domingo, 17 de agosto de 2014

Vidas Ocultas - Capítulo 6

Desculpem a demora :( Minha vida anda bem complicada, mas a história será feita com todo o carinho. O cap demorou um pouquinho, mas saiu. E está bemmm legal.



            Elizabeth não podia dividir com ninguém os sentimentos que lhe afligiam. Ninguém jamais soube da parte mais íntima de sua vida. O que iriam pensar se soubessem? Ela, uma advogada e investigadora respeitada, cairia em descrédito total. Seria o fim de sua carreira e da relação que tinha com os amigos e colegas. Nem mesmo Beatriz e Matt entenderiam o que ela fazia e as razões.
            Talvez nem mesmo ela soubesse explicar. Sabia apenas que era naquelas noites de liberdade e entrega total em que se sentia mais poderosa. Miguel estava certo, ela gostava de ser chamada de vadia na cama. Mais do que isso: gostava de ser tratada como uma. E não se sentia desvalorizada como mulher. Aquela não era ela. Não era a investigadora Elizabeth a entrar em algum quarto de motel com um homem desconhecido e fazê-lo acreditar que aceitava fazer qualquer coisa por algum dinheiro. Eles achavam que ela sujeitava-se a isso por necessidade. Pensavam que a estavam usando. Mas era o oposto. Ela se satisfazia neles. E depois ia embora sem levar dinheiro algum ou dizer quem era. Era ela a ter o comando em 100% das vezes e os homens sequer notavam.
            Teve outros tipos de relacionamento, é claro. Bons relacionamentos. Durante a faculdade namorou um rapaz chamado Natan por bastante tempo. Chegaram a pensar em ficar noivos. Mas o relacionamento não evoluía. E o problema estava justamente na cama. Natan estudava psicologia, era inteligente, educado, fã de música e um perfeito cavalheiro. Isso tornava-o o parceiro perfeito para tudo menos o sexo. Quando transavam, ela até tentava fazê-lo entender que gostava de alguma brutalidade, do descontrole, de reações instintivas. Mas Natan parecia querer amá-la com todo o carinho e dizia não conseguir sequer pensar em, por engano, lhe ferir a pele. Foi quando terminaram. Ser feliz em tudo menos na cama definitivamente não bastava. E ela ficou solteira, engatilhando apenas pequenos casos de uma ou duas noites. Aos 20 anos, lhe parecia uma rotina bem agradável. Pensava que talvez um dia fosse encontrar um cara que curtisse aquele tipo de sexo e fosse sossegar em um relacionamento.
            Isso começou a mudar quando já formada e atuando na polícia prendeu uma mulher por abandono de incapaz. Talvez por lhe fazer pensar no próprio passado ou somente pela crueldade de uma mãe abandonar os próprios filhos, foi embora muito chocada. Não queria ir para casa e ficou caminhando nas ruas. Passou por muitos casais. Alguns compostos por prostitutas e homens a fim de sexo sem compromisso. Viu quando um dos caras puxou o cabelo da mulher. Ela sorria ao invés de gritar por socorro. E ali Elizabeth soube que a prostituta estava gostando. Como policial, poderia e deveria ter dado voz de prisão ao homem que machucava a garota em plena rua. Mas o sorriso da outra a travou.
            Ao invés de prendê-lo ou seguir andando, ficou observando-os. A garota era uma mulher comum, nem bonita nem feia. Usava um vestido vulgar, vermelho, curto e excessivamente decotado. Seus seios fartos pareciam saltar para fora em cada respiração ofegante. E o homem continuava lá, segurando-a pelo rabo de cavalo com uma mão e alisando seu traseiro com a outra.

            - Vamos...me leva para o motel e não vai se arrepender. Eu vou te enlouquecer. – Pode ouvir quando a garota se ofereceu.
            - Será que vai mesmo? – O homem apertou a bunda da acompanhante com força e Elizabeth teve certeza de que ela ficaria com a marca da mão dele. – Vamos...eu vou te comer sim. E você vai ter de fazer valer a grana.

            Elizabeth os viu entrar em um carro e teve de reconhecer para si mesma que, mesmo soando vergonhoso para alguns, invejou a garota. Aquela prostituta teria uma noite de sexo sem nenhum pudor. Daria e receberia prazer. Isso não era crime algum. A jovem sabia o que estava fazendo. E ela? Passaria mais uma noite sozinha em casa. Sua outra opção era ligar para algum colega ou amigo e convidar para irem até um bar. Poderiam até terminar na cama. Mas seria da mesma forma delicada e respeitosa como foi com os outros. Tudo cheio de ‘minha querida’ e ‘como você é linda’. Ela não desejava ser chamada de linda nem de querida, queria apenas prazer da forma mais brutal que pudessem lhe dar. E sem nenhum envolvimento emocional nem promessa de ligação no dia seguinte.
            E naquela noite Elizabeth pensou em como os homens deixavam de lado as amarras sociais quando estavam como uma prostituta. Porque com elas não era necessário cortejar, era apenas satisfazer-se. Então não pensavam no que era correto. Faziam o que lhes dava prazer.
            Em sua primeira folga, maquiou-se e vestiu-se como uma vagabunda profissional e saiu palas ruas. Salto alto e perfume barato, nem mesmo ela se reconhecia. E isso era bom. Desejava ser outra mulher e sentia-se assim. Por segurança, dentro da bolsa levava uma pequena arma de choque. Não faria nada que não tivesse vontade. Não demorou muito para um homem parar o carro próximo dela e lhe oferecer dinheiro por algumas horas de prazer.

            - Te pago 300 se fizer tudo!

            O valor não lhe interessava, mas o ‘tudo’ deixou-a confusa. O que seria ‘tudo’ para uma prostituta? Impossível saber. E ali estava a graça. Ela não sabia o que aquele homem desejava dela e teria de satisfazê-lo. Pensou então se havia alguma coisa que, de antemão, sabia não sentir prazer algum. Só lembrou-se de uma.

            - Não faço anal. – Tentou com um antigo namorado e mesmo ele não sendo tão bem dotado, só conseguiu deixá-la dolorida.
            - Puta com frescura! Hoje não to a fim de cu mesmo. – Ele era forte, cheio de tatuagens nos braços e parecia bruto. Elizabeth percebeu que o desejava. – Entra no carro.

            Como depois se transformaria em hábito, não disseram os nomes. O tatuado apenas a puxou pelo corredor do motel e assim que entraram no quarto, mandou-a tirar a roupa e ficar de quatro na cama. Possui-a como se fosse um animal de rua, do qual depois precisasse se desinfetar, e tratou-a como se não tivesse valor algum.  Mas o animal ali era ele e parecia estar enjaulado há tempos, tamanha a fome com que a devorou.

            - Gostosa! Toma vadia! Toma! Vou te arrebentar! – Ele gritava enquanto a penetrava por trás utilizando de toda a força que tinha.
            - AAAaaa. – Elizabeth só fazia gemer.

            Foram três vezes durante a madrugada e nas três ele foi bruto apertando-a, mordendo-a, às vezes machucando-a. Elizabeth sabia que estaria dolorida no dia seguinte e gostava. A ideia daquele desconhecido conseguir deixá-la marcada era sexy. Quanto mais bruto ele era, mais excitação ela sentia.



            E quando o tatuado apagou exausto sobre o colchão, Elizabeth vestiu-se e arrumou os cabelos como pode antes de sair. Quando fechou a porta atrás de si, percebeu que jamais havia se sentido tão mulher, tão dona de seus desejos, quanto nessa noite. Estava satisfeita, com o corpo relaxado e a consciência tranquila.

            Depois disso ela repetiu a tática prazerosa algumas vezes. Sempre que precisava de sexo e não tinha vontade de se envolver em um relacionamento de verdade. Sabia que era perigoso ser reconhecida por alguém, mas arriscava porque era daquele sexo que gostava. O pecador, o violento, o escondido. Jamais fez nada disso com nenhum colega ou ninguém que pudesse ligá-la à polícia. Só não esperava já ter passado pela cama de um de seus investigados. E agora estar nas mãos dele.
            É claro que, caso expusesse o que sabia, poucas pessoas acreditariam em Miguel. Mas somente a desconfiança dos superiores na polícia e dos amigos já seria terrível. E ao menos uma pessoa tinha condições para juntar as peças e saber de tudo. Bia não sabia o que fazia, mas tinha conhecimento de seus desaparecimentos em noites de folga. Ela jamais viu nada comprometedor. Aquele tipo de roupa ficava trancada em uma gaveta de seu closet. Mas ela ia saber. E jamais se perdoaria por decepcionar Beatriz.

            Na manhã seguinte ao encontro com Miguel no beco, Elizabeth e Beatriz tomaram café da manhã juntas enquanto Eva ainda dormia. Elas não trocaram muitas palavras, ambas estavam com pressa, mas a cumplicidade de irmãs estava ali.

            - Tudo bem? Conseguiu resolver seus problemas com Miguel?
            - Ele é quem tem problemas para resolver com a lei. Eu apenas preciso me afastar dele.
           - É. – Bia concordou bebericando sua xícara de café. – Pena que a gente tem uma tendência de fazer o que deseja e não o que precisa, minha irmã. Tenha um bom dia.
           
            Na casa dos Benitez o café da manhã foi corrido e contou com poucas palavras entre mãe e filho. Nada a que Rúbia já não estivesse habituada. Miguel depois que assumiu as rédeas da BTez estava cada vez mais estressado e fechado. Aquele jovem vivaz e disposto agora parecia mais envelhecido com o peso das responsabilidades.

            - Não está esquecendo-se de nada, Miguel? – Ela perguntou ao vê-lo pegar o paletó.
            - No, Madre. – Ele até tentou se lembrar. Mas não recordou de nada.
            - Willian me telefonou ontem. Você combinou de o recebermos aqui em casa?
         - Droga! Eu esqueci! – Willian era um grande amigo. Ambos tinham feito residência juntos em um hospital da Espanha anos atrás. O destino lhes pregou uma peça: espanhol, Miguel já não vivia na Espanha há muito tempo enquanto Will, americano, morava e exercia a medicina como pediatra em Sevilha. – Ele vem passar duas semanas. Peça para prepararem um quarto, sim? Vou buscá-lo no aeroporto!
            - Está preparado desde que ele me falou que vinha. Tomara que com Willian aqui você relaxe um pouco, filho.
            - Tomara que eu consiga me desfazer de alguns compromissos para dar atenção ao meu amigo. Se Javier estivesse aqui seria mais fácil. Falou com ele?
            - Não.
            - Estranho. Já era para ter retornado dos EUA. Mas depois eu vejo isso. Até mais tarde, Madre.

       Miguel correu para adiantar os compromissos e às 11hs estava no aeroporto esperando o desembarque de Will. Mantinham contato por telefone e internet, mas há dois anos não passavam mais do que algumas horas juntos. Esses últimos encontros foram sempre em uma mesa de bar, apertados entre compromissos profissionais. Nunca tinham tempo para realmente ouvir um ao outro.

            - Como está a solteirice, Miguel? – Foram do aeroporto para um restaurante e lá começaram a atualizar as conversas.
            - Ótima! Definitivamente, Alejandra é uma ex muito melhor do que esposa! Agora eu até me lembro porque um dia a amei!
            - Sinto cheiro de recaída?
            - Nem pensar! Minha vida anda de cabeça para baixo sem esposa, imagina com uma? Nem pensar!
            - E quem é a atual?
            - Não, sem namorada no momento.
        - O que? – Will ficou realmente surpreso. – Você nunca fica sozinho, Miguel. Ao contrário, seu problema sempre foi ter apenas uma mulher de cada vez! Sua vida particular deve estar um tédio jamais visto, meu amigo.
            - Longe disso, Will. Deixe-me te atualizar em algumas coisas.

            E Miguel lhe contou sua situação com a delegada que investigava acusações graves contra sua empresa. Omitiu, porém, o segredo de Liz. Não por qualquer desconfiança quanto a Willian, mas para proteger Elizabeth. Por mais que a tivesse ameaçado justamente com isso, não tinha coragem de expor tema tão particular a estranhos. Não desejava envergonhá-la.

            - Então enquanto ela quer te prender, você quer levá-la para cama?
            - Basicamente é isso sim. Eu a quero, Will. Preciso tê-la.

            Ele apenas não contava com o fato da polícia estar à sua procura naquele momento e, muito menos com a razão da busca. Até para Elizabeth a causa foi de grande surpresa.

         Quando chegou ao trabalho, Elizabeth estranhou não ser chamada por Tom para decidirem o que fazer sobre a investigação da BTez. Mas, conforme Rebecca avisou, o superior estava envolvido em outro caso e ela deveria tocar as investigações para conversarem mais tarde. Tranquila, foi para o outro lado da cidade, no presídio, encontrar-se com Cristian Lima. O contrabandista que após meses de trabalho investido na sua captura, acabou preso. Em dois dias ela iria depor em seu julgamento e, segundo a promotoria, ajudar a condená-lo a mais de uma década. Era muito conveniente para Cristian se ela morresse. Estava convencida de que ele era o mandante de seu atentado. A indicação era manter-se em segurança e guardar atenção extra até o depoimento oficial frente ao juiz. Deveria se preservar. Ela optou por uma atitude mais drástica.

            - Surpreso em me ver, Cristian? – Estavam frente a frente.
        - Investigadora...sim surpreso...esperava vê-la apenas no tribunal. – Ele não demonstrou nenhum sentimento.
            - Esperava? Mesmo? Eu achei que você não tivesse muito satisfeito com minha presença por lá.
            - Eu? – Seu sorriso era provocador. – Isso não me importa. E, se não gostasse, nada poderia fazer, não é verdade?
            - É. Totalmente verdade. Porque eu estarei lá, Cristian. Pode apostar. – Elizabeth aproximou-se dele e elevou o tom de voz. – E no que depender de mim, a sua pena será a mais rigorosa. Eu sou dura na queda, lembre-se disso quando for...’dificultar’ meu dia. Tiros de raspão costumam me deixar bem irritada!
            - Que lástima! – Ele debochou.

            Eram 11hs e 40min quando chegou de volta à sua sala, pensando apenas na fome que sentia. Segundo as regras de cuidados com a diabetes, deveria se alimentar a cada três horas, mas dificilmente cumpria isso. O plano era verificar se havia alguma urgência, falar com Tom e convencê-lo a esperar mais uns dias para pedir um novo mandado de prisão para Miguel e, finalmente, ir almoçar. Carla e Fred tinham notícias que lhe mudaram os planos.

            - Tom saiu há cerca de 40 minutos. Foi efetuar a prisão do Benitez. – O jovem policial informou.
            - Porque sem mim? Eu sou a investigadora!
            - Ele tentou te ligar e você não atendeu. – Carla respondeu. – Apareceu mais uma morta.

            Elizabeth não queria acreditar. Estava convencida de que Miguel não era um assassino. Mas entendeu o quão grave era a situação quando Rebecca lhe estendeu uma foto da cena do crime onde mais uma mulher fora morta. Rua humilde, lugar sujo, sangue pelo chão e uma mulher morta a tiros. O corpo estava deitado no chão e com o rosto para baixo, dando a entender que havia sido atacada pelas costas. Loira, cabelos curtos e opacos, constituição pequena e frágil. Em poucos instantes percebeu que já a tinha visto e entendeu qual a ligação de mais uma mulher morta na cidade com Miguel.

            - Chama-se Natália Villa. É outra profissional do sexo. Ela tinha um cartão de no bolso da calça jeans. – Carla disse.
            - Merda! – Elizabeth pegou a própria bolsa e seguiu para a carceragem. – Eu vou encontrar com eles. Já efetuaram a prisão?
            - Tom deve estar fechando as algemas nesse momento.

            Quando Elizabeth chegou, encontrou Tom fazendo junto com um delegado o registro da prisão. Foi informada de que Miguel já estava na cela, especial, por ter curso superior. Na recepção, reconheceu Louis, o advogado de Miguel, e Rúbia Benitez, acompanhados por outro homem.

            - Você! É você quem vem criando problemas para meu filho! Você quem o inferniza! Foi você quem o trouxe para cá e não me deixa vê-lo!
            - Senhora Benitez, muito prazer. Eu me chamo Elizabeth e sou sim a investigadora do caso de seu filho. No entanto, não fui eu a efetuar a prisão. – Não devia explicação àquela mulher, mas resolveu deixar claro. – Se ela não é justa, farei de tudo para colocá-lo na rua em breve.

            E preocupada ela aguardou para poder conversar com Tom a sós. Teria de lhe dizer que esteve com Miguel na noite anterior e viu quando a mulher em questão entregou o cartão. Eles não se conheciam até aquele momento. A expressão confusa de Miguel no encontro lhe dizia isso. Mas significava contar tudo para Tom. Dizer que estava psicológica e fisicamente afetada por Miguel, ligada a ele. E deixar o caso. Não podia simplesmente seguir investigando o homem com quem transou no passado.
            E, pior, agora lembrar-se perfeitamente daquela noite. Lembrava-se de como estava nervosa e em como Miguel a fez extravasar o desejo acumulado. Assim como os outros homens que conheceu na rua, Miguel foi bruto na cama com ela. Talvez seu único refinamento tenha sido levá-la para um hotel de luxo e não para qualquer pocilga da região. Mas na cama foi como todos os outros. Parecia descontar nela uma raiva imensa e, em cada toque, ia relaxando. Às vezes parecia ter raiva, em outros momentos era quase carinhoso e em cada segundo sabia o que fazia. Aquela noite agora poderia lhe custar a chefia de investigação nesse caso e, talvez, problemas na carreira.

            - Tom! – Ela o viu sair de uma sala. – Precisamos falar.



            - Agora não, Elizabeth. Eu tentei te contatar, mas não consegui e surgiu uma evidência incontestável de que o Benitez está ligado a mais um dos assassinatos. Agora ele vai passar uma temporada atrás das grades.

            Não havia o que fazer a não ser dizer a verdade.

            - Eu vou contestar a evidência, Tom.
         - Como é que é, Elizabeth? Qual seu problema com esse cara? Você nunca defendeu bandidos assim!
            - Estou convencida da inocência dele.
          - Então trate de provar! Tem uma prova de que ele e sua empresa não estão envolvidos no tráfico para fins sexuais? Porque eu tenho várias indicações de que eles estão lucrando muito com isso!
            - Não tenho provas! – Nenhuma, infelizmente. – Mas eu estava com ele ontem, vi quando a mulher o abordou e ele não a conhecia. Para se livrar dela, entregou o cartão de visita. Eu vi o local e hora estimada da morte. Miguel Benitez estava comigo, Tom. Ele não é o assassino.
            - Com você? Elizabeth...você, de alguma forma, está envolvida como ele?
            - E...eu... – Estava na cara que sim.
            - Que merda, Elizabeth! Você prendeu um ricaço! Tem noção no tanto de holofotes que isso atrai?!?! A secretária de segurança me telefonou pessoalmente hoje para lembrar que minha equipe não pode cometer erros. A imprensa está na nossa cola! Se descobrirem que você e ele...
            - Ele não matou a garota! Eu estava com ele! E isso é o depoimento de uma investigadora federal com anos de dedicação ao estado! Acho que tenho credibilidade o bastante!

            Comandante, Tom tinha autoridade suficiente para não apenas dispensar Elizabeth do caso, como lhe punir por ter atuado e manter envolvimento com o acusado ao mesmo tempo. Mas ele a conhecia há tempo o bastante para saber que ela jamais o beneficiaria. Ela tinha certeza do que dizia. E fazer daquilo um escândalo seria prejudicial a todos.

            - Não me interessa qual o seu envolvimento com o Benitez. Se ele for culpado, será preso. Eu não vou te tirar do caso agora porque a imprensa e a secretaria de segurança iriam me cobrar a razão disso e seria o fim da sua carreira caso descobrissem. Nós vamos interrogar o Benitez e, batendo com o que você me disse, ele será liberado.
            - Vai bater! – Ela estava segura.
            - Ótimo. E se prepare para colocar no seu relatório alguma explicação satisfatória do porque estava com o Benitez na noite passada.
            - Colocarei a verdadeira! O Senhor me deu 24hs para descobrir algum indício de que Miguel não era culpado e eu fiz uma tocaia. Acabei por presenciar o ocorrido.
            - É, parece bem convincente. – Com isso Tom encerrou o assunto e deixou claro estar longe de acreditar ser apenas aquilo.

            O comandante estava certo em esperar a imprensa. A calçada da delegacia estava cheia de repórteres querendo saber por que um dos empresários que mais atraía holofotes do país estava preso. Miguel de La Vega Benitez não era notícia apenas por seu dinheiro. Sua beleza, juventude e vida social agitada também ganhavam capas de revistas. Todos queriam detalhes.
            E o jornal no qual Beatriz trabalha sabia que a irmã da investigadora do caso teria acesso mais fácil à delegacia do que qualquer outro profissional. Conhecida por todos, Beatriz conseguiu entrar na área policial facilmente. O guarda dos fundos a conhecia de vir falar com a irmã ocasionalmente e apenas a cumprimentou com um aceno. Apenas viu Elizabeth passar com o superior. As duas trocaram olhares que Bia reconhecia o significado. Tinham um combinado para situações em que ela precisava cobrir como jornalista casos em que a irmã estava envolvida. Uma não se envolvia no trabalho da outra. Foi então xeretar e ver se descobria algo. Precisa de alguma informação exclusiva para colocar em sua matéria. Viu a mãe e o advogado do Benitez em um canto e ficou observando-os. Tinha de aguardar a hora certa para se aproximar.


            - Não sei como entrou aqui, mas se o Louis descobrir que uma jornalista está tão próxima da família Benitez, não ficará muito tempo.



            Antes de responder, Beatriz pensou em como ele a tinha reconhecido como jornalista. Não estava carregando na mão seu bloquinho nem o gravador.

            - Eu tenho uma amiga jornalista na Espanha...vocês tem o mesmo ‘modus operandi’. Observam tudo de longe. – Ele esclareceu. – Como é o seu nome, jornalista?
            - Beatriz. Muito prazer em conhecê-lo....
            - Willian. Eu sou amigo de Miguel. E é por ele que você está aqui, certamente. Só queria entender como conseguiu entrar aqui tão rápido. Seus colegas não tiveram a mesma sorte.
       - Eu tenho minhas fontes. – Já que ele estava tão falante, Bia resolveu tentar arrancar outras informações. – Então...você estava com Miguel quando ele foi preso? Como foi a operação?
            - Sim, estava. E eu seria um péssimo amigo se te passasse alguma outra informação.
            - E eu uma péssima jornalista se não tentasse fazer você falar.
          - Verdade. – Will tinha gostado dela e sorriu com sua sinceridade. – Façamos o seguinte então. A mãe de Miguel está muito nervosa e eu te peço o favor de não se aproximar da família. E, em troca, eu não te delato para Louis e você vai apurar suas informações com os policiais. Fechado?
            - Fechado. – Ela não pretendia mesmo importunar Rúbia Benitez e o advogado seria obrigado a dar um pronunciamento oficial mais tarde. – Quando Miguel sair, diga que estive aqui. Ele me conhece...tem meus contatos.
            - É bom saber disso. Bom trabalho, Beatriz.


            Na sala de interrogatório, Miguel estava bem menos animado. Ficou duas horas encarcerado numa cela à espera de poder conversar com o advogado e esse, quando apareceu, apenas lhe disse que fazia o possível para libertá-lo ainda naquele dia. Agora passavam das 15 horas e ainda esperava. Pelo que Louis lhe disse, uma garota de programa fora morta na noite passada e em seu bolso havia um cartão com seu nome e contatos. Inicialmente pensou que podia ser uma armação. Mas agora lembrava-se da loura que o abordou no bar, confusa e fazendo acusações. Precisava avisar para que Louis localizasse Javier. Ele tinha explicações a dar. Um guarda veio buscá-lo para dar depoimento. Ele foi e não se surpreendeu a encontrar Elizabeth na sala. Ela tinha responsabilidade em tudo aquilo. Ela ameaçou prendê-lo e cumpriu.



            - Que prazer tornar a vê-la, Liz. – Com raiva, provocou-a. – Da noite passada para cá, já sinto saudades!
           
            Elizabeth já esperava encontrá-lo raivoso. Acostumado com ambientes refinados, Miguel agora estava tendo suas mãos libertadas das algemas para falar de temas desagradáveis, num lugar frio e impessoal, cheio de pessoas às quais não desejava ver. Observou também que esta era a primeira vez que não o via alinhado em um belo traje. Com os cabelos revoltos, sem o paletó e usando uma camisa já amarrotada, Miguel parecia um homem menos refinado do que realmente era. Estava menos controlado também e lindo como sempre.
            Aquela raiva, no entanto, podia lhe custar caro. Esperava que o advogado conseguisse controlar o cliente e o fizesse não dizer coisas que apenas o comprometeria. Ouviu Louis tentar.

            - Apenas responda as perguntas com clareza, Miguel. Por favor. – Disse-lhe o advogado.
            - Por quê? – Descontrolado, Miguel a atacava e somente ela entendia a que ele se referia. – Eu não posso cumprimentar a nossa doce e correta investigadora? Elizabeth é um modelo de cidadã correta, íntegra e cumpridora de seus deveres morais! Não é verdade, Liz?
           



            - Talvez não, Sr. Benitez. Eu sei que não sou perfeita. – Havia certa mágoa em sua voz trazida pela acusação de Miguel. Em códigos, discutiam algo muito íntimo na frente de estranhos. – Mas eu tento ser o mais correta possível e por isso já repassei ao meu supervisor aqui presente a informação de que o Sr. estava em minha presença na noite passada, momento em que a senhorita Natália Villa, conforme apuração na documentação, fora morta, exatos seis quarteirões de onde nós estávamos.

            Enquanto Tom e o escrivão presente mantinham a expressão neutra, Miguel mostrava-se surpreso pela frieza de Elizabeth em narrar tudo, não apenas com sinceridade, mas exatidão de dados. Louis pouco entendia do que se passava.

            - A senhora procurou o meu cliente na noite passada? – O advogado perguntou.
            - Ao fazer o meu trabalho de investigação, eu presenciei o Sr. Benitez em um bar sendo abordado pela senhorita Natália Villa, no que seriam suas últimas horas de vida. E vi quando ele entregou o cartão com os dados. Posso afirmar que não se conheciam.
            - Deixe isso para o investigado nos contar, Elizabeth. – Tom interferiu. – Agora, Sr. Benitez, nos conte o que sabe sobre Natália Villa. E devo lhe informar que sua situação com a justiça anda bem complicada. Aconselho-o a não tentar me enrolar.

            - Não sei muita coisa. – A mulher havia feito acusações graves. Contá-las para o Comandante podia ser pior. Miguel não sabia o que fazer. – Ela estava confusa, talvez drogada. Eu não sei. Então lhe dei meu cartão e pedi que me procurasse em outro momento. E foi só. Não me disse sequer seu nome.
            - E o senhor entrega seu cartão com informações pessoais a qualquer um sem nem mesmo saber o nome?
            - Não...é claro que não. Mas algo nela me fez acreditar que devia ouvi-la...quando estivesse menos confusa.
            - Eu gostaria que me contasse sua conversa com Natália em detalhes. Agora, Sr. Benitez.
            - Eu não lembro...eu...
            - A verdade, Miguel! Agora! – Elizabeth interrompeu o superior e percebeu não tratar Miguel como deveria. – Faça um esforço e lembre-se, Sr. Benitez. Por favor.

            Miguel pensou que talvez não houvesse escapatória. E se a garota estivesse certa e morrido justamente por isso? E se fosse tudo verdade e sua empresa de alguma forma estivesse ligada a sucessivas mortes, além de acobertar os lucros vindos do tráfico e escravização de seres humanos. Era impensável. Era chocante demais para aceitar. Não podia se calar.

            - Ela disse me conhecer e saber que eu comandava uma montadora. – Ele começou.
            - Isso é informação pública. Não liga vocês dois. – Louis apressou-se em esclarecer.
            - Mas ela parecia conhecer mais alguém...alguém que ‘também manda e é perigoso’. Ela dizia que eu ‘precisava fazer parar’ e que havia fugido.
            - Fugido de onde? – Elizabeth perguntou. – De quem? Quem é perigoso?
            - Não falou. Estava confusa demais. Por isso lhe entreguei o cartão. Parecia tudo loucura...mas ela era tão sofrida que eu achei que...por um instante eu achei que podia ser verdade e lhe dei o cartão.
            - Parece que, confusa ou não, Natália realmente fugia de alguém perigoso. – Tom concluiu. A história parecia verdadeira. Mas faltava um detalhe. – Quem também manda na sua empresa, Sr. Benitez? A quem Natália podia temer? Não é hora de proteger ninguém.
          - Legalmente, desde que meu pai morreu, eu sou o maior acionista e presido o conselho. Mas devido a minha pouca experiência corporativa, nos primeiros anos meu tio, Javier Alencastro Benitez, comandou os negócios ao meu lado. Hoje nós dividimos as funções e gradativamente eu estou assumindo. Mas ele trabalhou a vida toda ao lado de meu pai. E é improvável que tenha envolvimento em fraudes.
            - E assassinatos, Sr. Benitez. Não se trata mais apenas de dinheiro, mas de vidas. Onde seu tio está nesse momento?
            - Ele estava em viagem aos EUA. Já era para ter retornado.
           - É bom que tenha retornado então. E que venha prestar esclarecimentos. Vou solicitar um mandado. O Sr. está liberado, mas não pode deixar o país até segunda ordem.

            Miguel e Elizabeth trocaram apenas um olhar enquanto ele se retirava escoltado pelo advogado. Não tinham tempo para problemas pessoais enquanto os profissionais eram tão gigantescos. Ela conseguiu livrar Miguel da acusação daquele assassinato, mas ele seguia no centro de um escândalo de abuso sexual.
            Miguel foi para casa cercado pela atenção da mãe. Rúbia não tinha um sofrimento assim desde a morte do marido. Sentia que agora lhe tentavam tirar o único filho.

           - Como trataram você? Eu já pedi para Juliana preparar sua comida favorita. Eles lhe serviram alguma refeição?
            - Sim. Mas eles não servem paella, madre!
            - Vou preparar para o jantar! – Tudo o que desejava era mimar seu filho.
           - Will! – Miguel procurou pelo amigo. – Desculpe pela recepção. Seu primeiro dia no Brasil e já passa por isso.
            - Não foi de todo ruim, Miguel. Achei bem animado.
            - Por quê?
            - Depois eu te falo.


            Banho, muito descanso e um bom jantar tipicamente espanhol fizeram Miguel deixar de lado o mau humor do dia. A paella de frutos do mar saboreada com um vinho espanhol conseguiu arrancar sorrisos de todos. Quando o relógio marcou 10h15min, Rúbia anunciou que ia deitar-se para repousar daquele dia tão duro. Dispensando a companhia de Will, Miguel avisou que iria sair. Tinha algo de importante para fazer.

            Pegou seu carro e saiu com destino certo. A casa de Elizabeth. Torcia para a irmã e a sobrinha não estarem. Precisava conversar em paz com a teimosa investigadora. Devia-lhe um agradecimento. O primeiro passo foi fazer com que abrisse o portão da rua. Pelo interfone lhe avisou que não sairia dali sem vê-la.

            - Abra, por favor. – Pediu e ouviu o trinque se abrir.

            Quando entrou no apartamento, Miguel conheceu um ambiente simples, mas bem decorado. No canto esquerdo uma caixa com brinquedos e sobre o sofá algumas pequenas roupas. Sim, ali vivia um bebê e duas mulheres. Era um lugar delicado e prático, confirmando se tratar do lar de duas mulheres que trabalhavam fora.

            - Minha irmã e minha sobrinha estão dormindo. Fale baixo, por favor. – Elizabeth pediu guiando-o para a cozinha e lhe oferecendo um café.



            - Já estamos íntimos o bastante para tomar um café na cozinha do apartamento às 23hs?
        - Acho que sim...olha Miguel...eu sinto pela humilhação que passou hoje. Mas não vou te pedir desculpas por fazer o meu trabalho. E também não vou te dar explicações da minha vida particular. O que faço nas minhas noites de folga não te interessa. E eu sinto muito pelo fato de você já ter...participado das minhas noites de folga e agora estar tumultuando o meu trabalho.
            - Não sinta. Eu vou provar minha inocência, Elizabeth. Eu agradeço sua ajuda hoje. Se não tivesse sido meu álibi eu ainda estaria preso. E me desculpe se eu fui grosseiro com você lá no interrogatório.
            - Eu já tive presos bem mais grosseiros, acredite.
         - Imagino...e quanto a suas noites de folga, eu não vou fingir que entendo. Estaria mentindo. Uma mulher como você não deveria se sujeitar a ser tratada daquela forma...eu lembro de como te tratei, lembro das coisas que te falei. Não é assim que uma mulher como você merece ser tratada. Eu fui muito bruto e grosseiro com você.

            Elizabeth o observou por algum tempo. Estavam sendo francos. Ele merecia ouvir a verdade. Não tinha porque se culpar por algo de que ela gostava e até buscava.

            - Eu gostei de você bruto e grosseiro, Miguel.
            - Você merece ser cuidada.
        - É essa brutalidade que eu procuro nas ruas. Naquela noite você me deu exatamente o que eu precisava.

            Os dois sabiam como aquela conversa terminaria. Miguel não veio ali apenas para falar e Elizabeth abriu a porta sabendo do risco. Não demorou muito para Miguel tirar o casaco e erguê-la por sobre a bancada que servia como mesa. Elizabeth só não arrancou todos os botões da camisa dele porque sabia que ele precisaria dela para ir embora. Sua vontade era devorá-lo.

            - A menos que sua irmã tenha o sono realmente pesado, acho melhor irmos para o seu quarto, Liz.

            Os dois foram e, sem pudor algum, arrancaram as próprias roupas e expuseram os corpos já vistos antes. Dessa vez ele não usava barba nem estava bêbado enquanto ela usava uma lingerie muito mais discreta e tinha no rosto apenas um leve batom.

            - Eu quero você, Miguel. – Ela confessou enquanto ele beijava seu pescoço. – Forte como da outra vez. Quero amanhã carregar comigo as marcas dessa noite e lembrar-me de como foram feitas.
            - Você é maluca Liz. Totalmente pirada. Mas eu não me importo em satisfazer você. – Ele tinha planos para mostrar para ela que conseguia satisfazê-la sem ofendê-la, deixando claro que era sim uma mulher valorizada. – Deita de costas. Vou te chupar tanto que você vai gritar até ficar rouca.
            - Não...vou acordar a...
            - Então terá que segurar seus gritos, querida Liz. – Ele forçou-a a deitar e, já completamente nua, afastar as pernas. – Você manda na sua delegacia, nas suas investigações, mas, na nossa cama quem manda sou eu. Você me obedece. Ouviu bem?
            - Simmm. – Elizabeth respondeu quando o sentiu posicionar seus joelhos sobre cada um de seus ombros. Com as mãos ele afastava ainda mais suas coxas e ganhava acesso livre a região mais íntima. Logo Miguel a devastava com a língua e os lábios. E ela nem mesmo gritar podia. – Aaaa mais....mais Miguel.

            Ele também queria mais e logo suas mãos subiram para os seios e apertavam, torciam os mamilos fazendo-a se contrair no corpo todo, inclusive lá embaixo.

        - Gostosa...eu quero você toda. Você inteira. Toda minha. Quero que você fique em cima. Cavalgue-me o mais rápido que puder enquanto eu chupo esses peitos. Vem!

            Ela obedeceu e adorou senti-lo o mais fundo possível. Ele era grande e ia sem dó, entrava todo, sem delicadezas e ela mordia os lábios para não gritar. Ao menos tempo em que a penetrava, Miguel beijava e chupava seus seios com desespero. Mas ela desejava mais.

            - Morde! Morde bem forte. Me deixa marcada! – Implorou.
           - Já te disse que aqui quem manda sou eu. – A resposta veio acompanhada por uma palmada ardida dada na parte de trás da coxa e que ela adorou sentir.

            Ele ergueu as costas e passou a controlar a penetração também. Estava quase gozando e queria atrasar um pouco mais, além de estar na linha de visão dela nessa hora. Estavam enlaçados, com as pernas engatadas na do parceiro e com as bocas unidas.




            Quando o orgasmo chegou, fizeram questão de manter o beijo e que esse abafasse os gritos. Tiveram os corpos sacudidos pela sensação de prazer, apimentada pelo fato de estarem cometendo um erro. Aquela noite teria de ser mantida em sigilo ou ambos teriam problemas.

            Quando os corações voltaram a bater normalmente, Miguel foi o primeiro a falar.

            - Eu vou quer mais disso. – Avisou-a.
            - Nós temos a noite toda.

            Miguel preferiu não responder, mas não se referia a mais transas naquela noite. Estava lhe dizendo que aquela não seria a última noite deles juntos. Realmente não se importava se Elizabeth desejasse sair em suas noites de folga para ter sexo selvagem passando-se por uma prostituta. Desde que ele fosse seu único cliente.

            Passava das 5hs da manhã e os dois estavam relaxados na cama após uma madrugada quente. Era hora de Miguel pegar suas coisas e ir para casa antes que o dia clareasse e ele pudesse ser visto deixando a casa. O que o impediu de se despedir foi o telefone tocando. Era Louis e o tema bem desagradável.

            - Javier não deu sinal. Eu o procurei no apartamento e não retornou dos EUA. Então chequei suas reservas de hotel. Ele sumiu do mapa Miguel. Javier fugiu.

            Ao desligar o telefone Miguel estava pálido e Elizabeth desconfiada.

            - O que foi de tão grave, Miguel?


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