A vida começava a ganhar certa
rotina. Para Rachel essa rotina era de espera. Passava as semanas esperando
pelo sábado, quando veria George...e Neal. Já fazia três semanas que estava
encarcerada e ele sempre vinha. Todo sábado estava lá. E ela já conseguia
recebê-lo melhor. Não tornaram a se beijar. Ambos ignoravam o que se passou
naquela dia.
Falavam de George, como ele estava
crescendo, se desenvolvendo, o que tinha aprendido naquela semana, se teve
alguma dorzinha, algum choro sem causa. Como eram as consultas ao pediatra.
Também comentavam o que se passava lá fora. Neal sabia como era ficar excluído
da vida. Quando esteve preso, tinha curiosidade para saber como o mundo estava.
As vezes lhe contava como solucionavam um caso no FBI. Ela gostava. Lembrava de
seus tempos de MI5.
- Porque você saiu de lá? Como a
corrupção começou? – Ele não entendia isso. – Você não me parece tão gananciosa
assim.
- Mas eu fui...adorei roubar deles.
Os odeio...mais até que o FBI. Eu sei que você gosta do que faz, Neal. Não
entendo. Eles só te usaram.
- Isso não é verdade.
- Peter ganhou promoções nas suas
costas. E você o que ganhou?
- Saí da prisão.
- De tornozeleira. Com um raio de
3km. – Se bem que 3 km lhe pareciam algo agradável nesse momento. – Eles não te
aliviaram um dia de pena. Nada. Mas se você gosta, ok. Só espero que George não
tenha nenhuma atração por distintivos.
Neal riu.
- É...não sei. Meu pai foi policial,
o seu da MI5, eu estou no FBI. – Ambos sorriam para o filho que dormia após
tomar uma mamadeira. Rachel não tinha mais leite. – Vamos deixá-lo escolher o
que quiser.
- Claro. Ele vai ser o que quiser. –
Ela achava que já podia confiar nele para lhe falar sobre o dinheiro de George.
Mas ali era complicado. – Converse com o Henry sobre um presente que ele quer
dar ao George. Eu já falei com ele.
- Ok. – Neal viu que ela não iria
falar do que se tratava. – Vou procurá-lo. Ele veio aqui essa semana?
- Sim, sempre vem. Está bem ocupado
lançando um vídeo game novo. E como a Molly. Acho que estão voltando. – Ela não
tinha ciúme do amigo. Só torcia para ele ser feliz.
- Sério? Ela não me pareceu muito a
cara dele. É louca de ciúme.
- Ele gosta de mulher complicada. –
Ela piscou pra ele. – Vocês são assim! Gostam das complicadas e casam com as
certinhas.
Assim que teve chance Neal marcou
com Henry e ele foi até seu apartamento. Eles não eram amigos, talvez nunca
chegassem a tanto, mas respeitavam o que sentiam por Rachel. E aceitavam que
ambos estariam na vida dela para sempre.
- Presente que ‘eu’ quero dar ao
George? – Só podia ser o dinheiro. – Presente que ‘ela’ deixou para o filho, na
verdade. É um dinheiro que ela transferiu para uma conta minha, muito antiga.
Eu estou investindo, fazendo render. É dele. A Rachel encara isso como a
herança dele, dada em vida.
Neal não sabia como lidar com isso.
Teoricamente, se o dinheiro era do filho, ele poderia administrar. Não queria.
E George não precisava disso agora.
- Melhor deixar investido onde está
e...bom até ele crescer a Rachel pode até resolver dar outro uso. A gente não
sabe se ela não vai tentar uma fuga.
- Um funcionário do FBI dizendo
isso? – Henry brincou.
E Neal teve de reconhecer que era no
mínimo contraditória a sua situação.
- Eu vou ser sempre Neal Caffrey. –
Assumiu. – A Rachel já deve ter te contato um pouco do que eu já aprontei.
Agora estou parado...de verdade. Mas eu sei exatamente o que ela está sentindo
lá dentro. Ela pode fugir...é só querer. Se quiser, ela vai ter a minha ajuda.
- E a minha. – Henry lhe estendeu a
mão antes de sair.
Essas semanas certamente foram as piores para
Peter Burke em toda a sua carreira no FBI. Mesmo presa, Rachel Turner
continuava lhe criando problemas. A perícia questionou o fato de nuca terem
encontrado objetos pessoais que confirmassem como ela saiu dos EUA e retornou
depois. Onde estavam os documentos falsos? O computador? E, principalmente, o
dinheiro que ela tinha espalhado em contas bancárias? Haviam encontrado outras
contas, mas elas haviam sido limpas há semanas.
A busca na casa de Henry não gerou
nada, apesar de vasculharem cada gaveta da casa. Ele disse que Rachel só trouxe
aquela mala de roupas do bebê que levou para Neal. Lá, como viram naquela primeira
noite, também havia coisas dela. Então foi ao apartamento de Neal e, ele mesmo,
procurou. Não encontrou nada.
- Se está satisfeito, Peter, acho
que pode liberar meu apartamento. – Neal lhe disse quando saiu de mãos
abanando.
Obviamente, interrogar Rachel não
serviu para nada. Ela jamais assumiria que mantinha dinheiro e documentos
falsos escondidos.
- Chefe! O Stone está na linha.
Atende? – Foi Diana quem gritou. Mais uma vez. Certamente ele ia cobrar casos
sem solução.
- Tenho escolha? Isso é que se chama
de sexta-feira animada! – Disse e pegou o aparelho. – Bom dia, Stone. Seja qual
for o caso que está te incomodando, saiba que minha equipe está trabalhando.
- Trabalhar não basta, Burke! Quero
resultados. Vamos começar por Lucy. Quais avanços tiveram desde que nos
falamos?
- De ontem para cá? – Sua vontade
era mandar tudo longe. – Só sabemos que esteve
na argentina. Eu estou no rastro do dinheiro. Vamos pegá-la. Preciso que me dê
tempo!
- Seus casos estão levando tempo
demais! – Stone gritou. – E Rachel Turner? O dinheiro?
- Nada. E ela diz que não havia mais
dinheiro. Nós já tínhamos encontrado tudo quando voltou para os EUA. – Ele teve
que ser sincero. – Não vamos avançar nisso. Ela não vai falar.
- Droga! A MI5 também pressionava
por isso. – Ele deixou clara sua insatisfação. – E os títulos do Rodrigues? Ele
não vendeu ainda. Precisamos pegar!
- Eu tentei infiltrar uma agente,
Diana...mas ele não deixou ela se aproximar. Não funcionou. – Na verdade, isso
sim foi um fracasso. Por mais que Diana tentasse, Ruan sequer a olhou. Ela se
arrumou, foi sexy, provocadora, mas não o convenceu.
- Mas logo ‘aquela’ agente? – Stone
sabia que Diana era homossexual. – Não me admira o fracasso.
- Diana é minha melhor agente! – Era
só o que faltava. – As preferências pessoais dela não me interessam. Ela faz
seu trabalho muito bem. Rodrigues é muito desconfiado. Esse é o problema.
- Que seja! Mas você tem que
conseguir. – Falar era fácil.
- Mas Diana obteve uma informação
importante.
- Qual?
- Ele está patrocinando uma
festa...ou um concurso. Algo assim. Será em duas semanas. Vai ficar fora de
casa por muito tempo. Estou pensando em invadir. – Era arriscado.
- Não. Ele coloca muita segurança
fora da casa. Dizem que não gosta de câmeras na casa nem nos escritórios dele.
É paranoico e bipolar. Mas a casa é cercada sempre. Só vai colocar seus agentes
em risco.
- É uma oportunidade! – Peter
respondeu.
- Oportunidade furada! – Estava
vetado. – Coloque uma mulher nessa festa, concurso ou seja lá o que for. Sexy
de verdade. Faça-a entrar na casa dele e pegar o que você precisa.
- Não é assim. Ele não vai cair
nisso.
- Você terá que encontrar um meio. –
Ele encerrou o assunto. Passou para outro. – A MI5 solicitou uma reunião. Vamos
aí hoje a tarde.
- Para que uma reunião?
- Você vai saber a tarde. Eu até
gostei da proposta deles. Tiraria um peso dos nossos ombros.
Quando desligou o telefone Peter
chamou Jones e lhe fez um pedido.
- Preciso de mais informações sobre
esse evento que o Rodrigues vai patrocinar. Temos que saber exatamente o que é,
quando e onde será. – Disse.
Quando Neal viu quatro homens
deixarem a sala de Peter após uma reunião de nem 30 minutos, ficou preocupado.
A situação realmente não estava boa para a divisão de Colarinho Branco. E Peter
estava mais estressado do que nunca. Foi em sua sala.
- O que há?
- Melhor você nem se meter nisso,
Neal. Nem, eu aliás. Deixaremos a MI5 decidir junto com o Stone.
- Era da MI5? – Ele sentiu um
calafrio na espinha. – Mas diz o que queriam. Devem ter muitos assuntos
deferentes pra vir aqui.
- Nem tantos...e o preferido é
Rachel Turner. – Peter respondeu. – Você vai saber de qualquer forma: eles
solicitaram que ela vá cumprir a pena na Inglaterra. Sob a competência deles.
- O que? – Era como um soco no
estômago.
- Neal...eles já a procuravam. Ela
tem pena a cumprir lá. É uma questão de acerto entre as agências.
- E vocês vão dizer que não!
Peter
pensava em como seria a melhor forma de dar a notícia.
- Ela é perigosa. Já provou que pode
fugir. E surge uma oportunidade de nos livrarmos dessa responsabilidade. O que
você acha que vão decidir? Vão mandar uma solicitação oficial...que será
aceita, Neal. Rachel vai cumprir pena na Inglaterra!
- Ela é americana! – Ele disse.
- Ela dupla cidadania, por causa da
mãe. E nós dois sabemos que na verdade ela não é americana.
- Peter...ela está bem aqui, está
cumprindo a pena, está esperando pelas visitas do George. Você pode interferir
nisso. – Ele teria que fazer algo.
- Eu posso tentar, Neal. Mas não
decido isso. – Mas Peter não sentia nenhuma vontade de tentar, nesse caso. – E
se for o melhor, Neal? Afastá-la do bebê talvez não seja ruim. Agora ele é um
bebê, mas e quando crescer e entender que todo o sábado ele vai num presídio
visitar a mãe? Como vai ser?
Neal não queria pensar nisso. Não ia
pensar nisso. Ia sim concentrar suas atitudes em mudar aquele roteiro que o FBI
estava montando. Não! Quando os ajudou a procurar Rachel ninguém lhe falou que
iriam mandá-la para Europa. Não! Não iam usá-lo dessa forma.
- Ela tem que cumprir a pena aqui,
Peter! Aqui! – Disse ao chefe.
Peter pensou antes de responder.
- Ok. Eu tentarei que não aceitem a
proposta. – Concordou.
Neal
resolveu testar se era realmente importante para aquela divisão.
- Tente, Peter. Mas tente com
vontade. Porque se isso acontecer, não vai ser apenas ela a ir pra Inglaterra.
Eu e George também vamos.
Era uma clara ameaça. A divisão de
Colarinho Branco estava prestes a perder seu melhor consultor.
Neal foi para casa naquele momento.
Estava irritado, com ódio. Lembrava-se de Rachel lhe dizendo que foi usado. Era
assim que se sentia. Fez muito por eles. Como podiam fazer isso com ele, assim,
tão fácil?
A ameaça que disse a Peter
foi...vazia. Não ia simplesmente se mudar para Inglaterra. Não! Se isso
ocorresse, antes de Rachel ser transferida, iriam fugir.
Ela odiava a MI5. Não suportaria a
ideia de ficar nas mãos deles. Os documentos falsos estavam bem guardados.
Tinham dinheiro. Se era isso que o FBI queria, iram conseguir algo bem mais
interessante.
No dia seguinte, um sábado
chuvoso, Peter foi acordado por Jones. Ele tinha as informações de que
precisava. Juan Rodrigues tinha um hobby interessante: gostava de dança de
salão. Ele iria patrocinar um concurso com vários ritmos. Seria em 13 dias, num
clube elegante da cidade. Ligou para Stone que manteve a ordem de colocar uma
mulher para aturar no caso.
- Se ele gosta de dança, coloque-a
de dançarina, com vestido vermelho e uma fenda até a coxa. Duvido que não caia
na armadilha.
- E expor minha agente a isso?
- Se acha perigoso...coloque um
parceiro com ela. O ‘partner’ da dança. Ora Peter! Não vou te ensinar a fazer
seu trabalho. Só pegue o cara!
A melhor pessoa que teria para
parceiro era, sem dúvida, Neal. Não que ele fosse bom em danças de salão, mas
sabia se passar por diferentes tipos. Poderia funcionar. Precisando conversar
com Neal sobre isso e também outras coisas, decidiu ir até a casa dele.
Não
estava.
- Eu tinha esquecido que os sábados
dele agora são dedicados ao presídio. – Disse para Mozzie.
- É...só a tarde pra falar com ele.
Quer uma bebida, engravatado?
Não
era hora para isso, mas, nervoso como estava, aceitou.
Conversaram bobagens e beberam até
que Mozzie pressionou e Peter contou os dois problemas que tinha. O primeiro,
da transferência de Rachel, Mozzie já estava sabendo porque Neal também foi
desabafar com ele. Ele achou bom ouvir a versão de Peter. Entendia o lado dos
dois. Por mais que fossem amigos, eram opostos completos.
- Vocês viveram décadas separados! O
FBI sobreviverá sem o Neal! – Disse. – Nós vamos para Inglaterra e mandamos um
postal, um cartão de Natal.
- Você também vai?
- O ‘baby Neal’ precisa do tio
Mozzie. – Claro que ele iria com Neal para a Europa. Só ficou tantos anos nos
EUA por causa dele. Queria mudar de ares.
- NY ficará bem mais calma...- Era
uma piada, mas ele não achou graça.
- Qual é o outro problema? – Mozzie
perguntou. Estava gostando do posto de ouvinte.
Peter então lhe contou do caso de
Ruan Rodrigues e toda a cena que estava armando para conseguir entrar na casa
que ele tanto protege. Seria uma grande operação. Só que faltava a peça
principal. A agente boa o bastante para saber se defender e sedutora a ponto de
fazer Rodrigues baixar a segurança.
- Você precisa de alguém que seja
bonita, ótima agente, treinada, sexy e...que dance? – A cabeça de Mozzie já
estava tendo ideias.
- Isso! – Peter riu. – Impossível
né? Vou ter que pegar uma agente e fazê-la dançar maravilhosamente bem e de
forma sensual em menos de duas semanas.
Peter estranhou quando Mozzie
levantou-se e saiu da sala, voltando com um DVD. Ele colocou no aparelho e
disse.
- Não me pergunte como consegui.
Não direi nem sob tortura. Apenas assista. – Disse voltando a beber.
Quando
acabou, Peter estava zonzo.
- Bonita, agente treinada, sexy e
dança! – Lembrou Mozzie. Era perfeita!
- Você não está sugerido o que eu
acho que está! – Peter gritou.
Adoreiii tanto que ate sonhei rs.. Maravilhoso capitulo eu amo esta histótia! Parabénssssssssssssssssssssssssss Aguardando mais capitulos!
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