O
FBI amanheceu nervoso naquela manhã. Dessa vez não por culpa de Rachel, mas sim
de um roubo a banco ocorrido naquela madrugada. Sem deixar rastro, uma
quadrilha limpou um dos cofres do maior banco da cidade. Câmeras de segurança
mostraram pessoas entrando e saindo normalmente durante o dia e, ao fechar as
portas tudo vazio. Salvo a do cofre, que não tinha gravação. Alguém ou algumas
pessoas, ficaram dentro do banco, roubaram e saíram de lá sem deixar pistas.
- Fantástico. – Neal disse quando
lhe contaram.
- O que disse, Neal? – Peter
perguntou.
- Nada, nada. – Mas que o golpe era
muito bem bolado, isso era. – Já revistaram o cofre?
- Não. Vamos agora. Eu, você e...a
investigadora Lucy Moore.
- Quem? – Como assim outra
investigadora.
- Teremos o auxilio dela, é
investigadora de seguros e atua com o banco.
- Tipo...a Sara.
- Exato. – Peter deu três batidinhas
no ombro de Neal e sorriu. – Espero que você se dê bem com ela...tão bem quanto
com Sara.
- Ei...Peter...calma. Eu...
- Está na hora de deixar a Rachel no
passado, Neal. Quem sabe com Lucy...
- Petter...a Rachel é passado e eu
não preciso de Lucy nenhuma para...
- Ouvi meu nome? – Quando olhou para
trás Neal viu a mulher elegantíssima e realmente linda. – Muito prazer,
senhores. Eu sou Lucy Moore.
- Olá Lucy, eu sou Peter. Esse é
Neal...tenho certeza de que vocês vão trabalhar muito bem juntos.
A vistoria no banco foi longa.
Interrogaram funcionários e todos pareciam bem sinceros ao negar qualquer
envolvimento. Era sempre assim. Mentira. Sempre havia alguém lá dentro para
facilitar o roubo. Teriam que investigar mais. Ele, Peter e Lucy.
- Por hoje chega garotos. – Lucy
disse do alto de seus saltos altos. – Se surgir algo novo me avisem.
Ela saiu andando e eu estava prestes
a me despedir de Peter pra ir pra casa quando ele resolveu armar um encontro de
casais.
- Eu e Elizabeth vamos fazer um
jantarzinho...quem sabe, Neal, você e Lucy nos acompanham?
O olhar de Neal foi claro. Não
estava interessado. Lucy percebeu e negou o convite antes dele falar algo.
- É melhor não, Peter. Depois que a
gente concluir isso, se for para comemorar a gente marca.
- Ok. – Peter não insistiu.
Depois que ela se foi, Neal cobrou
do amigo o que ele queria com aquilo.
- O que foi isso, Peter Burke?
Versão cupido?! Acha mesmo que eu preciso?
- Ora Neal...ela faz o seu tipo e...
- Que mania que inventaram agora que
eu tenho um tipo! Você e a Rachel com isso!
- Aaaaa a Rachel...ainda a Rachel...
- Ela tá por aí com um filho meu na
barriga...não tenho cabeça pra conquistar outra mulher agora. – Era verdade.
Chegaria esse momento, mas ainda não conseguia. – E quando eu quiser...não será
uma imitação da Sara. Vocês superestimam o que tive com a Sara. Não foi tão
importante assim.
- Ok,ok...você quem sabe. Mas que a
‘imitação de Sara’ é linda você não pode negar. – Peter ressaltou.
- A Elizabeth vai adorar ouvir isso.
– Neal também sabia jogar esse jogo. – É bonita...mas poderia ter um pouco mais
de carne nos quadris.
Pra essa frase Peter não teve
nenhuma resposta. Desde quando Neal dispensava uma linda companhia
feminina...ele realmente estava abalado.
- É só pelo bebê mesmo? Ou você se
apaixonou, Neal?
- Claro que é só o bebê. Eu não
aceitaria uma assassina de volta na minha vida. Eu gostei dela. Mas acabou e
não tem volta.
- Ok, então...mas o convite pra
janta está de pé. Aparece lá em casa. – Peter insistiu.
- Acho que não...tô cansado.
E estava. Não só dos casos do FBI,
mas de mentir pra Peter, de envolver Mozzie em seus problemas, de usar aquela
tornozeleira e, principalmente, de ser sozinho. Entrava e saía dia e ele
continuava só. A única pessoa com quem podia ser totalmente sincero era Mozzie.
- O dia foi parado...sem informações
interessantes. – Mozzie disse assim que chegou. – A não ser por essa conversa
que eu gravei pra você.
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- Mãe, quero que traga esses livros
da livraria. Eu podia comprar pela internet...mas não quero deixar nenhum
rastro.
Fez-se um minuto de silêncio
enquanto Nicolle lia a lista.
- Vai começar tudo novamente? –
Perguntou.
- Eu não vou desistir, mãe. Essa
pedra vai ser minha. É só nesse dia que isso vai acabar. Faça o que estou
pedindo, por favor.
- Ok, eu vou na livraria e compro
isso. Só que vou ter de encomendar...eles não vão ter isso na prateleira. Vou
te trazer umas outras leituras também.
- Não tem problema.
- Rachel...você não quer que eu
acesse minha conta bancária então...
- Não se preocupe com dinheiro. Eu
tenho em espécie e em contas em vários bancos. – Rachel se levantou e abriu uma
gaveta. – Aqui. É só pegar qualquer cartão, ver a senha correspondente, e sacar
no automático. Sempre em quantias que não chamem a atenção.
- Esse dinheiro vem do que, Rachel?
Se for dinheiro sujo...
- Mãe, por favor. Claro que tem
dinheiro sujo aí...mas também tem a minha herança. Não fique cheia de frescura
para usar. Ok?
- Mas a sua herança estava numa
conta...
- Numa conta com o nome de Rachel
Turner, claro. Mas eu tirei de lá e pulverizei em vários lugares antes da MI5
começar a me caçar. São contas seguras, abertas com outras identidades. Essas o
Neal não descobriu. Eu não ia perder tudo pra eles. Não se preocupe, mãe.
Dinheiro não é problema.
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Rápido de raciocínio, Neal entendeu
o que Mozzie queria que ele ouvisse. Eram duas informações importantes. Rachel
realmente ia atrás de diamante e não era pelo dinheiro, afinal ela o tinha de
sobra e já era rica antes de entrar para o crime. Essa mulher era um mar de
enigmas.
- O FBI continua acreditando na
nossa história? – Mozzie perguntou.
- Sim. Eu acho...apareceu um outro
caso. E o Peter ainda começou a tentar me aproximar de uma mulher...só o que
faltava.
- Ele que se cuide...se a Rachel
descobre, aí que ela dá um tiro no engravatado! – Mozzie e seus comentários
irônicos.
- Não existe Rachel na minha
vida...existe a mãe do me filho. Eu e ela nunca vamos ter nada.
Um barulho bem mais alto saiu do
receptor e eles interromperam a conversa. A campainha da casa onde elas estavam
tocou. Parece que Rachel e a mãe receberiam uma visita.
- Espera, não abre ainda. – Rachel
disse rapidamente. – Eu vou ficar no topo da escada com a arma. Lembra...você
está sozinha. Despacha, seja quem for, o mais rápido que puder.
- Não precisa de arma! Deve ser só
um vizinho.
- Se for, melhor. Se não, eu estou
preparada. Não dá muito papo, não quero visitinhas. – Disse Rachel antes de
subir a escada.
Neal e Mozzie não ouviram o que se
passava na porta da casa, mas podiam perceber a tensão de Rachel. Imaginavam
ela, escondida, no topo da escada, com o visitante, seja lá quem fosse, na mira
da arma. Se fosse da polícia, ela atiraria.
- A palavra nitroglicerina, te diz
algo, Neal? – Mozzie perguntou.
- Sim. Isso não é uma mulher,
Mozzi...é um furação com pernas...
- Belas pernas...
- Já chega, Mozzie.
Demorou pouco mais de cinco minutos
pra Rachel voltar para a sala e tornar a guardar a arma.
- Não sei pra que isso tudo. Era a
nossa vizinha, Mary. Ela parece ser uma graça...veio me desejar boas vindas.
- Ótimo. É só não vir bisbilhotar
muito que vai ficar tudo bem, então.