Quando
Rachel acordou, apenas Ell e George estavam no apartamento. Sabendo o quanto a
situação era ruim, Elizabeth havia expulsado a todos e ficou cuidando de
George. Agora, Rachel lhe olhava com gratidão.
- Sente-se bem?
- Sim...eu perdi o controle. Foi só
isso. – Ela estendeu os braços. – Me dê ele. Eu preciso do meu filho agora.
- Claro. Eu vou preparar um chá pra
você. – Ell se afastou para dar privacidade para mãe e filho.
Rachel e George só se olharam por
algum tempo. Dois pares de olhos azuis conversando. Estavam tristes e entendiam
um ao outro.
- O papai vai voltar logo. A mamãe
promete. Ele não fez nada de errado. Bom...não dessa vez. Consegue esperar pelo
papai, não é?
George se aconchegou ainda mais no
colo da mãe e ficou ali, carente de carinho. Se não tinha o pai, queria ficar colado
à mãe.
- Calma filho. A mamãe não vai a
lugar algum sem você. – Disse abraçando-o e sentindo o perfume dos cabelos
delicados.
Mas logo teve que se erguer da cama
e correr para o banheiro. Um cheiro doce invadiu o ambiente. Elizabeth preparou
chá de erva-doce e o cheiro tomou conta do apartamento. Tudo o que tinha no
estômago foi embora num enjoo inexplicável.
- Desculpe, Ell. Não sei o que me
deu.
- Tudo bem...eu nunca soube de
ninguém que passa mal com cheiro de chá. – Certa desconfiança passou pela
cabeça de Ell, mas ela preferiu ficar calada. – Posso te oferecer outra coisa?
- Não...eu preciso ir ao FBI, mas
vou esperar o Mozz voltar da cadeia para onde Neal foi levado. Eu preciso falar
com Peter...
- Vá, eu fico com George. Sabe que
eu cuidarei bem dele.
Enquanto Rachel invadia o FBI e
exigia que Peter tomasse uma atitude para provar a inocência de seu namorado,
Neal já estava encarcerado e preocupado com sua situação.
Ele não sabia o que era pior. Estar
de volta ao uniforme laranja, saber que sua mulher e seu filho estavam sentindo
sua falta ou a consciência de que foi parar lá porque Alex não tinha noção de
seus atos. Ela não era má, nunca foi. No fundo, aquilo tudo não passou de
atitude impensada, por despeito. Só que juntando isso a sua fama de criminoso,
justificada, comprovada e alardeada entre todos os juízes, poderia amargar
muito tempo ali. Precisaria provar sua inocência.
Para isso, seu advogado estava ali.
Mozzie era amigo para todas as horas e situações.
- Temos decisões a tomar. – Ele já
chegou informando. – Você será paciente e tentará que te tire daqui pelas vias
legais ou devo tomar atitudes mais drásticas?
Atitudes mais drásticas significava
armar uma fuga e voltar a ser um fugitivo. Agora, com o agravante de ter de
fugir com um bebê. Porque ficar longe de George estava fora de situação. E de
Rachel. O desespero dela ao vê-lo ser preso foi muito pior do que quando, no
passado, ela mesma foi levada encarcerada. Foi emocionante ver claramente o
quanto ela se importava com ele. Mas queria-a calma e confiante de que as
coisas iam se resolver. E a visão dela desacordada não o deixava tranquilo.
- Primeiro vamos tentar as vias
legais...mas deixe pronta uma alternativa. Se precisarmos fugir, teremos tudo a
mão. – Se fosse necessário, iriam fugir.
- Precisarmos....
- Eu, você, Rachel e George. –
Aquela estranha família não iria se separar. – Escolha um lugar legal Mozz. Um
lugar que você ache bacana para o George crescer, caso NY se torne impossível.
Venda algumas...coisas. Liquide alguns bens. E compre um lugar confortável.
Cuida também para que tenhamos como chegar lá com segurança. Não pode ser uma
fuga arriscada, Mozz. E tem que conversar com a Rachel. Se ela der adeus a esse
acordo com o FBI, será caçada também, pelo resto da vida. – Nem sabia o que
faria caso Rachel resolvesse ficar ali. Não poderia tirar George dela. E também
não conseguiria viver sem eles. Não podia perder sua família. – Não posso
resolver isso sem falar com ela.
- Você acha que eu não falaria com
ela? Neal, nós somos uma equipe! Eu sei que ela topará. Rachel é como nós! Se
você resolver fugir, vamos todos juntos.
- Ótimo! Se ela concordar, prepare
tudo. Documentos para todos nós, o lugar, transporte e dinheiro. Se tudo der
errado, nós vamos. – Tinha outras preocupações. – E como ela está? Eu tive que
sair antes dela melhorar. A Rachel se descontrola. Aquele desmaio só pode ser
por um descontrole emocional...ela é saudável.
- Ell me disse que ela está bem. Não
se preocupe! – Mozz já se levantava. – Cuidarei do plano B...enquanto o engravatado
e a Rachel cuidam do A. Peter já vai entrar...Rachel virá mais tarde enquanto
Elizabeth estará com George.
- Dê um beijo nele por mim. – Já
sentia a falta de seu menino. – E mantenha a Rachel bem...ela não é do tipo que
se deixa ajudar. Fica de olho nela.
Com um abraço rápido e sincero,
Mozzie foi embora.
Naquele momento, tudo o que menos
Neal desejava era olhar para Peter. Não por ele ter mais uma vez lhe fechado as
algemas. Mas a frase ‘sua palavra não está valendo muito’, o incomodou
bastante. Era realmente desagradável aquela sensação de que não importava o
quando ajudasse o FBI, ele nunca seria digno de confiança.
Querendo ou não, eles ficaram cara a
cara minutos depois.
- Não importa se você acredita ou
não, Peter. – Nem mesmo deixou o supervisão dizer nada. Já começou a falar. –
Eu jamais toquei naquele quadro. Tudo isso não passa de uma vingança mesquinha
da Alex. E mesmo que você não acredite em uma palavra minha, essa é a verdade.
Eu, Mozz e Rachel provaremos isso.
Primeiro Peter só observou. Depois
deixou a raiva explodir.
- Você, Mozz e Rachel? Pois fique
sabendo, Neal, que se eu tivesse alguma dúvida do que aconteceu naquele
apartamento, seu habitual parceiro de crimes e sua mulher também já estariam
presos! Ou você acha que seria muito difícil convencer um juiz de que eles
sabiam que havia um quadro roubado escondido na casa onde eles passam boa parte
do tempo?!
- Não! – Foi a resposta de Neal. –
Eles não têm nada com isso! Nada! O acordo da Rachel com o FBI não pode ser
prejudicado por...
- Não é hora de pensar na Rachel,
Neal. É hora de se preocupar com você mesmo. – Peter tentou se acalmar. – E é
bom você me abrir o jogo. Agora! Tudo, Neal Caffrey! Se você quer ter alguma
chance de provar que é inocente!
-
Peter ela e mãe do meu filho, quando você vai se dar conta que não importa o
que ela fez, é a mãe do meu filho e a mulher que eu amo, e a Alex armou isso
tudo só porque eu, e nem o Mozzie aceitamos roubar o quadro com ela. E depois
da surra que a Rachel deu nela, Alex quis se vingar ainda mais. Será que você
entende agora?
-
Então a Alex te procurou para pedir ajuda com o roubo. Foi isso que eu o ouvi dizer,
Neal?
- Acredita que não fui eu?
- Se eu não acreditasse em você,
Neal, eu não estaria aqui. Pode acreditar! O dia que eu desistir, nunca mais
porei os olhos em você. Agora, fale!
- Ela pediu a minha ajuda e de Mozz
para roubar. E a gente disse não. – Omitiu apenas o fato de que eles ficaram
bem tentados a participar. – Ela se surpreendeu muito com o fato da Rachel
estar na minha vida, conheceu o George e sumiu. Como sempre fez. Eu só tornei a
vê-la no dia que desapareceu com George. Nós estávamos um tanto brigados, mas
nunca pensei que ela pudesse fazer isso.
- Então entre o dia que você a
avisou que não ia roubar até hoje, Alex só esteve na sua casa no dia que levou
George para aquele estranho passeio? – Não foi um passeio. – Naquele dia ela
plantou o quadro para incriminar você. Como Mozz não percebeu isso?
- Mozz às vezes se concentra demais
em uma coisa e esquece do resto. George estava dormindo. Ele pegou um vinho e
foi para varanda...ele não assume, mas deve ter adormecido também. E Alex não
fez isso para me ferrar. Ela queria provar que conseguia roubar sem mim e
deixou o quadro lá...ou...
- Ou o que? Diga Neal.
- Ou ela precisava da minha ajuda
para algo mais do que roubar...ela não queria entregar o quadro, fechar o
negócio com o receptador. Queria a minha ajuda ou de Mozzie nisso.
- Sim...e quando chegou no apartamento, encontrou-o cheio de federais e ainda levou uma surra da sua mulher. Ficou com raiva e humilhada. – Peter entendia. – E viu que realmente não teria sua ajuda, resolvendo então buscar o quadro para se livrar dele.
- Sim...e quando chegou no apartamento, encontrou-o cheio de federais e ainda levou uma surra da sua mulher. Ficou com raiva e humilhada. – Peter entendia. – E viu que realmente não teria sua ajuda, resolvendo então buscar o quadro para se livrar dele.
- Ou porque o comprador está
irritado e cansou de esperar. – Essa era a aposta de Neal.
- Imagino que Mozzie sabe bem de
quem você está falando....eu vou investigar Neal. – Ele abraçou seu amigo. –
Agora...me faça um favor. Mantenha-se aqui dentro. Sem truques Neal.
- Ok...será que você pode me fazer
um favor também? Mantenha a Rachel ocupada no FBI...e faça com que ela...
- Fazê-la parar de gritar comigo já
foi difícil, Neal. Eu não garanto nada! – Ele lembrava bem como era estar ali,
preso injustamente, e preocupado com Ell. – Mas eu vou ficar de olho nela e
garantir que não faça nenhuma bobagem que acabe com nosso acordo.
- Obrigado, Peter.
Enquanto Peter conversava com Neal,
Mozz e Rachel trabalhavam em duas frentes. A primeira era descobrir um meio de
provar que Neal não sabia que o quadro estava em sua casa. Algo surreal e que
exigiria descobrirem o que fez Alex não entregá-lo logo após o furto. Caso não
fosse possível, já estava tudo sendo arranjado para um seguro adeus a Nova
York.
- Espere um instante, Mozz. Está na
hora do remédio do George.
Ela se afastou do amigo e foi até o
filho. Ele estava calminho dentro do berço. O olhar caído, triste. Poderia ser
por ainda estar doente, é claro, mas a falta do pai também tinha
responsabilidade nisso.
- Ele está tão tristinho. – Disse
assim que retornou para a sala.
- E você, como está?
- Acabada, Mozz. Destruída com tudo
isso. Mas eu não vou me deixar desabar...a gente vai tirar o Neal de lá.
- Claro que vamos! Não há dúvida
disso. – Mozzie guardou os papéis em que estavam trabalhando. – Vá ver ele.
Você não para de olhar para o relógio e eu aposto que ele está te esperando.
Quando
o viu, Rachel não soube o que dizer, não soube sequer o que pensar. Já
estiveram naquela situação outras vezes, mas era sempre ela a vestir o
uniforme. E ela merecera estar ali, assim como Neal também era culpado quando
Peter o prendeu no passado. Agora não. Agora tudo não passava de uma injustiça.
Neal não combinava mais com aquele ambiente. Ele não fazia mais parte disso.
Na mais estranha e inadequada das
reações, ambos sorriram. Estavam tristes, é claro. E sorriram. Mesmo naquela
situação, estavam juntos e não seria um par de algemas e um uniforme laranja a
impedir que se sentissem bem nos braços um do outro. Num longo abraço
silencioso, reafirmaram que iam superar o problema.
- Esse uniforme parece nos
perseguir, Neal Caffrey.
- Sim. Mas prefiro um terno de tom
elegante. Combina mais com meu estilo refinado.
Ele tentava se mostrar forte para
não apavorá-la e Rachel via o medo disfarçado, quase escondido. Seu olhar o
entregava. Neal tinha medo de passar anos ali e não ver seu filho crescer. Ela
conhecia bem esse sentimento.
- Estamos investigando. Não vai
acontecer. Você não vai ficar longe de nós por muito tempo. – Era uma
afirmação. – George sente sua falta.
- Como vocês estão? – Nas outras
vezes em que esteve atrás das grades, não tinha família. Não tinha com quem se
preocupar. Essa era uma experiência nova e mais sofrida.
- Estamos ansiosos para te ter de
volta. – Ela o beijou como se não estivessem dentro de uma cela. – Logo, Neal.
Logo. De um jeito ou de outro.
- Eu preciso que você se mantenha
calma, Rachel. O George precisa. Aquele desmaio...você pálida feito papel por
aí, estou vendo agora mesmo as olheiras sob seus olhos. Você não pode deixar o
nervosismo tomar conta.
- Eu sei. É que são muitas coisas na
mesma hora. Essa pressão do FBI, George doente, suas EXs aparecendo feito
fantasmas e agora você preso. Eu perdi o controle. Mas vou melhorar. – Ela
garantiu antes de beijá-lo e se despedir. – Vamos encontrar uma forma de provar
sua inocência. Até logo, Neal.
Ao sair, Rachel não foi para casa
nem ao FBI. Ela foi até o presídio onde Alex estava presa. Ao contrário de
Neal, Alex não era suspeita, era acusada. Isso porque ela confessou o
envolvimento no roubo para poder ferrar com Neal. Pediu para falar com ela.
- Então, Alex...será que pode me
dizer porque ferrou o seu amigo quando era a mim que você queria atingir?
- Você...não Rachel...quem me traiu
foi ele. Você pode ter sido a razão, mas quem me traiu foi ele.
- Neal não te traiu, Alex. Ele não
chamou o FBI. Eles agiram pelas nossas costas.
Alex fraquejou, mas não mostrou
nenhuma intenção de consertar as coisas por livre vontade.
- Ele deveria ter ficado ao meu lado
desde o início. Eu participei de muitas coisas só para ajudá-lo e ele não
retribuiu. Agora que amargue um tempinho na cadeia. Nós duas sabemos que o Neal
sai de lá a hora que desejar. Ele sabe fazer isso como poucos. – As habilidades
de Neal o ajudariam a fugir da cadeia caso desejasse.
- Só que ele não quer sair pela
porta dos fundos. Quer deixar a cadeia de cabeça erguida. Quer criar o nosso
filho sem ter de se esconder pela vida toda.
Para Alex, foi esse filho quem fez
Neal se afastar.
- Não se pode ter tudo, Rachel. –
Era a resposta final de Alex.
Como Mozz definiu, se estava contra
Neal, estava contra todos do grupo. E o ‘grupo’, estava reunido na sala do
apartamento de Neal após o horário de trabalho do FBI. Peter, Ell, Jones,
Diana, June, Rachel e Mozz tentavam descobrir algo. Chegaram a conclusão que a
chave para descobrirem uma forma de provarem a inocência de Neal estava na
razão para Alex não ter entregue o Picasso imediatamente após o roubo. E essa
informação, conseguiriam com Robert Owen, o receptador da peça.
Mozz
já tinha descoberto que ele estava muito irritado com o fato de não ter
recebido o quadro que foi roubado. Mas porque?
- Meu palpite é que o Robert já
tinha um comprador. Esse comprador sabe que o quadro saiu do museu e não quer
ficar sem. Deve estar pressionando. – Mozzie disse.
- Mas como ele sabe? – Diana
questionou. – O roubo não foi divulgado. E amanhã o quadro deve voltar a
exposição normalmente.
- Seja quem for, se desejava o
quadro, estava monitorando o lugar e... o museu fechar as portas por tantos
dias foi uma grande ‘dica’. – Peter respondeu. – Significa que teremos de
manter vigilância. Por que ele vai encontrar outra pessoa para executar o
roubo.
- Sim...mas prendê-lo não resolve o
nosso problema. Neal continua envolvido. – Disse Jones.
Ell ouvia a tudo calada, sentada no
tapete da sala, com George a sua frente ensaiando engatinhar. Ele queria se
erguer, mas logo caía no chão. Queria pegar algo que estava embaixo de um
antigo baú.
- Rachel...olhe! George está
engatinhando!
- Filho! – Ela deixou a
‘investigação’ de lado e foi ver o filho. Ele ainda estava determinado a pegar
alguma coisa. – Deixa a mamãe filmar! Seu pai vai querer ver isso.
-AAA..AAA – Ele dava gritinhos
incompreensíveis.
- O que é bebê? O que você viu? –
Rachel se abaixou para ver o que atraía George embaixo do baú.
Quando viu, levou um susto. Era um
flor feita em dobradura num papel verde limão. A cor deve ter atraído seu
filho. Mas era mais importante do que isso. A flor era mais um dos origamis de
Alex.
Peter logo desdobrou a procura de
alguma pista. E encontrou um bilhete.
- Como o FBI deixou isso passar! –
Estava inconformado.
- O vento deve ter levado para baixo
do baú e ninguém viu. – June opinou. – Não importa! Leia logo.
- Ela o mandou olhar a pintura de
Rachel ‘mais de perto’. Queria que ele encontrasse o Picasso. – Foi a primeira
conclusão de Peter. – Você a conhece Mozz! O que ela quis dizer com o resto?
Mozzie leu e releu o bilhete
diversas vezes. O analisou, dobrou, desdobrou e procurou por mensagens cifradas
olhando-o por uma lupa. Todos estava já ansiosos quando voltou a falar.
- Tenho três comentários a fazer. –
Disse solenemente.
- Então faça! – Diana retrucou.
- O primeiro é: Menino George merece
o título de ‘agente-júnior’ de investigação. Ele descobriu a melhor pista que
temos...com nem sete meses de idade...e depois que uma equipe inteira do FBI
revirou esse lugar. O pequeno-Neal é um gênio em desenvolvimento...graças ao
seu instrutor de...
- MOZZ! – Peter Gritou. - Vá para o segundo comentário. E é
bom que ele seja mais relevante.
- Ok...é claro que Alex não
‘perdoou’ o Neal por ter lhe dito não. Ela apenas precisava da ajuda dele para
uma coisa...só dele. Não servia outro. Ela queria que Neal ‘multiplicasse’ a
arte. Ou seja, falsificasse o quadro.
- Mas pra quê se ela tinha o
original? – Rachel questionou.
- Aí entra meu terceiro comentário:
com o roubo ela faturará muito, mas, com a ajuda de Neal ‘muito mais’. Alex
tinha dois compradores.
- E já que quem compra um roubo não
sai contando, um jamais saberia do outro. E agora...os dois querem o quadro que
foi roubado e não estão nada satisfeitos com ela por não ter entregue. – Foi a
conclusão de Peter. – O que significa que ela precisará conseguir não um, mas
dois ‘Les Noces de
Pierrette’ se não quiser ter dois colecionadores criminosos com ódio dela.
- Ok...sabemos de tudo
agora. – Rachel interviu. – Mas o que faremos?
Isso ainda era um
enigma para Peter e Mozz. O fato de Alex estar encrencada com bandidos não era
novidade nem a solução para eles. Se ela morresse, levaria a mentira com ela e
Neal teria uma pena para cumprir.
- Primeiro precisamos
que o quadro não volte a ser exposto. O museu vai reabrir, mas sem a peça. –
Mozz alertou. – Precisamos que eles não saibam o que se passou. Eles não podem
saber que Alex não tem o Les Noces de Pierrette! Se ela ficar
desesperada...terá que recorrer ao Neal! E aí ele terá a vantagem.
- Não posso impedir o
museu de expor o quadro. – Peter realmente desejava, mas não podia. Uma ideia
lhe ocorreu. – Vou falar com Sara. A seguradora pode pedir isso...alegando que
é melhor até a investigação terminar. Ela...gosta do Neal. Vai ajudar.
- Eu vi como gosta! –
Rachel disse, amarga. – Mas como vamos forçar Alex a recorrer ao Neal?
- Teremos de encontrar
esses compradores e fazê-los ir visitá-la, assustá-la. – Mozz já estava
trabalhando na identificação deles. – Ela sabe que apenas Neal é capaz de
convencer um colecionador de que uma falsificação é verdadeira. Então ela
recorrerá ao Neal e ele poderá negociar um acordo, em que ela o absolveu.
- Não! – Peter negou. –
O juiz não acreditará . Ela não pode ficar mudando o depoimento a todo momento.
Vamos ter que pegar uma confissão. E provar tudo o que ela armou sozinha, do
roubo a falsificação. Aí Neal sai limpo.
- E ela suja até o
pescoço. – Mozzie estava triste em armar um plano contra uma antiga parceira,
mas fora culpa dela mesma.
- É. Só que tem um
problema aí. – Rachel lembrou-os de uma peça que não encaixava. – Como Alex vai
‘recorrer’ aos talentos de Neal se ambos estão presos em lugares diferentes?
Todos na sala se
olharam. A resposta era clara e simples. Foi June a dizê-la.
- É só nós armarmos uma
fuga dupla! – Ela estava animada. – Desde a morte de meu marido eu não
organizava uma fuga de prisão!
Dessa vez foi Peter a
empalidecer. Eles realmente queriam que ele, um agente federal, participasse de
um esquema de fuga para dois presos, a fim de Neal falsificar um quadro?
- Não! Não! Ouviram
bem?! Não. – Respondeu mais que claramente.
- É nossa única chance,
Peter! – Mozz se arrependeu de dividir com Peter o plano. Podiam ter feito tudo
sem ele. – Vocês engravatados saberiam de tudo. Neal sai com autorização de vocês e podemos plantar um
localizador na roupa de Alex...ela só não saberá disso. Eles fogem, Neal faz a
falsificação e, na hora da troca, você prende quem tem de ser preso e inocenta
o Neal!
Levou muito tempo. Mas
Mozzie e todas as pessoas presentes conseguiram convencer Peter de que, se não
era a melhor alternativa, era a melhor que possuíam.
- Ok, vamos organizar
uma fuga dupla.
Descobrir quem era o
primeiro comprador foi fácil. Rachel se aproximou de Robert e num truque já
muito utilizado, roubou o celular dele. Apesar de Neal se gabar, ele não era o
único com mãos leves na região. Um furto rápido, apenas o tempo de Mozzie
revisar os registros de ligações recebidas. Se o comprador estava nervoso e
ansioso pelo quadro, era muito provável que estivesse ligando para Robert
frequentemente.
- Há um número não
gravado na agenda que ligou todos os dias há mais de uma semana, ontem foram
três ligações. – Jones já tinha o suspeito e pesquisava de quem era o número. –
Lian Jefferson. Colecionador de arte...34 anos e com alguns processos correndo,
um por receptação. Acho que é sim o nosso homem.
- Ótimo...posso me
encontrar com ele. – Rachel disse.
- Não. – O tom de Peter
não era aberto a discussão. – Você já se expôs com o Robert. Diana falará com
Lian. Vamos nos concentrar em descobrir quem é o outro comprador. Alguém tem
ideia?
- Nada. – A resposta de
todos foi a mesma.
- Eu vou hoje na cadeia
conversar com Neal...atualizá-lo dos nossos planos. Verei se ele não tem
nenhuma sugestão. – Já fazia três dias da prisão. – Você o viu hoje, Rachel?
- Não. Vou no final da
tarde visitá-lo. Levarei George.
- Ok...vou agora então.
Observando-o,
Peter o achou desanimado e pouco confiante. Neal estava calado e cabisbaixo
demais. Não parecia Neal Caffrey.
-
O que há? Nunca te vi assim. Nem mesmo preso.
-
Eu estou sem esperança, Peter. É muito improvável que a gente encontre esse
segundo cara e, convenhamos, não será fácil convencer a Alex a confessar.
-
Assim você me ofende, Neal. Eu peguei Neal Caffrey duas vezes! Acha mesmo que
não vou encontrar um compradorzinho de arte?
-
Você nem sabe quem ele é...
-
Mas sei o que ele quer. Neal! Você tem uma série de amigos agindo por você.
Tenha paciência. – Por um momento Peter ficou calado. – Eu sei o que ele
quer...sim...é por aí que vamos pegá-lo...
-
Como assim?
-O
museu reabriu ontem e ninguém recebeu um aviso do que houve. O museu não
comentou o roubo.
-
E? – Neal não tinha entendido. – Onde quer chegar, Peter?
-
Pense comigo...se você encomendou um roubo e a ladra foi presa, mas ninguém
sabe o que foi feito do quadro...de repente o museu onde ele estava exposto
reabre. O que você faz?
-
Vou conferir se ‘meu’ quadro está lá. – Neal começava a ter alguma esperança
novamente. – Você vai solicitar as gravações.
-
Sim! E algo me diz que alguém foi a sala onde o Les Noces de Pierrette esteve exposto! Nós vamos
pegá-lo, Neal.
-
E depois você vai mesmo me ajudar a sair...para falsificar o quadro?
-
Não...vou participar de uma operação do FBI que vai conseguir provas para
manter Alex presa e levar para cadeia outros dois criminosos. Você será
inocentado como consequência. No meu relatório, não vou destacar que o meu
consultor era o maior interessado.
-
Obrigado, Peter.
-
Não por isso...e coloque um sorriso no rosto...sua mulher e seu filho logo mais
estarão aí.
As imagens de segurança foram
certeiras. Logo que o museu abriu um homem entrou e caminhou diretamente a sala
onde o Picasso roubado deveria estar exposto. Ficou nervoso ao não vê-lo e saiu
irritado. A identificação não demorou muito a chegar.
-
Carl Petterson, 39 anos. Um empresário prodígio e, ao que tudo indica, honesto.
Parece que seu único deslize é gostar tanto de arte que não deseja dividi-la
com mais ninguém...me pergunto quantos roubos já não pode ter ordenado. – Peter
concluiu. – Então Diana vai procurar Lian e dizer que deseja comprar um quadro
que ele recentemente adquiriu, o Les Noces de Pierrette. Ele deduzirá que Alex está com a peça e está
tentando algum comprador que pague mais. Vai visitá-la no presídio para
cobrá-la e nosso plano funciona. Ok, Diana?
- Ok, chefe. – Ela se prontificou.
-
Já com o Petterson eu acho que a abordagem deve ser outra...ele é muito
cuidadoso e tem dinheiro sobrando para ir a um presídio ameaçar a Alex. Ele
precisa de um incentivo diferente. – Peter ainda estava decidindo o que fazer.
Rachel
teve a ideia perfeita.
-
Eu me aproximarei dele...e me oferecerei para roubar a peça. Petterson é um homem
prepotente...acha que pode ter tudo com seu dinheiro e não gosta de depender de
ninguém. Se o fizermos saber que ele não era o único comprador de Alex...vai
desejar sua vingança. Ele a fará saber que já tem outra ladra cuidando do Les Noces de Pierrette.
- Pode funcionar. – Jones gostou do
plano. – Por um lado, Alex ficará pressionada para ter o quadro e poder
entregar, por outro, sabe que mais alguém o quer e vai acabar sem o dinheiro
dos dois golpes. Pode funcionar.
- Vai funcionar! – Peter disse indicando
que era hora de agir.
Quando Neal já estava há mais de uma
semana preso, Diana e Rachel confirmaram que suas ações deram certo. Lian
Jefferson e Carl Petterson tiveram exatamente as reações esperadas as visitas
que receberam.
- Jefferson foi pessoalmente
‘conversar’ com Alex. – Dia sorriu falando. – Segundo apurei na carceragem, ela
voltou para a cela bem nervosa.
- Ótimo! – Peter confirmou. – E depois
recebeu a visita de um homem enviado por Petterson...ele não quis sujar seus
trajes indo a um presídio, é claro. Esse homem, logo depois telefonou para ele
e avisou que fez o combinado e que Alex disse ser impossível. O quadro estava
com o FBI. Ela está desmoralizada com ele, então não acreditaram.
O plano estava indo bem. Agora o
próximo passo era esperar. Alex deveria se desesperar. Enquanto isso, a vida
seguia. E não ter Neal por perto era difícil. O visitou várias vezes, levou
George, mas queria a privacidade do lar. Para completar, continuava se sentindo
doente. E a desconfiança de que não se tratava apenas de estresse ou mal estar
passageiro, a estava preocupando. Ela já tinha se sentido assim...uma vez.
Claro que não disse a Neal. Ele já tinha preocupação demais na cabeça no
momento. E tristeza.
Ele
estava perdendo tantas coisas estando preso. Era tão difícil vê-lo naquela situação.
Cada dia que passava uma coisa nova acontecia em sua vida, e via o sorriso de
Neal, tristeza e felicidade juntos. Não estar lá no primeiro engatinhar de seu filho doía muito. A
lembrança de sua tristeza durante a visita ficaria por muito tempo gravada em
sua memória.
-
Ele que encontrou o origami de Alex? – Tinha perguntado em uma das visitas com
George no colo.
- Sim...na primeira vez que
engatinhou.
- Eu não podia ter perdido isso. Já
perdi tantas ‘primeiras vezes’ dele. Achei que depois que nos reencontramos não
perderia mais nada. E agora tudo isso me afasta novamente. – Neal estava
deprimido.
- Falta pouco. – Foi tudo o que ela
pode lhe dizer.
Hoje Neal iria perder outra coisa
importante. Completavam os 10 dias de tratamento da pneumonia e ela o levaria
ao pediatra novamente. Neal sabia que ele estava bem, mas, mesmo assim, se
estivesse livre, não deixaria de acompanhar o filho.
Atenciosa como sempre, Ell se
ofereceu para acompanhar Rachel. Como ela disse, sair com um bebê sempre dava
trabalho. Era sacola, carrinho, algum brinquedo. Ter uma companhia era sempre
bom. E foi ainda mais necessário do que elas previam porque enquanto esperavam
George ser chamado, o cheiro de medicamento impregnado nos corredores
hospitalares fez com que Rachel voltasse a ter enjoos. Quando ela correu para o
banheiro mais próximo, Ell achou que estavam num bom lugar para tirar uma
dúvida.
- Será que você vai ganhar um
parceiro ‘Pequeno-Neal’? – Disse brincando com George enquanto Rachel não
voltava.
Quando ela voltou, Ell decidiu falar
sério.
- Posso não ser mãe, Rachel...mas sou
mulher e sei ver essas coisas. Você tem que fazer um exame e confirmar.
Rachel não podia mais continuar
deixando aquilo de lado. Essa era apenas mais uma das suas preocupações. E não
ia fugir disso. Só que precisava garantir uma coisa.
- Eu vou fazer um exame sim...pra
ter a comprovação, mas eu não preciso de mais nenhum indício, Elizabeth.
Conheço meu corpo. Eu sei que estou grávida...já faz uns dias que eu desconfio.
- E Neal não sabe, imagino.
- Ninguém sabe! E vai continuar
assim, Ell! Por favor! Me prometa que ninguém mais saberá! – Ell não escondia
nada de Peter e isso seria um desastre. – Eu vou contar para o Neal assim que
isso tudo acabar. Mas o Peter não pode saber, Ell.
- Rachel...você não vai poder...
- Ela tentou argumentar.
- O que você acha que Peter fará
quando souber, Elizabeth? Acha que ele vai permitir que eu continue no FBI como
agente de campo? Já me disseram que ele não lidou bem nem mesmo com a gravidez
de Diana, a quem ele sempre considerou a melhor.
- É verdade. – Ell foi obrigada a
concordar. – Diana só trabalhou até dar a luz porque Peter estava preso, por um
engano é claro, quando tudo ocorreu. Se não, provavelmente ele a teria afastado
assim que soube. Ela escondeu o quanto pode.
- Sim. E no caso dela, ser afastada
era uma licença maternidade. Pra mim, é voltar pra cadeia. – Era isso que a
vinha desesperando. – Droga! Eu não posso estar grávida! Não posso!
Elizabeth concordou com Rachel. Pelo
que sabia, o acordo de Rachel envolvia a MI5 também. Eles a utilizavam em operações
importantes e, no geral, arriscadas. Peter não resolvia tudo sozinho. Como ele
deixaria uma agente como ela apenas em serviço administrativo? Não! No momento
em que Rachel não fosse mais útil aos casos, ela seria devolvida ao presídio. E
não havia a menor possibilidade de Peter permitir que ela continuasse no
serviço de campo arriscando levar um tiro.
- Ok...eu não contarei ao Peter. Eu
prometo. – Elizabeth gostava de Rachel e, principalmente, sentia por George.
Aquele garotinho não merecia ficar sem a mãe novamente. Chamaram George no
consultório. – Imagino que você não vai querer fazer um exame de sangue pra não
deixar registro. Entra com ele e eu vou na farmácia comprar um teste caseiro.
Vai servir pra você confirmar.
- Obrigada, Ell.
A consulta era apenas uma formalidade. George
estava bem e, mesmo tendo perdido algum peso, ia se recuperar. O médico o
examinou e indicou uma suplementação de vitaminas para ele se recuperar mais
rapidamente. Mas ele estava saudável. Isso era uma tranquilidade em meio a
tantos problemas.
Deixaram o hospital e apenas em
casa, já sozinha, Rachel abriu o teste e confirmou a gravidez. Não podia dizer
que era uma surpresa. Ficou olhando para a própria barriga e tentando pensar no
que fazer. Não era hora para terem um segundo filho. Nem mesmo se fossem um
casar normal, com uma vida comum, seria hora. Eram apenas namorados, George nem
completara sete meses. E Neal estava preso.
De positivo nisso tudo, apenas sua
liberação para não ter de voltar ao FBI a cada noite. Podia ficar no
apartamento de Neal. Isso, por George, é claro. Também recebia de Peter
liberações em intervalos nas investigações para ir ver Neal. Deveria ir ao
presídio visitá-lo nessa tarde, mas estava tão nervosa que decidiu não aparecer
por lá. Se entrasse no presídio naquele momento, despejaria tudo aos gritos
sobre os ombros de Neal e essa conversa não deveria ser assim. Precisavam de
privacidade. Precisando de ar, saiu para caminhar. Colocou George em seu
carrinho e caminhou pelo parque um pouco. Pena que o ar puro não a acalmou.
Sentou-se em um banco e ficou
olhando o ir e vir das pessoas. Famílias, casais de namorados, alguns mais
apressados. Nada de anormal para uma sexta feira no fim da tarde. Isso até
observar Henry e Molly se aproximando lentamente. Ela lindamente grávida e ele
orgulhoso com uma mão envolta de sua cintura e a outra acariciando a barriga.
Por um instante, sentiu inveja daquilo. Sentiu vontade de chorar. Porque aquela
cena não era para ela também?
Só quando já estavam muito mais próximos,
Henry ergueu a cabeça e viu Rachel com George. O clima era ruim. Molly e Rachel
nunca resolveram suas pendências.
- Você! – Disse ao vê-la.
- Eu mesma. – Rachel estava mal
humorada. Sem paciência para Molly...mas precisando de Henry. Queria seu amigo.
– Como vai Henry?
- Bem...nós vamos bem, Rachel. E
você? – Para evitar uma briga entre Molly e Rachel, Henry não abraçou a amiga
como de costume.
- Bem. Vamos levando. – Ela não
queria conversar na frente de Molly. – Será que você pode ir lá em casa hoje?
Eu queria conversar...
- Está convidando meu marido pra ir
na sua casa?!?! Escuta aqui sua...
- Não! Chega! – Henry segurou a
esposa. Não queria brigas, em especial com ela grávida. Precisava se lembrar
que agora tinha uma família. Uma esposa grávida para cuidar. – Não posso
Rachel...eu...não posso deixar a Molly sozinha pra ir te ver. Mas uma hora a
gente se fala e...podemos marcar algo eu, Molly, você e Neal.
Rachel se sentiu magoada, preterida.
Não podia acreditar que Henry ia lhe dar as costas. Ele nunca, jamais, deixou
de lhe estender a mão.
- Você tanto fez que conseguiu,
Molly. – Acusou. – Nos afastou.
- Rachel... – Ele tentou consertar
as coisas.
- Não! Fica com ela! E esquece de
mim! – E saiu empurrando o carrinho de George sabendo que Molly não permitiria
que ele viesse procurá-la.
Muito
triste, Rachel passou o final de semana em espera. Não queria falar com
ninguém. Não tinha novidades de Alex, não teve coragem de ir ver Neal e Mozzie
a olhava estranho.
-
Eeee tudo bem, Rachel? – Ele perguntou todo cheio de cuidado.
-
Sim, tudo ótimo! Eu só tenho motivos para estar bem, você não acha?
-
Perder o controle não vai resolver o seu problema...eu sei que é clichê, mas é
verdade. – Ele pensou antes de voltar a falar. – Falei com Neal...ele estranhou
que você não foi vê-lo. Queria saber da consulta do George.
Rachel pensou por um momento.
Realmente, teria que ir falar com Neal e abrir o jogo.
-
Mozz...como advogado do Neal você pode solicitar visitas íntimas, certo? Eu
queria que você fizesse isso. Quero falar com o Neal com privacidade.
-
Claro. – Mozz sorriu achando que Rachel queria mesmo era acalmar os nervos na
cama com o namorado. – Eu solicito...pra logo. Imagino que não vai aparecer no
presídio antes.
-
O mais rápido que você puder Mozz. – Ela não se importou com o que Mozz pensava
daquilo.
Mozz
ainda estava com Rachel e George quando seu telefone tocou. Era do presídio. E
eles sabiam exatamente quem ligava.
-
Alex...que surpresa sua ligação. – Mozz respondeu.
-
Preciso que venha me ver, Mozz.
- Porque? Alex...você traiu o Neal. Eu
não quero ir te ver. – Se aceitasse logo ela perceberia a armação.
- Preciso da sua ajuda, Mozz. Muito. –
Ela estava realmente desesperada. – Será bom para vocês dois. Quero que faça
uma proposta ao Neal.
- Ok...Alex. Eu irei te fazer uma
visita então. – Mozz disse pouco antes de desligar e se voltar a Rachel. – Acho
que terá uma boa notícia para levar a sua visitar intima com Neal. Podemos
começar a organizar a fuga.
E foi isso que o FBI fez. Não seria
fácil conseguir as autorizações necessárias para isso. Uma fuga que na verdade
teria cada passo controlado pelo FBI, mas onde apenas um dos fugitivos saberia
disso. No encontro com Alex, Mozzie apenas confirmou que falaria com Neal.
Precisavam ganhar tempo e deixar Alex ainda mais desesperada.
- Diga a ele que será livre e com uma
fortuna. Neal topará! Ele tem que topar! Nós precisaremos do original...tem
como...
- Eu pegar? – Mozzie sabia jogar com
Alex. – É claro. Está no depósito do FBI.
- Ótimo. Você pega, Neal faz uma
falsificação perfeita. Nós entregamos os dois e fugimos ricos.
- E Neal permanece com o nome sujo.
Será que ele vai topar?
- Ele estará longe! O que o nome limpo
ou sujo importa?! Ele não quer sair daqui por causa daquela namorada, mas se
Neal for esperto, vai ver que estou certa.
- E se o preço dele não for esse Alex?
Se não for dinheiro o que o Neal quiser?
- Ele quer que eu o inocente? – Ela
pensou. – Diga para ele me entregar os dois quadros. O original e a cópia e
eu...farei isso.
Obviamente, Mozz não acreditou. Mas não
importava. O plano estava armado e quando estivessem longe, pensando que estava
livre, Alex acabaria por confessar e livrar Neal. Perderia uma amiga, mas
salvaria outro. Valia o sacrifício.
Quando
Rachel foi conduzida pelo presídio até a mistura de cela e quarto onde eram
feitas visitas íntimas, pensou que aquela era uma das coisas mais
constrangedoras que já tinha feito na vida. Até para quem era experiente em
prisões, a sensação era péssima. Todos ali achavam que sabiam o que ela veio
fazer. Estavam bem enganados. E pelo olhar de Neal ao vê-la, a expectativa dele
também era errada.
-
Bom...tantos dias sem te ver...acho que ao menos terá valido a pena esperar!
Que bom que você solicitou isso Rachel. – Levantando-se ele veio abraçá-la,
animado. – Senti sua falta.
-
Calma aí! – Rachel o afastou. – Não foi bem esse o objetivo da visita.
-
Não? – Agora sim Neal ficou decepcionado.
-
Não. Eu queria ter privacidade para conversar com você...sobre algumas coisas.
-
Privacidade para conversar...ok...temos bastante privacidade. Sou todo ouvidos.
Fale!