Silêncio!
Um completo silêncio tomava conta de toda a casa, tomava conta de minha vida,
de meu coração. Era Ana quem trazia vida a tudo. E agora ela se foi. Sem saber
bem o que fazer fui para o escritório. Ali normalmente era o lugar onde me
sentia melhor, ali eu era o dono do mundo. Nos negócios eu sabia encontrar a
perfeição. Na vida pessoal eu acabara de jogar fora minha única chance de
encontrar a felicidade.
Só que dessa vez nem mesmo no
escritório encontrei paz. Sobre a mesa vi os cartões de crédito que tive de
insistir para dar a Anastásia. A maioria ela sequer utilizou. De que serve ter
tanto dinheiro se sua mulher não quer gastar? Agora não tenho mulher alguma.
No
canto da mesa, enrolada, estava a planta da nossa nova casa. Com uma linda
campina, total conforto e muitos quartos, a casa era um paraíso sustentável e
seria construída por Elliot.
- Melhor cancelar essa obra. Vou
querer essa casa pra que? – Disse em voz alta.
Pra onde será que a Ana foi? Não sei
como, mas tenho de trazer ela de volta...tentar ao menos.
- Taylor? – Liguei para meu braço
direito.
- Senhor. – Ele respondeu.
- Eu preciso que descubra onde
Anastásia está. Nós tivemos um desentendimento e ela saiu. Preciso que coloque
alguns homens na rua procurando por ela. Provavelmente ela foi procurar Kate ou
o pai.
- Senhor...ela está comigo.
- O que? Como assim? Pra onde você a
levou. Passe o telefone pra ela agora! – Como assim...o segurança que eu pago
está ajudando minha mulher a fugir?
- É impossível senhor. Ela está no
celular e...e não quer conversar com o senhor.
- Mass...ok. Para onde está levando
ela? Não, não me responda. Traga-a de volta agora, apenas isso Taylor.
- Isso também não será possível. Ela
não deseja ir para o Escala.
Taylor já estava me irritando.
- E para onde ela deseja ir? – Era simples.
Eu iria para lá, nós conversamos e eu a trago de volta.
- A Senhora Grey ainda não decidiu o
destino. – Senhora Grey, como é bom ouvir isso. Independente de qualquer coisa
Ana é minha mulher. – Ela está no
telefone resolvendo isso.
- Ok, diga para ela...não diga nada.
Largue-a em algum lugar seguro e confortável. Depois volte pra casa. Quando
chegar venha falar comigo.
- Sim senhor.
Quando
Desligou Taylor tinha um sorriso triste nos lábios. Pensava que aquele casal tão
jovem e bonito passaria por problemas sérios. Ana tinha apenas 22 anos e agora
se encontrava entre o casamento e uma gravidez indesejada. Indesejada por muita
gente.
- Não mãe, claro que não foi
planejado. Se fosse eu não estaria me separando. – Taylor ouvia ela falando. –
Não estou pedindo para morar com você. Também não estou fugindo de nada. Minha
vida, meu emprego, tudo é aqui. Só quero sumir por um tempo.
Não ouviu a resposta, mas parecia
não ter agradado Ana.
- Ok, eu vou encontrar outra
alternativa.
Ela ficou em silêncio encarando o
telefone por algum tempo.
- A ordem do senhor Grey é leva-la
para algum lugar seguro e confortável. Pode escolher o hotel de sua
preferência.
- As ordens do senhor Grey não me
dizem mais respeito Taylor. – Ela respondeu. – Vou tentar Kate.
Essa ligação era fácil de entender.
Kate gritava muito.
- O que esse desgraçado te fez?!?!?
Eu sabia que ele não era homem pra você. Ele te machucou Ana, é isso?
- Eu não quero conversar agora Kate.
Liguei pra saber como está o apartamento onde íamos morar. Posso ficar lá?
- Poderia...se eu não tivesse liberado
a imobiliária para alugar ele. Acho que tem um casal lá agora.
- Merda!
- Ana me diz. O que houve? Vocês
estavam bem.
- Eu to grávida Kate...é isso que
aconteceu. Christian não pode nem pensar em ser pai, então colocamos fim no
casamento.
- Grávida Ana? Mas que azar! Que
merda mesmo, você precisava ter se cuidado mais e...
- Chega Kate!!!!! Eu já ouvi demais
dessa merda por hoje. Eu DEVERIA, eu PRECISAVA, eu TINHA quer ser assim ou
assado. BASTA!!! O filho é meu, eu vou criar e essa decisão é minha. Agora tchau
que eu ainda tenho de encontrar um lugar para ficar.
- Mas Ana eu não quis
dizer...piiiipiiiii. – Anastásia desligou antes dela terminar de falar.
Taylor então resolveu tentar ajudar.
- Não quer mesmo o hotel?
- Não por conta dele.
- E seu pai? Não vai lhe negar um
teto. – Ray era um pai modelo.
- Provavelmente não. Mas vai me
criticar por engravidar tão cedo. E eu não aguento mais isso. Já chega! Cansei
de ser pisoteada. – Pelo espelho retrovisor Taylor viu ela abraçar o próprio
ventre. – Ninguém o quer. Ninguém me disse uma palavra boa, de carinho.
- Não fique assim Ana. Você quer o
seu filho, isso basta.
- Sabe? Quando alguém me diz que
está grávida eu respondo ‘parabéns’. Pra mim só falam que eu não podia ter
deixado acontecer. O Christian então...esse bateu o record de pior reação à
paternidade.
- O senhor Grey é um bom homem. Vai
se acostumar com a ideia.
- Não Taylor! Agora sou eu que não o
quero perto de nós. O que ele fez foi muito grave.
Ela
o encarou pelo espelho.
- Você vai dizer pra ele pra onde eu
fui, não é?
- Ele é meu patrão Ana, paga a
escola da minha filha. Não posso desobedecer.
- Sim, eu sei. – Ela pensou por um
minuto – Pare o carro Taylor, por favor.
Ele o fez e ela saiu do carro
enxugando algumas lágrimas.
- O que vai fazer Sra. Grey?
- Ana, Taylor, por favor, me chame de
Ana. Não sou nada sua além de uma possível amiga. Eu não posso te obrigar a
fazer segredo de onde estarei. Por isso, você também não saberá. Muito obrigada
por tudo nesses meses e...
- Diga Ana. O que precisa?
- Eeee, por favor, cuide bem do
Christian.
- E você cuide bem do filho dele. –
Num impulso Taylor lhe deu um abraço e, logo depois, esticou o braço para
chamar um táxi. Logo um parava. – O que digo para o Sr. Grey? Você irá viajar?
Ele irá procurá-la como um louco.
- Não, eu apenas vou esfriar a
cabeça. Hoje é sábado, na segunda estarei no escritório seguindo com meu
trabalho.
Anastásia entrou no carro e deixou
Taylor preocupado. Christian iria surtar até saber exatamente onde sua esposa
estava.
- Como assim você a viu sair em um
táxi e não sabe pra onde? Você é pago para saber!
- Ela não quis que eu a levasse
justamente para o senhor não saber.
- Você saber Taylor que eu poderia
te demitir por isso! INFERNO! Era só seguir ela!
- Sei, Sr., mas não pude contrariar
a Senhora Grey. Ela já estava muito nervosa e chorando.
- Chorando? – Grey perguntou.
- Sim...ela ligou para a mãe e para
senhorita Katerine, mas elas não puderam ajudar.
- Ana queria ficar com elas e
disseram não? É isso.
- A mãe disse não, a amiga não pode
ajudar porque o apartamento está com inquilinos.
- E Ana está magoada com elas, além
de mim. Isso?
- Sim...magoada. Mas não pela falta
de moradia. Ela disse que ninguém lhe disse uma palavra de carinho quanto ao
bebê. São só críticas e recomendações. Acho que a Sra. Grey está sensível com
toda essa situação. Mas ela garantiu que segunda-feira estará no trabalho.
- Mas que ÓTIMO! Ela não dá
satisfação ao marido, mas respeita o patrão! – Grey não parava de despentear os
cabelos. – Ok Taylor. Vá descansar. Eu vou pensar no que fazer. Talvez ligar
para os amigos dela...não sei. Qualquer coisa eu te chamo.
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