terça-feira, 8 de outubro de 2013

Casamento Fuga e Vingança - Capítulo 27: Apoio




Quando Bella acordou eu estava ali, ao seu lado, pronto para oferecer meu apoio. A questão era... ela iria aceitar? Eu desejava ser um homem correto e isso incluía não me aproveitar de um momento de carência e de medo vivido por ela. Eu esperava ser recebido de forma nada amigável no quarto, mas não foi assim. Ela estava desconfiada, amargurada, profundamente triste, mas desejosa de carinho.

- Oi. – Disse timidamente ao entrar no quarto.
- Oi... te devo um agradecimento.
- Não, nunca me deverá nada Bella. É a obrigação de um homem proteger àqueles que ama.
- De qualquer forma, obrigada. Nunca iria me perdoar algo acontecesse ao meu filho.
- Nosso. Nada de ruim acontecerá ao nosso filho.

Ficamos em silêncio apenas nos observando por alguns minutos, de certo modo dividindo a felicidade de saber que, apesar de nossos erros, o bebê estava bem e traria alegrias para nós. Achei que seria um bom momento para fazer o pedido e que ela não me negaria.

- Será que...bom...será que você deixa eu ver o ultrasom? Eu queria muito ver nosso filho.
- Claro. Só que Edward eu preciso que você saiba...não vou abandonar meu filho. Ele é meu.
- Não Bella, ele é nosso.
- Mas está dentro de mim. – Ela insistiu.
- Você sabe o quanto eu sonhei com esse bebê Bella. E enquanto eu o desejava, você nem ligava, nem queria ser mãe.
- Mas agora serei. E não abrirei mão dele!

Resolvi não discutir em respeito ao seu estado de saúde.

- Ok, não quero que fique irritada agora.

Logo depois uma enfermeira entrou no quarto dizendo que Bella deveria ser preparada para o exame. Eu fiquei esperando na sala ao lado e quando entrei, ela estava vestida numa camisola verde aberta no ventre e deitada na maca. Logo o gel transparente era espalhado na pele branquinha da mãe de meu filho e o Dr. passava um pequeno aparelho em seu ventre. Enquanto isso, íamos conversando.

- Você tem de se alimentar melhor. – Disse o médico.
- Sim, eu sei. Mas não é por falta de tentativa. Só que eu não consigo comer.
- Pois terá de insistir até conseguir. Isabella, eu vou lhe receitar vitaminas e complementos, mas nada substitui uma boa alimentação. – O médico foi duro.

Assim, enquanto falava e fazia suas indicações. O médico seguia passando o aparelho pelo ventre de Bella e registrando as imagens. Em um certo momento ele ficou quieto, calado e sem nos indicar o que ele fazia. Bella ficou angustiada e, para meu alívio, segurou minha mão. Só que eu também não me sentia bem, confortável. Havia algo de errado.

- Dr., o que há?
- Um instante, por favor, Sr. Cullen.

Mais alguns minutos de análise silenciosa do monitor e o médico nos sorrio.

- Temos algo inesperado nessa barriga.
- Como assim Dr.? A única coisa que há na barriga de minha mulher é meu filho! – Nessas horas não faz sentido dizer ‘ex’. Ela era a mãe de meu filho e nós continuávamos juntos, agora por nosso bebê.
- Fale, seja o que for, fale. – Disse Bella.
- Calma...os dois. Eu disse que era algo inesperado e não algo ruim. – Fiquei mais calmo. – Agora senhor Cullen, por favor, me diga o que vê no monitor.
- Manchas. – Fiquei com vergonha. – Desculpe se deveria ver mais, mas no momento só me parecem manchas.
- É só o que o senhor conseguiria ver. Mas me diga agora você Bella. Quantas manchas vê?
- O que? Eu...vejo...três...mas não pode! O que o senhor quer dizer?! – Ela gaguejava. – Eu não posso...é impossível. Apenas um já é um milagre e...
- Acalme-se senhora.
- Não pode...isso deve estar errado. Eu não posso ser mãe... não podia. Então como posso ter TRÊS bebês dentro de mim.

O médico seguiu falando calmamente, explicando para Bella que, em função do grande tratamento hormonal feito por ela, ter uma gravidez múltipla não era assim tão raro ou inexplicável.

- Devo lhe dizer, inclusive, que apesar de respeitar sua fé, isso não tem nada de milagre. É algo minuciosamente pensado e estudado na medicina. Como a senhora tinha uma dificuldade para conceber, sua médica elaborou um tratamento que lhe proporcionasse uma maior facilidade. É claro, ela contava com fazer uma seleção dos espermatozoides mais fortes e implantar apenas o selecionado. Agora, a senhora deve conversar com ela e decidir se seguirá com a gestação de todos os fetos. Pode, no seu caso, ser um pouco arriscado.

Depois de todo esse discurso feito pelo profissional, Bella, ainda atônita, saiu de seu estado de congelamento. Até eu me assustei.

- O que você quis dizer com: ‘conversar com ela e decidir se seguirá com a gestação?’ O que há para decidir?
- Isabella, você precisa pensar nessa possibilidade. Afinal será um gestação de risco e, entre escolher o bebê que tem mais chance de ‘vingar’ e tentar ter o três e colocar em risco a sua vida e a de todos...talvez o melhor seja...

Eu...estava sem ação. Fui da alegria completa ao pânico. Como assim? Eu acabo de descobrir que agora tenho quatro vidas para proteger apenas para, um segundo depois, ouvir do médico que deveria escolher um filho e matar os outros dois para assim garantir a segurança dele e de Bella? Ela foi mais ágil e dura em sua decisão praticamente instantânea.

- Seu açougueiro desgraçado! Pensa o que? Fique sabendo que eu sonhei a vida inteira em ser mãe e não achava que era possível carregar uma vida. E, se você não acredita em milagres, eu SIM. E meus três bebês nascerão saudáveis! Vamos Edward, eu não fico nesse hospital mais nem um segundo! Irei consultar com minha médica e esse assassino de bebês nunca chegará perto de meus filhos.
- Senhora, por favor, eu não quis dizer isso. Apenas preciso ser franco diagnóstico.
- O senhor foi franco até demais. Nós seguiremos o tratamento com a médica que tratou Bella desde o início. – Falei de forma firme.

Estava tão perdido quanto Bella e por isso não questionei quando Bella disse que desejava ir para casa. Levei-a diretamente para o apartamento dividido com Alice. Ela entrou, sentou à mesa da cozinha e por alguns instantes sorriu sozinha. Isso era outra surpresa para mim. Bella não cabia em si de tanta alegria.  De onde veio tanta maternidade dentro dela, tamanho desejo de ser mãe onde antes não havia nada se não desejo por dinheiro e liberdade? ‘Sonhei a vida inteira em ser mãe e não achava que era possível’, disse ela enfurecida ao médico que ousou sugerir um aborto para duas das crianças.

Precisava esclarecer isso.

- Bella, precisamos conversar. Aquilo que você disse ao médico...
- Eu sei que me exaltei. Mas como eu posso escolher Edward? Como eu posso simplesmente dizer qual deles terá a chance de viver e quais devem perder a vida entes mesmo de nascer? Como eu poderia, daqui a muitos anos, olhar nos olhos de meu filho e não lembrar dos demais? Dizer para ele que eu matei seus irmãos?
- Ei?! – Ela achava que eu concordava com o médico? – Eu entendo e teria ficado muito decepcionado se você pensasse diferente. Só acho que temos de marcar uma consulta médica  e você precisa ter todo o acompanhamento médico.
- Sim, eu sei.
- Mas eu preciso esclarecer Bella...você sempre desejou ser mãe?
- Sim Edward, sempre. Desde muito menina eu sonho em ter meus bebês.
- Então porque sempre foi tão negativa com a ideia de ter meus filhos?!
- Eu não gosto de sonhar com o que não posso ter Edward. Fui muito jovem avisada dos problemas que a endometriose me traria e me conscientizei de que era impossível. Eu repetia para mim mesma de que poderia ser feliz sem isso.
- E conseguiu?
- Sim...até você entrar na minha vida. Você e sua obsessão me perturbavam.
- Mas você deseja esses bebês, tem algo para agradecer à minha obsessão.
- Sim, se não fosse isso, eu jamais faria o tratamento. Fiz apenas para agradar você e ganhei esse presente. – Ela disse com lágrimas escorrendo pelos olhos.
- Presente triplo. – Já eu sorria de orelha a orelha.
- Sim!!!!!!

Meu Deus...como, depois de tudo que ouvi de Bella eu poderia sequer pensar em afastá-la de nossos filhos? Seria imperdoável. Sem desejar pensar a respeito disso, decidi encarar outros assuntos.

- Precisamos ligar para a Doutora Carmem. Ela poderá aconselha-la melhor que esse médico daqui. – Disse calmamente.
- Eu sei, mas tenho medo dela dizer o mesmo. Não vou tirá-los. – Ela caiu no choro novamente.
- Calma Bella, calma. – Achei que precisava levá-la para Boston e tirar logo esse medo de seus olhos. – Vamos vê-la agora, o que acha?

- Eu...eu quero.
- Ótimo.

Não pensei duas vezes e liguei para Dr. Carmen que já nos tranquilizou:

- Se ela está de três meses, já temos uma boa indicação. Os pequenos vão ficar cada vez ficar mais fortes. Venham logo para eu examinar essa grávida tão emotiva.

Depois disso eu segui no telefone enquanto Bella arrumava uma mala. Liguei para o aeroporto e reservei nossos lugares. Depois avisei Jasper de tudo o que aconteceu e pedi que desse o recado para Alice. Talvez ela pudesse estender seu final de semana e fazer companhia à Bella.

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