Aquele dia não podia
reservar mais nada de ruim! Depois de uma tempestade castigar a cidade e
ocasionar desmoronamentos graves, Christian se sentiu na obrigação de ir
acompanhar James nas buscas. Não só por ele, que era seu amigo, mas pelo povo
daquela dali.
Ele não tinha apego nenhum àquele
lugar. Pensar até em se desfazer da fazenda. Mas aquele povo estava sofrendo e
teria de fazer alguma coisa. Caminhou com James até a parte mais sofrida da
região e viu de perto os estragos. O que era rua, virou rio. Onde havia um
bairro cheio de casas, agora só restara lama. Precisariam de muita ajuda pra se
reerguer.
- O mais importante é ver se tem
algum sobrevivente! – Disse James. Não era a primeira vez que ele via cenas
assim. – Teremos de chegar ao outro lado. – Vamos subir a encosta.
Quando estavam no meio do caminho,
mais terra desceu o morro e eles foram pegos desprevenidos. A terra descendo
foi uma visão assustadora, pensaram que iriam morrer.
Sobreviveram. James sofreu um
entorse no joelho e não conseguia caminhar. Grey teve que carregá-lo. E o pior
era não saber para onde carregá-lo. Estavam ao relento, sujos e sem ideia de
como sair dali.
- Está anoitecendo. – James disse o
que ele já sabia.
- Não tem nada aqui. – Ele não tinha
o que fazer.
- Para Grey! Vamos esperar
amanhecer. É o jeito.
Mas não podia. James precisava de um
lugar seguro. Tentou pensar. Pedir uma inspiração pra Deus e decidir para que
lado era melhor ir. Mas podiam morrer se desmoronasse mais terra. Morreria sem
rever Ana...sua Ana.
Lhe fez tantas coisas ruins. Se
arrependeu, é verdade. Pediu perdão...mas não o alcançou. Ela ainda guardava
tanta raiva. Tinha ódio dele. E tinha razões para isso. Naquela mesma cidade, a
fez conhecer o inferno. Porque ela iria querer retornar? Agrediu-a, machucou-a...não
da forma sensual como gostava. Fez com ódio, com raiva. Devia estar louco
mesmo, como ela o acusava. Chegou a preparar um lugar para prendê-la. Queria
fazê-la sofrer, ser sua escrava. Trancá-la numa casa afastada...afastada da
fazenda. Não daquela região.
Ergueu-se e caminhou com mais
agilidade levando o amigo. Quanto tempo levaria?
Não demorou muito. Uma hora, talvez?
Não sabia. Conseguiu entrar no abrigo com facilidade. Foi um alento ver o local
limpo e abastecido de água e alimentos. Poderiam se recuperar, descansarem,
comer e sair ao amanhecer. Ele poderia ir na frente para conseguir ajuda. James
ficaria ali, seguro.
- Esse lugar... – O amigo tentou
fazer uma pergunta.
- Não muito mais que uma cabana que
eu...ia usar para um fim bem menos nobre que esse. – Ele estava emocionado. –
Mas vai nos servir. Você vai descansar. Nós vamos comer e amanhã poderemos procurar
uma saída.
Quando o amanhã chegou, logo cedo,
foram acordados pelo barulho de pessoas se aproximando. De repente, abriram a
porta. E ele a viu.
- Ana! Você....você aqui.
Muito devagar ele se levantou e
caminhou até ela. Os braços abertos, prontos para ela se encaixar. Queria-a ali
para ter certeza de que era sonho. Não tinha morrido e estava no paraíso.
- Você está bem? Não está? – Ela
perguntava enquanto lhe tocava o corpo. – Eu tive tanto medo de te perder.
Tanto medo.
Abraçou-a o mais forte que pode. Seria
mesmo possível que depois de tudo, ela veio lhe ajudar? Lhe salvar? Não do
desmoronamento...disso ele sobreviveria. Ela veio lhe salvar de uma vida de
solidão. Uma vida repleta apenas de sombras. Seria possível que ela ainda o
amasse? Chorava enquanto lhe tocava o corpo. Não gostava de vê-la assim,
chorando, mas era bom saber que era amado. Saber que ainda restava nela algo
daquele amor de antigamente.
- Estou bem. Houve um deslizamento e
James se feriu. Eu não tinha para onde ir com ele. Então lembrei desse lugar. O
lugar onde eu queria te prender e que...agora salvou a nossa vida. – Disse emocionado.
- De alguma forma, eu sabia que você
estava aqui e que estava vivo, esperando por mim. – Ela respondeu.
Por mais confusa que tenha sido a
história dos dois, era um grande amor. E ele ainda calava fundo no peito de
cada uma. Sem pensar, as bocas se encontraram no meio de toda aquela confusão.
Não queriam mais nada além de sentir a vida que havia no outro. Sentiram o
sabor daquele reencontro.
Amor, ódio, tesão...estava tudo
naquele beijo.
O resgate atrapalhou aquele beijo.
Todos foram levados para centro, onde tudo estava mais calmo e não havia tanto
estrago. James foi atendido por uma enfermeira e logo estava se esforçando para
ajudar pacientes com problemas mais graves.
- Precisa de ajuda, James? – Gail ofereceu.
– Te auxiliei por tantos anos.
Era uma oferta profissional e por
caridade. Não sentia mais nada por ele como mulher.
- Se você puder...seria bom. –
Impressionante como perder Gail o fez mudar.
Grey e Ana voltaram para a fazenda
mais tarde, levados por Taylor. Ele ainda os surpreendeu dizendo que iria
retornar ao centro...para esperar Gail. Não a queria lá sozinha com James.
- Parece que o amor está no ar. –
Disse Grey no ouvido de Ana.
- É...parece. – Ela respondeu.
Conscientemente, agora que ele
estava a salvo, ela pensava que, talvez, devesse ir embora e dizer que não
passou de um erro. Que estavam separados e o melhor era continuar assim. Mas
queria ficar ali. Queria estar em seus braços. Queria voltar à cama deles.
Aquele quarto também guardava bons pensamentos.
- Não devia ter se arriscado tanto. –
Ele nunca iria aceitar que ela se arriscasse assim.
- Não começa, Grey. – Ela nunca ia
deixar que ele a comandasse.
- É o meu filho que está aí dentro. –
Grey afirmou.
- É? Será? – Ana provou.
AAAA iam jogar... ok, Anastásia...ia
lhe mostrar que sabia jogar esse jogo.
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