - Não Bia. – Will tocou-lhe a mão antes de pedir que ficasse. – Eu te levo depois.

            Levou algum tempo para eles realmente conseguirem conversar sem desculpas. Estava claro que ainda havia sentimentos entre os dois. Mas daí a abrir mão de seus objetivos pessoais era muito para Beatriz. E ela via em Willian a necessidade de uma vida tranquila. Ele queria uma esposa tradicional, um porto seguro de amor e atenção sempre em casa quando ele chegasse do hospital. Ela respeitava isso. Simplesmente não se enquadrava no papel.

            - Quero você Will, mas também quero meu trabalho. Perigoso ou não. Ele me mantém viva.
            - Eu e Eva não bastamos para te manter viva? Os filhos que nós possamos ter?
            - Descalça e grávida na cozinha? Não. Esse não é o meu sonho, Will. Preciso da minha profissão. Como você precisa da sua.
            - Eu abandonei o meu trabalho na Espanha para vir pro Brasil. Por você! – Não era uma acusação, mas podia soar como.
            - E veio trabalhar em outro hospital aqui. Não abandonou a medicina.
            - Você não irá nem mesmo pensar...
            - Não tenho porque pensar em algo para o que já sei a resposta. Eu não quero te perder Will, mas não irei abandonar meu sonho. Consigo ser jornalista e ser mãe. Também posso ser namorada nem desistir do resto. Se você me quiser.

            Ele quis. Não teve alternativa. Isso lhe garantiu muita preocupação no futuro, mas, em compensação, a teve de volta em seus braços. Isso acalmou seu coração. Sentiu muita falta dela. Beatriz sabia como fazê-lo feliz. Seguiram para o apartamento dela e, após, pagar a babá e verificar que Eva dormia o sono dos anjos, seguiram para o quarto. Mereciam aquele momento de prazer.
            Foram beijos de posse. Ela nunca tinha sentido Will tão possessivo. Ele mostrava sua paixão como nunca antes. E deixava seu corpo marcado. Além de muito saciado.

            - Eu não quero que você nunca mais brigue comigo por ciúme. – Ela lhe disse quando eles vestiam algo para dormir abraçados.
            - Não é ciúme. Não sinto ciúme por você porque sei do seu amor.
            - É ciúme sim. Confesse! – Ela ria e salpicava beijinhos em seu rosto. – Ciúme da minha profissão. Do meu tempo.
            - Não. Nada disso. – Willian tentava explicar o seu ponto de vista. – Eu só tenho medo pela sua segurança. Apenas isso.
            - Eu estou segura! Não se preocupe comigo. Nada irá me acontecer. Eu prometo. – Com um beijo ela selou aquela promessa. No fundo, no entanto, sabia que não tinha poder para lhe garantir aquilo.



            Beatriz, Elizabeth e Patrícia eram mulheres muito diferentes. Mas com uma qualidade em comum. Eram fortes. Arcavam com as responsabilidades de suas atitudes sem reclamar ou revoltar-se. De formas muito distintas, a vida de cada uma delas havia cruzado com aqueles criminosos.
            Agora elas sentiam-se seguras em suas vidas, ao lado dos parceiros. Mas não estavam. Não faziam ideias do risco que corriam. Desde que a matéria de Bia foi publicada, ela vinha sendo seguida. E não foi difícil para eles identificar as ligações entre as três mulheres. Naquele momento Pedro Ferraz analisava as informações de sua equipe. E não poderia estar mais feliz. Tinha novidades surpreendentes para passar à chefe.

            - Eu recebi seu e-mail. – Ela disse assim que atendeu. – Tem certeza?
            - Sim. As três são um risco. A jornalista é irmã de Elizabeth. Por isso teve fácil acesso as informações da investigação. E Patrícia foi nossa agenciada na Grécia.
            - Eu vi as fotos das três, mas a loirinha não me disse nada. Nada mesmo.
            - Ficou pouco tempo. Nikolay a comprou pouco tempo depois que a colocamos pra trabalhou. Ficou louco com a carinha de anjo e colocou para ser sua exclusiva. Nunca mais soubemos dela. É amiga das outras duas e vive com o namorado.
            - Me pergunto se ela é ou não um risco que valha matá-la.
            - E podemos acabar com todas. Juntinhas. É só você me dar aval e eu acerto as três num golpe só. Pode ser uma explosão quando estiverem reunidas. Um acidente de carro. As alternativas são várias. Faço parecer uma triste tragédia.
            - Gostei do plano. Mas vou pensar. Não quero mais erros como os de Caleb. Eu me enganei com Elizabeth. A subestimei. Deveria ter matado no início, quando não jogaria os holofotes sobre nós.
            - Antes tarde do que nunca. – Pedro queria matá-las.  Teria prazer nisso. Ela estava dividida entre a vontade de matar e o medo de se expor.
            – Nem sempre a morte é o melhor. Ter a todas ou apenas uma delas em nossas mãos poderia ser muito interessante. Assuste-as. Mande ameaças. Vamos impedir que se aproximem. Aguarde minha próxima ordem.
           
            No dia que se seguiu, cada uma delas recebeu um pacote. Um presente nada desejado. E que fez um tremor tomar conta de seu corpo. Uma não sabia da outra. Estavam completamente no escuro.
            Beatriz recebeu uma única rosa na redação do jornal. O pequeno cartão dizia ‘O peixe morre pela boca. Cale-se. Ou você pode ter o mesmo destino’. Não era a primeira jornalista a ser ameaçada. E ela preferiu ignorar. Não se curvaria a nenhuma ameaça. Ao contrário. Naquela noite mesmo voltaria a rua para encontrar o substituto de Caleb. Aquele homem com quem conversou poderia levá-la até o ponto mais alto do grupo. Ela não iria parar. Também não falaria nada sobre a ameaça. Seria preocupar os outros em vão.
            Patrícia recebeu uma ligação em seu celular. Numa voz grave e sem sotaque ouviu ‘A vida dá voltas. E pode trazê-la para nós novamente. Fique de boca fechada’. Ela entrou em desespero. Não sabia o que fazer. Era impossível terem informações suas. Ela se abriu com Matt e ele pensava da mesma forma.

            - Não se preocupe. Você é uma testemunha protegida da justiça. – Mas qualquer possibilidade dela estar em risco deixava-o nervoso. – Eu vou falar com Elizabeth.

            Naquele momento a própria Elizabeth recebia uma encomenda. Uma pequena caixa na qual havia um bilhete. ‘Você tanto tenta que conseguirá nos alcançar. Mas não sairá viva disso e acabará levando seu marido junto ao túmulo’.

            - Miguel! Droga! – Ela podia não se importar com ameaças contra si. Mas não Miguel.

            Sem muito pensar, Elizabeth não avisou ninguém na Polícia sobre a ameaça. E seguiu em direção à BTez. Só ficaria tranquila após conversar com Miguel a respeito do que acontecia e garantir que ele tivesse cuidado. Ele era um alvo natural apenas por ser rico e ter uma vida social muito exposta. Casado com ela, tornou-se ainda mais um risco.
            Elizabeth entrou na empresa preocupada, até mesmo estressada. Mas nada se comparado ao seu estado de espírito quando deixou a BTez. A secretária não se opôs a sua entrada na sala. Mas havia algo de errado em sua face. Só quando entrou e viu Alejandra praticamente no colo de Miguel e dependurada em seu pescoço é que entendeu por que. Claramente Miguel tentava se desvencilhar dela. Mas isso estava longe de amenizar o problema. Bastava daquilo! Ela sequer entendia porque há semanas aquela mulher continuava morando em São Paulo. Logo Miguel estava olhando espantado para a porta. Apavorado com o que via. E Alejandra estava interessada em piorar a situação.

            - Não é o que você está pensando, Liz. Acalme-se! – Ele empurrou Alejandra. – E você, me largue! Quantas vezes vou dizer que não deve vir aqui nem se aproximar de mim.
            - Agora fará o santo para enganar a esposinha? Oraaaa Miguel, Elizabeth não é assim tão frágil.
            - Rua, Alejandra! Vá embora! Suma da minha vida!
            - Até parece que você não gostou naquela noite. – A espanhola respondeu sabendo o estrago que aquela informação faria no casamento do ex.
            - Você não cansa de se humilhar, Alejandra? – Liz disse pegando o telefone de Miguel de sobre a mesa. – Linda, loura e rica. E, ainda assim, se humilhando por um ex marido que não te quer mais. É ridículo. – Ela discou o número um e falou com a secretária de Miguel. – Por favor, chame a segurança aqui. Agora.
            - Quem você pensa que é para mandar em alguém dessa empresa?!!? Manda na sua delegacia e só! – Alejandra provocou.
            - Ela é a minha esposa e isso torna a BTez parte do patrimônio de Elizabeth. Ela manda aqui sim. – Miguel já tinha escolhido seu lado e ficou feliz por Elizabeth ter se imposto como autoridade ali também. Mas sofria antecipando o próximo e fatal gole de Alejandra.
            - É, ela é sua atual mulher. Mas quando ela te abandonou, foi na minha cama que você procurou calor. Nos meus braços. E sempre será assim. Sempre vai ser bom entre a gente. Vai ser gostoso. Porque eu combino com você. Não uma policialzinha que não tem ideia do que é ser a esposa de um homem como você, Miguel.
            - Cala a boca! – Miguel entrou no exato momento em que os seguranças chegaram. – Levem essa mulher daqui! Ela está proibida de entrar nessa empresa.
            - Mas a porta do meu quarto estará sempre aberta, Miguel. E você vai me procurar novamente. Lembre-se disso!


            Elizabeth esperou os dois ficarem sozinhos. A verdade estava na cara de Miguel. Não tinha como negar. Mesmo assim, queria ouvir. Precisava ouvir da voz dele. Miguel teria de reconhecer que traiu os votos do casamento para ela conseguir acreditar que, apensar de todo aquele amor visto em seus olhos, ele tinha transado com Alejandra.

            - É verdade?
            - Liz...não é assim. Eu não sinto nada por Alejandra.
            - Vocês transaram? Sim ou não! Diga!
            - Não é tão simples.
            - Diga! – Ela precisava ouvir.
            - Sim.
            - Como pode fazer isso comigo? – Ela estava destroçada. Demorou tanto para confiar em alguém e, quando finalmente pôde, ele provou não merecer a confiança.
            - Eu estava mal com a nossa briga. Bebi muito. Ela apareceu e..eu...
            - Uma briga, Miguel. Bastou uma briga e você foi pra cama de outra.
            - Liz...por favor, me perdoa. Eu te amo!
            - Não seja ridículo! Se isso é amor para você então eu nunca deveria ter confiado. – Ela saiu em direção a porta.
            - Liz! Não, por favor!
            - Acabou, Miguel. Eu vou pegar as minhas coisas agora mesmo na sua casa. Já posso imaginar a felicidade da sua mãe. Eu não quero te olhar nunca mais. Adeus!

            Miguel teve vergonha até mesmo de tentar convencê-la. Não merecia Liz. Ela tinha razão em não desejar mais o casamento. E ele não conseguia imaginar a vida sem ela daqui para frente.


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