Era para ser
apenas felicidade...foi pensando assim que eu e Christian subimos ao altar e
fizemos nossos votos matrimoniais. Mas não foi assim...menos de seis meses de
casamento e aqui estou, triste, chorosa e dolorida indo embora do lugar que,
imaginei, seria meu lar por longos anos.
Nosso
relacionamento jamais foi...normal, simples ou satisfatório. Grey não era
normal, simples ou satisfatório. Meu marido era cheio de traumas, repleto de
nuances escuras em seu passado. E eu, ingenuamente, achei que poderia curá-lo e
satisfazê-lo. Eu, ainda uma virgem quando o conheci? Eu, a menina boboca que
nem mesmo tinha como se sustentar? Eu, ma moça que lê romances com príncipes
perfeitos? Mesmo parecendo tão difícil, realmente acreditei que fosse possível
nossa relação durar. Até seu psicólogo dizia q eu lhe fazia bem.
Conheci meu
marido, agora meu ex, quando as vésperas de me formar na faculdade foi
entrevistá-lo substituindo minha amiga Kate. Aquilo foi meu céu e meu inferno.
Grey é ótimo, fantástico, perfeito...mas também sabe ser cruel, opressor e
dominador. Quando conheci seu quarto-vermelho-da-dor me assustei. Ele era então
um sádico, curtia fazer as pessoas sentirem dor, tinha prazer com isso. Pensei
em sumir e lhe dizer não, mas esse mundo também pode ser inebriante. E Grey
soube me conquistar.
Ele JAMAIS me machucou. NUNCA até hoje. Sempre dizia que respeitaria meus limites
rígidos e esses não incluíam varas, chicotes, cintos ou nada que infligisse
grande dor. Eu só gostava do chicote de montaria e das palmadas. Bom...gostar
não sei se é a palavra. Dói apanhar na bunda, mesmo que seja apenas com a palma
da mão. No dia seguinte arde ao sentar. Mas...mas também é gostoso e o sexo com
ele é ainda melhor. Então deixo ele fazer algumas coisas... as algemas, a
venda, o sexo bruto, a amarração na mesa em forma de cruz...tudo indolor e
muito, muito sensual. Assim vivemos nossos cinco deliciosos meses de casamento.
Mas aqui estou
eu, chorando e fazendo minhas malas com a bunda e as coxas marcadas pela surra
de cinta que ele me deu em um momento de descontrole. Ele sabia que eu não
queria jogar, não queria brincar. Ele quis me punir, machucar meu corpo para me
castigar. Christian perdeu o controle e me mostrou sua face mais escura. ‘Sou
fodido em cinquenta tons Ana’, nunca essa frase fez tanto sentido.
A razão para
todo esse descontrole? A razão era tão minúscula quanto importante...era apenas
um pontinho de tão pequena. Descobri que estou grávida e contei, mesmo sabendo
que a reação de meu marido seria péssima. Só não imaginei que seria tão ruim
assim.
Depois de me
bater, seus olhos fitavam apenas o chão...ele começou a cair em si e perceber o
que havia feito. Mas fugiu. Saiu correndo e deixou a cobertura. Eu sabia que
não voltaria tão cedo. Talvez pela manhã. Eu passei algumas horas em nosso
quarto apenas chorando. Depois me levantei para arrumar a mochila que ia levar.
Eu terminava
de fechar a mochila quando ele entrou no quarto.
- Solta isso!
Você não vai a lugar algum. É uma ordem! – Berrou.
- Vá dar ordem
aos seus empregados. Não sou nada sua e não vou te obedecer.
- É minha
mulher Anastásia. Não vai embora. – Seus olhos estavam vermelhos. Ele havia
bebido.
- Basta
Christian. Acabou. Eu vou embora agora e não quero mais te ver.
- Não ANA! Não
pode fazer isso. Sou seu marido!
- Você
ultrapassou TODOS os limites. Eu NUNCA te autorizei a me bater dessa forma. Eu
conto que estou grávida e o que você faz? Me espanca!
- Não fala
assim Ana! Eu não te machuquei tanto...
- Porque não é
o seu corpo que está doendo. Porque não é você que sente a humilhação.
- Eu sei o que
é ferir uma mulher Ana...já feri muitas. Mas você não.
- Isso sou eu
que sei. – Eu apontei para a cama. – Aí estão todas as joias. Eu peguei apenas
algumas roupas básicas. A chave do carro está sobre a mesa da sala e deixei
meus cartões de crédito na sua mesa do escritório. Adeus Christian.
- Ana não! –
Ele implorou.
- Você não vai
ter mais nenhuma chance de nos machucar. – Falei antes de sair e abraçar meu
ventre. – É pontinho...agora somos só nós.
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