Ter de pensar em tudo aquilo e ainda
por cima não poder contar nada para ninguém. Nem mesmo para Kate. Como assim
virar a submissa dele? Tudo bem que ele é lindo, rico, gostoso e estava
invariavelmente apaixonada...mas daí a ir para uma fazenda quase perdida no fim
do mundo para ser sua ‘escrava’?
- Não, não Grey. Você está querendo
demais. – Ana falava sozinha em seu quarto.
A decisão envolvia coisas demais.
Estaria deixando seus amigos, largando o grupo de dança e desistindo de trilhar
uma carreira profissional. Mas, se dissesse não, também estaria abdicando do
único homem que a fez realmente amar. Seus outros namorados...bom...namorados
mesmo foram apenas dois. Eles eram queridos, simpáticos, gostavam dela. Faziam
todos os seus desejos...e aí estava o problema. Nenhum tinha esse instinto de
comando que parecia tão natural em Christian. Ela mandava e desmandava nos
ex-namorados e isso com o passar do tempo ia ficando chato. Sem falar que na
cama eles não pareciam ter nem um décimo da intensidade de Grey.
- Mas que merda! Eu o quero...porque
ele não pode ser normal? Pra que casar agora? Pra que chicotes e varas? Pra que
esse negócio de submissão? Pra que contrato?
Naquela madrugada chegou a conclusão
que teria de dizer não para Christian. Não podia simplesmente abandonar todas
as suas crenças e se transformar em uma submissa. Não tinha em seu corpo sem
mesmo uma gota de sangue submisso. Sempre fora a aluna mais contestadora de sua
escola. Brigava pelo que era certo. Questionava os tios e professores quando
lhe diziam não.
- Sou uma garota independente! – Com
essa decisão adormeceu.
E
sonhou com um homem belíssimo, de olhos acinzentados e barba por fazer andando
por uma fazenda distante. Ele lhe chamava para ir com ele.
Na manhã seguinte estava devorando
seu café da manhã no jardim quando José e Alice chegaram. A prima resolveu
provocá-la logo cedo. Hoje não estava para brincadeiras. Muito menos as
venenosas vindas de Alice.
- Se comer assim, querida prima, vai
ficar gorda feito uma porca e até o Christian, tão apaixonadinho, desiste você.
- Você deveria ir contar as
celulites da própria bunda ao invés de cuidar o que eu como, Alice. Eu não fico
gorda, querida prima, fico gostosa. E o Christian não está reclamando.
- Não briguem meninas. – José sempre
tentava apaziguar as discussões. – Ana...eu queria ir montar com você hoje.
- Claro primo! Vamos sim. – Ela
ficou feliz por poder tirar Grey e seu contrato insultante do pensamento por
algumas horas.
- Mas eu achei que você vinha ficar
na piscina do clube comigo, primo. – Alice fez biquinho e reclamou.
- Eu passei os últimos dias com
você, Alice. Hoje vou cavalgar com a Ana. Logo papai quer que eu assuma um
cargo na diretoria do banco e daí acabaram os dias de farra.
Foi uma manhã deliciosa. Somente
ela, José o os cavalos. Seu primo era um rapaz fantástico. Daqueles que mesmo
riquíssimo não era esnobe e tratava a todos bem. Conversavam sobre muitos
assuntos. Os filmes que viram, os livros que leram, saudades das férias da
infância...e muitas outras coisas. Ser feliz ao lado de José era fácil. E isso
evidenciava o quanto a relação com Grey era difícil.
Foram almoçar juntos e, já no
restaurante, José deixou-a sozinha na mesa para cuidar de outros assuntos. Foi
aí que tomou coragem, pegou o celular e discou o número dele. Por sorte caiu na
caixa de mensagens.
“Oi.
É a Ana. Espero que você esteja bem. Sei que me deu uma semana para pensar, mas
já tenho sua resposta. É não. Eu me apaixonei por você. Mas não posso largar
minha vida para virar um capacho e saco de pancadas seu. Adeus, Christian.”
Desligou o telefone o mais rápido
que pode. Estava leve por ter desabafado, mas triste por ter afastado o homem
que amava. Lágrimas encheram seus olhos. Fora covarde e nem mesmo se despediu
dele pessoalmente.
- Tudo bem, Ana? – Perguntou José ao
retornar à mesa.
- Quase tudo. Vocês homens são muito
complicados.
- Nós? Eu não sou nada complicado.
Seu namorado pode até ser.
- Porque diz isso? Acha o Christian
complicado? – Ela não disse que tinha terminado com ele. Se é que tinham
terminado.
- Complicado? Não sei. Ele sempre
foi muito fechado na faculdade. Não tinha amigos a não ser uma mulher mais
velha.
- Mulher mais velha? – Como assim?
- É, mas ele não a apresentava para
nós. Nem saía com outras garotas. Devia ter um caso com ela. Mas acho que
acabou. Depois que concluímos nossos cursos, boa parte do pessoal voltou. Eu, o
Grey e mais alguns é que ficamos fazendo pós e outros cursos. Não o vi com
ninguém nos últimos tempos.
- Nenhuma namorada?
- Ninguém. Mas ele nunca falava da
família nem de ninguém. Seu namorada parece ser muito calado e discreto...mas
boa gente. Por mais que eu me arrependa de tê-lo convidado para ir lá em casa,
tenho que aceitar que ele é um bom homem.
- Porque se arrependeria, José?
Ele
olha para a prima por alguns minutos.
- Você sabe o porque. Se ele não
tivesse ido àquela festa, vocês nunca teriam se conhecido e aí, talvez, você
teria me dado uma oportunidade.
Anastásia ficou vermelha de
vergonha. Não iria negar. Talvez José estivesse certo. Ele poderia tê-la feito
feliz. Mas isso foi antes de conhecer Christian Grey. Agora nenhum homem
parecia poder competir com ele.
Somente no meio da tarde Christian
ouviu a mensagem deixada por Ana. Ela estava nervosa. Quase gaguejava. Não
parecia ter desistido completamente do relacionamento deles, mas estava dizendo
não claramente.
- O que eu faço agora? – Disse dando
um murro na mesa.
Não queria e não podia desistir
dela. Sua vontade era ir até a mansão onde vivia colocá-la sobre os ombros e
obrigá-la a se submeter a ele. Não podia. Malditas obrigações legais! Sempre
teve a mulher que desejou...desde Elena, de quem foi submisso e depois com quem
aprendeu a dominar e com todas as parceiras que se seguiram. Nunca, nenhuma lhe
disse não. Mas não era essa a questão.
- Posso achar outra mulher quando
desejar!
- Não...não podia. Não a mulher que
merecia sua vingança. Anastásia era com ela. Era como a prostituta do crack.
Anastásia não respeitava, não amava. Só usava e jogava fora sem nenhuma
preocupação. Não zelava por aqueles que a amavam assim como a mulher que o
colocou no mundo não zelou por ele.
- Você não vai escapar assim de mim,
Anastásia.
Ana pretendia sair para dançar com
os amigos quando bateram na porta de seu quarto. Era a tia. Não estava com cara
de quem queria bater um papo amigável.
- Sim, tia. Quer falar comigo?
- Sim. – Disse ela já entrando. –
Não gostei do que você fez hoje.
- Bom, isso não é muito novidada.
Mas o que lhe desagradou dessa vez?
- Não fale comigo nesse tom! Posso
não ser sua mãe, mas te criei quando não tinha nenhuma obrigação de fazer isso.
– Lembrou a elegante mulher.
- O engraçado é que para Alice a
senhora não atira isso na cara a cada oportunidade que aparece.
- Porque Alice sabe se colocar, sabe
se comportar, sabe não envergonhar minha família. Enquanto você não nega a raça
que tem.
- Pois eu tenho a mesma raça que a
sua família, tia Melissa. Sou filha do irmão do tio Ray.
- Mas puxou a sua mãe! Uma mãe que
envergonhou a família ao fugir com outro homem.
Ana cresceu ouvindo cochichos desse
assunto. Era o que todos comentava. Carla tinha se envolvido com outro homem e
foi embora abandonando marido e filha. Seu pai morreu de desgosto. Mas nunca
fora tão humilhada. Nunca tinham lhe ofendido dessa forma.
- E posso saber o que tanto a
ofendeu titia? O que eu fiz de tão grave para vir aqui me dizer essas coisas?
Melissa pareceu se envergonhar do
que disse.
- Desculpe, Ana. Sei que não tenho
que te falar isso. – Ela resolveu mudar de assunto. – Alice passou o dia triste
porque José ficou com você.
- Ela tem de reclamar com ele. – Ana
respondeu.
- Não é assim e você sabe. Alice ama
o meu filho e você sente nada por ele. Então porque fica dando corda as
investidas dele. Vá viver sua vida com o Grey ou com qualquer outro dos seus
namorados. Alice é a mulher certa para José! Eles podem formar uma família.
- Mas tia...
- Estou te pedindo Anastásia, não
estrague a vida de meus filhos. Deixe-os serem felizes juntos.
E com isso a tia deixava claro que para
ela Alice era como uma filha. Ela não.
- Eu entendi o recado, tia. Agora,
por favor, não me deixe sozinha. - Disse
ela querendo ficar sozinha para chorar.
Precisava
pensar na vida e tomar uma atitude. Era muito triste viver numa casa onde não
era desejada. Onde nem mesmo seu tio Ray a tratava bem mais. Logo ele que fora
um pai para ela durante a infância, agora a tratava com frieza. Não tinha mais
o que fazer ali.
_________#____________
O relógio marcava 11:45. Christian
havia tomado banho e estava só de roupão olhando pela sacada de seu quarto de
hotel. Já tinha falado com Taylor, o administrador que contratou para a
fazenda, e tudo estava perfeito. Havia contratado uma governanta chamada Gail
para preparar tudo. E ele mesmo tinha organizado seu quarto de jogos, que agora
era um cômodo proibido e trancado a chave. Tudo pronto para receber a dona da
casa. Sua esposa. Sua mulher. Sua submissa. Anastásia. Só que ela disse não.
O mau humor tomava conta de seu
corpo. Do que ela precisava? Flores e chocolates? Podia dar isso a ela. No dia
seguinte iria procurar Ana. Tinha que fazê-la reconsiderar a resposta.
Precisava de sua vingança. Precisava de Anastásia.
Sem
que a recepção o hotel o avisasse, a campainha da porta toca. Não estava
esperando ninguém e nem mesmo trocou de roupa para atender. Sua surpresa e
felicidade não poderiam ser maiores ao abrir a porta.
- Ana...você aqui? Eu ouvi sua
resposta e ia procurá-la para fazê-la pensar melhor em minha proposta. – Ele
percebeu que ela estava perturbada, mas não a deixou falar. – Podemos negociar
algumas partes do contrato. Você me dirá quais limites eu não posso ultrapassar
e eu respeitarei isso.
- Sim, Grey. Eu estou dizendo sim à
sua proposta. Vou me casar com você e morar na fazenda.
Nota da autora: Se alguém
se interessar. Esse vídeo tem um gostinho do próximo cap:
É a entrada da novela
A Mentira aqui no Brasil. A música é cantada por Bruno e Marrone e é MUITOOOOO
dramática. Mas têm cenas do casamento do nosso casal. (q na novela se chamava
Verônica e Demétrio) É pra quem curte um drama.
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