Neal olhava para Rachel na sala de casa e não dizia nada. Logo
que chegaram viram Mozz se organizando para sair, com pressa. Se estivesse bem,
Rachel lhe perguntaria qual a urgência e se precisava de algo. Mas ela não
estava bem. Foi ele a dar atenção às crianças, já cansadas e prontas para
dormir. Depois de dar a mamadeira morna à Helen, Neal retornou para a sala e
encontrou a esposa na mesma posição, com a xícara de chá deixada por ele
intocada à sua frente.
- Vai me dizer
por que encontrar com a mãe de Melissa te deixou assim? – Ele tentou conversar.
- Eu diria se
tivesse certeza. Mas... eu não sei, Neal.
- Está nervosa
demais. Não pode ser sem razão.
- Eu senti algo
bom perto delas. Chiara é um encanto de menina. Lembrou-me Helen. E, por um
momento, só um momento, eu pensei que pudesse ser daquela família...uma
bobagem. Não liga.
Não é bobagem.
É uma possibilidade que também não passou despercebida a Neal. E o olhar da mãe
de Melissa para Rachel foi perturbador. A senhora ruiva e bela não parecia ver
uma desconhecida. Ela olhava para alguém especial. Como se esperasse há muito
tempo por aquele encontro. Neal guardou aquele comentário para si. Não queria
criar falsas esperanças em
Rachel. Mas fez o que de mais eficaz poderia para resolver a
questão. Ligou para Mozz. O amigo parecia bem ocupado ao atender. Mas ele não
disse onde estava.
- Preciso que
você intensifique as pesquisas sobre Melissa. A família toda. Principalmente a
mãe dela. – Disse ele ao amigo.
- Por quê?
- Depois eu
explico, mas é importante.
- Está bem. A ‘família
toda’ inclui o Primeiro Ministro? – Ele já sorria com a ideia de hackear uma
autoridade inglesa.
- Inclui. O
mais rápido que você puder. Por favor.
Após desligar,
Neal tornou a se aproximar de Rachel. Ela lhe sorria um pouco mais relaxada.
Ambos sabiam como Mozzie era bom. Se houvesse alguma lógica em tudo aquilo, ele
encontraria uma pista.
- Será que
agora eu consigo levar você para a nossa cama? Esse dia foi longo e eu estou cansado.
- Você pode me
levar pra cama sempre desejar Neal, cansado ou não.
- Não se anime.
É para dormir. – Mas ele ria pegando-a no colo e subindo as escadas que levavam
ao quarto do casal.
- Eu te amo,
Neal. Muito. Mais do que eu um dia imaginei ser possível amar alguém. Obrigada
por aceitar todas as minhas loucuras e estar ao meu lado nas horas mais
difíceis.
- Eu não tenho
alternativa Rachel. Eu te amo demais para fazer qualquer outra coisa.
Eles
foram dormir sem sequer pensar no que impediu Mozz de ajudá-los naquele momento
mesmo. Mozz estava longe de dormir, apesar do horário. Estava na casa de Peter.
Enquanto o chefe da divisão de Colarinho Branco seguia trabalhando no
interrogatório de Thomas Carter. Ele não sabia, mas no final da tarde Elizabeth
recebeu uma intimação judicial para comparecer diante do juiz. O caso envolvia
os tios de Sofia. Seu pesadelo agora era real. Não adiantava ninguém lhe dizer
que jamais conseguiriam lhe tomar a guarda. Se queriam visitas agora, no futuro
poderiam lhe tomar sua filha. Pensou em ligar para Peter, mas sabia o que ele
lhe diria. Somente Mozzie iria lhe ajudar. Ele atendeu o seu chamado e não veio
de mãos vazias.
Quando
recebeu a ligação, Mozz correu para a casa da amiga e, ao chegar, encontrou Ell
chorando. Em suas mãos um papel. Ele tremeu ao desconfiar do que se tratava.
- Nós fomos
intimados a comparecer numa audiência junto dos tios de Sophia. Eles querem a
guarda dela.
- Balela! Não
conseguirão!
- E não vou entregá-la!
Eu sumo com minhas filhas! Levo as duas para longe!
Ela
realmente estava disposta a sequestrar as filhas. E apesar de Mozz não
acreditar na possibilidade de tirarem a guarda do casal, só aquela intimação já
era um abuso. E ele tinha alternativa. Mozz chegou carregando algumas coisas. A
noite seria longa.
-
Para um treinamento especial que só eu poderei lhe dar.
-
Treinamento de que, exatamente? – Ela perguntou.
-
Minha especialidade. Como fugir e se esconder. Já trouxe as novas identidades
de vocês. O passaporte não está pronto, mas em dois dias eu entrego...
Sim,
havia também documentos para Peter. Mas Elizabeth sabia muito bem que seu
marido não servia para criminoso e fugitivo. Se sumisse com suas filhas,
estaria sozinha. E ele tentaria encontrá-las. Mesmo assim, dedicou-se à aula de
Mozz. Era lições muito precisas.
-
Primeiro: jamais esconda-se em um lugar ao qual a polícia possa vinculá-la.
Nunca! Sempre em lugares aleatórios. Por tanto a casa dos seus pais e amigos
está descartada. Isso inclui, é claro, a residência dos Caffrey. Também não
ficará com Sara nem June. Fui claro?
-
Sim. Mas o que você me sugere?
- Eu
aproveitaria esse momento difícil para conhecer outro país. Cultura nunca é
demais e Sofia e Valentina teriam uma grande experiência passeando pela
Inglaterra.
-
Muito frio. – Ell respondeu.
-
Lisboa?
-
Acho que não.
-
Hong Kong?
-
Muito longe! – Essa foi completamente descartada.
-
Buenos Aires?
- Meu
espanhol não é dos melhores. – Foi a melhor desculpa que encontrou.
Nesse
momento Mozz já sabia qual a razão. Elizabeth não desejava fugir. Ela não sabia
bem como lidar com isso. E, principalmente, não conseguia se imaginar longe de
Peter. Aquele teria de ser o plano B.
-
Está bem, Elizabeth. – Disse um tanto decepcionado. – Essa vida desbravadora
não é para todos mesmo. Guarde bem esses documentos. Eles serão sua última
alternativa. Provavelmente encontraremos outra saída. Mas se não...você terá de
usá-los.
-
Obrigada, Mozz!
- Não
me agradeça ainda. – Mas ele se sentia orgulhoso. – Desde a noite em que me
colocou a par do caso eu estive fazendo pesquisas com uma grande amiga.
- Eu
a conheço?
-
Não. Anne é muito discreta e prefere o mundo virtual ao real. Mas é muito
eficiente! Juntos descobrimos coisas bem incessantes a respeito de Patrícia e Talles Harris.
-
Ótimo! Conte! Tudo pode ser útil para derrubarmos eles.
-
Ainda não. Antes, chame seu marido. Ele será útil nesse caso!
O chefe do FBI desistiu do interrogatório de Carter e seguiu para casa mais
cedo. Não foi sem razão. Um telefonema desesperado de Elizabeth o impediu de se
concentrar. Peter ordenou então que Diana levasse o preso e deixasse todos os
outros trâmites para depois.
Quando
chegou ao lar e encontrou com Mozzie, Peter não gostou nada. Era sinal de
encrenca. Mas devido ao estado de Elizabeth, ele devia ter uma boa razão. Sua
preocupação só fez aumentar quanto soube da intimação. Aquilo estava indo longe
demais.
- Patrícia e Talles Harris tiveram suas vidas
devastadas por mim nas últimas horas. – Informou Mozzie. – Eles têm fixas
aparentemente limpas. Mas não contavam com o fato de vocês terem um especialista.
-
Vá direto ao ponto, por favor, Mozz. – Peter pediu. A apreensão em seu coração
de pai era tão grande que ele decidiu dar ouvidos ao criminoso amigo da
família.
-
Esse casal não era um casal até um ano atrás!
-
O quê? – Ell surpreendeu-se.
-
Exatamente. Tales não passa de um trambiqueiro. Coisa pouca. Nunca deu um golpe
grande na vida. Bom...pelo menos um que tenha dado certo. É daqueles que
envergonham a nossa classe. Não serve nem para bater carteiras. Vivia das
migalhas que Ricardo, esse sim um criminoso experiente, lhe dava. Nunca foi
próximo do irmão. Não herdou o talento que o irmão sempre teve para o crime.
Na
opinião de Peter, criminosos estavam longe de possuir algum talento, mas,
diante da necessidade atual, preferiu se calar e deixar Mozz concluir o
raciocínio.
-
Patrícia, no entanto, é mestra num golpe bem antigo. Desde muito jovem usa da
sedução para conseguir o que deseja. É dissimulada e aparenta ser o que não é.
Já teve outros companheiros. Mas nunca casou...foram parceiros de crime. Eu
apostaria que Tales é só isso também. Ela viu que ele, como tio de uma menina
rica poderia ser sua mina de ouro.
-
Patrícia o manipula. – Peter concluiu.
-
Exatamente. – Mozzie respondeu. - E o fez crer que Sofia é a sua chance de
herdar o que era seu por direito, afinal Ricardo era seu irmão. Temos de ter
muito cuidado com ela. Mas eu já estou preparando um relatório para a juíza
responsável. Nós compareceremos munidos de argumentos até essa reunião.
-
Nós? – Peter surpreendeu-se.
-
Eu sou advogado de vocês no caso, lembram? Agora vão dormir porque está muito
tarde. Boa noite.
A
decisão estava tomada. O que não os impediu de dormir mal. Naquela noite, todos
eles tiveram o sono tumultuado. Peter e Ell apreensivos com Sofia. Rachel pensando
em sua família. Neal preocupado com ela. Diana enviou um comunicado afirmando
que a continuação do interrogatório de Thomas Carter ocorreria a partir das
11hs. Rachel decidiu ficar em casa junto dos filhos durante a manhã de folga.
Neal saiu sem dizer para onde iria. Rachel sequer desconfiou, mas ele ia tentar
ajudá-la.
Neal
era um homem de paz. Mesmo quando vivia do crime, jamais machucava alguém.
Tiros e até mesmo socos não faziam parte de seu repertório atual. O sorriso e
fala doce abriam caminho e ele normalmente vencia pela conquista e não pela
violência. Seus crimes eram de inteligência. Isso porém, não se aplicava quando
eram os seus amigos que estavam em perigo. Muito menos a família. E já estava
cansado daquele jogo imposto pelo embaixador inglês e sua advogada. Logo cede
ele foi até a sede da embaixada e, certificando-se de que Melissa ainda não
havia chegado, pediu para falar com Nohan.
-
Neal! É uma surpresa e uma alegria recebê-lo. Aceita uma bebida? – Bem
arrumado, ele combinava perfeitamente com o escritório espaçoso e ricamente
decorado. Mas havia algo de muito falso em cada palavra pronunciada por Nohan.
-
Não. Mas aceito que você seja franco comigo. A-G-O-R-A! Cansei desse jogo,
Nohan.
-
Eu não sei do que você está falando, Neal. Não há jogo algum.
A
paciência de Neal já tinha se encerrado e não demorou muito para ele atravessar
a sala, imprensar Nohan contra a parede e pegá-lo pelo colarinho. Em nada
lembrava o homem de fala tranquila.
-
O que você e Melissa desejam de minha mulher? Fala! Ou eu não respondo por mim!
-
Me solte, Neal. Eu não tenho as respostas que você deseja! E nós dois sabemos
que você não irá me ferir!
-
A não? – Foi a breve resposta de Neal antes de acertar o queixo de Nohan com o
punho. O embaixador perdeu o equilíbrio e foi para o chão, perdendo a elegância
que sempre o acompanhava.
Neal
poderia ter se aproveitado da queda para bater um pouco mais. Vontade não lhe
faltava. Mas não era esse o seu objetivo ao vir ali. Precisava que Nohan
abrisse o jogo. Então esperou que o inglês se erguesse do chão e imóvel o
assistiu se recompor. Ele não parecia planejar falar nada.
-
Eu e Rachel conhecemos ontem a noite a mãe e a filha de Melissa. – Neal disse
na intenção de ver a expressão de Nohan mudar.
Decepcionou-se
porque o embaixador não demonstrou além de indiferença. Pela sua expressão
poderia nem mesmo saber que Melissa tinha uma filha.
-
A vida particular de Melissa não me diz respeito, Sr° Caffrey. Agora, se veio
aqui apenas para me agredir, por favor, saia da minha sala antes que eu seja
obrigado a chamar a polícia. O seu histórico policial não permite brincar com a
lei.
-
Qual a sua Nohan...você não me engana mais.
-
Eu não avisarei mais uma vez, Neal. – Ele pegou o telefone. – Sei o quanto de
tristeza isso trará para a bela Rachel e não gostaria de incomodá-la, mas se
não ir embora nesse instante você será preso por agressão! E eu mesmo cuidarei
para que Rachel seja amparada nesse momento difícil.
Neal
até pensou em esmurrá-lo mais uma vez. Mas viu que desestabilizá-lo era
exatamente o que ele desejava. Não. Ciúme era a última coisa da qual
necessitava. Sua mulher não cogitaria sair com Nohan. E ele estava usando o
desejo como cortina de fumaça para
evitar que visse algo maior.
-
Minha mulher não o quer. Nunca quis. Além disso, Thomas Carter está preso. Você
não tem nada mais para fazer no FBI.
-
Isso não é você quem decide, Neal.
-
Fique longe de nós Nohan! Rachel levou muito tempo para viver em paz. Se você, Melissa ou
qualquer outra pessoa aproximar-se dela para desestabilizá-la novamente vão ter
de se ver comigo.
Neal
saiu da embaixada inglesa irritado. Apesar do soco, Nohan estava muito mais
calmo que ele. O inglês já esperava pela visita de Neal. Logo cedo Melissa lhe
telefonou alertando para o que havia ocorrido. Ele só não esperava encontrar
Neal tão fora de si.
-
Bom sinal. Ele irá gostar da sua reação, Neal. Ele vai adorar saber disso. –
Falou pegando o telefone para comunicar o ocorrido.
Às 11hs Neal, Peter,
Rachel e Diana se juntaram na sala de interrogatório do FBI e ouviram Thomas
Carter falar por diversas horas. Ele não tinha muitas opções para destino. Se
fosse americano provavelmente receberia pena de morte. Mas era inglês e seria
deportado assim que as duas nações encerrassem as investigações. Já na
Inglaterra, seria julgado. Caso a promotoria trabalhasse bem, teria um presídio
como lar até o fim da vida. Caso os advogados optassem por um laudo de
insanidade mental, a prisão seria transferida para um manicômio. Rachel sabia o
que era estar do outro lado e, mesmo assim, não sentia nada, nem mesmo um
pouquinho de pena.
- Porque me observa,
Ruiva? – Ele lhe perguntou em determinado momento.
- Nada de especial. –
Rachel respondeu. – Só saboreando a deliciosa sensação de vê-lo acabado. Apenas
isso.
- Não precisa ser
assim, com toda essa mágoa, Rachel. Eu e você temos várias coisas em comum.
- Chega disso! – Peter
interferiu.
- Não, Peter. Deixe-o
falar. Quais são as nossas semelhanças, Carter?
- A principal delas? –
Ele a olhava diretamente nos olhos, não fugia nem se permitia ser deixado de
lado. – Nenhum de nós desiste do que quer. Nem deixamos de matar se for
necessário.
- Está enganado. Eu não
sou como você. – Rachel respondeu.
- É sim. Exatamente
como eu. Veja agora...eu fui preso ao tentar roubar um diamante...você também.
Um diamante me trouxe aos EUA e eu cheguei a tê-lo em mãos. Já você nunca
chegou perto.
- Você não sabe nada
desse diamante. Não sabe nada da nossa vida! – Neal, cada vez mais irritado
naquele dia, respondeu à frente de Rachel.
- Será mesmo, Neal?
Posso saber mais do que vocês.
Vendo aquele
interrogatório transformar-se em discussão, Peter fez um intervalo, dispensou
Neal e Rachel para irem para casa e ficou apenas com Diana tentando arrancar mais
informações de Carter. No fim da tarde ele seria entregue a polícia inglesa.
- E nós nos veremos
livres de Thomas Carter, Nohan e Melissa. – Diana concluiu.
- Minha alegria não
poderia ser maior, Diana. – Ele disse, mas ela via que faltava algo na voz do
chefe.
- Tudo bem, chefe?
- Sim. Vamos continuar.
– Ele não gostava de misturar seus problemas particulares com o trabalho. –
Onde está Henrique?
- Sara avisou que ele
teve de fazer uma viagem. Parece que o único irmão sofreu um acidente. Ou algo
assim. Eu ia avisar a Rachel...afinal são amigos. Mas ela me pareceu tão
agitada que eu nem disse nada.
- Sim, a Rachel anda
estranha. Vamos continuar, Diana. Quero ir para casa logo.
Rachel e Neal evitaram
discutir o que ocorreu no interrogatório de Carter. Nenhum deles acreditava que
aquele terrorista tivesse alguma informação sobre o diamante de Rachel ou seu
passado. Ele pesquisou sua vida e estava blefando. Também não conversaram sobre
Melissa. Até Mozz trazer alguma nova informação, haviam decidido não fazer
nada.
Pegaram as crianças na
escola e na creche e foram para casa. Foi uma tarde agradável em família. Helen
ganhou todos os mimos possíveis. Brincou no colo da mãe enquanto assistiam Neal
e George tentarem se equilibrar sobre um skate. Quando o sol já estava quase se
pondo e os dois estavam de banho tomado, Rachel colocou Helen para mamar e,
logo depois, dormir. George foi assistir um DVD infantil em seu quarto e logo
depois adormeceu também. Seus pais aproveitaram o momento para namorar.
Um beijo, depois
outro...e mais um. Logo estavam atirados no sofá da sala num amasso mais típico
dos namorados do que de um casal com duas crianças pequenas. A gravata de Neal
frouxa, o cinto aberto, os cabeços de Rachel já com os cachos bagunçados e
volumosos, a camisa social que ela usava teve os botões arrancados e as alças
da collant que usava por baixo teriam o mesmo destino caso a campainha da porta
não tivesse tocado.
- Inacreditável! – Neal
reclamou. – Se for o Mozz ele vai desistir e voltar depois. Esquece que tocou.
- Não! O Mozz já teria
entrado. Droga! Vá abrir Neal. Eu não estou apresentável. – Tinha as roupas mal
arrumadas e o rosto afogueado.
Quando
Neal abriu a porta e trouxe a visita para a sala, Rachel agradeceu não ter
corrido como estava e ter despaxado a visitante aos berros, como foi sua
vontade. A loura alta e bem arrumada trazia uma pasta nas mãos e, obviamente, não
veio tomar um cafezinho.
-
Muito prazer conhecê-los. Me chamo Olívia. – Ela disse estendendo a mão.
Mal
humorada, Rachel já olhou-a de cara feia quando se colou muito colada em Neal. O que aquela loira
oferecida desejava? Ela desejava ter se arrumado um pouco mais para competir
com os cabelos platinados e escovados da outra.
-
Boa tarde, Olívia! Ou devo dizer boa noite? – Será assim ela entendia que era
uma péssima hora? – Posso saber a razão da sua visita?
-
É claro. – Espertamente, Olívia se afastou de Neal. Talvez tenha sentido o
olhar de Rachel. – Vim vistoriar o lar de vocês.
-
Veio o que? – Agora o tom de voz de Rachel já era bem mais agudo! – Quem você
pensa que é?!?!?
-
Calma, Rachel! – Neal pediu prevendo um grande problema.
-
Eu não penso, Rachel. Eu sou a assistente social destacada pelo governo dos EUA
para avaliar de George e Helen Caffrey estão bem cuidados por vocês. Onde eles
estão?
-
Eu cuido muito bem dos meus filhos! Não ouse duvidar disso! Você não é ninguém
para questionar isso!
-
A juíza é! E com seu histórico pessoal e pena por assassinato, é natural que o
governo se preocupe com seus filhos. Vou repetir: onde eles estão?
-
Dormindo em seus quartos após brincar, tomar banho e se alimentar como crianças
saudáveis. – Neal respondeu, tentando manter a calma e passando a mão pela
cintura de Rachel. Descontrole só pioraria a situação.
-
Nessa hora? É cedo para um menino dormir. Mal anoiteceu! – Olívia acusou.
-
Quem decide a hora em que meu filho dorme sou eu e não você. Saia da minha
casa! Agora sua...
-
Acalme-se, senhora! Ou eu terei de lhe dar voz de prisão.
-
E eu terei de deixar a marca da minha mão nessa sua cara horrorosa! – Rachel gritou
o mais alto que pode e só não cumpriu a ameaça porque ouviu a voz de George no
alto da escada.
-
Não briga com a minha mamãe!
Todos
se voltaram para o menininho. Ele poderia estar chorando pelo que via. Era
pequeno e foi tirado do sono por vozes estranhas e altas. Teria razão para
estar assustado. Mas não foi o que os três adultos presentes viram. George
parecia muito bravo, mas não assustado. Ele exigiu que Olívia não machucasse
sua mãe.
-
Olá George. Eu não vim ferir a sua mãe. Vim conhecer você. – Olívia respondeu. Estava
claro para ela que George não só era uma criança bem cuidada como também tinha
muito apego à mãe.
-
Então não grita mais com a minha mamãe. – Avisou ele.
-
Ninguém mais vai gritar aqui, George. Ninguém. Porque você não leva Olívia para
conhecer o seu quarto. Mostra pra ela como você é querido e bem educado.
Ainda
um pouco desconfiado, mas disposto a obedecer o pai, George ofereceu a mão para
Olívia e levou-a para conhecer seu quarto. Mostrou tudo. O escorregador, sua
mesa de desenho. O skate que há pouco usava com o pai. A bola. Os carrinhos. Seus
livros. Seus filmes mais queridos.
-
Qual você mais gosta? – Olívia perguntou.
-
O da Valente. – Ele respondeu lhe mostrando a caixa do filme.
-
Porque esse? E não o Batman ou o Homem Aranha?
-
Eu gosto desses também. Mas a Merida é quase tão linda quanto a minha mamãe.
-
Verdade?
-
É! E ela é corajosa também. Papai diz que a mamãe é a mulher mais fantástica
que ele já viu. E ele já viu um monte né. Se ele diz é verdade. – Olívia sorria
olhando o menino.
-
E a mamãe e o papai cuidam bem de você e da sua irmã? Você gosta de ficar com
eles?
-
Sim. Eu amo eles! E o tio Mozz também!
-
Você tem um tio! Ele é legal?
-
Ele é o mais legal de todos! Mas ele não ta aqui agora.
-
Outro dia eu conheço o tio Mozz então.
Depois
de muito conversar com George e de observar Helen ressonando em seu berço. Enquanto
isso, Neal ainda forçava Rachel a beber uma caneca de chá muito doce. Ela ainda
fervia em ódio.
-
Ninguém tem o direito de se colocar entre eu e meus filhos. Ninguém! Eu posso
ser uma péssima pessoa. Péssima esposa! Mas sou boa mãe! Ninguém me tomará meus
filhos.
-
Você está certa. E Olívia vai constatar isso. Relaxe e não brigue. Por favor!
-
Já a chama de Olívia? Estão íntimos?
-
Pare de bobagem. – Ele viu a assistente social descer as escadas da casa. –
Tudo certo?
-
Certíssimo. Seu filho é um encanto de menino, Neal. Parece muito com você.
Rachel
segurou-se para não avançar no pescoço dela. Agora além de querer tirar seus
filhos ainda se atirava para seu marido. Neal tratou de se despedir e despachar
Olívia antes que uma nova briga iniciasse. Seu plano era fechar a porta e
acalmar Rachel retomando o que começaram durante a tarde.
Impossível!
Bastou Olívia sair para Mozz chegar. Ele veio conversar sobre o pedido dos
amigos e também pedir ajuda no processo de Sofia, mas ao ver a expressão de
Rachel, percebeu que não era um bom momento.
-
Qual a razão do clima pesado? – Perguntou.
-
Dá pra acreditar que uma assistente social veio aqui pra julgar se sou boa mãe!?!?!
Que vontade socar aquela cara!
-
Não exagera, Rachel!
-
Não venha você defendê-la. Ela está toda derretida por você! O que não me
surpreende.
-
Você está irritada. Vai passar. Ela já fez o relatório dela e nunca mais a
veremos. – Neal tentava amenizar a situação.
-
Não! – Mozz gritou. – Uma assistente social do nosso lado! É perfeito! Você a
verá novamente, Neal! É isso!
Se
ele tivesse visto o olhar de Rachel, certamente teria ficado calado.
So o que faltava essa o Mozzi comeu cocô a Rachel mata ele kkkk
ResponderExcluirEle vai ter de se explicar! kkkk
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