James
não atendia ao celular. Minha mãe não quis dar notícias e quando liguei para
casa fui informado que Ana não estava, ficou no hospital fazendo companhia a
Esme. Cheguei aos EUA totalmente no escuro quanto ao que acontecia com minha
mulher. Para piorar, fui recepcionado por flashes de paparazzis no saguão do
aeroporto. Para tentar me fazer reagir eles faziam perguntas desrespeitosas:
“Será que ela o estava deixando novamente?”, “ Ela ia se encontrar com algum
cara?” e “ E loira que estava com você? Ficou no México?”
A
última pergunta me intrigou mais do que enfureceu. Loira? Que loira? Eu viajei
sozinho e não me encontrei com mulher alguma por lazer ou diversão. Parecia que
o acidente não era o único boato circulando com o nome de minha família. Mas
isso era assunto para depois.
-
Hospital Geral, por favor. – Disse ao taxista.
Aproximadamente
15 minutos depois eu estava falando com a recepcionista do hotel que indicava o
andar onde Bella estava sendo atendida. A avistei na sala de espera junto com
Ana.
-
Menino, que bom que veio. – Fui saudado por Ana.
-
Podem explicar o que ocorre? – Elas se olhavam e eu elevei a voz. – AGORA MÃE!
-
Algo aconteceu depois que chegamos. Ela estava bem, feliz e tranquila em nosso
passeio. Quando chegamos fomos cada uma para seu quarto para se refrescar e
quando saí de meu banho Ana já estava gritando por socorro.
-
Você viu o que houve? – Me dirigi a Ana.
-
Não tudo. Estava na ala leste da casa com James quando o alarme do portão
eletrônico que ele carrega soou informando que ele estava sendo aberto. Ele
perguntou se alguém era esperado e eu respondi que não. Então sua feição mudou,
ele ficou desconfiado e, quando ouvimos o motor de um carro rugir da nossa
garagem, saiu correndo. Fui atrás e vi quando a menina estava quase no meio do
caminho até a saída e James corria para cozinha querendo alcançar a chave geral
do portão. Qualquer um que visse saberia que aquilo acabaria em acidente. Não
sei se Bella o viu ou se ouviu meus gritos, mas ela acelerou ainda mais e eu
torci para que saísse, para que desse tempo. Não foi possível, o portão se
fechou e ela bateu contra a grade.
-
Que notícia temos dela? Posso vê-la?
- Não, meu filho. Ela está sendo tendida.
Passando por uma pequena cirurgia.
- O que? – Cirurgia? Como? Ninguém é
operado por nada grave. – O que há com ela?
- Calma Edward. Não é nada sério. Parece
que ela tinha as duas mãos segurando fortemente no volante e como a batida foi
frontal, teve lesões nos pulsos.
Nenhuma
daquelas palavras foi capaz de me deixar tranquilo. De qualquer forma eu não
considerava a possibilidade de deixar o hospital antes de conversar com o
médico e me certificar de que ocorreu tudo bem na tal operação. Quase 40
minutos depois fui chamado na sala do traumatologista responsável pelo
hospital.
-
Bom dia Senhor Cullen. Eu sou o Dr. Riley Biers. – Achei ele um pouco jovem demais, mas nessas circunstâncias,
correndo tudo bem, não faria oposição.
-
Espero que tenha corrido tudo bem com minha esposa?
-
Sim, tudo ocorreu da melhor forma possível.
-
Não sei por que, mas essa resposta não me passou confiança.
-
O corpo humano infelizmente não se recupera totalmente de uma hora para outra.
A cirurgia correu bem, mas ainda levará algum tempo para ela se recuperar
plenamente. Ossos não se curam automaticamente.
-
Pode dizer exatamente o que se passou. Ela chegou aqui com ambos os pulsos
machucados, além de escoriações e do hematoma provocado pelo cinto de
segurança. O punho esquerdo teve apenas uma luxação e não deve demorar mais do
que 3 semanas para estar normal. O direito foi mais agredido e era nele que eu
trabalhava na operação. Ele está com duas fraturas e serão no mínimo três meses
até ela ter totais movimentos nessa mão. Talvez precise de fisioterapia.
-
Mas não houve nada mais grave? Fizeram todos os exames? A coluna, as pernas
dela? Está tudo normal, perfeito?
-
Tudo 100%, senhor Cullen. Quando sua esposa sair da sala de recuperação poderia
dançar pelo hospital, desde que não mexesse as mãos.
-
Ok. Posso ver minha mulher?
-
Ela deve dormir por toda essa noite. Aconselho ao senhor que vá para casa e
venha lhe fazer companhia amanhã cedo.
Fui
para casa com minha mãe e Ana. Todos voltaríamos bem cedo para ver Bella
acordar. Quando ambas já haviam se recolhido e ainda estava na sacada da casa
tentando entender o que se passou. A revista sobre a cama chamou minha atenção.
O texto provocou minha ira. Em resumo era dito ali que eu estava no México com
uma loira de curvas esculturais aproveitando as praias da região. Obviamente
não haviam fotos daqueles momentos inventados pela publicação, mas só as
palavras já podiam causar grande estrago em minha reputação de empresário confiável.
Afinal, todos em minha empresa acreditavam que eu ia ao México para fechar
importantes negócios e não para namorar.
Estava
muito claro que aquela notícia foi plantada por alguém que ganharia muito me
desmoralizando. E era coincidência demais eu ter terminado com uma loira
escultura apenas dias antes dessa bomba ser publicada. Ali tinha dedo de Tânia
e ela pagaria por inventar histórias que certamente causariam problemas
profissionais e familiares. Já criou, afinal a revista não chegou ao meu quarto
por nada. Isabella leu sobre minha aventura em solo mexicano e saiu em
disparada contra um portão. Eu teria que descobrir as razões. Mas amanhã porque
hoje o cansaço queria me desmontar.
Acordei
cedo na manhã seguinte e fui atrás da verdade do que se passou em minha cada na
ausência do dono. Estávamos todos tomando café quando Ana informou que James
estava na cozinha aguardando ordens para o que fazer no dia de hoje.
-
Mande-o ao meu escritório. – Eu tinha uma surpresa aguardando por ele lá. As
imagens de câmera de segurança mostravam que ele fechou o portão vendo o que se
passava. Ele não tinha motivo algum para isso, mas sabia que com aquela atitude
poderia matar Bella.
-
Eu não demorarei mais que alguns minutos para resolver isso. – Informei Esme.
-
Mandou me chamar, patrão?
-
Sim, é claro. Afinal Ana só faz o que mando.
-
Exatamente como todos os seus empregados. No que eu me incluo.
-
Será James? – Eu tinha a voz bem controlada e se James estava nervoso, sabia
disfarçar. – Eu não me recordo de tê-lo orientado a matar minha mulher.
-
Ela está viva senhor. Eu sempre soube que aquela pancada não a mataria, no
máximo quebraria uma unha de sua mulher.
-
Uma unha? Pois fique sabendo que minha esposa passou por uma cirurgia ontem
está com sérias lesões em ambas as mãos.
-
Ela arriscou um acidente quando roubou uma chave e tentou fugir.
-
Não podia ter permitido isso.
-
Não permiti. Ela tentou, mas não fugiu.
-
Podia estar morta! – Desta vez eu ergui a voz. Rodei o vídeo em sua frente. –
Veja, você via o quanto ela estava próxima e mesmo assim fechou.
-
O senhor teria feito o mesmo. Se deixasse ela sair, Isabella sumiria no mundo
novamente ou o senhor já se esqueceu do quanto ela é esperta?
-
Não se meta em minha vida ou em minhas decisões! Você é meu empregado e obedece
minhas ordens.
-
E assim o fiz. Ou se esqueceu quando disse: “ Se ela tentar fugir, caberá a
você impedir.” Eu apenas fiz meu trabalho.
-
Não acha que se acedeu?
-
Nem um pouco. Ela teve o que mereceu.
Meu
sangue ferveu.
-
Está despedido. Deixe minha casa agora!
Assim
que ele o fez peguei minha mãe e Ana e rumei para o hospital deixando os demais
empregados avisando que James estava proibido de entrar em minha casa
novamente.