- Por Deus Edward, me ligue assim que
tiver notícias da menina. – Ana gritou quando eu entrava em meu carro para
seguir a ambulância que levava Bella. – Ela está muito pálida.
-
Ela perdeu muito sangue. Eu ligo. – E saí.
A
distância até o hospital era curta, mas parecia interminável. Não me foi
permitido ir na ambulância e agora, durante todo o trajeto, fiquei pensando no
que se passava lá dentro. O paramédico perguntou se eu sabia de algo que
pudesse ser a causa do sangramento, se havia possibilidade dela estar grávida.
-
Não, eu acho. Ela estava menstruada e com muita dor.
-
Ok, senhor. Vamos fazer o possível.
Quando
chegamos, ela foi rapidamente levada ao setor ginecológico e ouvi quando
chamaram uma tal de Dra. Carmen. E ali Bella ficou e eu passei mais de duas
horas sem nenhuma notícia. Quando estava mais ansioso do que aparentava ser
possível Carmen veio ao meu encontro:
-
Senhor Edward? É o acompanhante de Isabella?
-
Sim. – Pensei em dizer que era o marido, mas aí teria de dizer o por que de
sequer saber o que se passava com minha mulher.
-
Ótimo, me acompanhe ao consultório.
Logo
depois... quando eu já estava sentado de frente para a médica em um consultório
totalmente feminino, cheio de fotos com crianças recém nascidas e próteses similares
aos órgãos femininos sobre a mesa.
-
Como ela está?
-
O quadro foi estabilizado. O sangramento contido. E agora a questão é saber
exatamente o que gerou isso e tratar, é claro.
-
E você ainda não sabe? Ficou horas lá dentro com ela?
-
Eu tenho desconfianças, mas não total certeza. Seria irresponsabilidade lhe
dizer agora. Quando ela acordar nós conversaremos e, se ela não souber o que
tem, faremos os exames necessários. Mas eu acho difícil ela não saber.
-
Por quê?
-
Porque, se eu estiver correta, Isabella tem uma doença diretamente ligada à
função reprodutora e elas se manifestam em todo o período fértil, ou seja, a
partir da puberdade. Isabella não é uma adolescente, deve conhecer o próprio
corpo e saber muito bem o que tem. O que temos de descobrir é o que mudou para
causar essa crise.
O
que mudou? Foi com essa questão que fui para casa trocar minha roupa suja de
sangue. Problema no aparelho reprodutor que influi na vida fértil, então era
possível que Isabella não pudesse ter filhos. Meu pai iria surtar. Ana me
abraçou logo que entrei na casa e depois me deixou sozinho para pensar no tanto
que minha vida iria mudar caso a médica estivesse correta. Eu tinha com
Isabella um contrato onde estava especificado que só nos divorciaríamos após
ela ter um filho. Se ela jamais fosse engravidar, ficaríamos ligados para
sempre? E mesmo que não fossemos obrigados a isso, eu poderia simplesmente
descartá-la ao descobrir isso?
Por
mais que Isabella seja uma mulher imoral e repleta de defeitos, sempre será a
maternidade, o posto mais natural de qualquer fêmea. Se ela descobrir que é
estéril, vai ficar desolada. A doutora acha que ela já deve saber o que tem,
então é impossível que seja infertilidade, afinal ela estava tomando pílula
quando a trouxe aqui. Ela jamais tomaria um remédio desnecessariamente. Ou
tomaria?
Falei
com minha secretária e avisei apenas que não poderia ir trabalhar no dia
seguinte, porém, não especifiquei o motivo. Queria adiar de todas as formas o
momento em que isso iria chegar até Carlisle. Ele provavelmente iria invadir o
hospital e interrogar a médica para descobrir o que se passava. Quando cheguei
à clinica fiquei sabendo que Isabella tinha acordado e Carmen estava com ela no
quarto. Quando entrei porém, não fui muito bem recebido.
-
Eu quero privacidade. – Disse ela ainda muito pálida.
-
Eu... preciso saber o que você tem. Prometo não interferir em nada.
-
Eu acho que isso não é algo que vá conseguir esconder de seu marido ou que deva
fazer. Ele irá compreender que precisa de cuidados.
-
Podem, por gentileza, parar de falar cifradamente? – Eu estava nervoso como
nunca.
-
Isabella, você tem um problema ginecológico que eu, por seu sangramento e o
forte grau de dor em período menstrual que seu marido me contou que tem,
imagino se tratar de endometriose. Existem formas clínicas para confirmar a
doença como ultrason vaginal ou uma microcirúrgia para biópsia do tecido das
trompas. Mas eu prefiro saber antes se você já não teve diagnóstico de
endometriose antes. Para evitarmos tudo isso ou, se tivermos que fazer os
exames, que seja para tratar.
-
Eu não quero falar sobre isso. – Ela olhou envolta, mas logo voltou a falar. –
Está certo. Eu tenho isso sim. Mas já está controlado. Foi apenas esse mês que
veio um fluxo menstrual mais forte, apenas isso.
-
Não fale besteiras Isabela! – Eu me descontrolei. Então ela sempre soube.
-
Por favor, senhor Cullen mantenha a calma. Não é bom deixá-la nervosa nesse
momento.
-
Vou deixá-las a sós. O ambiente está insuportável. – E saí, mesmo sabendo que
não era o certo à fazer.
Fugi
do hospital, simples assim. Fui a procura de Tânia, mas não a encontrei, hoje
nem ela estava ao meu dispor. Então terminei a noite em um bar, sequer sei como
cheguei em casa ou como não entrei em coma alcoólico. Só queria esquecer o
inferno que minha vida havia se transformado. Por que, justamente a mulher que
escolhi era infértil? Quando cheguei ao hospital novamente já se passavam mais
de 24hs de minha saída.
-
Bom que veio. – A médica tinha crítica nos olhos. – Pensei que teria de dar
alta para minha paciente e colocá-la num táxi.
-
Podemos conversar?
-
O que quer saber?
-
Ela é estéril ou não? Existe alguma chance dela engravidar?
-
Não é assim tão 100% de certeza.
-
Como não?
-
Não. Eu preciso que entenda o que sua mulher tem.
-
Então fale de uma vez.
-
Não se sabe o que causa endometriose, mas é quando o tecido que normalmente
reveste o útero se expande cobre outras partes do aparelho reprodutivo. No caso
de Isabella, às tropas. No período menstrual esse tecido sangra ocasionando
dor. Como o tecido está encobrindo a passagem das trompas, não há passagem
parcial ou total dos espermatozoides, impedindo a gravidez.
-
Agora que já tive uma aula de medicina. Diga de uma vez como resolvemos isso.
Quais os tratamentos e quanto tempo até ela estar pronta para engravidar.
-
Acho que o senhor não está entendo. Endometriose não tem cura, apenas
tratamentos que a controlam. Um deles é o que ela fazia. Controlava a doença de
forma hormonal tomando ininterruptamente anticoncepcionais. Foi
irresponsabilidade parar sem acompanhamento médico. Ela pretendia engravidar e
acabou ocasionando essa crise.
-
É impossível então? – O que falo agora?
-
Existem outros tratamentos. A cirurgia é uma opção, porém muito arriscada.
Seria feita a raspagem de todo esse tecido e a agressão ao organismo é grande.
Porém as chances de gravidez aumentam.
-
Junto com as dela morrer? – Falei amargo.
-
O mais utilizado hoje por casais que desejam filhos nessa condição é a
inseminação artificial ou fertilização in vitro. É seguro.
-
Tem 100% de certeza de dar certo.
-
Nada na vida é 100%.
Estava
com ódio por Isabella ter me feito de idiota e mais uma vez me fazer passar
vergonha perante a sociedade. Sim porque novamente nossa relação terminaria e
eu não receberia o filho que quero. Talvez a solução seja realmente encerrar
essa farsa de casamento e pedir que Tânia se torne minha mulher e mãe de meu
filho. Minha decisão mudou totalmente quando chegamos em casa e exigi uma
explicação de Isabella.
-
Desde quando sabe que é impossível cumprir a cláusula do contrato que assinou?
-
Sempre soube, desde menina.
-
Mentirosa, ardilosa, piranha!
-
Acha o que Edward? Que você e aquela múmia que chama de pai podem não só
comprar uma esposa mas ganhar um bebê de brinde. Não. – Ela abraçou a barriga.
– Não da minha barriga. Sou seca, exatamente como Carlisle temia. E quer saber?
É o castigo perfeito para os dois.
-
Você completamente louca.
-
E você, o que é?
Eu
pensei por um tempo.
-
O pai do seu filho.
-
Agora é você o doido. Não ouviu a médica falando? É impossível, sou seca.
-
Eu conversei longamente com ela Isabella e você tem mínimas chances de
engravidar naturalmente, mas pode gerar uma criança por inseminação artificial.
-
E você vai querer o artificial. Achei que era muito macho pra isso. Seu filho
sendo concebido numa cama ginecológica?
-
Não tenho esses preconceitos Isabella. Será meu filho e depois de ter ele nos
braços não vou precisar mais olhar na sua cara.
-
Não pode falar sério?
-
Descanse Isabella. Você começa o tratamento o quanto antes.
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