Fazia apenas 2
semanas que Ana não tinha notícias de Christian. Elliott não trazia nenhuma
informação. Ela tentava se convencer de que era melhor assim. De que, sem ele,
estava em paz, não tinha que lidar com suas mudanças de humor nem arroubos de
raiva.
- Ana...eu vou pra empresa. Você vem
mais tarde? – Gail disse ao bater na porta do quarto.
- Sim, Gail. Logo eu vou estar lá.
- Não se apresse. Você não tem
reuniões marcadas pra logo cedo.
- Tá bom...eu vou descansar mais um
pouquinho.
Mas o descanso foi sendo tomado por
uma sensação de apreensão. O coração foi ficando acelerado. Queria pegar o
telefone e ligar para Grey. Dizer pra ele que viesse vê-la, que podiam
conversar e que o bebê era, obviamente dele. A agonia foi crescendo até que
tomou coragem e pegou o telefone. Por um longo tempo deixou tocar. Nada. E mais
uma vez. E outra. Depois de várias tentativas, deixou uma mensagem na caixa
postal: ‘Olá! É a Ana...você já deve imaginar...pela voz e...eu quero falar com
você, Chris. Eu...eu...pessoalmente a gente conversa. Me liga”.
Continuou esperando. Foi para
empresa e trabalhou o dia todo angustiada. Por que ele não ligava? Sentia que
havia algo de errado. Christian costumava andar com o celular. Se não atendeu,
logo verificaria a caixa de mensagens.
- Calma, Ana. Não aconteceu nada. –
Kate tentou acalmá-la.
Mas foi o dia todo assim. Sem
notícias e sem ligação de Grey. E ela quase infartando. Desmarcou o jantar que
tinha com José e foi pra casa. Tomou banho e se deitou para assistir ao
noticiário. Seu coração, já apertado, praticamente parou ao ver reportagem
quanto as fortes chuvas que tomavam o interior de Mato Grosso. Áreas imensas
estavam devastadas pela água e muitas pessoas desaparecidas.
De alguma forma, sem que ninguém
precisasse alertá-la, sabia que Christian estava entre os atingidos. Seu coração
dizia que ele não estava bem. Sem pensar muito, ligou pra Jacob.
- Olá, Ana? Algum problema? Você e o
bebê estão bem? – Ele estranhou o horário dela telefonar.
- Sim, estamos. Você viu do temporal
e...
- Vi sim, Ana. Nas minhas terras foi
tudo ok...mas a cidade sofreu bastante. Eu estou preparando o avião com
suprimentos e vou para lá antes de amanhecer.
- Eu não consigo falar com o
Christian, Jacob. Eu vou com você.
- Tem certeza, Ana? Aquilo parece
que está o caos...tem muitos desabrigados, pessoas desaparecidas e...
- O Grey pode ser um deles. – Ela
disse.
- Ana, a fazenda não fica numa das
áreas de risco. A chance é pequena dele ter sido afetado.E você está grávida.
Não é um ambiente adequado.
- Eu sinto que ele está em risco, Jacob.
Me leva com você, por favor.
- Ok. Vou pedir para o motorista ir
te buscar ás 5hs da manhã. Durma, Ana. Vai precisar ter energia...e...veja se
Gail quer ir também. Eu imagino que o ex marido dela, como médico da cidade,
deva estar com problemas.
- Sabe se James está
trabalhando...se está bem?
- Não tenho notícias dele...por isso
estou enviando médicos. Ana...a parece que houve um desmoronamento. A
comunicação está cheia de problemas...não tem como sabermos de muita coisa.
- James devia estar com Grey...eles
andam muito juntos pela fazenda e pela cidade...eu vou falar com Gail e a gente
te espera. Obrigada, Jacob.
O relacionamento de Gail e James
tinha realmente terminado. Ela não sentia mais nada pelo ex. Isso não
significava que ela não se preocupasse com ele. Nenhuma das duas dormiu naquela
noite.
A viagem de avião foi calma, sem
turbulências, mas longa e difícil como atravessar um deserto sob o sol. O
conforto do avião não amenizava o desespero. Aterrissaram num campo de pouso
temporário e se depararam com o caos total que havia tomado a cidade. Pessoas
estavam abrigadas na igreja e no ginásio de esportes, toda uma área fora
alagada e muitas casas desabaram. Depois de muito procurar alguém conhecido,
avistou Jéssica. Não era a pessoa favorita, mas a chamou e pediu por
informações.
- Você...aqui?
- É. Eu, aqui. – Disse seca. – Onde está
o meu marido? – Nessas horas o sentimento de posse voltava.
- Seu marido? – A outra provocou.
- Responde menina. – Gail se
intrometeu.
- Ora...as duas se mandam pra cidade
e largam seus homens aqui e agora querem ter algum direito.
- Fala garota! Ou eu te meto a mão
na cara! – Tinha muita raiva acumulada pra ficar calada. – Agora!
- Nãot tenho medo de você! – Ela respondeu.
– O patrão e o James subiram a serra pra ajudar os desabrigados...e não
voltaram.
- Como assim não voltaram? – Gail se
desesperou. – Ficaram lá tratando das pessoas.
- Não tem como tratar de ninguém lá.
Eles iam ver se tinham sobreviventes e iam voltar. Ninguém sabe o que houve.
Estão preparando um grupo de resgate.
Ana forçou algumas
palavras a saírem de sua boca. Estava em choque.
- Eu vou nesse grupo. Eu vou
encontrar o Christian.
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