Os braços dele estavam a minha volta, suas mãos pareciam estar em todos os lugares do meu corpo. Inferno de homem gostoso. Christian estava quente...nós estávamos...o calor de um entrava na pele do outro. A barba pinicava passeando pelos lugares mais delicados. De repente sinto as mãos serem atadas a cama.
Anastásia acordou com o corpo úmido
de suor. Aquele desgraçado a estava deixando maluca de desejo. E agora, depois
de quase dois meses enlouquecendo-a sem jamais consumar o ato, volta para a
fazenda e deixa-a pegando fogo.
- Não vai adiantar me ligar. Lá o
sinal do celular é terrível. – Disse ele no aeroporto quando ela foi se
despedir.
- Vou sentir sua falta.
- Isso é bom. – Ele sorria
orgulhoso.
- Não é não. - Ele ia ficar três semanas fora. – Eu quero
ser sua.
- E será...na hora certa. Ana, eu
não vou te tratar como uma qualquer. Quando você decidir ser minha...será para
sempre. Não vou aceitar menos que isso. Sem falar que...nada irá acontecer
antes de cuidarmos da papelada.
- Que papelada? – Anastásia ficou
confusa.
- Três semanas Ana. Espere três
semanas. Quando eu voltar vou te contar algumas coisas ao meu respeito. E, se
você quiser, nós vamos selar o nosso relacionamento.
- Selar? Como assim? Você está me
assustando, Grey.
- Digamos que eu vou NOS dar uma
oportunidade de conversar claramente, dizer a verdade nua e crua na cara do
outro.
- Eu nunca te menti. – As vezes Grey
falava como se fosse outro homem. Existiam dois Christians dentro dele. E ela
estava descobrindo que amava aos dois...mesmo que um parecesse tão misterioso
que ela não sabia defini-lo muito bem.
- Não vou te explicar nada agora. Três
semanas Anastásia.
Ambos sentiram a falta um do outro.
Ele corria contra o tempo para preparar a fazenda. O plano era simples: traria
Anastásia para viver naquele lugar longe de tudo e de todos. Lá só viviam
empregados fiéis. Ela estaria ao seu dispor. Com...o tratamento correto iria
confessar seu ‘crime’ e seria punida. Não ia parar enquanto ela não se
arrependesse totalmente do que fez. Depois disso, TALVEZ, seria libertada.
O único porém desse plano era o
sentimento de que, por mais mentirosa e escorregadia que Anastásia fosse, não
podia simplesmente rapta-la e trancafiá-la em um lugar longínquo, lhe
apresentar o suas práticas sadomasoquistas e obrigá-la a se tornar sua escrava
sexual. No fundo de seu mais profundo amargor por todo o mal que ela fez a sua
família, uma parte sua desejava trancafiá-la e castigá-la noite após noite.
Marcá-la com as próprias mãos, cintos, varas e tantos outros objetos. Obrigar
Ana a usar uma coleira e chamá-lo de SENHOR, sem sequer poder-lhe olhar nos
olhos. Só que não podia. Era errado. Ela precisava saber de seus gostos,
aceitar ser submissa e, mesmo sem entender o real motivo, submeter-se a
obedecer. Teria que assinar o contrato e ser sua...sua esposa.
Casar nunca fora um plano, muito
menos um objetivo. Mas seria importante estar atado à Anastásia para legalmente
ela lhe pertencer. Ajudaria a ela aceitar sua posição de subimissão. Dessa sim,
depois de entrasse na fazenda, Anastásia não conseguiria fugir. Ele não ia
deixar. Para se vingar sim, claro, era o motivo principal, mas também porque a
desejava. Nunca desejou tanto uma mulher. Queria lhe proporcionar sofrimento,
mas também precisava do seu prazer. Ela era tão sensual, tão
enlouquecedora...era uma mulher perigosa. E seria enjaulada e domesticada.
Na capital financeira do país, Anastásia passava o tempo entre cavalgadas e ensaios de dança. Não tinha mais
um partner fixo já que o bailarino que normalmente a acompanhava foi
transferido no trabalho e mudou de estado de uma hora para outra, mas foi a uma
gafieira para sambar com alguns amigos.
- Ana? Ana? Em que país você está? –
Kate, sua melhor amiga, perguntou quando estavam bebendo à mesa.
- No Brasil. No Mato Grosso, para
ser mais específica. – Ela disse sorrindo. Seu coração estava com Grey.
- Você tá caidinha por ele. – Kate
concluiu. – Eu não vou com a cara dele, Ana. Parece que quer te monopolizar.
Quando estava aqui você não conseguia sair com a gente. Ele tinha ciúme de
qualquer um que dançasse com você. Esse Grey é um mandão possessivo! E mora
muito longe! Tá afim de virar fazendeira?
- Com ele eu vou até pro inferno. –
Era simples assim.
As três semanas pareciam tão
distantes sem ele. Falavam-se pelas redes sociais e por e-mail. Mas era pouco.
Queria Christian ali, queria seu calor, sua pele, seus olhos acinzentados, seu
toque. Sua vida ia mal. A tia continuava lhe tratando mal. Agora proibira seus
amigos de entrar na mansão.
- São um bando de jovens drogados e
sem educação! – Disse Melissa. – Só lhe ensinam coisas que não prestam.
- Isso não é verdade tia!
- Não grite com sua tia, Anastásia.
– Ray falou friamente. De uns dias para cá ele estava assim. Não entendia o por
que.
- Mas tio...
- Não, Anastásia. Não haverá
discussão. Sua tia disse não. – Ele colocou fim ao assunto.
- Ok. Então eu vou encontrar ele
fora daqui!
Saiu de casa magoada. Queria que
Christian estivesse ali. Ele poderia lhe fazer companhia e ajudá-la a entender
o que mudou com seu tio. Até mesmo José estava mais distante. E não tinha
motivo nenhum.
- O que houve? – Kate perguntou após
ver a amiga chegar em sua casa toda chorosa.
- Meus tios...não sei porque me
tratam diferente agora. Bom...o tio Ray. Porque para a tia eu nunca fui grande
coisa mesmo.
- Não liga, Ana. Você já é maior de
idade. Se quiser, pode pegar a herança que seu pai te deixou e ir morar
sozinha.
- Eu sei. Mas não me falta nada e o
tio Ray sempre cuidou muito bem do meu dinheiro. É só que antes ele me tratava
como filha e agora não mais.
- E o José?
- Também tá estranho. Mas é porque a
Alice grudou nele feito carrapato. Acha que vai virar a dona da casa. Por isso
fica puxando o saco da tia Melissa. Aquela cobrinha pensa que me engana! Mas o
José é esperto. Duvido que fique com ela.
- Também acho...até porque ele adora
você.
- Mas eu tenho o MEU Grey.
- SEU?
- Sim, meu, só meu. – Grey a fazia
se sentir viva. – Ele volta em uma semana. Já estou morrendo de saudade.
- Vai com calma Ana.
- Por que você implicou com ele,
Kate?
- Porque eu nunca te vi baixar tanto
a guarda para um homem. E ele tem algo que me incomoda. Ele não fala toda a
verdade sobre ele. Você sabia que ele foi adotado aos três anos depois de
sofrer muitos abusos? Sabia que a família dele é de classe média, mas ele fez
uma fortuna no mercado financeiro e nem sequer utiliza o diploma de engenheiro
que conquistou na Europa?
- E isso é crime, por acaso?
- Não...mas ele é estranho! – O
sexto sentido de Kate estava gritando. – Por favor, amiga, vai com calma.
Calma foi tudo que Ana e Grey não
tiveram. Quando voltou da fazenda Christian a levou para jantar fora. Era um
restaurante exótico, bonito e de cardápio apimentado. A noite foi repleta de
surpresas.
- Você confia em mim, Ana?
- Claro.
- Eu quero testar isso. – Eles
estavam olho no olho. Era a hora da conversa definitiva. – Quero que vá até o
banheiro, tire sua calcinha e traga ela na mão. Discretamente, é claro. Você
irá me passar ela por debaixo da mesa.
- Mas...mas..
- Confia ou não confia?
Com as pernas tremendo, mas adorando
a brincadeira Ana fez o que ele pediu. Entrou no reservado, tirou a minúscula
peça de seda e, dobrando-a o máximo que pode levou-a, depositando-a nas mãos de
Christian.
- Ótimo. Agora coma. – Disse ele como
se fosse absolutamente normal. – Não fique me encarando, Anastásia. Coma! Não
gosto de desperdícios.
Ela não entendeu a bipolaridade, mas
sentia sua intimidade úmida de desejo. Será que ele finalmente iria transar com
ela? Onde? Precisava desse homem urgentemente.
O jantar terminou e Grey levou-a
para seu quarto de hotel. Estava lindo e sexy em uma roupa que misturava o
esporte com o social.
- Eu disse que quando voltasse nós
iríamos conversar, Ana. Hoje eu vou te mostrar quem é o verdadeiro Grey. Pode
ir embora, desse quarto e da minha vida, quando quiser.
- Quer que eu vá embora? – A ideia
machucava.
- Não! Mas quero que tenha a opção
de ir embora. Hoje...ao menos...depois eu posse não ser tão ‘liberal’.
- Você está tentando deliberadamente
me assustar. Não vai conseguir, Christian Grey. Eu te quero e não vou sair
correndo por essa porta.
- Vamos ver...vamos ver. – Ele
sorria mostrando todo seu charme e caminhava até ela. Com poucos movimentos
arrancou seu vestido pela cabeça. Ana estava agora completamente nua à sua
frente. – Maravilhosa. Um corpo digno de todos os elogios possíveis.
- Isso não é verdade. Estou até um
pouco gordinha. Essas semanas sem você me fizeram devorar algumas barras de
chocolate a mais.
- Quem gosta de osso, linda
Anastásia, é cachorro. Eu prefiro uma mulher carnuda. – Ele a apalpava
despudoradamente. Os seios redondos, o ventre macio, as coxas curvilíneas e os
quadris fartos. Perfeitos para o que tinha em mente. – Venho sonhando em tê-la
na minha cama há muito tempo. Amarrada à minha cama.
- Amarrada? – Isso foi uma surpresa.
Ele nem mesmo respondeu. Quando Ana
percebeu, suas mãos já estavam unidas à cabeceira da cama pela gravata que há
poucos minutos estava em seu pescoço. O nó era apertado. Ela deveria estar
sentindo medo, mas só conseguia perceber a sedução daquilo.
- Gostosa! – Dizia ele passeando por
seu corpo com as mãos, lábios, língua ... e dentes.
- Ai Christian. – Ela gritou quando sentiu um mordida forte na parte de
baixa de sua coxa. – Isso vai ficar marcado!
- Essa é a intenção, Ana. É para
você usar somente saias mais longas na próxima semana...já que eu não estarei
com você. Ou, se usar suas minissaias, terá que explicar que seu homem te
deixou essa marca.
- Não estará comigo? – A saudade foi
maior que a raiva pela frase machista.
- Sim, vou te dar uma semana de
‘folga’ para pensar no que tenho a te propor.
- Mas eu... – Ela começou a falar,
mas parou quando seu corpo foi erguido brutamente, seu quadril posto para cima
e sua bunda, de forma surpreendente, foi vítima de uma série de golpes dados
com a palma da mão. – Ai, ai...
- Shiiiii não fala...absorve a dor e
o prazer. Sente Ana, sente como você fica quente na minha mão.
- Sim, mas não precisava me bater.
- Precisava...eu vou bater
novamente.
Deixando essa frase no ar ele voltou
a acariciá-la intimamente. Suas pernas estavam abertas completamente, ele as
segurava nessa posição para ter completo acesso. Com a língua a fazia gemer
desesperadamente.
- No futuro, se ainda me quiser,
você irá mudar a forma de se depilar. Quero você lisinha. – E seguia
enlouquecendo-a com a língua e lábios.
- AAaaa vai Grey...vemm...vem...eu
quero você todo.
- Você já me tem, Ana. – Ele não
gostava de assumir isso, mas era verdade.
- Eu quero você dentro de mim, Grey!
AGORA!
- Vou te fazer gozar assim, Ana. Só
assim,
- Não! – Ela queria tudo. Queria ele
todo, não apenas a boca.
- Isso quem decide sou eu. – Mais um
tapa estalado. Dessa vez na coxa.
-Aaaa – Não sabia se o gemido foi de
dor ou de prazer.
Logo Ana desvanecia na cama, acabada
e cansada de seu primeiro orgasmo sem penetração.
- Você pode me desamarrar agora? –
Se ele a deixa assim sem entrar nela, imagina quando o fizer?! Jesus que homem
é esse? Era só nisso que conseguia pensar.
- Sim, posso. – Depois de desfazer o
nó, ele foi até a mesa e pegou uns papeis.
- Acabou a brincadeirinha de
submissão? Eu gostei. Apesar de achar que terei algumas marcas e algumas dores
amanhã.
- Não foi uma ‘brincadeirinha’
Anastásia. Essa é a minha vida. Esse dominador sou eu.
Ana ficou nervosa com a frieza que
via em seus olhos. Não era brincadeira.
- Que papeis são esses?
- Vamos ter uma conversa bem íntima
aqui. Esse é um termo onde você se compromete a não falar com ninguém sobre
minhas preferências sexuais. Não é algo público. Assine! – Era uma ordem.
- Sim, claro. Afinal a minha família
ia adorar ler nos jornais que eu estou com a bunda ardendo graças a você! –
Isso ela podia assinar com tranquilidade.
- Ótimo. – Ele guardou a folha
assinada e deu a ela uma cópia. – Você não sabe, querida, o que é ficar com a
bunda ardida. Ainda! Pretendo mudar esse fato.
- O que? – Agora ela sentiu medo.
- Esse outro documento é um
contrato. Um contrato de submissão. Quero que você seja minha, Anastásia. Minha
submissa. Vou te dar muito prazer, mas também, disciplina. Você irá aprender a
ter regras, a levar uma vida melhor, mais saudável, com alimentação e
exercícios nas horas certas. Sem se expor sem necessidade e ganhando de mim
tudo o que você precisa.
- Virando seu saco de pancadas?
- Você gostou de cada tapa que eu te
dei nessa cama. Não negue!
Sim,
isso era verdade.
- Aqui está o contrato. Leia com
calma. Você terá uma semana para pensar. Se assinar, virará minha mulher e
minha submissa. Se disser não, nunca mais me verá.
- Sua mulher?
- Sim, Ana. Estou te pedindo para
ser minha submissa e MINHA ESPOSA. Quero que se case comigo e venha morar na
fazenda. – Esse não era o pedido de casamento que ela imaginava.
Ana passou os olhos rapidamente
pelas folhas. Algumas palavras a assustaram:
Surras
Castigos
Regras
Obediência
total
Cintos
Varas
Cinto
de castidade
Torturas
sexuais
Santo Deus! Ele era louco. Como
assim...ter o direito de castigar? Mas ficar sem ele parecia tão ruim e
doloroso. Doeria mais que uma surra? Ele queria controlar sua alimentação,
obrigá-la a fazer academia com a regularidade que bem entendesse, regrar até
sua higiene pessoal e escolher suas roupas.
- Você é louco.
- Depois que assinar, esse tipo de
declaração será motivo para receber uma bela
sessão de disciplina. – Ele se aproximou e sussurrou em seu ouvido. –
Nua, de traseiro pra cima, sobre os meus joelhos.
- Mas eu não assinei ainda. – Mas lá
no fundo pensava em assinar.
- É..ainda não.
Ana deixou o hotel levando o
insultante contrato. Tinha uma semana para pensar.
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