O lugar onde Christian e James
tinham ido procurar por sobreviventes era realmente difícil. Tinha uma grande
inclinação e com a instabilidade das chuvas houveram vários deslizamentos.
Acreditavam que enquanto eles tentavam ajudar as pessoas que ficaram lá, uma
novo deslizamento ocorreu, atingindo-os.
- Ave Maria cheia de graça, o Senhor...
– Gail não parava de rezar enquanto se locomoviam em direção região. – Vem
rezar, Ana. É o melhor que podemos fazer.
- Não consigo, Gail. Quero fazer
algo mais prático. – Ela trançava as mãos. – Quero chegar lá, subir em um
cavalo e procurar até trazê-lo de volta.
- Você não poderá cavalgar naquele
terreno perigoso! Muito menos grávida.
- Eu sei. Mas essa é a minha
vontade.
Definitivamente, Ana não tinha
esquecido de tudo o que sofreu naquela cidade, naquela fazenda. Não. Vir ali
estava lhe trazendo lembranças horríveis. As brigas, os gritos, as ameaças, as
explosões de ódio de Grey que apenas agora ela entendia as razões. Mas também
lembrava das coisas boas. Aquela tarde na cachoeira, as noites em seus braços,
as manhãs de cavalgadas. Ela foi a mais infeliz e a mais plenamente feliz
naquele lugar. Conheceu os extremos do céu e do inferno.
Quando finalmente chegaram ao lugar,
estava muito pior do que esperava. Era a destruição completa. Barro e lama
cobriam as casas e só se via um ou outro
animal perdido caminhando. Nenhuma pessoa.
-Vamos pessoal! Separando os grupos
para as buscas. – Um homem estava organizando o grande grupo.
Tornaram-se 3 pequenos grupos. Cada
um seguiu para um lado e iam se comunicando por rádios transmissões. Ela ficou
no mesmo grupo de Jéssica, o que foi terrível. Ela se provocaram o tempo todo.
Depois de 5 horas de caminhada sem
que nenhum grupo conseguisse alguma pista, estavam perto de desistir, montar
acampamento e deixar para continuar amanhã.
- Como assim? Não sabemos onde eles
estão! Podem estar ao relento! – Anastásia gritou. – Não podemos simplesmente
dormir.
- Não tem continuar a noite, Dona. É
melhor esperar e continuar amanhã...do que a gente se perder também.
Mesmo sem concordar ela obedeceu.
Deitou-se no colchonete, dentro da barraca sem saber muito bem o que fazer, o
que pensar...mas certamente dormir seria impossível. Christian era um homem
inteligente. Certamente procurou um abrigo seguro. Mas onde??? O que poderia
fazer em meio a tanta lama? Ele não conhecia tantos lugares naquela região...nunca
vinha para esse lado da cidade.
- Está tentando imaginar onde ele
está? – Jéssica também estava acordada.
- Não estou querendo ouvir a sua
voz, garota!
- Problema seu. Não é mais minha
patroa. Não manda em mim.
Anastásia a observou por um bom
tempo. A garota era raivosa, marrenta e chata, mas gostava sinceramente de
Grey. Não valia a pena gastar energia brigando com ela quando as duas queriam
conquistar o mesmo objetivo: encontrá-lo com vida.
- Jéssica eu te proponho uma trégua.
Até acharmos o seu patrão. Que acha?
- Por que?
- Porque juntas podemos achá-lo mais
fácil que separadas. – Ela estendeu a mão e a outra aceitou-a. – Ótimo. Eu
estava pensando...tem algum lugar aqui que ele pudesse como abrigo? Algum lugar
que o Christian conhece-se e soubesse
que podia se abrigar lá?
- Não que eu saiba. – Ela estava
sendo sincera. – A não ser...
- A não ser o que?
- Tem aquela casa onde ele ia
trancar a patroa...aquela que ele dizia que ia lhe dar uma lição. A casa é para
o norte dessa área e ele sabia que tinha suprimentos e água...seria um lugar
para ficar.
- Você consegue chegar lá? – Ana sentia
que podiam conseguir.
- Agora? A noite? Não...tem que
esperar amanhecer.
- Não! Temos que ir agora.
- Não Dona Ana. Se sairmos agora,
será pedir pra morrer no caminho. O terreno está escorregadio. Só vamos
conseguir nos perder ou nos machucar.
Anastásia acabou sendo convencida e
ficou lá, a noite toda sem conseguir dormir direito. Achava que sabia onde Grey
estava e não podia simplesmente correr até lá. A sensação era terrível. Ao
amanhecer, acordou a todos e lhes disse o que fariam.
- Ei moça! Não pode decidir as
coisas assim. Cada grupo vai para um lado. – O homem que vinha organizando tudo a desafiou.
- Podem ir para onde bem quiserem.
Eu vou buscar meu marido. Quem quiser que venha comigo.
Ela conseguiu o que desejava e os
outros a acompanharam. Jéssica guiou o grupo e em duas horas chegaram até a
casa humilde. Era hora de entrar e ver se sua ideia tinha alguma lógica ou se
tratava-se apenas de um delírio de mulher apaixonada.
Ela correu na frente de todos. Só
parou quando chegou na porta. Respirou fundo e a empurrou como os olhos
fechados. Quando os abriu, lá estava ele. Ajoelhado próximo a James que parecia
mais machucado. Ele olhou para a porta e por um momento pareceu não acreditar
no que via.
- Ana! Você....você aqui.
Muito devagar ele se levantou e
caminhou até ela. Os braços abertos, prontos para ela se encaixar.
- Você está bem? Não está? – Ela lhe
tocava o corpo para ter certeza de que não era sonho. – Eu tive tanto medo de te perder.
Tanto medo.
Christian a abraçou com força. Não
gostava de vê-la assim, chorando, mas era bom saber que era amado. Saber que
ainda restava nela algo daquele amor de antigamente.
- Estou bem. Houve um deslizamento e
James se feriu. Eu não tinha para onde ir com ele. Então lembrei desse lugar. O
lugar onde eu queria te prender e que...agora salvou a nossa vida.
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