Aquela casa trazia
muitas lembranças ruins...mas algumas muito sensuais. O ‘quarto vermelho da dor’
ainda estava lá. E Ana, por mais que tivesse tentado, nunca teve medo daquele
lugar. Submissas teriam medo dali, saberiam que era um lugar de sofrimento,
mesmo que também trouxesse alívio sexual. Só que a sua Anastásia estava longe
de ser submissa. Ela portava-se como uma rainha naquele cômodo. E precisava
dela novamente.
- Então você não vai me dizer que
esse bebê é meu, Anastásia? – Grey perguntou olhando nos olhos.
Ela via aqueles olhos mudando de
cor, ficando mais escuros. Christian entrando do modo Grey. Resolveu entrar na
brincadeira.
- Eu não sei Christian. Vamos ter
que esperar o exame de DNA. – Ana continuou mentindo, sabendo a raiva que um
homem possessivo com Grey sentiria ouvindo que seu filho podia não ser ‘seu’.
- Eu acho que você terá que descobrir
de quem ele é, Ana.
- Mas como? – A cena estava
começando.
- Eu garanto que até o fim dessa
noite, você vai reconhecer que esse bebê é meu. Posso ser muito rigoroso como
mulheres desobedientes. – Olhou-a bem, buscando alguma reação negativa. Não viu
nada. – Vá para o quarto de jogos. Quando eu entrar, quero que você esteja em
posição. Lembra?
- É claro. – Foi a resposta e Grey
soube que Ana realmente queria jogar.
Ficou fazendo hora na sala,
imaginando-a se despindo e se colocando de joelhos, como ele lhe ensinou. A
postura de submissa, cabeça baixa, sem encará-lo, a entrega completa. Só de
pensar em tê-la a sua disposição naquele quarto. Dessa vez sem ódio, sem vingança.
Só o prazer de tomar posse daquele corpo num ambiente onde ser ‘dominador’ não
era ruim. Podia deixar sua natureza dominadora fluir naturalmente, sem ter de
se segurar.
Quando entrou no quarto de jogos,
encontrou-a lá, preparada e entregue a cena que fariam. Seria tudo um grande
teatro. Anastásia encarava o quarto assim. Mesmo fazendo o papel de submissa,
Ana sentia-se poderosa. Talvez fosse assim que ela se mostrava mais poderosa. Sabia
que mesmo ajoelhada no chão, o tinha preso a ela de todas as formas. Ana não
precisava de algemas ou chicotes para mantê-lo cativo.
- Olhe para mim, Anastásia. Eu
permito. – Disse-lhe.
Ana ergueu os olhos, eram
desafiadores. Ela não tinha um grama de submissão no corpo.
- Christian...achei que tinha
esquecido de mim, aqui. – Ela falou para provocá-lo. A pequena sedutora ainda
mordia o lábio só para deixá-lo com mais tesão.
Teria que ensiná-la uma lição.
Ergueu-a do chão e puxou o cabelo
para trás fazendo com que ela o
encarasse.
- Do que me chamou? Christian?
Esqueceu onde está, Anastásia?
- Não, SENHOR. Desculpe-me. – Ana sussurrou.
- Ótimo. Agora pare de morder o
lábio...antes que eu precise te castigar mais do que pretendo.
Nessa hora Anastásia sentiu um
arrepio na nuca. O que ele ia fazer? Não tinha medo, estava excitada com as
possibilidades que aquela noite lhe prometiam. Ele não ia feri-la. Não! Grey
sabia bem o que ela aceitava e o que estava fora de cogitação. Ainda mais agora
que não tinham mais segredos, mentiras e vinganças agourando o relacionamento.
Estava entregue nas mãos dele.
- Vamos usar as cartas, Senhor? –
Ela lembrava daquele baralho que dizia um castigo. Quando o viu pela primeira
vez, sentiu medo. Agora não.
Ele surpreendeu-se com isso. Ana
queria brincar de cartas? Ela teve sorte das outras vezes. Pegou castigos
leves. Quando pensava no quão cruel poderia ter sido, ainda pior do que a
realidade se apresentou, se assustava.
- Não, Ana. Sem cartas. – Agora falou
certo. – Elas têm coisas muito cruéis para iniciantes como você. Chega de
brincar com a sorte.
Grey levou-a até um ponto do quarto
onde não havia nada além de um gancho no teto. Teoricamente, o local serviria
para amarrá-la e deixá-la ali por toda a noite. Seria um grande castigo. Ela
amanheceria dolorida e cansada, entregue a qualquer desejo seu. Mas não era
isso o que desejava. Aquele gancho só teria a utilidade de imobilizar-lhe as
mãos por algum tempo. Não ia judiar muito dela.
Prendeu Ana com a ajuda de uma
algema e se afastou para olhá-la. Linda. A barriga não aparecia muito, era
apenas uma curva. Os cabelos castanhos ainda caíam nas costas. Aproximou-se e
trançou-os calmamente.
- O Senhor gosta do meu cabelo
trançado. – Ela disse.
- Eu gosto de você, Anastásia.
Simples assim. – Ele respondeu deixando as mãos correrem por seu corpo.
Começou a provocá-la, senti-la. Ana
se excitava rapidamente, ficava afogueada, com a pele vermelha. Ele se abaixou
e foi acariciando-a desde o tornozelo, contornando sua perna, apertando a coxa,
marcando o bumbum. Encaixou-se nela, trouxe Ana para si.
- Eu te quero, Chris. – Anastásia gritou.
E a resposta foi um tapa no quadril.
- Eu te quero, Senhor. – Ela se corrigiu.
Mas sentiu outro tapa forte
exatamente no mesmo lugar.
-Ai!!! – Queixou-se. Agora ardia.
- Eu vou te comer na hora que eu
quiser, Anastásia. Nem um segundo antes. Entendeu?
- Sim, Senhor.
Mas Christian sabia que a
brincadeira não iria longe. A desejava também. Aquele quarto tinha o cheiro
dela. Pegou o chicote de montaria, o único que ela gostava, e começou a
provocá-la. Evitou a barriga e os seios, devia estar sensível nesses lugares e
mesmo os golpes delicados poderiam incomodá-la. Não podia correr o risco de Ana
se arrepender de lhe dar outra chance.
Chicoteou suas coxas algumas vezes.
A parte de trás. Depois o bumbum, branquinho. Até deixá-lo mais rosado. Era uma
cor linda. Ela gemia deliciosamente.
- Está gostando, Ana? – Perguntou enquanto
mordia seu pescoço. – Colocou dois dedos dentro dela.
- Sim...adorando. – Ana gemia.
- Ótimo! Vamos ver agora. Afaste as
pernas.
Ana o fez achando que ganharia
carinhos mais profundos, mas não. O chicote é que passou a estalar na parte
interna de suas coxas. Ela se assustou e, por instinto, fechou as pernas.
- Vai me desobedecer? – Grey não
estava bravo de verdade. Era tudo um jogo. – Vai fechar as pernas pra mim?
- Não, não. – Quando tornou a
abri-las o chicote a castigou, estalando onde mais queria que Grey tocasse.
Eles transaram ali mesmo. Christian
apenas lhe tirou a algema para não ficar com os braços doloridos.
- E aí? Vai reconhecer que o bebê é
meu? – Ele disse depois dos dois terem relaxado após o sexo. – Ou vou ter que
fazer mais algumas coisas?
Ana riu.
- Olha...eu acho que ainda não estou
convencida. Quem sabe com uma ou duas noites como essa eu...reconheça que o
filho pode ser seu.
- Que ele ‘pode’ ser meu? – Ana queria
brincar com fogo? – Eu posso reconsiderar, Ana...e fazer uso de algumas
brincadeirinhas mais agressivas...se é o que você quer.
Ana seguia sorrindo, feliz. Confiava
nele. Não acreditava que iria realmente machucá-la. Mas parou de judiar. Não
era justo ficar mentindo assim. Mesmo que a verdade estivesse gritando ali para
ele ver, Grey precisava ouvir dela.
- Sim, Chris. O filho que eu estou
esperando é seu. Claro que é seu. Como poderia haver alguma dúvida?
Grey beijou-a. realmente. Não havia
como ser de outra forma. Ele sabia. Ele sentia. Mas precisava ouvir as
palavras. Levou-a nos braços até o quarto deles. E lá passaram um fim de tarde
e noite felizes.
Na manhã seguinte, a vida se
apresentou novamente. Com todos os seus problemas. Eles tomaram café na cama,
juntos, mas logo Ana disse que precisava voltar para a capital. Grey achou-a
fria ao amanhecer. E sentiu medo. Será que mais uma vez Ana iria dispensá-lo
depois de transarem.
- Eu quero que você fique.
- Não posso, Christian. Tenho a
empresa...e tenho outras coisas para resolver.
- Como assim?
- Eu ainda não aceitei todas as
minhas contas com a Alice, Chris. – Ela estava muito séria. – Você eu consigo
entender, eu consigo até aceitar. Mas a Alice não! Ela não pode sair ilesa
disso tudo e ainda por cima ficar casada do José! Não é certo!
- Você tem ciúme do seu primo. É
isso?!?!? Estava na minha cama agora e está querendo que ele se separe para
voltar com ele? É isso!?!?!?!
- Pode parar Christian Grey! Nem
voltamos direito e você já me vem com cena de ciúme?! Nem começa!
Eles tinham problemas, não adiantava
voltarem as boas na cama e continuarem sem confiança. Christian achou que
estava lhe devendo algo. Ana representava tanto e ele ainda lhe devia uma
coisa.
- Você ainda não me perdoou, Ana? É
isso? Eu peço perdão Ana. Eu imploro. Não me abandona. Eu preciso de você, Ana.
Assustado com a possibilidade de
perdê-la, Grey deu-se conta de que nunca lhe pediu perdão adequadamente. Rápido
e com a força do sentimento que tinha por ela, se pôs de joelhos e disse o que
a tempos deveria ter feito.
- Eu sei que eu errei, Ana. Muito. O
que eu fiz foi terrível...eu...provavelmente eu não me perdoarei nunca. Mas,
por favor, me dá mais uma chance e fica comigo. Me perdoa? Diz que vai me dar
uma oportunidade, de verdade, como seu marido. Sim? Responde, Ana. Você voltará
a ser a minha esposa?
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