Cap 20: Parto
Praticamente esqueci de meus sogros,
apenas peguei Bella no colo e a coloquei carro, seguindo até o hospital mais
próximo. Obviamente fui impedido de acompanhar o exame e só o que restava era
aguardar e torcer para nada de tão grave acontecesse. Desesperado liguei para a
médica que já acompanha Bella na gravidez e expliquei o ocorrido. Ao que
parecia, eu não teria boas notícias.
- Não importa o que acontecer, ela não
deve dar a luz em Forks. Precisa de um hospital com UTI neonatal, é importante para o caso da
neném nascer com algum problema respiratório. Eu pedi tanto para Bella se
manter calma...faltava tão pouco.
- Acha que ela ficará bem?
- Edward, eu não a examinei. Não posso
prometer nada.
Logo depois a chefe da equipe médica
do hospital me chamou e parecia concordar com Martha.
- O ideal era seria sua esposa ser
removida para um grande hospital. A pressão dela permanece alta e, continuando
assim, será necessário antecipar o parto.
É claro que eu não iria arriscar
perder minha mulher e minha filha, sim, porque apesar da idiotice que falei ao
pai de Bella, estava apegado a menina que ainda nem nasceu. Bella foi
transferida com urgência e sua obstetra assumiu a situação. A pressão de Bella
era o mais preocupante e se faltasse líquido amniótico ou nossa filha
apresentasse qualquer sinal de sofrimento intra-uterino iria ser feita a
cesárea. Bella alternada longos períodos de sono com minutos de consciência,
sempre balbuciando palavras de preocupação com sua bebê e esquecendo do próprio
sofrimento. Altruísta!
As horas foram passando e eu evitava
conversar com Bella. Toda vez que ela tentava eu desconversava, dizendo que ela
precisava descansar e guardar suas forças para colocar nossa filha no mundo.
Nas primeiras vezes funcionou, mas em certo momento ela segurou minha mão e
disse algo assustador:
- Se algo acontecer, não precisa ficar
com ela. – Ela estava pálida, era assustador. Se não fosse seu estado, ter dito
o quanto ela era absurda.
- Não Bella, não fale bobagem. Nada
vai acontecer!
- Com ela não, tenho certeza. Mas
comigo não sei. E se eu lhe faltar, não quero que fique com ela por obrigação.
- Não é por isso que estou aqui. Eu
quero vocês duas comigo.
- Prometa que não ficará com ela se
não puder amá-la! – Ela já chorava.
- OK, OK, OK. – O que dizer quando ela
parecia mais nervosa a cada momento? – Mas não haverá necessidade de nada
disso. Nós vamos criá-la juntos.
Isso não pareceu acalmá-la. Ao
contrário, minha Bella tinha índices de pressão cada vez mais altos e Martha
optou por não esperar mais. Eu acompanhei toda a cirurgia segurando a mão de
Bella, que por razões médicas não pode estar acordada.
A médica havia-me tranquilizado de que
a menininha já tinha um bom tempo gestacional e não corria grandes riscos.
Talvez, dependo de seu peso, nem precisasse de incubadora. Eu e Bella
poderíamos levar nossa filha para casa logo. Desde que ela também estivesse
bem. O procedimento foi tranquilo e logo vi minha filha vir ao mundo com uma
garganta poderosa. Uma enfermeira a pegou e mostrou para mim. Linda! Era um
verdadeiro pecado Bella não estar acordada para ver seu milagre vir ao mundo.
Minha filha foi passar pelos primeiros exames e ser limpa de todo aquele
sangue. Não estava preocupado. Como Esme dizia: bebê que chora forte tem saúde.
E minha filha era forte.
Tudo parecia indo bem. A médica
começou o processo de sutura no ventre de Bella e uma quase imperceptível preocupação
tomou a equipe médica. Um dos enfermeiros parecia demonstrar nervosismo e
Martha tentava trabalhar o mais rápido possível. Eu tentava me convencer de que
era tudo fantasia, tudo produto da minha imaginação, mas outro médico presente
falou o que meu coração temia.
- Vamos perdê-la!
Senti o mundo desabar ao ouvir isso.
Como vamos perdê-la? Não, não posso perder Bella. Ela acaba de dar a luz nossa
filha, nem mesmo havia escolhido seu nome, não viu nenhuma vez. Ela não ousaria
deixar seu coração parar de bater. Eu não percebia mais nada, estava em
desespero e fui retirado da sala cirúrgica.
Uma enfermeira tentava parecer calma e dizer que estavam fazendo o
possível por minha mulher e que eu tinha de manter a esperança por minha filha.
Depois que a fiz prometer vir dar notícias assim que possível, fiquei sentado
na recepção, calado, rezando silenciosamente. Não podia ser verdade.
Eu não tinha nenhuma informação
concreta da equipe médica e os minutos iam passando. Resolvi ligar para minha
família.
- Mas não tem nenhuma notícia? – Alice
também estava em choque?
- Ainda não.
- Vou para aí agora. E minha sobrinha.
Nesse momento consegui voltar a
sorrir.
- Linda e perfeita. Você será a tia
mais boba do planeta.
- Logo eu e Jasper estaremos aí.
Não me preocupei em ligar nem para
minha mãe, nem para os pais de Bella. A primeira porque já deveria estar
sabendo por Alice e os outros porque não mereciam. Mas minha consciência teve
que dar o braço a torcer quanto a Jacob e os outros amigos de Bella. Afinal
eles cuidaram dela em minha ausência. Liguei para o escritório onde ela
trabalho e avisei que ela tinha dado a luz e sofria de complicações. Não dei
detalhes, mas sabia que em breve a recepção estaria lotada.
Mais tempo se passou e meu coração
estava dividido. Uma parte não aceitava a possibilidade de sair de frente
àquela sala antes de saber que minha Bella estava recuperada, outra queria
correr até a maternidade e dizer para minha filha não ficar assustada porque
logo o papai e a mamãe a levariam para casa. Estava quase sedento a tentação de
escapar por um momento apenas quando Martha veio falar comigo.
- Diga que ela está viva! – Exigi.
- Ela está viva, mas não totalmente
fora de perigo.
- Quero ver minha mulher.
- Não Edward. Ela está na UTI e não
poder receber visitas de ninguém.
- O que houve com Bella. Afinal o que
vocês são, médicos ou açougueiros?
- Ela teve todos os cuidados possíveis
Edward. E será assim até que fique boa. Se puder me acompanhar até minha sala
eu explico com mais detalhes.
Eu não queria explicação alguma, seria
suficiente uma garantida de que amanhã minha mulher estaria recuperada deste
parto. Mas acabei seguindo Martha na esperança de ter alguma informação.
- Sempre soubemos que Isabella tinha altas
de pressão preocupantes na gravidez, uma tendência a pré eclampsia. Felizmente
conseguimos manter estabilizado e sua filha nasceu perfeita. Em dois dias ela
deixa o hospital em total saúde. Infelizmente a pressão que estava estabilizada
teve uma alta repentina e Bella entrou em trabalho de parto. Fomos obrigados a
fazer a cesárea antes que a bebê sufocasse, já que Bella não tinha forças para
um trabalho de parto normal.
- Ela ficará bem? – Perguntei, mas fui
ignorado.
- Estávamos confiantes até que tivemos
problemas com a sutura. Infelizmente Bella teve uma forte hemorragia.
- Ela ficará bem?!
- Eu gostaria, mas não posso garantir.
No momento ela está na UTI. Precisamos ver como vai evoluir.
Voltei para a maldita sala de espera
aos pedaços. Não vi ninguém, apenas chorei. Chorei por tudo de errado que já
havia feito, por ter lhe negado a realização desse sonho por tanto tempo, por
não ter aceito a chegada do bebê como qualquer pai normal, por não cuidar dela
desde o início, por permitir que outras pessoas se responsabilizassem por
compromissos que eram meus, por soquear seu pai e deixá-la ainda mais nervosa,
e por dizer mais besteiras do que era
humanamente perdoável. Como era possível? Como eu criaria minha filha sem ela?
Não, eu não ia sequer pensar nisso. Senti uma pequena mão em meus ombros.
- Como ela está? – Era Alice.
- Na UTI, teve uma hemorragia.
Minha irmã não falou nada. Sabia que
nenhuma palavra seria capaz de aplacar a dor ou amenizar a culpa que sentia.
Depois de um longo abraço silencioso ela apenas informou que iria até o
berçário deixar a mala que trouxe para a sobrinha.
- Será que vão deixar você entregar?
- Eles que ousem deixar a pequena
naquelas roupas horrendas de hospital. – Ela brincou, mas eu sequer sorri.
Fiquei com Jasper na mesma sala, onde
parecia que eu passaria muito tempo, conversando sem sequer perceber as
palavras. Estava com a mesma roupa a mais de 24hs e não tinha disposição para
trocar. Não tinha ideia do que faria no futuro, enquanto Bella não abrisse os
olhos.
- Escolheu o nome?
- Bella fará isso. – Disse um tanto
ofendido ao meu cunhado.
- Achei que já tinham algo mais ou
menos definido.
- Pensamos em muitos, mas estávamos
entre Cecília e Amanda. Talvez decida quando olhar para ela.
- Então pode ser agora! – Alice entrou
saltitando na recepção, o que me deixou um pouco magoado.
- Eu não acho que temos motivos para
tanta euforia Alice!
- Pois eu acho que temos. Olhe Edward,
eu entendo que esteja sensível por Bella, mas sua filha nasceu e isso é motivo
de alegria. Sequer ouse culpá-la pelo que ouve. Ela é um anjinho!
- Eu não culpo ninguém além de eu
mesmo.
- Então tire esse traseiro da cadeira
e vá ver sua filha que está linda aguardando por você. Se, quando Bella
acordar, ela sequer desconfiar que negligenciou a bebê, ela arrancará o seu
coro!
A esperança de ver minha mulher,
corada e saudável, estender os braços para pegar nossa menina me deixou mais
animado e eu corri ao berçário. Vi o pedacinho de gente mais lindo que poderia
existir. Pequenina, com o rostinho delicado como o da mãe, boquinha de coração
e nariz arrebitado, estava totalmente embrulhada num cobertor cor de rosa. Os
cabelos, muito fininhos e com um lacinho típico de Alice, eram em um tom
intermediário do meu cobre e o chocolate de Bella. Os olhos estavam fechados,
mas eu torcia para terem o mesmo tom do de minha mulher. Aliás, eu queria uma
cópia de Bella correndo pelos corredores de nossa casa.
- Oi bebê, sou seu pai. A mamãe logo
vai melhorar e vir te ver...bom, ou você vai visitá-la. Você é muito parecida
com ela e isso é bom porque a mamãe é muito linda. Eu não sei se você ouvia o
que nós falávamos aqui fora enquanto ela esperava você, mas se ouvia, não ligue
para as bobagens que o papai dizia. Eram só bobagens mesmo. A mamãe sempre quis
você e eu...bem...eu levei um tempo até me acostumar com a ideia. Mas hoje, eu
não sei se viveria sem você. A mamãe e você são a minha vida.
Minha filha se mexeu um pouco, parecia
que não queria ficar confinada no cobertor. Eu abri um pouco o envelope e
peguei em uma se suas mãos observando a perfeição das minúsculas unhas.
- Tenho que parar de chamar você de
bebê. Eu e mamãe pensamos em algumas opções de nomes para nossa bailarina, mas
não temos certeza. Foram tantos que você sequer pode imaginar, mas agora
estamos entre dois. Cecília, que é delicado e digno de uma princesa e Amanda.
Amanda nós gostamos pelo significado, já que você merece ser muito amada e já
tem nós dois em suas mãozinhas. – Juro que vi um sorriso se formar em seus
lábios, de leve, mas estava lá. – Você gostou de Amanda filha? Será que a mamãe
deixa nós escolhermos? Acho que sim. Agora vou chamar seus tios, Jasper e
Alice. Eles precisam conhecer Amanda Swan Cullen!
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