O
nervosismo estava no limite na casa de Neal. Nicolle, June, Jones, Diana, Peter
e Elizabeth tentavam acalmar Neal, Rachel...e Mozzie. Além do medo por George,
Mozzie se sentia culpado, mesmo que ninguém ali o julgasse. Estava muito na
cara que foi algo armado por Alex, por ela estar com raiva de Neal. O FBI ia
começar buscas, Neal estava tentando contatar Alex, mas não tinham resultados.
E eles não contaram para Peter o que deixou Alex com raiva.
- Se ela machucar o meu filho, Neal,
eu juro que mato a sua amiguinha! – Rachel estava furiosa como nunca na vida.
Se estava com raiva, Alex podia ter vindo acertar as contas, mas não machucar
seu filho. George não. Ela não iria sair ilesa disso.
- Seu, não! – Neal também estava
nervoso. – George é nosso! Meu e seu e eu estou tão preocupado quando você!
- Acalmem-se crianças. George
precisa de vocês unidos. – June disse.
Nesse momento todos ouviram a campainha tocando. Estranharam. June desceu para ver quem era.
- Faltava alguém para compor a
cavalaria? – Mesmo triste e preocupado, Mozzie era sempre Mozzie.
- Não. Mais ninguém viria aqui. –
Neal disse estranhando. Não era hora para uma visita surpresa.
A surpresa e a comoção foi completa
quando June retornou trazendo Alex. Ela carregava o bebê-conforto onde George
sorria feliz em voltar do ‘passeio’.
- Olá...mas qual a razão da
recepção? – Ela fingia não ter nada de errado em sumir com uma criança sem
avisar. Rachel arrancou o bebê das mãos dela. – Calma! Nós só fomos dar um
passeio.
- Passeio?!?! – Peter gritou. Nunca
gostou de Alex. – Sem avisar?
- Mas é claro que avisei. Tenho
certeza que Neal entendeu meu recado. Não foi, querido? – Era uma clara
retaliação a Neal por ter lhe dito não. Mas isso ela não ia dizer para um
agente do FBI.
- Vai embora, Alex! – Neal disse. –
Hoje o seu show já foi longe demais!
- Não, Neal. Ela não vai embora
ainda. – Rachel falou.
Todos viram que Rachel estava
quieta, tranquila demais. Ela não era assim. Calmamente, Rachel colocou George
no colo de Neal. Ele se aconchegou ao pai.
- Quer conversar comigo? Algo em
especial, Rachel? – Alex provocava, sem saber a tempestade que ia enfrentar.
Todos na sala trocaram olhares.
- Não, não vamos conversar. – Rachel
se aproximou de Alex e deu apenas um aviso. – Cala a boca! E se prepara pra
apanhar! – Logo o primeiro tapa estava estalando no rosto de Alex. Ela não teve
tempo de reagir.
Neal tentou interferir. Não que
duvidasse de Alex merecer a surra. Tinha medo é de Rachel exagerar e, além
disso, estavam na frente de agentes do FBI. Ela podia ter problemas.
- Não! – Mozzie disse. – Alex mexeu
com o bebê-Neal. Merece uns tapas! Além disso...melhor Rachel descarregar a
raiva em Alex do que em você.
A equipe do FBI também não se
importava muito com o que viam. George era muito querido, quase o mascote da
equipe. Mexer com George merecia um castigo. E eles iam deixar Rachel bater um
pouco. Peter sentia raiva de Alex, mas sabia que era errado ver Rachel espancar
a garota. Não era assim que se resolvia as coisas. E se ela derrubava um
homem, arrebentaria Alex. Porém, ao olhar para o lado desistiu de interferir.
- Não! – Disse Ell. – É uma mãe
defendendo o filho. É uma força da natureza. Não ouse interferir, Peter Burke!
Sem a interferência de ninguém,
Rachel garantiu que Alex recebesse uma lição inesquecível. Bateu muito.
Estapeou o quanto pode o rosto dela. Puxando-a pelos cabelos, a fez gritar,
implorar por socorro de alguém da sala.
- Para! Para! Você tá me machucando!
– Dizia a ladra.
- É pra machucar mesmo! É pra tirar
sangue dessa sua cara! É pra você aprender a mexer com gente do seu tamanho! –
Rachel falava e batia.
- Eu vou te processar por agressão!
- Vai! Claro! Como se a sua ficha permitisse
entrar em uma delegacia! Mas fique a vontade! O FBI já está aqui, inclusive.
Rachel a virou de bruços no chão e
imobilizou segurando-a pelos cabelos. Aproximou os lábios de seu ouvido e
gritou bem alto.
- Presta a atenção porque eu vou
falar só uma vez: Fica longe do meu filho! Ou eu te mato! Pode perguntar pro
Burke o meu histórico! Eu sou capaz de te matar! É só você se meter com o meu
filho novamente. Toca nele, olha pra ele mais uma vez e eu te mato! Alex, eu
arranco seus olhos! Eu quebro todos os dentes da sua boca se você se meter com
meu filho de novo! Você entendeu?!?!? – E continuava batendo enquanto falava.
- TÁ BOM! EU ENTENDI! Eu não vou
mais chegar perto do seu filho! – Alex não sabia como lidar com aquele furacão.
Não esperava por aquilo. – Sai que você tá me machucando. Tá doendo.
- Eu sei que machucou. – Rachel
deixou que ela levantasse do chão. – Eu sei porque tá vermelho o seu rosto.
Porque a minha mão tá marcada na sua cara!
Porém, só foi preciso um momento
para Alex já querer provocar. Ela se sentia humilhada pela cena que tantas
pessoas viram e quis revidar enquanto saía do apartamento e descia as escadas
de June.
- Sua horrorosa! Pensa que o moleque
vai segurar o Neal muito tempo? Não vai! Logo ele volta pro nosso mundo! – Ela
brincava com fogo provocando Rachel.
As duas continuaram a briga, agora
correndo para o outro andar. Todos correram para ver o final. Alguns riam,
outros já estavam preocupados. Rachel voltou a pegá-la pelos longos cabelos e
jogá-la no chão. Dessa vez Alex bateu com a boca na quina de uma mesa. Um
filete de sangue escorreu por sua boca.
- Olha o que você fez sua maluca? –
Alex procurou por Neal. – É com essa demente que você namora? Olha o que ela me
fez!
Neal até tentou, mas não conseguiu
responder nada. Sentia por Alex, mas estava orgulhoso da fúria com que Rachel
defendia George. Toda criança merecia uma mãe assim. Rachel, no entanto, o
cortou e não deixou falar.
- Eu fiz pouco! Muito pouco, Alex.
Pouco perto do que eu podia ter feito. E menos ainda do que eu vou fazer se
você chegar perto do George novamente. – Rachel já estava se acalmando e
encarou Neal para dar um último aviso. – Se o Neal quiser conviver com cobra, o
problema é dele. É bem crescidinho e pode escolher as amizades. Mas no meu filho
você não encosta essas presas venenosas novamente...ou eu mesma acabo com você.
Eu já matei, Alex. É por isso que eu uso essa linda pulseira, presente do FBI. –
Ela ergueu o tornozelo e exibiu o acessório. - Pelo George eu sou capaz de te
matar. Espero que tenha entendido o recado!
(Nota das autoras: Vejam o vídeo! Esse tem de ser visto. Onde é dito Sílvia,
imaginem Alex e não liguem para o fato dela estar de roupão. Imaginem uma roupa
comum.)
Com isso ela voltou para o
apartamento deixado Alex ir embora humilhada.
Depois do ‘show’ todos beijaram
George e se despediram. Somente Neal e Rachel ficaram no apartamento. Peter
autorizou a permanência dela lá. Afinal, depois de tudo Rachel estava
precisando do filho. E ele chegava a conclusão que dormindo juntos eles ao
menos não se agarravam no escritório.
Já com o apartamento vazio, Rachel
deu banho em George e o colocou no berço. Quando olhava para o filho adormecido
Neal abraçou-a.
- Você me ofende se pensa que entre
vocês e Alex, eu escolheria ela. – Disse em seu ouvido. – Jamais daria razão
para Alex ou desculparia o que fez. Ela quis me assustar e conseguiu.
- Você gosta dela. – Ela se encostou
no peito dele. – Eu pesquisei a sua vida, lembra? A Alex faz parte dela há
muito tempo. Sei que ela é importante para você, Neal. E até achava que gostava
de você. Não imaginei que faria isso. Ela me surpreendeu hoje.
- A Alex é muito emocional. Sentia
ciúme de Kate. Agora sentiu de você. E eu não a ajudar no roubo piorou a
situação. Ela vai sumir um tempo.Sempre faz isso.
Eles estavam tão cansados,
emocionalmente acabados. A ideia de perder George era impensável. Doía demais
imaginar. Carentes do menino, buscaram-no do berço e colaram na cama. Naquela
noite tudo o que fizeram foi dormir, ali, abraçados e vendo George ressonar
tranquilo. Ele pareceu adorar a aventura.
Todo o restante da semana foi
dedicado a solucionar o caso de lavagem de dinheiro. Quatro dias depois,
estavam todos a postos, novamente no cassino. O FBI daria seu show para
ludibriar Jeff Eastin, Joan Binder Weiss e enganar o Senador Mark
Goffman. Neal precisaria vencer todos os demais participantes no jogo e ficar a
sós com Goffman.
- A sós, você insinuará que sabe do
golpe e tentará arrancar uma confissão. – Peter orientava a operação porque ele
também ‘perderia’ no jogo. Fazia parte do truque de mostrar o quanto ‘Nick
Halden’ era bom.
- Não será fácil. Ele não vai dizer
que rouba a qualquer um. – Levaria muito tempo.
- Por isso eu tenho Neal Caffrey e
não ‘qualquer um’ como consultor. – Era uma provocação para atiçar o instinto
vencedor de Neal. – Se ele não comprar a história, ao menos o deixaremos
desconfiado. Aí estaremos acompanhando seus próximos passos. Coloque a escuta
no bolso dele, como garantia.
- Certo. – Já tinham tantas
operações em conjunto que Neal já conhecia a forma de pensar de Peter.
Acompanhava-o facilmente.
-
Diana, você distrai o Jeff Eastin. Não sabemos o quanto ele lembra da Rachel e,
mesmo morena, prefiro não arriscar. A nossa ‘Rebecca’ ficará responsável pelo
Weiss. A tarefa é simples: distrair os dois para que Neal consiga enrolar o
Goffman. Todos prontos?
- Sim. – Em coro responderam.
Para Diana e Rachel a tarefa foi
relativamente fácil. Jeff e Joan ficaram próximos ao senador até ele ir jogar.
Depois, queriam aproveitar a noite. As duas se aproximaram e eles morderam a
isca. Seria só questão de enrolá-los ali pelo salão mesmo e, quando resolvessem
levá-las para algum quarto, colocar algum ‘remedinho’ na bebida.
- Você é muito linda, sabia? – Jeff
Eastin pareceu bem interessado em Diana.
- Que bom que gostou... – Ela
sussurrou no ouvido. Estava ficando melhor em sedução.
Joan também parecia só ter olhos por
‘Rebecca’.
- Quando vamos procurar um quarto? –
Que disse.
- Quando quiser...mas acho que
podíamos esperar seu amigo e...fazer uma noite a quatro. O que você acha?
- Perfeito...vou pegar mais bebida
então. – Ele disse e caminhou para o bar.
Já para Neal a tarefa era mais
difícil. A partida contava com jogadores experientes. E o truque de humilhar
Peter não ia adiantar nada se perdesse para os demais. Tinha que derrotar a
todos e impressionar Mark Goffman.
A sorte do FBI é que Neal Caffrey
podia emprestar a Nick Halden alguns talentos, entre eles ser um perfeito
jogador de pôquer. Sabia os movimentos, sabia blefar...e sabia roubar no jogo.
Um a um os jogadores foram
desistindo. Até que ficaram apenas ele e Goffman. Estava decidindo ainda se
deveria ganhar ou perder. Goffman era um homem onde o ego prevalecia. Essa
seria sua chance de vencê-lo.
- Posso ser melhor aliado do que
competidor. – Avisou enquanto analisava suas cartas. Podia vencer a mão do
jogo, mas talvez essa não fosse a melhor jogada.
- Esse jogo é individual, Sr.
Halden. Não há aliados.
- Eu posso não estar falando desse
jogo, Senador...mas do cassino...e das coisas que ele esconde. – Atirou a pedra
no telhado frágil de Goffman.
- Não sei do que está falando. Jogos
de cassino são permitidos nesse país. Não há nada de ilegal aqui.
- Nós dois sabemos o que o cassino
esconde, Senador. – Jogou suas cartas na mesa sabendo que ali teria apenas que
deixado desconfiado. Ele não ia falar. – Pegou um guardanapo e escreveu um
número de telefone. Deu a volta na mesa e enquanto estendia o número, colocou a
escuta no paletó de Goffman. – Meu número. Me ligue quando quiser conversar. Eu
posso te ferrar...ou ser seu aliado.
Daí para frente, precisariam esperar
para ver qual caminho Goffman iria escolher. Se ligasse marcando um encontro,
teria que arrancar dele a confissão. Se fosse consultar algum parceiro para
investigar Nick Halden ou disfarçar o golpe, a escuta lhes daria a dica.
- Desde que ele faça isso ainda essa
noite, vestindo o paletó. – Neal lembrou, na van, quando todos se reuniram.
- Só esperando para ver. – Peter
respondeu. Depois olhou para Rachel e Diana. – Vão colocar suas roupas normais,
por favor? Acabou a sedução.
Elas riram e foram obedecer o chefe.
Diana e Rachel estavam se dando bem como parceiras.
Não demorou para Goffman morder a
isca. Ele telefonou para alguém e aparentava nervosismo. A proximidade com as
eleições tornava a ideia de um escândalo ainda mais assustadora. Ele disse um
endereço e exigiu a presença do comparsa no dia seguinte.
- Mas que droga! Me encontre lá! Já
chega o Jeff e o Joan que sumiram! A gente tem que decidir uma estratégia. Não
sei o que o cara sabe, mas ele estava seguro demais. A gente precisa ter
certeza de que não ficaram rastros. Depois é só apagar ele. – Disse finalizando
a ligação.
Se havia alguma dúvida, esta acabou
ali. O Senador Goffman não apenas confirmou que havia um golpe, como afirmou
que mataria Nick Halden. Não havia outro plano se não estar naquele endereço
antes e fazer uma busca para ver se encontrariam algum documento que
comprovasse a lavagem de dinheiro. Também colocariam câmeras e escutas. Durante
a conversa dos bandidos, a prisão seria efetuada.
Todos na equipe comemoraram. Tinham
certeza de que tudo correria bem. Antes de ir para casa, Peter autorizou Rachel
a ficar com Neal no apartamento.
- É tarde...e é mais fácil do que
fazer um agente te escoltar ao FBI. – Era um desculpa de Peter. – E assim
garanto que não apareçam mais vídeos interessantes pelas salas do FBI! Boa
noite para vocês.
Uma noite de amor, de descanso e de
sexo nos braços um do outro e estavam prontos para desmascarar um senador
federal. A vida no FBI tinha seus momentos divertidos. Rachel adorava aquela
parte do trabalho, armar a estratégia, preparar o equipamento, o serviço de
inteligência. Isso sempre mexeu com ela, desde antes de entrar na MI5, quando
apenas acompanhava o trabalho do pai. Agora a vida lhe dava aquilo novamente e
com Neal Caffrey como bônus. Nunca teve na MI5 uma equipe tão boa como aquela.
Não foi em vão que conseguiram prender ela e Neal. Eram bons.
Com o equipamento instalado e
reforço aguardando, foi apenas questão de esperar o Senador chegar com os dois
comparsas habituais, já recuperados da bebedeira. Depois mais dois homens
apareceram.
- Ótimo! – Comemorou Peter. – A
quadrilha toda vai cair na armadilha.
Ficaram esperando eles conversarem.
Trocaram xingamentos, queriam descobrir como o golpe tinha vazado. Obviamente,
não chegaram a resposta alguma. Um desconfiava do outro. Uma arma foi
engatilhada e a equipe se preparou para invadir.
- Esperem! Vamos aguardar por uma
confissão mais clara. – Disse Peter. – Ainda é pouco.
Esperaram até que finalmente
conseguiram o que queriam.
- Se esse garoto descobriu que é
dinheiro do estado, vai nos chantagear. Vai querer grana. Vamos ter que
dividir. – Disse Goffman.
- Não vamos dividir nada. Mete uma
bala nele e acabou. – Outra voz soou.
- É claro que não! Não vou entregar
a grana pela qual arrisquei meu mandato! Vou dar corda para ver o que ele sabe,
se tem alguma prova do desfalque que fiz. Quando tiver certeza, é só matar.
Com a confissão gravada, o FBI
invadiu o lugar escuro e abandonado. Nenhum dos homens quis falar. Sabiam que
estavam encrencados.
- Acho bom a grana ter sido boa,
Senador. Porque custou o seu mandato. – Peter disse ao fechar as algemas.
Caso encerrado. Mais um! E a
segurança de que o acordo com o FBI permanecia. Viver sempre sob a pressão de
voltar para a cadeia podia ser tão difícil quanto estar lá. Rachel sabia que
não podia errar.
Naquele final de semana Peter
mostrou que estava realmente tentando ser mais legal com ela. Ofereceu, por
livre e espontânea vontade, a chance de ficar com Neal.
- Sério? Você vai deixar sem eu ter
de pedir? Implorar? – Rachel nem acreditava.
- Vou. Você e o Neal me ajudaram
bastante e eu estou retribuindo, além de garantindo que você se mantenham
discretos por aqui.
- Aaaa entendi...é...você está concedendo
a minha ‘visita íntima’. – Era ridiculamente constrangedor.
- Mais ou menos isso. Então, Rachel,
bom final de semana e não esqueça do perímetro da tornozeleira. – Foi o último
aviso. Peter também tinha planos para um final de semana maravilhoso junto com
Ell. Só eles e sem nenhum problema.
Rachel e Neal quase não se continham
de felicidade. Um final de semana inteiro no apartamento e sem a casa cheia de
visitas indesejadas. Tinham o sábado e o domingo só para eles. Até Mozzie foi
viajar! Provavelmente dar algum golpe. Ele ainda era muito requisitado no mundo
do crime e sempre tinha alguns ‘trabalhos’. Então apenas Neal, Rachel e George
ficaram.
Passaram o sábado na rua, passeando.
George adorava a rua, se exibir sorrindo para cada um que passava.
- Ele herdou isso de você! Será
charmoso feito o pai! – Rachel ria.
- Claro! Será o menino mais
disputado da escola.
- Um perigo!
Neal a beijava calmamente, num
carinho gostoso. Estavam caminhando na rua como um casal comum. Quem passava
por eles via apenas um homem e uma mulher apaixonados. Não importava a fixa
policial extensa dos dois ou o fato dela ainda usar uma tornozeleira. Só
importava o momento em família.
- O que quer fazer amanhã? – Neal
perguntou.
- Cansar George bastante pela manhã.
Deixá-lo exausto para dormir a tarde toda. Só pra poder usar e abusar do meu
namorado. O que acha?
- Vai abusar de Neal Caffrey?
- Vou. Muito! Vou deixar você
exausto! – Ela sabia exatamente como.
- Eu topo o desafio. Vamos ver quem
cansa primeiro!
O domingo foi realmente de muitas brincadeiras
para cansar George. O que não era sacrifício algum. Aos seis meses George era
um bebê muito ativo e esperto, a convivência com Mozz pode ter ajudado nisso.
Só que cuidar de um bebê dava trabalho e por volta das 16hs quando ele estava
em um sono pesado, eles também já estavam cansados e o chão do apartamento uma
bagunça só.
- Eu vou tomar um banho. – Rachel
disse.
- Eu vou arrumar isso tudo aqui.
Como podemos fazer tanta bagunça?
- Não sei...pobre Mozz...será que o
George cansa ele assim? Vai ver é só com a gente que ele se nega a dormir. –
Rachel lhe deu um último beijo e saiu rumo ao banheiro.
Neal ficou na sala organizando tudo
enquanto ouvia o chuveiro ligado. Pensava seriamente em se juntar a ela assim
que acabasse com a bagunça. Alguns minutos depois, no entanto, duas coisas
ocorreram juntas: o chuveiro foi desligado e bateram na porta. Quem poderia ser
num domingo a tarde e sem convite?
Quando abriu a porta, não poderia
ficar mais surpreso. Alguém que não via há muito tempo. Mas de dois anos.
Alguém que foi especial. Alguém que talvez pudesse ter amado e formado uma
família. Mas esse alguém foi embora sem lhe dar a chance. Sara Ellis estava a
sua porta.
- Neal! – Ela gritou entrando.
Sara estava bonita e arrumada como
sempre. Equilibrava-se em saltos altíssimos e parecia eufórica. Era exatamente
a Sara de que se lembrava. Ia obviamente convidá-la para entrar, sentar, tomar
um café, conversar... e apresentar Rachel. Mas Sara não lhe deixou falar. Já
entrou abraçando-o do alto de seus saltos finos. Atirou a bolsa sobre o sofá e se
grudou em seu pescoço. Sara Ellis parecia não ter percebido que eles não eram
mais namorados e que anos haviam se passado. Ela agia como se ele tivesse
ficado ali, esperando por ela por todo esse tempo.
- Calma Sara... - Ela não o deixou
falar. Beijou-o antes de dizer qualquer coisa. Logo Neal a afastou. – Espera
Sara!
- Neal...parece que não está feliz
em me ver. Eu acabei de chegar da Inglaterra e vim te ver! Só larguei as malas
no hotel e vim para cá! E... – Só nesse momento Sara olhou em volta e viu a
bagunça...nunca tinha visto a casa de Neal assim.
Não demorou muito para Neal e Sara
verem a mulher de cabelos curtos e negros observando-os. Seus olhos azuis
estavam destacados, parecia uma felina. Sara se afastou pensando que aquela
deveria ser mais um dos casos de Neal. Ela não sabia nada de Rachel, nem de
George.
- Sara, essa é a Rachel. Ela é minha
namorada. – Apresentou Neal. – Como você sabe, Rachel, essa é a Sara...minha
ex-namorada.
- Boa tarde Sara...EX namorada. –
Rachel estava furiosa, afinal, Neal deixou que a garota o beijasse. Ninguém era
beijado sem querer. – Vocês parecem ter muito o que falar e fazer. Então
fiquem. Eu é que não vou atrapalhar. Vou pegar meu filho e deixá-los a vontade!
- Filho?!?! – Isso era tudo que Sara
não imaginava. Neal estar com alguma mulher era previsível. Mas uma namorada
firme...e a garota tinha um filho.
Ela levou um susto ainda maior
quando viu que era um bebê pequeno. E parecido com Neal. Será que podia ser verdade?
Neal Caffrey pai?
- Neal... - Ela exigiria uma explicação!
- Bem vinda a minha atual vida Sara!
Esse é o George, meu bebê.
Rachel foi até o berço e pegou George dormindo, enrolado no
cobertor e saiu com ele nos braços. Neal foi atrás dela. Não podia deixá-la
sair assim.
- Não pense em vir atrás de nós! –
Disse a Neal. – Fique com a sua amiga. – Rachel com ciúme era terrível. Neal
estava começando a entender isso.
Pensando, percebeu que antes de ir
fazer as pazes, precisaria se livrar de Sara. Gostava de Sara. Ela foi uma boa
companhia durante algum tempo, o sexo era bom..., mas nada se comparava a
Rachel. A verdade é que ele nem percebeu a falta de Sara. Ela era ainda menos
que Alex. Porque Alex ao menos o aceitava como era, já Sara desejava uma edição
de Neal Caffrey.
- Sara...é bom te rever. Só que você
chegou numa hora ruim então...
- Vocês estão juntos, é isso? – Ela
ficou envergonhada pela forma como invadiu a casa.
- Sim juntos. – Neal não queria ser
grosseiro, mas precisava ser rápido para alcançar Rachel. – Eu preciso ir falar
com a Rachel, Sara...então...
- Espera eu queria fa...
- Agora não dá, Sara. – Ele já ia
saindo pela porta. – Quando você sair...bata a porta.
Sara foi embora do apartamento de
Neal bem chateada. A seguradora a tinha enviado para NY para investigar o roubo
de um quadro, mas ela logo pensou que poderia rever Neal. E ele estava com uma
namorada. E um filho! Só fez papel de boba. Amanhã iria ao FBI e descobria tudo
o que se passou nesse tempo.
Neal correu cinco quarteirões até
encontrar Rachel e George. Ela não queria vê-lo, percebeu pela agilidade de
seus passos. George chorava. Provavelmente, não gostou de ser tirado do berço
no meio do sono.
- Rachel...espera. – Nada, nem mesmo
um olhar. – Rachel! Eu estou aqui. É você quem eu quero.
- Volta pro ‘saco de ossos’! – Sara
era muito magra e Rachel achou o apelido perfeito.
Neal riu. Era só o que podia fazer.
- Para, Rachel! – Ela continuava
caminhando. – Eu aprendi a gostar de um pouco mais de carne, querida. Uma
mulher de coxas grossas me enfeitiçou.
- Some Caffrey! Vou pro FBI com
George...fique com a perfeita Sara! Ela está bem interessada. – Rachel gritou e
apenas baixou o tom de voz quando o choro de George se intensificou. – Calma
bebê. Mamãe não está gritando com você. É o seu pai o culpado!
- Eu? – Que culpa tinha? – Não! O
que eu fiz?
- Ela estava te beijando! E não ouvi
você reclamar.
George berrava.
- Me dá ele. – Neal pegou o bebê. –
Calma, meu filho. Papai e mamãe não vão brigar
mais. Eu fui pego de surpresa.
Rachel....por favor...eu não quero nada com ela. Eu quero você, só você, a
minha Afrodite.
Ela ainda o olhava desconfiada. Neal
era muito bom em enganar e ela tendia a se derreter por aqueles olhos azuis.
Não queria ser traída, não queria perdê-lo para Sara. Mas George, agora com
Neal, ainda chorando, a fez deixar de pensar neles. O filho era mais
importante. Tocou o rosto do menino e percebeu que ele estava febril.
- Ele está quente, Neal. – Isso era
normal para crianças, mas ela se assustou. Afinal, em seis meses, George nunca
tinha ficado doente. – Vou ligar para o pediatra.
- Liga. – Neal também se assustou.
Não sabia como lidar com isso. – Mas liga enquanto voltamos para casa! Vocês
vão dormir exatamente onde estava planejado. Sara não vai estragar o nosso
final de semana em família.
O pediatra de George os
tranquilizou. Era normal que bebês tivessem febre uma vez ou outra. Ele podia
ter pego frio, podia ser uma virose ou simplesmente algum dentinho nascendo
precocemente. Pediu para dar um bainho morno e algumas gotinhas do antitérmico.
- Ele vai dormir a noite toda e
acordar bem pela manhã. – O médico estava acostumado a lidar com as dúvidas de
pais de primeira viagem. – Se algo fora disso ocorrer, você me liga.
Mas nada de anormal ocorreu. George
se acalmou com o banho e após o remédio, tomou a mamadeira e dormiu
tranquilamente. Pela duas primeiras horas, eles ficaram cercando-o, tocando
para ver se a febre voltava. Depois se tranquilizaram. George estava bem.
Neal
pensou que era hora de cuidar da relação deles. Rachel não podia ficar com
nenhuma dúvida do que ele sentia. Resolveu ser ousado! A
puxou e levou até a cama. Rachel o olhou confusa, mas quando percebeu já havia
amarrado-lhe os braços na cabeceira e dito com voz firme:
- Agora vou provar que não quero o ‘saco
de ossos’ e sim você, minha Afrodite, que me enfeitiçou com seus cabelos
vermelhos e com e, pra melhorar ainda, agora tenho uma linda morena como namorada,
que me enlouquece e me faz perder a cabeça.
Rachel o olhou com ironia e disse:
- Caffrey, você está
me subestimando? Sabe que consigo sair daqui em cinco segundos.
-Shiiiii Rachel. - Ele
sussurra provocando arrepios e, na luxuria do momento, ela não se lembra de
mais nada seus pensamentos.
Mesmo gostando de
seus toques e seus sussurros, quando fecha os olhos, a imagem que vem a sua
mente é a da ‘Barbie anoréxica’ e a
raiva lhe cega, começa a se mexer tentando se soltar pois sabe que Caffrey é o melhor na arte da sedução e desta vez ela
não iria aceitar tão fácil assim.
- Por que você não
pode ver um rabo de saia Neal! Por quê? – Rachel o acusou. Apesar de parecer,
estava longe de ser uma pergunta.
Neal a olha com o sorriso mais sexy capaz
de derreter qualquer geleira.
-
Rachel, chega! Você vai me deixar louco com essas insinuações de que eu quero a
Sara. Eu não teria ido atrás de você, eu só quero você,minha leoa indomável, e
agora vou aproveitar que te dominei e usar esse seu lindo corpinho... já te
falei que fica mais linda quando ta
brava? – Neal usava todo o seu repertório de sedução.
Ele era mesmo um
desgraçado e mentiroso! O mentiroso mais sexy de todos os tempos...e estava
conseguindo convencê-la. Por mais que sentisse raiva, Rachel não conseguia
desistir daquele salafrário. Seu salafrário!
- Ahh como eu adoro
seu cheiro sua pele macia. – Ele vinha deixando um trilha de beijos por seu
corpo.
Rachel não desiste e
começa a xingar de raiva por sempre cair no jogo de sedução de Neal. Hoje estava
determinada a não se deixar levar...só não sabia até quando sua força resistiria.
- Por que você não vai
atrás da sua Barbie anoréxica hein? Aposto que se está cama falasse...não nem
quero pensar, quero sair daqui agora Caffrey! Me solta ou você vai se
arrepender ela! - Diz enfurecidamente.
Mas ele não desiste e
continua sua tortura beijando, provocando com seus dedos habilidosos e com sua
voz mais sexy do que um inferno já sabendo que a deixa louca.
- Pare de pensar
bobagens. Depois que te conheci não existiu outra mulher deitada nesta cama.
Ele falou tão convincente que Rachel quase acreditou. - Mas se quiser eu troco
a cama.
-
Se não foi a cama, quem garante o sofá? – Responde ela com toda a calma.
- Eu não quero outra
mulher, não me canso de fazer amor com você, nunca vou cansar. - Pra não correr
o risco de acordar George que estava em um sono profundo por conta da
medicação, resolveu ‘melhorar’ a brincadeira. - O que acha desta linda gravata
hein?
Logo Rachel estava
amordaçada e eles se encarando olhos nos olhos. Ela parecia uma fera enjaulada,
deixando o com mais tesão, o que era difícil de acreditar. Só o pensamento de
que agora estava a sua mercê o deixava louco. Começou tirando suas roupas,
sempre a olhando nos olhos, nunca desviando o olhar, demonstrando o quanto a
deseja. E Rachel sempre o observando, nunca vacilando apesar da sua raiva. E
quem a culparia? Mesmo sendo um mulherengo, Caffrey estava ali com ela fazendo
o possível para mostrar-lhe o quanto a desejava. Quando chega ao cós da calça,
a indaga:
-
Gostando do show querida? Sou todo seu! Quando você vai entender? Sou seu! - Ele
fala e então tira sua calça e cueca fazendo questão de mostrar sua enorme
ereção. - Você está vendo o quanto te quero. - E sobe na cama começando a
despi-la. - Agora seja uma boa menina e
facilite as coisas.
E começa a apertar
sua pele... por onde passa vai deixando-a louca, a pele queimando feito brasa,
enfurecida por não poder dizer nada. Neal termina de lhe tirar as roupas e observa o corpo perfeito de Rachel, beijando,
tocando sua fenda e fazendo-a se curvar com o prazer.
- Você pode querer
lutar, mas eu sei que me quer. - E conforme ela se curva, seus seios ficaram
perto de seu rosto e ele começa uma sequência de carícias no seio morde, chupa
e para e, para delírio de Rachel, assopra lentamente, deixando o bico
endurecido. Ela solta gemidos baixos e Neal sente sua umidade o deixando com
mais vontade. Então coloca-se por cima dela e a acaricia aumentando a pressão dos
dedos.
- Goza pra mim Rachel!
- As palavras são como um abismo para o auto controle que ela tentava manter. O
orgasmo se tornou mais intenso e Neal a olha e tira a mordaça, beijando
carinhosamente. Um beijo preguiçosamente
lento, cheio de promessas.
-Essas coxas me fazem
perder a cabeça, Rachel. Você tem noção do quanto é gostosa? – Diz tocando o
clitóris e sem que ela estivesse esperado
lhe dá um tapa, fazendo-a soltar um grito. Sem demora ele abafa seus
gritos e gemidos com uma beijo evitando que Rachel acorde George .
E se beijam
apaixonadamente, provando os lábios doces e macios de Neal ela se entrega
ficando totalmente a sua mercê. Tão envolvida com as carícias, Rachel não
percebeu que ele já soltou suas mãos e agora só a segura forte.
- Aiiiiiiii – ela grita com mais um tapa em
seu sexo que lhe causam choque de prazer.
- Droga, queria te
fazer implorar, mas você tira todo meu controle.
Pairando sobre ela e
ainda segurando seus braços, com único movimento a penetra. Então começa a se
movimentar rápido e em questão de segundos os dois explodem em um orgasmo um
orgasmo único. Suas respirações estavam descompassadas e sincronizadas.
Quando ele já não
está dentro dela,Rachel coloca sua cabeça sobre o peito dele sentindo segura e
pensando o quanto ama estar em seus braços ela fecha os olhos aproveitando o
momento escutando a respiração de Neal.
- Eu Te Amo. – Neal
se declarou.
E naquele momento
nada mais importa nem ninguém ela só quer estar com o homem que ama e pai de
seu filho.
-Eu também, Neal, eu
também te amo.
Ficam
apenas se curtindo algum tempo para só depois voltarem a falar.
- Você ainda tem dúvidas
de quanto te quero? Acabei de gozar e já estou duro novamente. – Neal disse.
E suas palavras a
deixam louca. Com Neal tudo era sempre diferente. O desejo era diferente,
bastava encostar que já estava queimando.
Neal, com um
movimento rápido, troca de posição deixando-a de quatro e começa bombear profundamente.
Ela se segurava na cabeceira da cama e movimentando-se junto
a ele. Quando chegaram ao orgasmo, Neal caiu por cima de seu corpo nu,
totalmente exausto e fez com que se deitasse ao seu lado.
Quando Rachel dormiu,
Neal ficou observando-a, extasiado,
admirando sua beleza e pensando no
quanto aquela fera indomável era amada. “O destino gosta de brincar com
sentimentos, sempre pensei em ter uma família, e quem diria que a mulher da
minha vida seria uma criminosa igual a mim”, pensava enquanto via dormir. Ele
ainda ficou muito tempo acordado refletindo sobre as mudanças ocorridas em sua
vida.
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