( N/A: Abram e deixem a música de fundo)
O tempo era o mesmo para todos, mas
passava de forma diferente para cada um.
Neal
e Rachel experimentaram isso nas semanas que se seguiram a fuga dela dos EUA.
Com a ajuda de Zurik, ela se instalou na Grécia. Desde a viagem ele foi um
grande amigo. Não foram direto para a Europa. Fizeram uma parada numa pista
clandestina do México, para um médico embarcar. Ela e George foram examinados.
-
Estão em perfeita saúde. É só cuidar para o umbigo cair e quando se estabelecer
em algum lugar procurar um pediatra para lhe dar as vacinas.
Durante
o voo de várias horas, ela pode descansar e realmente se recuperar do parto.
George dormia e acordava em intervalos muito curtos, ela dava o peito e logo
estava dormindo novamente. Era um bebê calmo, mas que exigia atenção quando
estava acordado. Zurik se ofereceu para carregá-lo e ela não aceitou. Confiava
nele, a questão é que precisava do filho junto ao peito para se lembrar que
tinha de conseguir novamente se reinventar. Despediu-se de Zurik assim que
desembarcou em Atenas. Era melhor assim. Caso o FBI ou a MI5 chegassem nele,
mesmo que quisesse falar, Zurik não saberia onde estava. Antes ele ainda
perguntou se ela precisa de mais alguma coisa e lhe deu um conselho.
-
Se pretende ficar com o garoto escondida, não o registre ou o faça num povoado
bem escondido onde ninguém nunca vá procurar.
-
Farei isso. Obrigada por tudo, Zurik.
-
Você tem meu contato, precisando...estamos aí.
Antes
de ir até seu destino final, registrou George num vilarejo qualquer. Na
certidão ele era filho de Rachel Turner e no lugar do nome do pai aparecia a
palavra DESCONHECIDO. Não gostou de fazer isso. Poderia ter comprado uma
certidão de nascimento falsa para o filho, mas não o fez. Ele não iria ser uma
mentira desde o início. O FBI não fazia ideia de onde estava e a Grécia não
tinha acordo de extradição com os EUA. Levariam muito tempo para poder colocar
as mãos nela. E quando sentisse o cheiro de polícia, fugiria novamente.
Logo
instalou-se na ‘Praia Branca’, uma das mais tranquilas da Ilha de Santorini. A
beleza do lugar era um espetáculo.
No povoado onde viviam muitos pescadores
e artesãos, a grande fonte de renda vinha do turismo. A ilha era cheia de
hotéis. E foi isso que os moradores pensaram que fosse: uma turista muito
branca e ruiva. Depois, com o passar do tempo, alguns se aproximaram. Achavam
lindo seu bebê tão novinho e estranhavam ela não estar acompanhada de um homem.
Resolveu seguir com o nome Rebecca. O FBI não imaginaria que ela usava esse
nome ainda. Estaria segura. Teve de inventar uma história.
- Sou viúva. – Disse em um grego
enrolado. Sabia pouco desse idioma. – Meu marido morreu quando eu tinha três
meses de gravidez. Eu quis mudar de ares e dar uma nova vida ao meu filho.
Espero que me aceitem aqui na ilha de vocês.
A história pareceu comover a todos.
E George logo tornou-se querido no lugar. Mas não deixava ele passar de colo em
colo. Preferia que estivesse sempre em seus braços. Ficava mais segura assim.
Alugou uma casa simples e confortável. Organizou tudo na primeira semana.
Estava estabelecida na bela praia e...feliz. Sim, feliz. Entardecer vendo o por
do sol com seu filho nos braços era motivo suficiente para lhe fazer sorrir.
Mas a felicidade não estava
completa. Havia dois buracos abertos em seu peito. Um era Neal. Ele continuava
habitando seus pensamentos. Como não podia fazer nada a respeito, seguia
tentando afastá-lo. O problema era olhar para o filho dele e ver em seus olhos
azuis o mesmo ímpeto, o mesmo brilho. George tinha muito mais que apenas o nome
do pai.
O outro buraco a ser fechado era
Nicolle...sua mãe. Agora, com seu bebê nos braços, entendia que a maternidade
era sim capaz de levar uma mulher a qualquer loucura. Se ela cometeu tantos
erros na vida e sua mãe sempre esteve a seu lado, não podia abandoná-la sem lhe
deixar ver o neto tão amado. Rapidamente armou um plano que podia funcionar.
Tirou uma foto com seu bebê e junto a um bilhete salvo em Word anexou a um
e-mail. Era bom ter muitos contatos.
_____#_____
De: RTurner (RT_red@Live.com.USA)
Para: Tom Cliff (tom.cliff@yahoo.com.USA)
Hora: 13h07min
Assunto: pombo
correio
Oi;
Preciso de um favor. Imprime o que está em anexo e
envia por correio para esse endereço: Rua
Cinquenta e Três com a Nova. Nº 43 , Bairro : Brooklyn,
NY.
Pode colocar remetente ou não. Não vai te dar
nenhum problema. Se alguém te perguntar, diga a verdade: não sabe onde estou.
Delete o e-mail.
Obrigada!
R.
_________#___________
No dia seguinte
recebeu a resposta.
De: Tom Cliff (tom.cliff@yahoo.com.USA)
Para: RTurner (RT_red@Live.com.USA)
Hora: 19h40min
Assunto: RE: pombo
correio
Feito!
________#_______
Sorriu pensando que mais uma vez ia
conseguir enrolar Peter Burke. As batalhas eram ganhas pelas pessoas mais
espertas. E Burke não ia lhe vencer. Nem mesmo com a ajuda de Neal Caffrey!
O chorinho de seu filho a tirou
desse pensamento. Deu de mamar, trocou a fralda e colocou para dormir
novamente. A canção de ninar ecoava pelo quarto para lhe dar bons sonhos.
- Dorme...a mamãe está aqui
pequenino.
Para Neal aquele foi o mês mais
longo e difícil de sua vida. Nem mesmo quando esteve preso os minutos demoraram
tanto a passar. Passava as horas livres olhando para um globo e tentando
imaginar onde Rachel e George estavam.
No início Peter achou que eles
tinham uma boa pista com o tal Zurik. Investigaram e descobriram que se tratava
de um conhecido contrabandista que já havia cumprido pena no passado. Agora, a
princípio, estava limpo. Seria fácil dar uma prensa nele. Não iria querer se
complicar só para ajudá-la.
Enganou-se feio:
- Não sei do que está falando. – Ele
disse ao ser trazido para depor.
- Não minta Zurik...não temos nada
contra você. Só queremos pegá-la.
- Não sei onde Rachel está, se
quiser me colocar numa daquelas máquinas que averiguam mentiras, pode por. Não
sei.
- Você não a viu então? – Peter
tinha em mãos, virado para a mesa, uma imagem de câmera de segurança que
mostrava Zurik e Rachel na pista de decolagem. Infelizmente não tinham provas
de que ela entrou no mesmo avião que ele. – Vai me dizer que não a vê há muito
tempo?
- Não, Agente Burke. – Zurik era
espero e imaginou o carta na manga de Peter. – Eu cruzei com ela faz um
tempinho num aeroporto qualquer. Acho que ela estava desembarcando...mas foi
coisa rápida. Só trocamos um ‘boa tarde’.
- Isso é mentira! – Peter se
exaltou.
- Prove. – Zurik respondeu com toda
a calma do mundo.
Dalí não tirariam nada e Neal
desconfiava que ele realmente não sabia onde Rachel estava. Ela era boa demais
para sair deixando rastros.
Sua última esperança era Henry
Roussel. Preferia ter voltado até a sua casa e conversado amigavelmente,
implorado até. Peter preferiu chamá-lo ao FBI. Não conseguiram absolutamente
nada.
- Eu não sei onde ela está, Agente
Peter Burke. Pelo que Nicolle me contou elas estão brigadas e Rachel não fez
contato com ninguém. – Ele estava muito tranquilo.
- Eu sei que você esteve com ela,
Henry. Tirou fotos dela, inclusive. Se não quiser se complicar com a justiça,
acho melhor abrir o jogo. – Peter ameaçou.
Henry virou o rosto lentamente e
olhou nos olhos de Neal. Depois tornou a encarar Peter.
- Eu encontrei com Rachel? – O tom
era provocador. – Prove!
Já se passavam 15 dias do nascimento
de George quando Nicolle foi chamada na delegacia. Ela sentou-se na sala de
interrogatório de cabeça erguida, firme e desafiadora. Olhava Peter com
determinação e observava Neal atentamente.
- Nicolle Turner, pode nos dizer
onde esteve nos últimos meses? – Peter já imaginava que ela ia mentir
descaradamente e foi com calma. Queria pegar contradições.
- Viajando. Precisava espairecer. –
Foi a resposta.
- Viajando por Guttenberg? – Peter
questionou.
- Passei por lá...e por muitos
outros lugares também. – Nicolle disse. – Mas o senhor não deve ter me chamado
aqui para isso? Interesse nas minhas...férias prolongadas?
- Não, realmente não. O interesse do
FBI está nas férias prolongadas que sua filha está tendo em algum lugar do
mundo. Onde ela está?
- Não sei.
- Onde vocês estavam escondidas até
a noite em que ela deu a luz? – Sabiam a cidade, mas não o endereço. Peter
olhou para o lado e encarou Neal. – Ele é o pai do bebê. Tem direitos sobre
essa criança. Ao roubar a criança, Rachel está cometendo mais um crime.
Nicolle encarou Neal.
- Você é o pai do meu neto? É bom
conhecê-lo...me diga uma coisa: como se sente sabendo que a mulher que você desprezou
hoje tem o que você mais queria?
- Não foi como você pensa. – A raiva
com que Rachel falava dele deixaram sua mãe pensando que ele era um monstro.
- Nunca é...nada nunca é como pensamos.
- Não foi para esse tipo de conversa
que a chamei aqui, Sra. Turner. – Peter interferiu. – Rachel tem dívidas com
lei e será encontrada. A senhora deveria reconhecer que ela é uma assassina e
nos auxiliar. Acha que será bom para o seu neto crescer junto a uma assassina?
- Oraaa Agente Burke...nota-se que o
senhor não tem filhos. Se tivesse iria entender que não importa o que minha
filha fez, eu sempre vou amá-la acima de qualquer coisa. E ela vai amar o
filho.
- Ela descumpriu leis!
- Leis não são nada comparadas ao
amor de uma mãe por seu filho! – Ela riu. – Mas não adianta discutir isso com
um homem do FBI. Essas agências de governos enrijecem vocês. Vivi com um agente
por anos e vi isso.
- Basta! – Peter gritou. – Onde está
Rachel Turner? Eu sei que você esteve com ela por meses.
- Prove o que está dizendo, Agente
Burke. – Ela também o desafiou. – E encontre Rachel...se puder. Agora, se
acabamos, adeus.
Peter terminou toda essa sequência
de interrogatórios com raiva, ódio até. Eles estavam lhe fazendo de bobo e o
tempo todo desafiando-o a encontrar Rachel. E ele ia fazer isso. E somando
todas as provas de que tinha contra ela, garantiria que ficasse pra sempre na
prisão.
Neal acabou aqueles dias um tanto
depressivo. Estavam na estaca zero e convicto de que só colocaria os olhos em
Rachel novamente se ela assim desejasse. A verdade é que Rachel era realmente
muito boa no que fazia. E ele odiava o quão boa ela era.
O pior era que os casos não lhe
interessavam mais, não eram desafiadores, só serviam como amarras que o
impediam de ir procurar por seu filho. Nem o vinho lhe atraía mais. Ficar
bebericando um vinho fino enquanto conversava com Mozzie era útil para abrir as
ideias...agora não queria pensar, não queria conversar. Só queria beber. E beber
muito! Até esquecer.
Fez muito isso nos dias que se
seguiram. Quando estava no trabalho, a rotina corrida o impediam de pensar.
Quando não estava no FBI, saía para algum bar e bebia tudo o que podia.
Mas
outro assunto também movimentou a divisão de colarinho branco. O roubo a banco
ocorrido há tantos meses e ainda sem resolução ganhou um novo rumo na
investigação. E uma suspeita: Lucy Moore. Ao que parece a bela loira teve seu
sigilo bancário investigado e seus gastos não acompanhavam seu salário. Além
disso, outras duas instituições financeiras nas quais atuou também haviam
sofrido golpes no período de sua passagem pelas empresas. Era coincidência
demais. Porém ainda teriam que comprovar.
- As mulheres resolveram escrever
IDIOTA na minha testa, só pode. – Neal disse logo que Peter comunicou à equipe
a reviravolta.
- Neal...a...eu acho que te deve
desculpas nessa. Fui eu que incentivei tudo.
- Deixa pra lá Peter. Ela não
representou 10% do que foi a Rachel mesmo... – Depois que falou se arrependeu. Preferia
que Peter não soubesse o quando Rachel ainda era importante.
- Ok...vamos fazer uma busca na casa
dela. Ela não é tão eficaz quanto Rachel nos golpes. Acho que logo a teremos
presa.
Em uma madrugada de sábado para
domingo, ele estava num bar e já tinha tomado todas que podia quando Peter
apareceu. Tinha seguido o sinal da tornozeleira. Claro...ele era o animal de
estimação do FBI. Fazia tudo o que mandavam e o que ganhou com isso? AAAA
claro! Já ia ganhar a liberdade. Grande coisa! Ser livre pra que?
-
Naaaada. – A voz tremia. – Eu não
posso fazer nada! Acabou! Eu tentei...mas ela provou que é melhor que eu, que
nunca vou encontrá-la.
-
Bobagem! Eu encontrei você...juntos
nós vamos encontrar Rachel e o seu filho. Vamos devolvê-la para a cadeia e
pegar o seu filho de volta.
Neal
riu dele. Riu largamente. Da forma como somente um bêbado era capaz.
- Vão não entende mesmo, né Peter? Eu quero
ela também...eu amo ela. Rachel é minha! Eu não ligo para o que ela fez! Não
ligo!
Peter
ajudou-o a se levantar e o levou embora do bar. Levou-o até seu apartamento
onde Mozzie aguardava. Depois de tantos anos, Peter e Mozzie já se consideravam
amigos, mesmo que não reconhecessem.
-
Fica com ele? Não deixa fazer mais nenhuma besteira. – Peter sabia que ele
estava bem consciente. – Na segunda, quando você estiver sóbrio, nós vamos
conversar seriamente sobre o seu futuro.
No
domingo Mozzie adiantou o papo com Neal. Era óbvio que o engravatado iria lhe
propor um trabalho no FBI. A questão era se Neal estava disposto a fazer isso
para o resto da vida ou se seus instintos de criminoso ainda falariam mais
alto. Lhe acordou com um xícara de café e uma conversa franca.
-
Nós podemos simplesmente sumir. Você pode procurar Rachel por conta...ou...
-
Ou o que? – Ele perguntou emburrado.
-
Ou colocar uma pedra nesse assunto e...deixar Rachel aparecer no tempo dela.
Talvez um dia ela perceba o erro que cometeu.
-
E perder toda a infância do George? Não! Eu vou continuar procurando. – Só não
sabia como.
-
Com ou sem o FBI? – Mozzie pressionou. – Você tem de decidir se quer um crachá
do FBI ou a sua liberdade completa.
Neal
o analisou antes de falar.
- Se eu escolher o FBI, perco você?
- Não...só terei que mudar meus
métodos...por mais algum tempo. Duvido que aguente muito tempo batendo ponto.
Vai ficar até encontrar Rachel e depois sair. Você não nasceu para isso, Neal.
- Sabe que as vezes eu acho que eu
poderia passar a vida fazendo o que faço?
- É...e ganhando o que ganha no fim
do mês?
- Isso a gente vai ter que negociar.
– Reconheceu.
- Será FBI então?
- Sim...por enquanto. É a minha
melhor chance de achar Rachel.
Mozzie mexeu nos óculos e pensou se
haveria hora melhor para falar o que tinha em mente. Resolveu que não.
- Eu não teria tanta certeza, Neal.
Acho que nós temos uma aposta bem mais interessante.
- Você tem um plano? – Neal voltou a
ter esperança.
- Eu sempre tenho. Mas, se vai virar
consultor contratado do FBI, acho que devia chamar Peter para participar. Ele
vai nos ajudar.
- Do que se trata?
- Se acerte com Peter, tire a
tornozeleira do pé e depois nós três vamos achar Rachel. Usando meus métodos.
Neal não estava entendendo uma
coisa.
- Por que chamar o Peter? Ele quer
prendê-la e você gosta da Rachel.
- Rachel é boa no que faz. Temos
mais chances com o Peter com a gente. Depois a gente vê o que faz. Eu vou me
aliar temporariamente a ele...não totalmente.
Em mais alguns dias, Neal ganhou a
liberdade e finalmente tirou a tornozeleira definitivamente.
O acordo agora era um contrato de
trabalho oficial onde ele recebia um salário bem interessante para auxiliar o
FBI com seus conhecimentos diferenciados. Fechada essa etapa, restava colocar
em prática o plano de Mozzie para encontrar Rachel.
Era um tiro no escuro, mas não
tinham muitas alternativas. O plano era tentar entrar no computador de Rachel
para vigiá-la, quem sabe localizá-la. Para isso, precisam instalar um software
espião...e ele chegaria ao computador dela pela internet, caso eles
conseguissem entrar em um computador com o qual ela fizesse contato.
- Entendo. – Peter achava loucura,
mas era uma ideia interessante. – Temos Henry e Nicolle.
- Henry não. – Neal decretou. – Ele
é da área de TI. Não vai demorar muito para notar algo de estranho em seu
computador pessoal.
- Nicolle então. Mas como faremos
isso? – Peter já tinha concordado com o plano.
- É por isso que você foi convidado
a participar do golpe, Peter. – Mozzie disse, petulante. – Não apenas por isso,
mas também. Nicolle não tem muita
simpatia por Neal, não vai recebê-lo como amigos em casa. Mas com um mandado
ela será obrigada a abrir a porta para vocês. Enquanto vocês a distraem, eu
instalo o programa espião no computador dela. Como a casa tem um escritório, o
normal é que o computador fique lá.
- E se não ficar? – Peter
questionou.
- Teremos de improvisar.
As coisas realmente não foram como
esperado, mas não pelo lugar do computador. Nicolle não os recebeu mal. Nem foi
necessário usar o mandato. Ela ficou sim surpresa por vê-los lá.
- Neal, Peter. Entrem. – Ela lhes
serviu café. – Alguma novidade?
- Não. – Neal respondeu. – Nós é que
viemos perguntar se teve alguma notícia de Rachel.
- Eu não tenho nada para dizer para
um policial, Neal. – Houve um breve silêncio. – Talvez eu tenha algo para mostrar
para o pai do meu neto.
Isso mudou os planos de Neal. Havia
algo ali. Não sabia se Mozzie tinha conseguido entrar...mas percebia que não
sairia daquela casa de mãos abanando. Olhou para Peter pedindo silenciosamente
que ele saísse da casa. Novamente Nicolle os surpreendeu.
- Ele pode ficar. – Ela
estava...feliz. – Mas meu assunto é com você, Neal. Vamos para a cozinha. Está
lá o que quero te mostrar.
Quando chegaram ela
foi direta.
- Hoje seu filho, meu neto,
completa...
- 45 dias. Eu sei. Não esqueço nunca
a noite em que ele nasceu.
Peter apenas
observava calado. Estavam sentados à mesa e ela tinha uma pilha de diferentes
envelopes nas mãos.
- Eu também não esqueço aquela
noite. Por vários motivos. – Ela estava emocionada. – Mas ocorre que uma semana
depois daquela noite eu recebi um primeiro envelope, que alentou meu coração e,
acho, fará bem ao seu. – Ela jogou o conteúdo sobre a mesa. Uma foto de Rachel
com o bebê e uma carta digitada.
Mãe!
Você é avó do menino mais lindo do
mundo. Ele tem os olhos azuis e os cabelos, parece, serão escuros. Meu menino é
saudável.
Desculpe não dar notícias por tantos
dias. Sim, eu estava magoada, mas eu te amo. E agora, com esse pacotinho nos
meus braços entendo o que você fez. Você é a minha mãe e sempre será.
Não
posse te dizer onde estou, mas saiba que estamos bem. Quando puder eu entro em
contato.
Neal observava a foto emocionado.
Peter estava mais focado em outra coisa.
- Arizona diz no envelope. – Disse.
– Então ela ainda está nos EUA.
- Meu assunto não é com o Sr. – Ela
ignorou Peter. – Neal...alguns dias depois chegou esse outro envelope. Dessa
vez só com a foto.
O segundo envelope vinha da
Alemanha. Isso deixou Peter confuso.
Neal não estava ligando para nada
além das fotos.
- O próximo chegou quando o bebê
completou 1 mês. E, se deseja saber Agente Burke, esse veio da Austrália. Veio
com uma foto e um breve bilhete.
Vovó!
Vamos comemorar meu
primeiro ‘mesversário’.
Estamos bem.
Um
grande beijo
Neal estava em
choque. Já tinha ouvido pelo fone que usava Mozzie dando sinal que estava
pronto. Já estava na rua. Mas não queria ir embora. Porém não entendia o porquê
de Nicolle estar fazendo aquilo por eles.
- Por que está me mostrando isso?
- Por causa do que veio no envelope
mais recente que recebi. Veio da Rússia e trazia uma carta um pouco mais
extensa.
Oi,
mãe;
Estou
feliz. Passo boa parte de meus dias assim: segurando meu filho. Ele está
crescendo tão rápido! Sabe....preciso te agradecer por ter insistido para ele
nascer. Ele mudou minha vida. George tem pouco mais de um mês e já me tem
completamente presa em suas mãozinhas.
Quer
saber, mãe? Eu não tenho mais raiva do Neal. Como posso sentir algo assim por
quem me deu o melhor presente do mundo, meu filho George? Impossível. Ele é tão
novinho...mas eu já vejo o Neal nele.
Talvez
eu nunca o tenha odiado. Talvez ele estivesse certo...ele estava com raiva
porque eu o enganei. Me faz um favor? Procura ele e mostra as fotos. É justo
que ele veja o filho. Não se preocupe com o FBI. Não estou deixando rastro
algum. Aqueles imbecis nunca vão me achar.
Bjs
Neal foi para casa com um sorriso no
rosto. Tinha visto o filho e conseguiu convencer Nicolle a deixá-lo fazer cópia
de tudo. Peter estava furioso porque além de ser chamado de imbecil, ainda teve
de aceitar que aqueles envelopes vindos de vários países o desafiavam. Mozzie
estava orgulhoso. O software estava instalado.
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