Eles
sabiam que Rachel viria, mas ainda precisavam saber quando e encontrar uma
forma de afastar Petter. Talvez Elizabeth fosse de grande ajuda...sem saber é
claro. Mas primeiro precisam ter certeza do que Rachel fará.
Mas
nada...silêncio total...
Compenetrada,
Rachel trocava e-mails com um antigo parceiro. Chegaram a fazer um ou dois
roubos juntos. Ela já o tinha tirado da cadeia certa vez...podia cobrar o favor
agora que ele estava por cima. Enviou uma mensagem por um e-mail seguro. O FBI
não tinha ideia das alternativas que possuía.
___________#___________
De:
RTurner (RT_red@Live.com.USA)
Para:
Zurik (ZKN_black@Live.com.USA)
Hora:
11h22min
Assunto:
SOS
Preciso
de você.
___________#__________
Não
demorou 15 minutos sua caixa de entrada estava com a resposta.
_________#_________
De:
Zurik (ZKN_black@Live.com.USA)
Para:
RTurner (RT_red@Live.com.USA
)
Hora:
11h34min
Assunto:
RES: SOS
É
só falar. Estou a disposição.
___________#____________
Não pode evitar sorrir diante de tal
prova de compromisso, lealdade. Quem disse que não existe ética entre bandidos?
Zurik lhe era fiel. Respondeu rapidamente.
____________#_________
De: RTurner (RT_red@Live.com.USA)
Para: Zurik (ZKN_black@Live.com.USA)
Hora: 11h42min
Assunto: Fique ligado
Preciso de uma rota
de fuga segura pra fora dos EUA. Não pra agora. Daqui a alguns meses. Mas tem
que tá tudo acertado pra uma fuga de emergência. Se for necessário. Tem que ser
quente, não pode falhar.
_________#_____________
De: Zurik (ZKN_black@Live.com.USA)
Para: RTurner (RT_red@Live.com.USA
)
Hora: 11h50min
Assunto: Sempre
ligado
Já te deixei na mão
alguma vez? Os negócios...rsrs vão bem. Estou com brinquedinho próprio. Com meu
avião, te coloco onde desejar no planeta. Fica num hangar no Alabama. Consegue
chegar lá?
__________#__________
Isso era muito longe.
Dias de viagem de carro. Não.
_________#_________
De: RTurner (RT_red@Live.com.USA)
Para: Zurik (ZKN_black@Live.com.USA)
Hora: 12h02min
Assunto: Problemas
Muito longe. Não
conseguirei chegar. E aquela pista em Nova Jersey?
Já usamos para outras travessuras. Não pode me pegar lá?
_________#__________
De: Zurik (ZKN_black@Live.com.USA)
Para: RTurner (RT_red@Live.com.USA
)
Hora: 12h11min
Assunto: Solução
Você me dá o
problema, eu te dou a solução, gata! Simples!
Com o avião não. Mas
mando um helicóptero te pegar...e depois trocamos de transporte. Tem meu número
ainda? Só tem que me ligar com umas horas de antecedência que eu preparo tudo. Pra
onde vai quer ir? Podíamos ir dançar um Samba no Rio de Janeiro. Quem sabe um
Tango em Buenos Aires? Vai ser bom te ver novamente.
________#________
Havia luz no fim do túnel. Pra gente esperta e com
contatos, sempre havia.
________#__________
De: RTurner (RT_red@Live.com.USA)
Para: Zurik (ZKN_black@Live.com.USA)
Hora: 12h12min
Assunto: Muitos
ritmos
Quando eu descobrir o
que quero dançar, te aviso. Fique atento. Pode demorar alguns meses, mas posso
precisar de uma fuga rápida.
_________#__________
Neal
e Mozzie estavam angustiados. A madrugada e a manhã sem nem mesmo uma palavra.
Rachel estava silenciosa demais. Isso significava problemas. E se ela já
estivesse a caminho e tivesse simplesmente deixado o colar no esconderígio?
-
Porque não sai desse computador? – Nicolle falou para tranquilidade de Neal.
Já
a resposta os deixou intrigados.
-
Garantindo minha rota de fuga. – Disse seca.
-
Pra quando? Por quê?
-
Pra quando for necessário. E porque gente como eu sempre tem de ter uma rota de
fuga. – Ela mudou o tom de voz. – Não precisa me olhar assim...o plano não é
pra logo. Mas se o FBI se aproximar, eu tenho que ter uma saída. Tenho que
estar sempre um passo a frente deles.
-
É com Henry que está armando isso? – Neal queria muito ouvir essa resposta. Se
fosse, seria fácil descobrir onde ela estava. Era só ficar de olho no
amiguinho.
-
Não! Eu jamais envolveria Henry nos meus esquemas...ele não é desse mundo. –
Novamente ela mudou a voz. Ficou mais doce. – Por falar nisso...preciso ligar
pra ele. Estou enrolando com isso. É que tenho medo da mulher dele atender o
telefone.
-
Henry se casou?
-
Sim. Há uns dois anos. Chama Molly a garota. E morre de ciúme de mim. Me odeia.
Coitada...se eu quisesse, tinha me casado com ele há muitos anos.
-
Deveria ter feito isso...não estaria na situação que se encontra hoje.
Um silêncio se fez.
-
É, mãe. Talvez eu devesse ter me casado com Henry sim.
Neal
e Mozzie ouviram quando ela começou a discar um número. Estava ligando pra ele.
O barulho do telefone chamando era tão alto que ficava claro que ela usava o
colar no pescoço. Ficava tão próximo que eles ouviriam a conversa.
-
Alô! – Ele disse sem reconhecer o número.
-
Não diga meu nome. Só quero que saiba que estou bem e não se preocupe comigo.
-
Não ouse desligar esse telefone na minha cara, Rachel Turner!
-
Eu mandei não...
-
Eu não te obedeço. – Ele respirou pesadamente. – Quando você vai parar? Quer
morrer? É isso? Rachel...pelo amor de Deus...eu não me importo de ir te visitar
na cadeia, mas eu não aceito ir no teu velório. Para enquanto é tempo!
-
Não posso. Eu tenho uma missão, um propósito. E eu vou até o fim. Se o FBI te
procurar...
-
Eu vou dizer a verdade...que eu não faço ideia de onde você está...minha amiga.
Se cuida. – Ele ia desligar. Ligações longas podiam ser interceptadas e
rastreadas.
-
Espera...eu tenho q te dizer uma coisa...
-
Diz. – Ele estaria sempre pronto pra ajudá-la.
-
Henry...eu to grávida.
-
O que?
-
Inacreditável, né? Adeus meu amigo. Seja feliz. Você merece.
Ela ficou olhando para o telefone.
Depois calmamente desligou-o, tirou o chip e quebrou em vários pedaços. Depois
colocaria outro para emergências. Nunca mantinha o número. Era arriscado.
- É impressionante que duas pessoas
tão diferentes consigam manter uma amizade assim por tantos anos. – Nicolle disse
impressionada. – Ele sabe de tudo?
- Tudo. Cada linha do diário da
minha vida. O Henry é a pessoa que melhor me conhece no mundo todo.
- Essa foi dolorosa, filha. – Mãe
nenhuma gostaria de ouvir isso.
- Desculpe, mas é a verdade. – Ela
sorriu. – Ele sempre foi o meu oásis de toda a mentira que há na minha vida.
Com ele eu não preciso mentir, mãe. Eu não consigo mentir pro Henry. Ele sempre
percebe a verdade. Assim como eu sempre soube quando o Neal estava
mentindo...mesmo quando ele me enganou eu sabia que estava mentindo. Só não
queria aceitar. O Henry é assim comigo.
- E ele aceita que você tenha matado
pessoas?
- Não. Ele é puro demais pra isso.
Mas ele me aceita como eu sou. Nossa amizade está acima disso. A lealdade dele
por mim não tem limites.
- E você esperava a mesma postura do
Neal? É por isso que eu vejo tanta mágoa sempre que você fala nele?
- Não. Eu não esperava o mesmo do
Neal. Porque o Neal é como eu, não como Henry. O Neal não perdoa.
- E você pediria perdão?
- O que? – Ela sequer tinha pensado
nisso.
- Você pediria perdão pro pai do seu
filho se ficasse frente a frente com ele novamente.
- Isso nunca vai acontecer. Eu nunca
ficarei perto de Neal Caffrey novamente. E, se acontecesse, eu não tenho pelo
que pedir perdão. Eu menti e enganei o Neal. Ele mentiu e me enganou. Estamos
quites.
A forma como Rachel não fazia
distinção entre matar e roubar era assustadora pra Neal. Para Mozzie nem tanto.
Ele nunca tinha apertado o gatilho, mas já tinha ‘comprado’ serviços desse
tipo. Às vezes, no mundo deles, era matar ou morrer.
Mais tarde elas
voltaram a falar.
- Fez as comprar que pedi? – Rachel
questionou.
- Sim. Estão aqui. Tudo preto, como
queria.
- Ótimo. Eu vou amanhã a noite e
pretendo estar de volta ainda na madrugada. Não ficarei fora muito tempo.
Neal e Mozzie trocaram
olhares. Teriam que armar algo para Peter e logo.
- É mesmo necessário?
- Sim. Deixei lá umas anotações de
papai...precisarei começar do zero com a busca do diamante. É melhor ir agora
enquanto minha barriga ainda está pequena...depois terei mais dificuldade.
- É perigoso.
- Eu vou sobreviver.
Ouve um barulho de sacola.
- Eu trouxe mais uma coisa pra
você...espero que não se importe.
- O que é? Espero que não sejam mais
livros de gravidez. Nem li tudo o que trouxe antes.
- Não é... isso. – E mostrou o que
tinha nas mãos.
- É verdinho porque você não foi no
médico e nós não sabemos se é menino ou menina então...
- É lindo, mãe. – Ela pegou nas mãos
a roupinha. – E minúsculo.
- É pra recém nascido.
- Mas mãe...eu não vou ficar com
ele. Não posso. Então não faz sentido você ficar comprando coisas. Eu não vou
mudar de ideia. Não posso sair pelo mundo fugindo com um bebê.
- Mas você vai abandoná-lo por aí
sem nada...nenhuma roupinha? Rachel...as pessoas que o criarem podem não ter
condições de oferecer conforto pra ele.
Rachel
pensou por um instante, sentindo o perfume doce da roupinha. Colocou-a em
frente da barriga curva e não conseguiu deixar de imaginar aquele bebê dentro
da peça.
-
OK, mãe. Você monta um enxoval completo pra ele ou ela... com tudo que vai precisar.
Só não quero que fique me mostrando tudo...eu não sou de aço, mãe. Eu não quero
ver nada porque eu sei que eu vou começar a criar laços com ele. E eu não
posso. Eu não quero vê-lo quando nascer, não quero pegá-lo. Não quero que ele
faça parte da minha vida porque abandoná-lo depois será ainda pior.
Nenhum comentário:
Postar um comentário