Alguns dias depois...
O plano de
Alice funcionando perfeitamente. José e o tio Ray receberam a cópia do laudo
que informava que Anastásia Steele fora internada no hospital devido a
complicações causadas por aborto. Cada um por seus motivos, ficaram
decepcionados. De família religiosa, jamais imaginavam que a menina que viram
crescer seria capaz disso.
- Se estava grávida porque não me
procurou? Eu ia lhe oferecer todo apoio para ter a criança. Seria como um neto
meu. – Ray pensava e não entendia.
- Ela devia se sentir envergonhada
por estar grávida e ser solteira. Ela errou, pai. Mas temos que apoia-la. –
José a defenderia em qualquer circunstância.
- Eu sei, meu filho, que você sente
algo por sua prima. Ainda a quer?
- Eu...eu não sei, pai. É confuso.
Quem será o pai desse bebê que ela tirou? A mamãe disse que Ana teve sim muitos
namorados, mas foram coisas rápidas, nada muito sério. Então ela está com
alguém?
- Não sei. Mas por enquanto não vou
falar nada com ela. Estou muito triste, chateado com ela. Não quero assunto com
Anastásia por enquanto.
Ana não entendia a razão, mas
percebia que seu amado tio, um pai
substituto, estava frio com ela. Não a defendia, não zelava por ela, nem lhe
dirigia a palavra como antes. Pela primeira vez em seus 21 anos se sentiu uma
intrusa naquela casa.
Procurou consolo no haras onde
cavalgou a vida toda.
Trovão,
seu cavalo há muitos anos, galopava livre pelo campo. Essa sensação de
liberdade era o que mais valorizava em sua vida. Talvez por isso nunca tenha se
envolvido mais seriamente com nenhum homem. Teve namorados sim, alguns. Menos
do que falavam...mas alguns. Nunca cogitou se casar com nenhum deles.
- Acho que nunca os amei de verdade.
– Disse falando sozinha. – Só amo você Trovão!
- Esse animal tem muita sorte. – A
voz que lhe atormentou os sonhos vinha bem de perto. – O que eu não daria por
uma declaração assim vinda de você.
- Senhor Grey...como me encontrou
aqui? – Ele estava lindo. Vestia jeans e camiseta. Estava másculo, no melhor
estilo homem do campo.
- Eu sou um homem do campo. – Como
ele respondeu a pergunta que não fiz? – Vim matar a saudade de montar. Sempre
gostei. Percebo que temos isso em comum.
- Sim. Esse é o trovão, meu
companheiro de quase todas as manhas.
- Cada vez acho ele mais sortudo. Já
estou com inveja do Trovão.
- Não seja bobo, Sr. Grey!
- Não é bobagem. Ele passa muito
tempo com você e eu quero ter esse mesmo privilégio.
Ela
seguiu achando graça.
- Não é um home TÃO do campo assim.
Sei que tem negócios no setor financeiro.
- Sabe? Andou investigando minha
vida, Srta Steele?
- Quase nada, Sr Grey. Mais fiquei
sabendo de coisas interessantes...mas tem um ‘boato’ ao seu respeito em que eu
não acredito.
- Qual?
- Eu li em site que você nunca
apareceu com nenhuma mulher. Diziam que você é gay. É verdade?
- NÃO. – Havia raiva em seus olhos.
Por um instante Ana sentiu medo. – Eu não sou gay.
- Desculpe, não quis te ofender.
- Mas ofendeu. Sou muito homem. E
você é uma menina muito sapeca. Eu deveria lhe dar um castigo por me ofender.
- Parece meu tio falando quando eu
era pequena e fazia uma arte.
- Ele te castigava? – Naquele Jeans
ela parecia ter um bumbum lindo e redondo. Digno de uma bela surra. – Te dava
palmadas na bunda? Te disciplinava com o chinelo, com uma cinta?
- Não, não...nada disso. – Ela achou
graça. – Nuca levei um tapa na vida. Meus tios são pessoas evoluídas. Educaram
eu, Alice e José na base da conversa...e alguns finais de semana de castigo
quando muito grave.
- Pois eu, Senhorita Steele, não sou
nada ‘evoluído’ e poderia facilmente lhe colocar nos meus joelhos agora mesmo e
lhe dar um corretivo para aprender a conter essa língua atrevida.
Só podia estar brincando, Ana
pensou. Mas porque essa imagem, ela ali, nas mãos dele, sua refém, recebendo
palmadas no bumbum, parecia tão sensual. Ficou úmida e nem entendeu o porquê.
Grey percebeu e aproveitou o momento. Ele tornou a beijar os lábios de Ana. Mas
dessa vez segurou forte suas mãos atrás do corpo. Ela gostou disso. Um homem
forte, que sabia se impor...não os fracotes a que estava acostumada. Esse homem
a estava beijando como se disso dependesse sua vida. O desejo aumentou e Ana
chegou a pensar que ele a deitaria ali mesmo na grama e seguiria com carícias
que só poderiam terminar na satisfação completa. Mas não. Ele parou e deixou-a
pegando fogo.
- Preciso ir...Senhorita Steele.
Será que podemos nos ver. Pensei em jantarmos juntos. Que acha?
- Acho perfeito. – O que dizer
depois disso?
Completamente atordoada pela forma
abrupta e devastadora que Christian Grey estava entrando na sua vida, Ana foi
se sentindo cada vez mais apegada. O tempo parecia passa muito rápido. O jantar
foi perfeito. Ele era um cavalheiro daqueles raros. Abre a porta do carro,
serve o vinho, a trata com respeito. Qual seria o defeito de Christian Grey? A
bipolaridade, talvez. Em alguns momentos parecia haver um ódio mortal em seus
lábios. Mas depois ele voltava a ser o cavalheiro perfeito de sempre. Ele não
deixava nenhum transparecer. Até para cuidar dos negócios na sua frente era
discreto. Dizia que não queria chatea-la com detalhes.
- Quem era no telefone? – Disse ela
num almoço qualquer?
- Era da fazenda. Estou reformando
tudo e preparando ela para ser meu lar.
- Vai abandonar seus negócios aqui
em São Paulo e na Europa?
- Não, não. Mas eu consigo tocar
tudo à distância. A fazenda sim. Ela precisa da minha presença. E precisa de
uma dona também. Será que um dia você estaria disposta a se tornar uma
fazendeira, Srta Sleele?
Que homem é esse? Nem a conhece
direito e falava como se fosse pedi-la em casamento. E o pior, como dizer não?
Mas essa era uma pergunta complicada. Na fazenda poderia montar livre pelo
campo. Mas perderia seus amigos. Era um lugar muito afastado, longe de tudo.
Não mais participar da companhia de dança. Seria deixar sua vida de lado...por
ele.
Fazia menos de um mês que conhecia
esse homem e já estava completamente enredada pelos encantos do misterioso e
apaixonante Grey. Ele era viciante.
- Eu quero ser sua. – Estavam dando
um amasso dentro do carro. Grey lhe tocava intimamente, mas não ia além. Jamais
fez menção de realmente transar. Era como se riscasse o fogo...só para ter o
gostinho de assoprar.
- Não Ana, não posso. Não sou o cara
certo pra você. Gosto de...outras coisas. Você é...não, não posso. – De repente
ele ficou muito sério. – Se você for uma garota esperta, vai ficar longe de
mim.
- Então finge que eu não sou...uma
garota esperta.
- Vai dormir Ana. AGORA!
Emburrada, deixou o carro.
- Você é muito mandão! Dominador!
- Você nem imagina o quanto.
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