Não era possível esquecer a cena
protagonizada por Bella na sala de espera da maternidade. Era uma leoa de
garras afiadas pronta para fatiar a pele de quem ousasse sugerir qualquer coisa
que não fosse eu e os bebês ao lado dela e somente dela. E isso me fez sentir
um verdadeiro macho alfa sendo disputado pela mulher amada. Não que fosse
necessário. Eu era todo de Bella sem ela precisar fazer esforço algum.
Mas além de estranha, aquela reação
exagerada não fazia bem para a saúde de Bella e deixa a todos estressados.
Todos inclusive as crianças que ainda choramingavam.
- Calma bebês da mãe. Eu não vou mais gritar.
A moça feiosa já foi. – Dizia Bella e eu me perguntava se isso era culpa do
distúrbio hormonal.
- Amiga! Você abalou! Colocou a
cabelinho em chamas pra correr. – Alice estava achando a cena divertidíssima.
- Ela já me tomou um Cullen. Não vou
deixar ela ficar com o outro. No meu filho ela não toca!
- Bom... e Edward, eu acho que você e
Bella precisam conversar. – Minha mãe sugeriu. – Acompanhe ela até o quarto.
Depois que ela se acomodou eu toquei
no assunto.
- Bella, vamos deixar uma coisa bem
clara. Eu...
- Eu sei o que irá dizer Edward. Você
não me pertence. Me pediu uma nova oportunidade e eu negue e agora você está
reconstruindo sua vida com Victória. Vão certamente formar uma família. – De
repente ela começou a chorar. – Uma família cheia de Edwardzinhos ruivos.
- Bella eu n...
- Mas ok, eu aceito que não posso evitar.
Mas meus filhos não! Você pode ter outros bebês e eu não então...
- Você também pode. Seu útero está
perfeito.
- Mas eu não quero se não for com
você!
- Eu também não quero que você tenha
os filhos de outro.
- Seu machista!
- É ser machista não aceitar que
minha mulher dê a luz crianças que não são minhas? Não Bella. Eu chamo isso de
fidelidade mútua, já que eu também só terei filhos seus.
- Mas...
- Mas nada! Porque acha que eu estava
tão alucinado para você engravidar? É por que se não fosse com você, eu não
desejava bebês. E tem mais, eu amo você! Só me aproximei de Vic por fraqueza,
por carência. Volta pra mim Bella...por favor!
- Eu...também te amo.
Eu não deveria, era muito cedo. Nós
ainda estávamos engatinhando uma reconciliação e eu deveria aguardar o tempo
dela. Mas sensatez nunca foi meu forte e eu me debrucei sobre o leito
hospitalar e a beijei com sofreguidão para tentar apagar a fome de tantos meses
de afastamento. Ela não fugiu, não revidou e também não se satisfez com pouco.
Oi um beijo longo, nenhum de nós queria descanso. Oxigênio pra que mesmo?
- Bella eu...
- Cala a boca e me beija!
Como eu ousaria negar? Eu teria de
não ser homem para ficar distante dela. Infelizmente, alguns poucos momentos
depois, após uma leve e rápida batida na porta a médica de Bella entrou e fez
cara feia para minha posição sobre a cama. Se bem que meus lábios inchados
podem tê-la chateado mais.
- Que bom que cheguei a tempo. Poderia ter
chegado tarde para avisar aos papais do período de resguardo... – Ela disse
mesmo sabendo que não faríamos nada a mais que trocar alguns beijos.
- Desculpe.
- Tudo bem. Só não se esqueçam. Serão dois
meses de descanso Bella. Nossas avós chamavam de ‘quarentena’.
- E não deveriam ser 40 dias, então?
- Não, porque nossas avós costumavam parir um
filho de cada vez.
- Elas eram mais espertas que eu então. –
Bella disse sorrindo.
Mas tudo se tratava de brincadeiras
sem muito sentido. Eu e Bella não estávamos certos de nossa relação e mesmo que
ela não tivesse negativas médicas, não iríamos nos atirar na cama mais próxima.
Um simples ‘eu te amo’ é lindo, cheio de significado, mas não resolve tudo.
Ambos já amávamos um ao outro há muito tempo, anos sem compreender exatamente o
que sentíamos e isso não nos impediu de fazer o outro sofrer. Nem só de amor é
feito um casamento e o nosso, em especial, dependeria de sermos sinceros.
Levei Bella, Thomas, Soph e Marie para casa
três dias depois. Foi uma verdadeira aventura! Esme carregava um bebê, Rose
outro e o terceiro ia no colo de Bella enquanto eu empurrava a cadeira de rodas
dela. Jasper e Emennt ajudaram com as bagagens. Foram três carros! Bom...Bella
não estava nada satisfeita por sair carregada do hospital. Mas era só um
cuidado a mais, feito à pedido da equipe médica. Em casa também, ela deveria
fazer repouso por mais uns dias.
- Isso significa que quem terá de levantar à
noite será você ED! – Debochou Emennt.
Mal ele sabia que eu passaria todas as
madrugadas obsevando minha família dormir, de guarda à segurança deles se isso
garantisse que tudo voltaria ao normal definitivamente.
Fiamos temporariamente no apartamento de Bella
porque esse estava melhor equipado para nossos filhos. Quando os três já
estavam alimentados e banhados, nossos convidados foram embora e nós pudemos
finalmente ficar à sós.
- Cansada? Quer dormir um pouco?
- Estou um pouco sonolenta, mas antes
precisamos acertar...as...coisas entre nós.
- Sim.
- E...você...vai ficar com a gente agora ou
vai voltar para a Victória?
- Bella, faz três dias que eu venho beijando
você em cada brecha de tempo que consigo ter minha mulher só para mim. Acha
mesmo que eu iria querer Vic novamente?
- Odeio quando chama ela de Vic!
- Ótimo, agora que me falou isso, não chamei
Victória dessa forma novamente.
- Simples assim?
- Sim, é muito simples. Se conversarmos
abertamente, tudo será simples.
- Você já sabe de tudo, Edward. Eu sempre te
amei, mas não desejava casar com você daquela forma.
- Mas iria casar...se não fosse a Tânia
aparecer você teria consumado o casamento naquela noite.
- Sim, teria. Mesmo tendo a certeza de que não
poderia dar os herdeiros que você e seu pai tanto desejavam, eu iria viajar com
você em lua de mel. Daí ela me ameaçou...não sei como descobriu.
- Com a ajuda do irmão dela...o James.
- O que? – Eu a choquei com essa informação.
- Eu descobri há pouco tempo. Eles sempre
estiveram juntos nisso. O plano era tirar você de campo antes de casarmos para
Tânia assumir o posto de senhora Cullen.
- E ela chegou perto né? Ficou com ela todo o
tempo em que estivemos separados. Podia ter denunciado minha fuga, conseguido a
anulação do casamento e se unido a ela.
- Não, jamais. Não sabia das barbaridades de
que era capaz, mas nunca me enganei a ponto de querê-la como senhora Cullen.
Esse posto não é para qualquer uma. – Lembrei de algo importante. – Mas tem de
contar o que ela disse para fazê-la passar mal.
- Uma ameaça boba.
- Qual?
- Disse que nos viu almoçar e passear no
shopping. Nos observava sempre, por tudo o que é lado. E que seria assim para
sempre. Falou que quando menos esperássemos ela iria aparecer e nos fazer pagar.
- Pagar?! – Como assim.
- Tânia acha injusto eu ter engravidado e não
ela de seus bebês. Para ela não é ‘natural’ já que ela sabe de meus problemas
de saúde e do tratamento médico. Falou que...
- Diga Bella!
- Que um dia iria matá-los e deixar as coisas
novamente com têm que ser.
- Desgraçada!
- Eu me desesperei, meu batimento cardíaco
acelerou e, de repente vi tudo escurecer. Só lembro de acordar no hospital para
descobrir que meus bebês haviam nascido.
- Foram as piores horas da minha vida Bella.
Se algo acontecesse eu não iria sobreviver...eu não iria querer viver.
- Mas no fim, deu tudo certo e aqui estamos.
Agora é esquecer.
- Não Bella! Não vou esquecer nada. Ela está
sendo procurada e vai presa assim que for localizada. Além disso...
- Além disso... – Ela ficou curiosa.
- Algo me diz que Carlisle tem mais
participação nessa história. Tenho muita coisa para averiguar.
- Por Deus Edward, o que fará? – Bella estava
tremendo.
- Não precisa se preocupar.
- Como não? Eu sei bem como você fica quando
está com raiva e ódio de alguém. Não quero que voltemos àquele inferno...
- Eieieiei calma. Nada afetará nossa família.
Tenho apenas de colocar essa história toda em pratos limpos. Algum dia farei
você esquecer da forma horrível com que te tratei. Eu não sou um monstro Bella.
Eu não quero ser um monstro.
- Eu sei...eu não tenho medo de você. Não
mais.
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