‘Parabéns
pra você
Nessa
data querida
Parabéns
pra você
Muitos
anos de vida’!
-
Assopra a velinha meu amor! – Ana disse sem saber quem estava mais feliz, ela
ou Teddy. Seu garotinho completava 4 anos na festa mais fantástica do mundo e
ver seus olhos brilharem era algo impagável.
-
Não consigo. As velinhas são fortes. – O pequeno reclamou. – Papai? Ajuda eu?
-
Ajudo, é claro. – Grey respondeu.
E assim Ana viu a
imagem que mais sonhou nesses quatro anos. Pai e filho juntos. Logo as velinhas
apagadas foram retiradas e chegou a hora de cortar o bolo. Dava até dó. Era
lindo e decorado com vários símbolos de super heróis.
- Pra quem vai a
primeira fatia Teddy? – Elliott gritou.
- Pro papai. Ele é um
super herói muiiiiito mais forte que todos esses.
Todos riram e
Christian sentiu-se orgulhoso e envergonhado ao mesmo tempo. Envergonhado por
saber que não era verdade, mas orgulhoso por seu menino acreditar assim nele.
Fotos
feitas, os adultos foram comer enquanto
as crianças só queriam saber de brincar. Engana-se quem pensa que os docinhos
são feitos para os filhos, são os pais que comem.
-
Logo logo ele cansam de brincar e atacam os cachorros quentes, aposto. – Falou
Kate.
-
Assim espero, amiga. Ou vai sobrar muita coisa. – Ana respondeu.
-
Parabéns Ana! Ficou tudo perfeito. Mesmo ocupada, você organizou tudo muito
bem.
-
Christian ajudou muito. Você viu as lembrancinhas? Ele que escolheu. – Ana
disse.
-
O planador? Lindo. Uma fofura. Que criança não se encantaria com isso? Teddy
está no céu. – Mas Kate conhecia Ana e sabia que havia algo estranho. – E algo
me diz que você também fez um passeio...só não sei se é ao céu ou ao inferno.
-
Não começa!
-
Hoje, ANASTÁSIA, você não escapa. Fala! O problema é o Grey ou o Raff?
Ana
pensou em negar, mas achou que não adiantaria nada.
-
Ambos. Digamos que...se o Grey é demais, o Raff é de menos.
-
Aiii não me diga que o problema é... o tamanho!
-
Não...rsrsrs KATE! Ele é...normal nesse quesito.
-
Mas eu aposto que o Grey é acima da média.
-
KATHERINE!
-
Ok, estou calada. Elliott é muito bem dotado, ok? Mas conta qual problema
então?
-
O Grey é mais...não sei como explicar...ele me pega forte sabe, já vai me
agarrando, não dá nem tempo de pensar.
-
Pega é? Engraçado...você não fala como quem recorda de fatos antigos...tipo há
cinco anos atrás. Não pense que eu esqueci da recaída. Vai contar pra mim!
-
Sim Kate. Quer saber? Eu dei pra ele na festa de aniversário de 1 ano da sua
filha. No estacionamento, encostada no carro dele...rápido, forte e sem nem ter
tirado a roupa.
Kate
estava passada com a revelação. Nem conseguia falar.
-
E te conto mais: adorei. Gostei tanto que quase repetimos a dose agorinha ali
na dispensa. Ente uma lata de óleo e latas de atum.
-
Aaaaa ótimo saber que padrinhos da Ava têm tara por festas de aniversário e não
conseguem segurar o desejo. Ótimo saber! Daqui pra frente eu vou comemorar
TODOS os anos. – Kate gargalhava do ‘problema’ de Ana. – E com o Raff, o que é?
-
Com o Raff é o contrário. Ele é maravilhoso em tudo, menos na cama.
-
Como assim? Ana, as vezes a primeira vez não é boa. É que o Grey é acima da
média...não pode exigir isso de todos.
-
Não é ele, sou eu!
-
Isso é clichê, Ana, muito clichê.
-
Olha...eu quero o mesmo fogo, as mesmas mãos, a mesma pegada...
-
Para antes que pegue fogo Anastásia. E o dono da pegada está nos olhando. Se
comporte...ou leve ele pro quarto.
Depois
Anastásia até se arrependeu do desabafo, mas alguém precisava lhe ouvir e, se
até a Deusa Interior estava definitivamente no torcida do Grey, só Kate estava
disponível. Se bem que ela também não parecia muito imparcial.
-
Até você Kate! – Disse falando sozinha.
Enquanto
isso Christian caminhava pela sala reconhecendo alguns dos convidados. Em geral
eram famílias, mas raros conhecidos. Além dos Grey, do pai e da mãe de Ana e
Elena, mais nenhum rosto era conhecido. Mas foi fácil fazer amizade com alguns
pais. Achou alguns bem babacas e ficou pensando que podia fazer melhor que
eles.
-
Christian? – E se virou sabendo que era Elena. – Vai me ignorar só porque
Anastásia está aqui?
-
Não, claro que não Elena. Como vai?
-
Bem. E você? Impressão minha ou você está gostando do papel de pai...por
enquanto é claro?
-
Estou, na verdade estou. Não é todo dia que a gente é chamado de ‘herói’ por um
garotinho.
-
Não se comporte como um idiota Christian. Nós dois sabemos que você não nasceu
pra isso. Você não convive com o garoto, não sabe como ele é difícil, o que
apronta. Se vivesse com ele iria se irritar e, nós sabemos, você irritado seria
perigoso para uma criança. Vai que você não resiste e...num momento de
raiva...machuca o Teddy?
-
O que você veio fazer aqui, Elena? - Não
podia negar a razão dela. Elena o conhecia bem, mas o tempo passou e... – Ele
não é mais um bebê. Não seria mais tão complicado e...
-
Eu vim abraçar Teddy, desejar um feliz aniversário e, é claro, ver você.
Crianças são um perigo Christian. Acredite, sua vida é melhor sem elas. Jéssica
não é o bastante? Está conseguindo ‘educá-la’?
-
Ela já veio bem treinada. Agora, se me der licença, quero falar com um amigo. –
Já ia saindo, mas voltou. – Elena?
-
Sim, querido.
-
Não se aproxime de Theodore. Ana não quer.
Ela
não respondeu e, por algum motivo, Christian teve a certeza de que ela não iria
seguir a sua ordem. Chamando Taylor pediu para que a segurança ficasse de olho em
Elena. Só de pensar nela com Teddy sentia um gosto amargo na boca.
Mas
logo ele se distraiu encontrando um convidado inesperado.
-
Não esperava encontrar o meu psiquiatra aqui. Seja bem vindo Flynn.
-
É bom vê-lo, Christian. Ainda mais quando você some do consultório.
-
Veio me dar um puxão de orelha? – Após alguns anos, eles formaram uma terna
amizade.
-
Não. Ana me mandou um convite. Desde que Teddy foi ao consultório eu não o ...
– De repente o médico percebeu o quanto fora indiscreto. – Desculpe Christian...eu
não podia ter...
-
Você atende o meu filho, Flynn? O Theodore faz tratamento psiquiátrico e eu não
fiquei sabendo, é isso?
Como
isso era possível? O fato do garoto ter seu sobrenome não lhe garantia nenhum
direito? Ninguém faz tratamento com Flynn por qualquer outra razão q eu não
seja problemas de origem psicológica. Traumas, distúrbios, tendências psíquicas
a comportamento indevido ou coisas assim. Mas é claro que Teddy, sendo seu
filho, não seria uma criança normal. Nem mesmo uma mãe com Ana seria capaz de
sanar o mal que ele fazia ao garoto.
-
O que ele tem? – Grey perguntou.
-
Christian eu não posso falar disso.
-
Eu sou o pai dele merda!
-
Mas é a mãe que tem a guarda e...
-
FALE! – Estava quase pegando o médico pelo colarinho.
-
Não posso, pergunte para Anastásia. Mas não é nada grave, acalme-se.
Furioso,
Christian procurava por Ana pela casa sem conseguir afastar da mente imagens
dele na adolescência. Um jovem complicado que ia no caminho do crime até Elena
aparecer. Ela o tirou daquele caminho, mas não sabia se o rumo tomado fora
melhor. Esse seria o futuro de Teddy? Muitos minutos circulando e nada. Onde
estaria Anastásia? Com o escritorzinho?
Seu telefone tocou. Era Taylor e o
recado o desagradou muito.
-
Senhor, Teddy e Elena estão sozinhos na sala do piano. Faz poucos minutos, mas
achei que era melhor avisá-lo.
-
Obrigado Taylor. Eu vou pra lá. Procure Anastásia, por favor.
Christian
desligou sem se dar conta que sua frase era ambígua e dava a entender que
Taylor deveria mandar Anastásia também ir a sala do piano.
Teddy
desejava aprender a tocar cada vez melhor, tocar como o papai faz. Sempre que
vinha até a casa de Christian, ele o observava e normalmente não ficavam muito
tempo juntos. Sempre que o papai parecia ficar nervoso, de repente, a música
começava a tocar. Então ele vinha e ficava olhando Christian tocar. Uma tecla
branca e outra preta, uma forte e uma fraca...aos poucos memorizou as teclas
que tinha de apertar para sair o som bonito. Era fácil, já estava conseguindo.
Será que papai ficará orgulhoso?
Com a música da festinha, ninguém
percebia que Teddy tocava o piano na sala normalmente usada apenas por
Christian. Só que Elena o viu entrando e logo decidiu aproximar-se e ver o que
de tão especial o garoto tinha. Seria Teddy tão viciante quanto o pai? O menino
tão pequeno, estava vulnerável ao piano. A música soava triste para uma
criança.
-
Você é muito talentoso, sabia? Quem ensinou você a tocar? - Elena questionou o
menino.
-
Eu vi meu papai e quis fazer igual.
-
Sou amiga do seu papai, você sabia?
-
Não! Eu não conheço você. – Disse ele parando de apertar as teclas brancas e
pretas.
-
Meu nome é Elena. Conheço seu pai há muiiiito tempo. Ele era pouco mais velho
que você.
-
Nooooosa, então você é bem velha, né?
Ele riu, mas Elena
não gostou nada da ideia. Menino insolente! A ideia de ser muito mais velha que
Anastásia a irritava. Christian antes valorizava sua experiência, mas agora só
tem olhos para a mulherzinha dele.
- Nem tão velha! Seu
pai vai sempre na minha casa.
- Na minha ele vai
também...e eu e a mamãe viemos na dele. Você conhece a minha mãe Ana?
- Sim, conheci quando
eles foram casados...antes de você nascer. Pena que eles NÃO vão ficar juntos
nunca mais.
- Vão sim. – Theodore
opinou.
- Toca pra mim ouvir.
– Disse ela cheia de vontade de calar a boca daquela criança chata...mas de
pele tão branca.
Enquanto ele tocava,
Elena fazia carinho em sua bochecha, passava a unha longa e pintada de vermelho
lentamente de um lado a outro. Teddy achou essa mulher muito estranha, mas não
disse nada. Foi assim que Christian os encontrou. Teddy mexendo no piano que
ninguém mais deveria tocar e Elena tocando seu filho. Bateu a porta com força e
sentiu a explosão de fúria se aproximando.
- THEODORE SAI DAÍ
AGORA! Ninguém te autorizou a entrar aqui e mexer no que não é seu!
Teddy ficou
assustado. Diziam que o papai era bravo, mas nunca tinha gritado com ele assim.
Por que estava tão bravo? Não gostou da surpresa? Estava tocando mal? Era culpa
da loura?
- Christian...não é
nada de... - Elena sabia que sua amizade
com Christian estava estremecida e tentou amenizar a questão. – Estávamos apenas
conversando.
- Tire as mãos do meu
filho e saia daqui.
Duas coisas
aconteceram praticamente ao mesmo tempo. Ana entrou e ouviu as palavras e
Christian, entendendo que a Monstra estava, de alguma forma, ferindo seu
menino. Além disso, Teddy, assustado com o pai, começa a chorar.
Começa a confusão.
- O que se passa
aqui? – Nem Elena nem Christian falam. Apenas Teddy, chorando,corre para o colo
da mãe. – O que houve meu pequenino? Conta pra mamãe.
- O papai gritou
comigo. – Disse ainda choroso.
Só o olhar de Ana
para Christian já antecipava a briga que teriam. De que serve organizar uma
festa daquele tamanho para terminar com seu filho chorando?
- E essa mulher, o
que te fez?
- Ela entrou quando
eu estava tocando e ficou falando comigo. Ela disse que é sua amiga e de papai.
– Ao menos foi isso que Teddy, em sua inocência infantil, entendeu. – Que conheceu
o papai quando ele era pequeno como eu.
- Sim, ela vinha na
casa do papai porque ela é amiga da vovó Grace. – Ana lhe entregou o copo de
refrigerante que tinha nas mãos. – Beba e acalme-se. Você não fez nada de
errado.
Anastásia olhava para
ambos e pensava no que fazer. Sair com Teddy e esquecer o que se passou...ou
mostrar as garras? A segunda opção era mais atraente.
- É bom que você
esteja aqui Christian, quero que ouça o que vou dizer à Elena. – Ainda com
Teddy no colo ela se aproximou da loura. – Escute bem sua monstra loura: fique
longe do meu filho.
- Anastásia eu... – Elena
tentou falar.
- Cala a boca que
quem vai falar sou eu. – Ela colocou Teddy no chão e ele ficou agarrado a sua
perna. – Longe dele! Nunca mais fique sozinha com meu filho aqui ou em qualquer
lugar. Eu sei demais sobre você, não se esqueça disso.
- Está me ameaçando,
Anastásia? Você ouviu isso Christian? A mulherzinha que você tanto idolatra por ser fiel, leal e de confiança está ameaçando nosso segredo!
Christian não
acreditava que Ana fosse prejudicá-lo. E, depois de ver Elena com as
mãos em Teddy, chegava a concordar com Ana.
- Eu avisei que não
deveria se aproximar do meu filho. – Ele respondeu.
- Não sou uma ameaça
maior do que você. Não fui eu que o fez chorar! – Ela disse.
- Você não vale um
terço dessas roupas de grife que usa, Elena. Não vale nada! Não passa de uma
aproveitadora de crianças que só serviu para complicar ainda mais a vida do
Christian. Você o quer, eu sei. Mas não ouse aproximar-se do meu filho por que,
se fizer isso, eu garanto, quem, vai te dar uma surra sou eu.
- A é mesmo? – Elena achou
graça.
- Sim e eu não estou
falando das surrinhas que vocês gostam. Se tocar no Teddy, Elena, você vai
apanhar tanto que vai ficar sem nenhum dente na boca. Fui clara?
- Não devia ameaçar o
que não pode cumprir. – A loura disse.
- A não posso? –
Disse Ana antes de estalar uma bofetada na cara de Elena. Foi com toda sua
força e o vergão vermelho surgiu imediatamente. – Entendeu agora ou a tintura
loura danificou seu cérebro?
Elena estava habituada
a bater, a ter submissos, nunca a apanhar. Era isso que dificultava sua relação
com Christian, ambos queriam mandar. Apanhar de Anastásia a deixou com ódio
puro. Ela iria revidar, chegou a erguer a mão, mas o golpe em sua canela a fez
parar.
- Não bate na minha
mãe, bruxa feia! – Teddy via a briga e achava graça. Mas notou que a mulher ia
ferir a mamãe, então atacou como podia e começou a chutar a canela de Elena,
além de derramar o refrigerante em seu vestido.
- Vocês vão me pagar
por isso! – Gritou ela.
Elena foi embora com
o rosto marcado, mancando e com o vestido manchado.
- Elena, o que houve?
– Grace a viu e achou estranho sua amiga estar naquele estado.
- Nada, Grace, nada. –
Ela respondeu por não ter como explicar a situação. Se soubesse a verdade,
Grace nunca a perdoaria.
Teddy, Ana e Grey
ainda estavam na sala do piano.
- Teddy, você não
pode chutar as pessoas assim. – Ana disse.
- Mas você bateu nela
também, mamãe...e foi engraçado. – Ele respondeu.
- É isso foi mesmo. –
Christian se manifestou. Ele não sabia como lidar com isso tudo que se passou.
Mas tinha uma coisa que ele precisava resolver. – Teddy, você ainda está triste
porque o papai gritou com você?
- Não. Você ainda tá
bravo comigo?
- Não Teddy. Eu só
fiquei assustado quando vi você aqui.
Teddy já estava
cansado, com sono, e Ana resolveu que era hora de encerrar a festa.
- Vamos pra casa?
Você já brincou e aprontou demais por hoje Teddy.
- Mas ele não abriu
os presentes e eu nem entreguei o meu. – Christian não queria que ele fosse
embora. - E eu preciso conversar com
você umas coisas.
- Ele precisa de um
banho, Christian. Vai a noite lá em casa...você dá o presente e coloca ele pra
dormir.
- OK.