Eu estava em uma rotina cansativa:
casa, hospital e Amanda, Bella. Por mais ajuda que tivesse e mais gostoso que
fosse cuidar pessoalmente de minha filha, não era fácil dar atenção às duas. Há
três dias em casa e com cinco de vida, Amanda era a criança mais especial e
fantástica e eu resolvi que, se tinha alguém capaz de fazer Bella acordar seria
a filha.
Então contrariei todas as opiniões
contrárias e vesti Amanda com macacãozinho amarelo e fui ao hospital. Como
Bella tinha o quadro estável, havia sido retirada da UTI e agora ocupava um
confortável apartamento, ao qual eu tinha acesso livre. Então eu entrei sem
ninguém reclamar e me instalei confortavelmente na poltrona ao lado da cama com
Amanda dormindo confortavelmente. Ela estava adorando, principalmente porque
ali não tinha berço ou carrinho então ela passou o dia sendo embalada no meu
colo. Quero ver ela perder essa balda depois...
Mas o importante foi que em alguns
momentos eu a colocava sobre o peito de Bella e ela a reconhecia.
Instantaneamente ela se acalmava e às vezes procurava pelo peito. Bella estava
com o peito coberto e mesmo que não estivesse, eu não teria deixado Amanda
mamar. Primeiro porque o leite de Bella já deveria estar secando e seria
doloroso para ela e segundo por, com todos os antibióticos que deram para minha
mulher não pegar nenhuma infecção, não era seguro Amanda mamar nela. Mas eu vim
preparado de mamadeira e fraldas então Bella poderia ganhar ‘carinho’ da filha
sem se preocupar.
- Conversa com ela filha. Diz pra
mamãe que você e o papai precisam dela, que na nossa casa está tudo pronto
esperando ela acordar, que a titia Alice faz de você uma bonequinha a cada dia
mais linda. Vamos Bella, acorde!
O médico veio
conversar comigo e disse que eu não deveria me preocupar, que Bella estava bem,
sua mente estava em repouso enquanto o corpo se recuperava. Em breve, ela
deveria acordar. Mas o que era breve para os médicos era a eternidade para
minha família e meus amigos. Todos vinham visitar, alguns faziam vigília na
recepção, mas ninguém foi mais atencioso que Jacob. Hoje, após estar tão
próximo de perder Bella, eu já não tinha tamanho ciúme da amizade deles.
Afinal, se Bella desejasse, poderia ter ficado com ele durante toda minha
ausência, mas ela ficou comigo
- Como ela
está? Alguma novidade?
- Olá Jacob. Não, nada de novo.
- Vejo que trouxe Amanda para
visitar a mãe.
- Sim, achei que pudesse ajudar, mas
pelo visto não.
- Tenho certeza que ajudou. Bella
sonhou com essa menina tanto. Ela não permitirá que Amanda cresça sem ela por
perto.
Era tudo o que eu queria. Ficamos os
três por algumas horas fazendo companhia à minha Bella, mas após Jack ir embora
pensei que já era hora de levar Amanda para casa. Ela era muito pequena ainda e
já tinha passado horas demais em um ambiente estranho. Agasalhei ela melhor e fui
me despedir de Bella. Peguei em sua mão e fiz um último apelo.
- Acorde Bella! Por favor, eu e Amanda
sentimos sua falta.
Tive a sensação que seus dedos
apertaram minha mão, mas era provável que fosse apenas minha vontade se
manifestando. Soltei sua mão, beijei sua testa e caminhei em direção a porta.
Até que ouvi a voz mais doce do universo.
- E..dwaaarddd. – Era praticamente
um sussurro grogue, mas estava lá. Minha Bella estava acordada.
-Eu não sabia o que fazer. Queria ir
até ela e beijá-la, abraçá-la e levá-la para casa o mais rápido possível.
Queria também chamar o médico, mas não sairia dali por nenhum motivo. Então
apenas apertei o botão chamando a enfermeira e chorei junto com ela. O bebê ali
presente era o único que não deixava lágrimas correrem. Amanda estava dormindo
e, pelo doce sorriso, sonhando algo muito bom.
A enfermeira logo veio e chamou o
médico. Eu, muito contrariado, fui convidado a deixar o quarto para eles
realizarem exames nela. Enquanto isso, liguei para minha família e para os
amigos de Bella e avisei. Também pedi que Alice trouxesse o carrinho de Amanda
para ela poder dormir com maior conforto. Minha filha não ia para casa antes de
Bella poder vê-la.
Antes de poder vê-la, no entanto, o
médico que cuidou dela em todo o pós parto quis conversar comigo.
- Imagino que esteja feliz e
animado, Sr. Cullen?
- Sim. E posso continuar assim,
certo?
- Pode. Está tudo como imaginamos.
Sua esposa recuperou a consciência e agora vai gradativamente se recuperar.
- Quando ela vai para casa?
- Fizemos alguns testes de reação e
lateralidade e ela está bem. Os exames clínicos saem amanhã e conforme o
resultado, ela é liberada em dois dias. Mas quero alertá-lo que nestes casos é
comum certa confusão. Isabella dormiu por alguns dias e neles coisas
importantes aconteceram. Ela imaginava ver bebê recém nascido e só agora
conhecerá sua filha. Tenha paciência caso ela não demonstre a alegria que vocês
esperam.
- Acha que ela pode renegar nossa
filha?
- Eu não acho nada. Só digo que quem
acorda após o estado de coma pode estar confuso. Ela perdeu os primeiros dias
da filha e sentirá falta disso.
Aquela indicação médica podia servir
para qualquer mulher, menos para a minha. Esse médico podia saber muito sobre
coma, mas não tinha visto o desespero de Bella pela filha. Ela jamais negaria
amor para nossa bailaria. Cheio das recomendações médicas eu entrei no quarto e
fui lentamente até a cama. Bela sorriu, era um sorriso triste, mas dizia
claramente que ela estava feliz em me ver. Não, em nos ver, porque Amanda
seguia no meu colo e foi diretamente para ela que olhos de Bella seguiram. Ela
simplesmente abriu os braços fazendo um ninho
para a tão esperada hora em que teria sua filha. E Amanda se aconchegou
serenamente, era como se de forma instantânea eu fosse renegado a segundo
plano. Elas se compreendiam plenamente.
- Como você é linda Amanda. A mamãe
nunca mais vai te deixar.
- Ela sabe, eu expliquei para ela
que a mamãe estava dodói, mas que logo ela estaria no seu colo.
- Obrigado.
- Pelo que?
- Por ter ficado com ela mesmo...
- Mesmo amando ambas
desesperadamente e sofrendo por não poder estar com as duas o tempo todo?
- Você está gostando de ficar com
ela?
- Eu amo minha filha. Eu é que tenho
de te agradecer por ser teimosa o bastante para me fazer ver o quão maravilhosa
ela é.
- E vocês se dão bem? – Ela sorria
lindamente.
- Sim, ela fica bem no meu colo,
aceita mamadeira e aperta meu dedo para dormir. Acho que isso deve representar
que eu acertei alguma coisa.
- É, eu acho que sim.
Depois disso ela não quis mais
largar Amanda. A tristeza que o médico falou veio, mas contra nossa situação e
não contra nossa bailarina. Ela chorou ao saber que não poderia dar o peito
para Amanda mamar, ficou brava com a enfermeira por ela não lhe permitir
levantar para trocar a fralda da filha e a expulsou do quarto quando insinuou
que era hora da menina ir para casa e da mãe dormir.
- Fique sabendo que já dormi demais!
E não volte aqui se for para falar besteiras.
- Amor, eu acho que ela só queria
ajudar.
- Vai concordar com ela?
- Não. – Tratei de responder.
Afinal, brigar estava fora de questão.
Quando Alice chegou, tinha muito
mais do que apenas o carrinho de bebê. Ela trouxe seus cosméticos para preparar
Bella para receber visitas e as lembrancinhas. Era estranho porque todos já
conheciam Amanda, mas nós não entregamos as lembrancinhas. Sempre achamos que
Bella deveria fazer isso.
Bella
estava muito cansada e percebemos que Amanda estava muito enjoadinha por ficar
no meio de tantas pessoas estranhas. Por fim, Bella concordou que o melhor era
eu ir para casa e ela dormir um pouco. Fui triste por deixá-la, mas confiante
no futuro.
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