Um
clima de trégua tomou conta da casa. Minha mãe sorria pelos corredores e Ana
suspirava toda vez que via eu e Bella conversando em paz. Nossos problemas
estavam longe de serem resolvidos, mas a convivência foi amenizada. Somente
dois assuntos ainda geravam confusão: filhos e Tânia. Mas ambos evitávamos
tocar neles e a vida seguia bem, nem parecia que vivemos juntos por um
contrato, eu preferia esquecer isso e pensar em minha mulher ali por vontade de
estar ao meu lado.
Faziam
duas semanas do acidente e, apesar de Bella não sentir dor alguma no peito, já
totalmente recuperado, e ter apenas um desconforto nos pulsos, ela seguia
recamando muito da dificuldade de mobilidade. Eu saía para trabalhar
normalmente e a única diferença em meu dia era o fato de vir almoçar em casa
todos os dias, fato que Ana adorou. Depois eu retornava ao escritório. Bella
ainda reclamava por ganhar a comida na boca, mas estava aceitando melhor,
afinal era isso ou uma dieta radical. Então ela aceitava de forma educada que
eu desse a comida em sua boca.
A
hora de dormir estava um pouco complicada. Alguém tinha de oferecer ajuda no
banho e em colocar a camisola. E, já que eu estava ali, não havia razão para
chamar outra pessoa para fazer isso. O difícil era ver tuuuudoooo aquilo e ser
lembrado das semanas de abstinência, sem cair em tentação. Eu até lhe roubei
alguns beijos, ela deu outros, mas nenhum quis uma intimidade maior em respeito
aos seus machucados e as duras palavras que já tínhamos dito um ao outro.
Estávamos terminando um almoço em família.
-
Vai para o trabalho Edward? – Minha mãe perguntou como se não soubesse da
resposta.
-
Vou. Porque?
-
Gostaria de sair com Bella, mas se você fosse ficar em casa deixaria para outro
dia. Na verdade, quero fazer algumas compras e voltar para a Europa. Não acho
que precise ou deva ficar aqui por mais tempo.
-
Pode ficar o quanto fizer. Até gosto para Bella ter com quem passar o dia.
-
Eu não preciso de babá Edward! – Se exaltou Bella.
-
Eu sei, mas não é bom ficar sozinha e Ana tem seus afazeres que a impedem de
ficar conversando com você.
-
Eu poderia sair, visitar Alice. Talvez eu possa voltar a desenhar roupas para a
grife. Eu me afastei da empresa de uma forma tão abrupta. Quero voltar...
-
Não Bella, prefiro que se dedique a recuperar a saúde. Em breve estará grávida
e tão poderá fazer esforço. E como quer desenhar se nem pode mexer as mãos?
-
Eu não quis dizer desenhar agora Edward, mas quando ficasse boa. O que não me
impedi de voltar a atuar na empresa. – Ela se levantou da mesa com os olhos
tomados pela magoa como há dias eu não via. Antes de subir as escadas ela ainda
falou com minha mãe. – Não se preocupe em perguntar novamente Esmee, seu filho
pode disfarçar um pouco melhor, mas eu sigo sendo uma prisioneira nessa casa.
Eu não posso sair com você porque eu estou sem uma sombra para nos seguir.
Edward está arrependido por ter despedido James.
-
Bella, eu não disse nada disso. Não coloque palavras em minha boca! – Gritei,
mas ela já estava no topo da escada e corria para o quarto. Quando fiz menção
de ir atrás dela, minha mãe interferiu.
-
Tem que repensar suas atitudes meu filho. Dar uma oportunidade a ela. De
verdade.
-
Sabe mãe, acho que está realmente na hora de voltar para a Europa. E agora está
na minha hora de ir trabalhar.
Queria
ficar sozinho, mas perambular pelas ruas de Boston em pleno outono não era bom.
Não chegava a estar gelado como no inverno, mas ventava e tinha um garoa fina.
Fui então para a academia e corri por mais de 1h30min. O bom de praticar um
exercício mecânico era ter sua mente livre para repensar as atitudes. Bella
merecia mesmo uma nova chance? Nosso casamento teria como dar certo? E se tudo
fosse em vão e nunca fosse possível Bella colocar no mundo a criança que eu
quero tanto, que já amo? E principalmente... Se Bella realmente nunca engravidasse,
eu seria capaz de expulsá-la de minha vida. Quando estava deixando o lugar
encontrei com Jasper.
-
Problemas com Bella, com Tânia ou com carne nova na praça?
-
Tenho que estar com problemas para vir malhar? – Tive de perguntar.
-
Sim. E com problemas com mulheres. Nos outros você costuma ser mais objetivo.
-
Verdade. – Era bom que Jasper tenha aparecido em minha frente. Precisa de
alguém confiável nesse momento. – Estou ignorando Tânia nesse momento. Não
quero mais problemas do que já tenho e aquele apartamento não me faz falta
alguma.
-
Então a causa desse estresse é Isabella? O que houve agora Edward? Achei que
depois da tal tentativa de fuga e da demissão de James vocês estavam de ‘lua de
mel’.
-
Sim claro, com a noiva sem poder mexer as mãos e, em um certo período do mês,
precisando de compressas quentes para cólicas, correndo o risco de ter outra
hemorragia. Realmente foram dias muito bons.
-
Ei...ei...você só fica mau assim quanto tá no zero a zero.
-
Bingo! – Não adiantava esconder nada de Jasper. – Não seria confortável para
ela transar logo após o acidente e depois também não rolou.
-
Mas isso não era problema para você antes. Mesmo com Tânia...você sempre teve
outras quando ela...não podia.
-
Já disse que Bella não é Tânia!
-
Percebi, mas e no resto? E fora da cama, como estão?
-
Ia bem até hoje pela manhã? E você tem a ver com isso!
- Eu???? – Jasper me olhou com cara de espanto.
-
Sua namoradinha, na verdade. Bella quer voltar atuar no sociedade com Alice.
-
Até onde sei, elas nunca deixaram de ser sócias. Alice só vem segurando sozinha
o negócio enquanto Bella resolve seus problemas pessoais, mas ela permanece
sócia na grife. Alice diz que ela é muito talentosa como designe.
-
Eu nem sei muito o que ela fazia. O detetive só me disse que trabalhavam juntas
e eram amigas próximas.
-
Praticamente irmãs. Dividiam todas as responsabilidades e lucros pela empresa.
Alice era responsável pela criação das roupas e Bella desenhava as jóias e
acessórios. Você pode criticá-la como mulher Edward, mas como empresária, teria
orgulho dela. Juntas, fizeram um negócio surgir do nada e dar certo.
-
Descobriu isso tudo?
-
Eu não passo todo o tempo transando com Alice Edward, nós também conversamos.
-
Olha Jasper, meu problema não é com Alice. Não gosto da ideia de Bela solta por
ai, tenho medo dela sumir no mundo novamente.
-
Edward...você simplesmente não pode mantê-la prisioneira em sua casa. Não pode
ser assim. Já pensou em dar uma chance ao seu casamento?
-
Como assim? Nós estamos juntos e...
-
Não Ed, você só vai saber como ela é realmente, se ela tiver liberdade.
Ainda
fiquei um tempo sozinho pensando em que atitude deveria tomar. Quando voltei
para casa tinha minha decisão tomada. Entrei e fui direto ao nosso quarto.
Bella estava deitada na cama e se surpreendeu quando eu larguei sobre o colchão
alguns itens: seu passaporte, identidade e um celular.
-
Aconselho a ligar para Alice. Ao que Jasper me disse, os clientes estão
sentindo falta de suas criações.
Sua
ração me surpreendeu. Bella pulou da cama feito uma criança que ganhou uma
bicicleta de natal. Seu abraço foi o mais apertado que já ganhei na vida.
-
Obrigado Edward!
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