Após uma noite
em que Grey chegou tarde e não lhe procurou em seu quarto, Ana tomava café
sozinha na varanda quando Kate veio avisar que tinha uma visita aguardando.
- Visita?
- Sim. O Padre da cidade veio te
ver.
- Aaaa claro. Bom é quando o padre
vem te visitar que você percebe o quão pequena é essa cidade. – Brincou.
- Sim, mas é um lugar agradável. Eu
gosto. – disse Kate. – Conseguiu falar com sua família?
- Não! O celular não pega em nenhum
lugar dessa casa...e meu marido não parece muito interessado em me tirar daqui.
– Hoje ela estava se sentindo um pouco carente. – Bom...vamos encontrar o
padre.
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- Bom dia, Padre. É um prazer
recebê-lo em minha casa.
- Ótimo conhecê-la, Anastásia...ou
Senhora Grey...como preferir.
- Me chame de Ana, por favor.
- Pois bem...Ana, então. O que está
achando da cidade? É pequena e não tem as mesmas facilidades de São Paulo, mas
é um lugar de gente muito boa.
- Na verdade, Padre, eu não vi
praticamente nada além da fazenda. Meu marido anda...muito ocupado...eu acho
pelo menos.
Era muito claro que os problemas do
casal não eram apenas falatórios dos funcionários. Essa moça estava infeliz e
mal tratada. Para o interior ainda não era raro encontrar homens que não
tratavam as esposas com delicadeza e muitas mulheres acabavam se acostumando,
mas esse não parecia ser o caso. Era uma mulher da capital...logo logo iria
deixá-lo. Aliás, por que veio e permanece ao lado dele? Em especial, se não
passa de uma interesseira e aproveitadora, como Christian tanto acreditava.
Mas, vindo de família rica, ela iria morar nesse fim de mundo por outro motivo
que não fosse amor? Será que Grey não conseguia ver isso?
O fantasma que o aterrorizava era a
certeza de que a esposa teve um caso com o irmão. “E se eu perguntar?”
Questionava para si memo. Isso resolveria a questão e colocaria tudo em pratos
limpos. Não podia interferir assim. Além disso, as conversas que teve com
Christian eram em confiança e jamais poderia contar a ninguém.
- Padre? O senhor tem internet e
telefone na igreja?
- Internet...não...isso ainda é muito
complicado por aqui. Telefone sim. O da sacristia costuma funcionar bem. – Respondeu
o homem de Deus. – Mas o de vocês não está bom?
- Aqui não tem padre. Não sei como uma
fazenda tão boa ainda não tem linha telefônica.
Tinha. Desde os tempos de Elliott a
fazenda tinha telefone. Se a rede estava desligada era a pedido de Christian e
isso o deixava ainda mais temeroso. Se o
que for a tal vingança prometida, ali Anastásia estava escondida do mundo.
-É estranho mesmo. – Tinha obrigação
de ajudar essa mulher. – Mas o da igreja está a sua disposição para se
comunicar com quem desejar.
- Que ótimo Padre! Estou louca para
falar com meu tio e meu primo. José é quase da minha idade e sempre fomos muito
próximos.
Christian os encontrou tomando
limonada à sombra. Não gostou nada de ouvi-la falar de José.
- Saudades do querido primo, meu amor?
– Chegou beijando-a nos lábios.
- Ela me falava da família, Sr. Grey.
Parece ter muito carinho por eles. E isso é sempre bonito de ver.
- É...vejo que ela já o conquistou.
Minha esposa parece ser ótima em conquista.
- Obrigada, ‘querido esposo’. – O tom
era falso o bastante para o padre sentir vergonha. – Acabei de aceitar a oferta
do Padre. Ele vai me ajudar a contatar meu tio. Assim eu poderei contar para
ele o quanto sou feliz aqui. O que acha?
Ele não gostou nada disso.
- Acho que você não precisa incomodar
o padre quando não faz nem uma semana que viu seus tios.
- Não será nenhum incomodo. –
Assegurou o religioso no momento em que Jacob se aproximava guiado por um
empregado da fazenda. – Olhe quem também veio fazer uma visita.
- Bom dia a todos. – Apertou a mão dos
homens e cumprimentou Anastásia. – Eu vim fazer a entrega de sua encomenda, Sr.
Grey e aproveito para conhecer sua senhora. Muito bela...exatamente como se
comenta pela cidade. É ótimo ter uma dama como a senhora vivendo em nosso povoado.
- Bem...pode me chamar de Ana. Não
precisa tanta formalidade.
- Como desejar, Ana. – Ele continuou
sem perceber que despertava timidez nela e ódio em Grey. – Mas devo dizer que
não esquecerei nome tão singelo e lindo ao mesmo tempo. Combina com seus olhos
límpidos.
- Eu acho que MINHA mulher já entendeu
o quão maravilhosa o senhor a julga. – Christian interferiu.
- Deixei-a tímida, Ana? – Ele ignorou
Grey.
Ela sorriu adorando ver a reação do
marido. Ele, tão frio desde que chegaram, agora mostrava sangue nas veias. Até
que essa cidadezinha podia oferecer tardes divertidas
- Não, nenhum pouco tímida. É sempre
ótimo receber elogios. Quem sabe meu marido não se inspira? – Ela devolveu o
beijo. – Mas eu sequer sei seu nome!
- Desculpe! Que erro meu! Jacob Black,
ao seu dispor. – Ele pega em sua mão. – Qualquer coisa que precisar, em
qualquer horário, pode bater em minha porta.
- Senhor Black! – Grey estava prestes
a explodir. – Onde está minha encomenda? Veio aqui pra isso...ou não?
- Sim, eu vim. Já está nos estábulos.
- Comprou um cavalo do senhor Black,
meu amor? – Ana perguntou.
- Sim, Ana, comprei. E ele é seu.
- Sério?! – Ele andava tão bruto que
não esperava nenhum presente.
- Sim. Assim você terá uma atividade
durante o dia. Eu sei o quanto gosta de montar.
- Sim, eu amo! – Ela tornou a
beijá-lo. Dessa vez não teve falsidade nenhuma. – OBRIGADA! Eu te amo!
- Senhora Grey. – Jacob atrapalhou o
momento. – Devo adverti-la que esse animal não é dos mais mansos...ele....
- Não se preocupe. Saberei lidar com
ele. – Nunca teve medo de nenhum animal.
- Eu já tinha dito isso, Ana. Mas o
Senhor Black parece não ouvir os meus avisos. – Era bom isso mudar daqui para
frente.
- Bom...eu vou aos estábulos ver meu
presente. Fiquem conversando rapazes. Tchau Padre! Tchau Sr. Blak...
- Também pode me chamar de Jacob, Ana.
Acho que seremos bons amigos.
- É claro, Jacob.
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