Apenas
dois dias depois Bella foi totalmente liberada pela equipe médica. Quando
chegamos em casa tudo estava perfeito, ela só não gostou de eu não terem levado
Amanda ao hospital para buscá-la, estava um grude só com a filha.
- Como eu iria ajudar você a entrar
no carro se estivesse com ela nos braços? -
Expliquei.
- Eu sei, mas quero tanto vê-la.
- Não vai sair de perto dela nunca
mais.
Ela ainda sorria quando a peguei no
colo para levá-la no colo até o apartamento.
- À propósito, isso é totalmente
desnecessário. Posso caminhar lentamente, já faz mais de uma semana do parto,
está totalmente cicatrizado.
- Não, não está. E nada de exageros
Isabella. Você ainda está de repouso e resguardo.
- Nossa, isso significa que não
posso agarrar meu marido?
- Essa será a parte mais difícil. –
Eu a beijei depois disso até que a porta do elevador se abriu em nosso andar.
Bem
acomodada no quarto e com Amanda aninhada confortavelmente em seus
braços, Bella estava plena. A maternidade era tão natural nela, como não pude
ver isso antes? Deixei ambas se conhecendo melhor e foi na sala me despedir de
Alice que ficou com Amanda enquanto fui ao hospital.
- Amanhã mamãe vem. Acho que terá de
expulsá-la se quiser ter alguma privacidade.
- Amanda é a nova paixão dela.
- E tem como não ser Edward?
Parabéns, sua filha é linda.
- Sim, ela é. – Nessa hora meu
sorriso devia denunciar a devoção por minha menina.
Depois que Alice foi embora pude ir
até a cozinha e preparar um lanchinho para eu e Bella e a mamadeira de Amanda.
Foi só eu terminar para começar a ouvir um choramingo de dentro do quarto.
Bella já estava percebendo que nem só de carinho Amanda se satisfazia. Minha
filha era muito gulosa.
- Ei, o que você tem? Já cansou do
colo da mamãe? – Eu achava graça observando elas da porta. – Amanda, o que foi?
– Seu choro ficou alto. – Espera a mamãe vai levantar para embalar você. Vai
ficar melhor...
- Que parte do REPOUSO você não
entendeu Sra. Cullen?
- Mas ela não está gostando assim.
- Ela gosta sim, só está com fome. Trouxe
nosso lanche e já vou buscar a madeira dessa moça.
- Anda logo Edward. Não quero que ela
fique chorando.
Logo estávamos lá, ambos deitados na
cama alimentando e mimando Amanda, nossa bailarina. Ela passou a sugar o leite
com fúria surpreendente para alguém tão jovem. Era a perfeição, com todos os
traços delicados, a força e a pureza de Bella. Logo ela tinha terminado seu
lanche e estava apoiada em meu ombro para arrotar. Por mais que fosse gostoso e
Bella implorasse, não pude concordar em deixar Amanda dormindo na nossa cama.
- Não mesmo, ela tem um lindo quarto
esperando por ela, a babá eletrônica ficará ligada e nós saberemos quando ela
acordar. Agora você vai comer, depois banho e descanso.
- Meu Deus, ser pai o deixou mais
mandão ainda.
- Mas Amanda não dá a metade o
trabalho que você causa. Deixe de ser teimosa!
- Não dá ainda. Espera crescer e
fazer fila de namorados na nossa porta.
- Não pretendo me preocupar com isso
nos próximos...haaa... 30 anos...
Deixei Amanda deitada de bruços, já
sabia que era sua posição favorita, no berço e voltei para o quarto quando
Bella comia seu sanduíche. Ficamos juntos por alguns minutos, namorando, mas
muito suavemente. Ambos sabíamos que começar algo e não terminar era
desagradável. Então ficamos ali, apenas curtindo um momento de paz, sozinhos e
abraçados. A tranquilidade terminou quando eu decidi que era hora de Bella
tomar um banho relaxante. Quando resolvi ajudá-la, ela se revoltou:
- Nem pense em ir comigo?
- Por quê?
-
Porque eu quero privacidade na hora do meu banho.
- Mas nós já tomamos banho juntos
antes.
- Isso foi antes de eu ter um filho.
- Mas Alice e as enfermeiras estavam
ajudando você no hospital. Não vai conseguir sozinha, ainda está dolorida.
- Não sou casada com Alice ou com as
enfermeiras. Elas podem me ver horrorosa o quanto quiserem, mas você não.
- Horrorosa? – Como assim? De onde
ela tirou a ideia de que está horrorosa?
- Não se faça de desentendido. Ou
você acredita que a barriga de uma grávida volta ao normal instantaneamente. E
eu fiquei bem marcada com a cesariana, talvez só uma plástica resolva.
- Por Deus Bella, nem pense em
voltar para uma mesa cirúrgica. Já não bastou o susto que levei dessa vez? Quer
que eu morra por um AVC?
- Não seja exagerado.
- E você não seja tão absurda.
- OK, sem plásticas. Mas não vai me
ver nua até que ao menos meu peso volte ao normal.
- Não vai conseguir se banhar
sozinha.
- Consigo sim. Só precisa colocar
uma cadeira dentro do Box.
Eu desisti de tentar fazê-la ver o
que era a mais pura verdade. Feia? Barriga? Cicatriz de cesariana? Bella
realmente achava que isso teria alguma importância depois de acreditar que ela
estava morta? Foram as piores horas de minha vida, mas com elas também pude
perceber que Bella era minha razão para existir. Eu disse que Isabella era
insana, mas na realidade acho que todas as mulheres são. Afinal como podem
pensar que nós homens não sabemos que o corpo delas vai mudar? Hora, não sou
idiota. Ela teve um bebê, não é mais uma menina e nem eu esperava por isso.
Quero minha mulher e não a imagem da perfeição feita à base de programas de
computação, que tornam as mulheres reais em bonecas de cera nas capas de
revista. Não era uma cicatriz que tiraria a beleza dela. Inferno! Mas esperei
pacientemente até ver ela deixar o banheiro caminhando lentamente, enrolada em
uma camisola longa e em um robe de algodão. A mão estava sobre o vente e ela
apertava os lábios. Certamente havia sido esforço demais e ela estava com dor.
- Eu avisei.
- Não é nada demais.
- Quer um analgésico?
- Sim, por favor. – Essa foi a
confirmação de que era ‘tudo demais’. Tinha de doer muito para ela tomar
remédio.
Logo depois Bella adormeceu e eu
fiquei descansando junto dela. Foi um momento bom, agradável. Levantei quando
Amanda choramingou para que Bella não acordasse, ela tinha de repousar o máximo
possível. Troquei a fralda e dei mais uma madeira e a princesa logo dormiu
novamente. Então fiquei junto de Bella até que ela acordou e, nesse momento,
chegou a hora dos assuntos sérios.
- Bom dia Bella adormecida.
- Dormi muito?
- Não, dormiu o necessário.
- E Amanda? – Tão linda preocupada
com a filha.
- Já acordou, ganhou mamadeira e
voltou ao seu sono de beleza.
Ela sorriu e eu senti pena de
quebrar nosso momento feliz, mas era necessário.
- Bella, preciso conversar com você.
E eu tive de contar tudo. Bella
ficou sabendo da amizade recém estabelecida comigo e Jack, do que exatamente
ocorreu em seu parto e do processo que seu pai colocou em mim por agressão. Até
aí ela permaneceu calma, o que a alarmou foi a presença de uma assistente
social no hospital a fim de levar nossa filha embora.
- Se isso tivesse acontecido, você
seria um homem morto nesse momento!
- Eu sei, jamais teria permitido.
- Como puderam fazer isso comigo? –
Bella tinha lágrimas nos olhos.
- A culpa é minha.
- Não comece Edward. – Ela sempre
dizia que minhas culpas não eram minhas, mas essa era.
- É verdade. Eles achavam que eu não
seria bom pai. E tinham porque pensar nisso.
- Mas você é. E essa decisão não era
deles.
- Sim, mas eu só estou contando isso
para você saber o que se passou. Agora que está bem, que voltou para nós, o
pedido de guarda não é mais válido. Nenhum juiz tiraria a filha de um casal que
cuida bem dela.
- Mesmo assim, não vou esquecer o
que fizeram. Até minha mãe. – Ela pensou por um momento. – Preciso dizer
algumas coisas para eles. – Edward, por favor, ligue para eles e marque para
virem aqui. Vamos resolver isso de uma vez por todas.
Pai e mãe por vezes esquecem de que
os filhos crescem e isso pode ser difícil. No fundo acho que esse é o problema
de Charlie, ele ama Bella, só não sabe como deixá-la fazer as próprias
escolhas. Quando liguei não fui bem tratado. Fui até xingado por não ter ligado
antes, por eles só descobrirem que Bella estava bem por Jack. E nisso eu até os
dava razão. No fim eles concordaram em vir visitar Bella e a neta. Eu é que não
estava totalmente certo de deixar Amanda passar para o colo deles. Parecia que
a qualquer momento eles sairiam correndo levando minha menina. Quando chegaram
o clima ainda era ruim:
- Bella, minha filha, como está? –
Renne parecia envergonhada.
- Bem. Sente mãe. Você também pai. –
Todos estavam no quarto com Bella e eu ia saindo para ficar com Amanda quando
Bella chamou.
- Fique Edward.
- Bella, isso é uma conversa de
família. – Charlie disse. – E faz muito tempo que não conversamos.
- E faz muito tempo que Edward é
minha família.
- Eu sou seu pai.
- E ele meu marido. E não foi ontem
pai, estamos casados há quase oito anos. Tivemos uma filha, somos uma família
que você insiste em ignorar.
- Esse inglês roubou você de nós!
- Ele tem nome pai. E não me roubou.
Quando eu o conheci nós já tínhamos brigado lembra. Eu já estava fora de casa
por você não aceitar minha profissão.
- Mas se não fosse por ele teria
voltado, teria aberto os olhos e visto o que era melhor para o seu futuro.
- Não pai, eu jamais abandonaria a
dança. É o que eu amo fazer.
- Vamos deixar isso para trás.
Estive tão perto de perder você Bella, minha menina. – Renne se manifestou.
- Assim mãe? Quantas vezes eu liguei
e você se negou a falar comigo? Muitas...até eu desistir.
- Me perdoe. Nós achávamos que assim
a forçaríamos a voltar para casa.
- Jamais conseguiriam mãe.
- Por culpa desse inglês! – Charlie
voltou a gritar.
- Já falei que ele tem nome. – Bella
estava até calma demais.
- Ele não tem um nome para mim. Não
tem porque jamais veio até nós para se apresentar e pedir sua mão em casamento.
Apenas tomou você de nós, como se não existisse uma família esperando você em
casa.
- Hora pai, nossa relação já não era
das melhores. E fui eu que não permiti que ele fosse tradicional.
- E fui eu que perdi a oportunidade
de levar minha única filha até o altar! – Uma lágrima silenciosa escorreu pelo
olho de Charlie.
E esta fala do pai de Bella me
proporcionou realizar algo que a muito eu queria:
- Se o senhor permitir, Charlie, nós
podemos resolver essa questão.
- Como?
- Eu gostaria de pedir a mão de sua
filha, a sua benção em nossa união e seu comparecimento na cerimônia de
renovação de votos que vamos organizar. E, se possível, que você acompanhe
Bella até o altar e a entregue em meus braços. Isso sempre foi o que eu quis.
- Fala sério? – Era claro que Charlie
não queria mais brigar. – Eu não esperava isso de você.
- Nunca tive nada contra vocês,
apenas preferi não me envolver nas discussões de família. – Eu parei por um
segundo. – E..., eu agradeceria se retirasse o processo por agressão.
- Ouuu... é claro. – Ele olhou para
Bella que permanecia em choque. – O que houve filha?
- Isso foi...surpresa para mim
também.
- Boa, espero. - Tive de perguntar.
Afinal, como Bella nunca se sabe.
- Sim, só estou preocupada quanto a
caber no vestido.
Ficamos juntos por mais alguns
momentos até que Amanda acordou e começou a chorar. Desta vez foi no colo da
avó onde ela foi alimentada.
- Nossa, faz tanto tempo que não
tenho um bebê no colo. E ela é tão calminha. – Disse Renne.
- Eu falei que devíamos ter tido
mais filhos.
- Sim, não você que os pariu. - Todos sorriam apreciando a cena.
O clima estava bom, mas Bella
resolveu esclarecer uma última questão:
- Que ideia foi essa de mandar uma
assistente social roubar minha filha?
- Ninguém ia roubá-la. – Charlie se
explicou. – Eu só não acreditava que o ing... que Edward fosse capaz de
criá-la. E por que os avós paternos teriam mais direito que nós?
- Nos perdoe Bella. – Renne pediu.
- Claro mãe. Agora chega de
tristezas e magoas. Prefiro ocupar minha mente com o planejamento do meu
segundo casamento.
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