Neal
e Rachel se encaravam sabendo a gravidade da situação. Harabo dava provas de
ter perdido totalmente o respeito à polícia e ao FBI. Ele sabia que era procurado.
Mesmo assim, os acompanhava de perto. Talvez perto demais. Viu os dois deixando
o local do casamento e, muito provavelmente, os seguiu até o hotel.
-
Eles já estão vindo. Vão cercar o perímetro. – Ele disse a esposa abraçando-a
por trás enquanto ela olhava a foto sob o olhar nervoso da recepcionista. –
Calma! Quero que fique tranquila.
-
George está bem?
-
Sim. Está com Ell. Agentes também irão para lá.
-
Então estou calmíssima. – Foi a resposta seca de Rachel antes de se virar e
abraçá-lo. – É bom que ele apareça. Me economiza o trabalho de caçá-lo.
O primeiro
dia de casados foi peculiar. Metade passado ainda no êxtase do sexo e o
restante na apreensão de encontrar Harabo. Cercar o hotel, buscar por
testemunhas, revisar câmeras de segurança, montar barreiras e colocar cartazes.
Coisas que o FBI sabia fazer bem e das quais Harabo sempre conseguia escapar.
Assim como ela e Neal. Sabiam que daquela maneira ele não seria pego. Peter
andava nervoso para todos os lados. Harabo testava a todos. FBI e MI5 o queriam
acabado.
Enquanto
Shepherd e Henrique se juntavam a equipe do FBI na varredura ao entorno do
hotel, Rachel tomou a decisão de agir. Ela e Shepherd não se falavam desde sua internação e sabia o
quanto ele sentia-se culpado. No momento, ia deixar assim a situação. Ainda não
sabia se seria sozinha ou com a ajuda de Neal, mas tinha certeza de que algumas
iniciativas seriam dela. Aquela conta era antiga e seria ela a quitar. Harabo
não ia mais pegá-la desprevenida. Precisava inverter aquele jogo para tomar a
frente e vencê-lo. Começaria garantindo uma rota de fuga. Mesmo que ela fosse
usada apenas por Neal e George. Pedindo para Neal aguardá-la no saguão, entrou
no banheiro feminino do hotel.
- Alô. Pode
falar? – Assim que entrou, discou o número de Mozz. – Preciso da sua ajuda.
- Sim. Já
estou sabendo de Harabo...desviei o sinal do rádio da polícia. – Ele explicou.
- Você é o
melhor, Mozz. Mas preciso de outra coisa. – Rachel esperou um minuto antes de
falar. – Prepare uma fuga. Para algum lugar legal para George crescer.
- Porque
está pedindo isso para mim, Rachel? E o Neal?
- O Neal
ainda não sabe, Mozz, mas logo ele estará longe de NY. – Era doloroso o que ia
dizer. – Eu vou acertar as contas com Harabo e, se não sair como penso, talvez
vocês precisem ir.
- Nós? –
Mozz preocupou-se.
- Eu posso
perder para Harabo. Ou posso vencê-lo e...ser presa. Nesse caso, nada mais
prende vocês aqui. E você os levará para longe. Esse é o nosso segredo Mozz!
- Está bem.
Mas você fará de tudo para vir conosco. – Que matasse Harabo e fugisse com
eles.
- Pode
apostar que sim. – Rachel disse antes de desligar.
Mesmo
preocupado, Mozz fez o que Rachel pediu. Na verdade, apenas atualizou alguns de
seus planos. Sempre teve rotas de fuga preparadas. Precisava apenas abrir
espaço para algumas caixas de brinquedo de George. Sua única preocupação era
Rachel. Ela estava a alguns passos de fazer bobagem. Surpreendeu-se quando o
telefone voltou a tocar. Dessa vez era Neal.
- OI. Já
está sabendo?
- Claro que
estou sabendo, Neal! Como posso ajudar? – Ele não sabia se contava ou não do
plano de Rachel.
- Preciso
que organize uma fuga para nós. – Disse Neal sem saber que Mozz falava
arrumando a mala. - Prepare um helicóptero. Podemos precisar.
- Ok...e os
engravatados? Porque a pressa em fugir? Sabe que Rachel estaria abandonando o
acordo com o FBI.
- O Harabo
não vai desistir. E eu não vou deixar que ele chegue perto dela! – Neal a
olhava de longe. – Não fico tranquilo sem vê-la nem por um minuto...depois do
que ele fez da última vez. Ou eu o encontro e mato, ou nós fugimos.
- Seria
capaz mesmo de matá-lo? – Mozz pressionou. De Rachel ele não tinha dúvida.
- Pode
apostar! Se eu ficar na frente dele, eu o mato, Mozz. Ele já me tirou um filho
e continua ameaçando a minha família. – Neal deu-se contra de algo e parou de
falar. – Você sabe onde ele está?
- Não, mas
se apareceu, é possível que algum...conhecido...saiba dele. Harabo não é
invisível para andar em New York sem ser visto, Neal.
- Descubra!
– Calou-se por um instante. – A Rachel vem vindo. Qualquer informação, ligue
pra mim. Apenas para mim!
Quando
Rachel chegou até Neal e beijou-o, era como se ambos soubessem que o outro
guardava segredos. Não tinha como ser diferente. Estava no instinto de cada um
deles. Assim como ambos reconheciam que juntos eram mais eficazes.
- Avisei
para Peter que vamos sair daqui. – Ela lhe disse.
- Sim.
Vamos para casa.
Mas no meio
do caminho Neal ficou sabendo que não
era para casa que eles iriam. Rachel queria pegar algo no FBI. Quando chegaram
ao andar da Colarinho Branco, ela pediu que ele ficasse vigiando enquanto ia
pegar o que precisava. Neal, obviamente, não obedeceu e seguiu-a até a sala
cedida por Peter a Shepherd e Henrique. Os poucos funcionários no local estavam
ocupados apoiando a ação nos arredores do hotel. Ela não gostou, mas aceitou
que Neal faria parte do plano. Dessa parte, ao menos.
- Shepherd
sempre tem uma gaveta com armas extras. Vou pegar emprestado. – Ela disse
enquanto procurava pela gaveta trancada à chave. – Preciso das suas ferramentas
para abrir. Sei que estão no seu bolso, Neal.
Claro que
estavam.
- Deixa que
eu abro. – Não demorou muito e Neal viu que Rachel não só estava certa, como
Shepherd mantinha um arsenal farto e diversificado. – Nossa! Ele saberá que
você pegou.
- São armas
reservas. As que ele e Henrique usam no cotidiano estão com eles. Tenho umas 24
horas até descobrirem. Nesse tempo, resolvo o que tenho para resolver.
- Se matar
com essa arma, Rachel. O Shepherd pode ter problemas. Ela deve ser registrada.
– Neal avisou-a. Nesse momento já não ligava para ela planejar matar. Parecia
algo inevitável. Queria apenas que conseguisse escapar.
- Apenas eu
e Henrique sabemos da existência dessa gaveta. Ele vai me incriminar e sairá
tranquilo disso. – Ela pegou uma pistola e colocou na bolso da jaqueta. Também
pegou uma faca e prendeu sua capa à perna esquerda. – Harabo me pegou desarmada
uma vez. Não vai ter a segunda.
- Sim. –
Ele concordou surpreendendo-a ao também pegar uma pistola. – Não é hora de
estar desarmado.
Era
fim de tarde e eles deixaram o FBI planejando ir na casa de Peter para pegar
George. Ambos tão calados quanto armados. Cada um pensando que precisava
conferir seu plano de fuga antes de encontrar Harabo e tentar escapar de NY.
Nos dois planos, estavam juntos no final, mas nenhum dividiu com o parceiro o
que planejava fazer. Já estava escuro e eles estavam no meio do caminho quando
o celular de Peter tocou.
- Preciso de você, Neal. – Peter
disse. – Quero conversar. Só nós.
- Eu estou com a Rachel. Indo para a
sua casa para pegar George.
- Só você, por favor. – Peter disse.
Neal pensou que podiam ter conseguido alguma pista sobre
Harabo e era melhor manter Rachel o mais afastada possível.
- Ok. – E desligou. – Amor...o Peter
quer conversar comigo e...você se importa de ir pra casa? Eu não queria te
deixar sozinha mas...
- Não tem problema! - Ela queria estar sozinha para investigar
algumas coisas. – Pego um táxi e vou para casa.
Logo que chegou na casa do amigo,
Neal deu alguma atenção ao filho que não via há quase 24hs. Mas George percebeu
sua inquietação e logo choramingou. Ell então levou-o para a cozinha e deixou
Peter tocar na conversa que interessava. Realmente era sobre Harabo. E Peter
tinha fortes razões para não querer que aquela informação chegasse em Rachel.
- Veja isso! – Disse Peter antes de
dar play em um vídeo no notebook.
A imagem era clara e mostrava Harabo
entrando em um prédio pequeno e desgastado de uma área de NY bem menos bonita as
que os turistas conheciam. Ele saiu aparentemente sem levar nada.
- Estive lá.Vendem armas. – Peter
falou travando o vídeo.
- Não me surpreende.- Respondeu Neal
sentindo o peso da pistola que ele tinha no bolso do casaco. – Sabem para onde
foi depois?
- Subiu em uma moto e o perdemos no
trânsito. Também não temos imagens de como chegou aí. Só temos a confirmação de
que está armado.
- O que não é novidade nenhuma,
Peter! – Neal esbravejou. – Porque não quis que Rachel viesse aqui?
- Porque tenho mais uma coisa para
te mostrar. – E novamente colocou um vídeo para rodar. – Veja.
Neal viu quando Harabo saiu na moto
e outra motocicleta o seguiu. Inicialmente não entendeu nada. Apenas quando
Peter voltou o vídeo é que ele percebeu o fato do segundo homem ter chegado logo
atrás de Harabo também.
- Ele está sendo seguido! – Neal
disse.
Mozz havia recebido de um dos seus
informantes a notícia que tanto esperava. Harabo finalmente tinha aparecido em
seu radar. Havia oferecido uma pequena colaboração financeira para quem lhe
dissesse onde o maníaco estava se escondendo. Um dos homens já tinha dito tê-lo
encontrado, mas não deu o endereço. Era questão de tempo.
- Sem local exato, sem dinheiro, meu
amigo. Me traga a informação completa e serei generoso. – Avisou ao comparsa de
longa data.
Enquanto isso, continuava com seus
planos de fuga. Tudo já estava bem encaminhado. Seus esconderijos e os de Neal
foram esvaziados. Dinheiro, peças roubadas, passaportes, as coisas de George.
Nada que os ligasse aquele apartamento ficaria para trás. Mas precisaria
encontrar uma forma de, no dia seguinte, afastar Ell de George. Ela já tinha se
oferecido para ficar com ele novamente enquanto todos estavam à procura de
Harabo. E desconfiaria caso não deixasse. Sair sem se despedir de Ell e June
seria o pior. Elas faziam parte da família. Até o Engravatado já fazia.
- Mas é assim quem tem de ser. –
Disse enquanto saía do apartamento levando algumas coisas para o helicóptero.
Quando Rachel chegou ao apartamento,
percebeu que estava sozinha. Trocou a roupa e vestiu preto. Seria uma noite
para voltar ao crime. Depois andou por ali como se para despedir-se do lugar
onde foi feliz. Poderia nunca mais olhar para aquele apartamento. Foi ao guarda
roupa e sentiu falta de algumas coisas. O porta-retrato com a foto de George
não estava ali. Mozz já estava agindo no que ela lhe pediu. Sorriu sabendo que
ele ficaria bem independente de qualquer coisa. Abriu também a caixa onde ela e
Neal haviam guardado as recordações de Lis. Um sapatinho, um brinquedo e uma
roupinha. Não chorou. Agora aquelas peças traziam força.
Também quis se despedir da sacada do
apartamento. Lá ela e Neal jantaram sob as estrelas, brigaram e se amaram. As
vezes, tudo na mesma noite. Aquelas estrelas tinham presenciado muito.
Estava ali, sentada em silêncio
profundo quando ouviu barulho na porta. Pelos passos, soube que era Mozz.
- Neal?!?Está aí? – Ele entrou
gritando. – Droga!
Rachel observou-o da sacada arrumar
algumas coisas e soube que ele seguia com a fuga. Quando ia lhe avisar que
estava ali e Neal logo chegaria, por isso precisariam conversar sobre a fuga os
três, ouviu o celular de Mozz tocar. E logo soube que deveria ficar atenta a
conversa.
- Diga! Descobriu? – A agitação de
Mozz fez Rachel desconfiar ainda mais. – Diga o endereço e eu já transfiro a
grana!
Rachel sabia que não poderia se
tratar de outra pessoa. Mozzie estava recebendo e anotando rapidamente a
informação de que ela necessitava para vingar a morte de sua filha. Ela o viu
escrever em um bloco e logo depois desligar o telefone.
Depois
observou-o discar outro número no aparelho. Mas demorou chamando e não atendeu.
Na terceira tentativa, ele deixou um recado.
-
Droga, Neal! Já tenho o lugar onde Harabo está! Onde você e Rachel estão?
Preciso abastecer nossa máquina de fuga. Me liga que te passo o local! – Disse
sem saber que era observado da sacada.
Rachel
viu o amigo arrancar a folha do bloco e sair às pressas. Provavelmente iria
fazer a transferência bancária para quem lhe trouxe a informação e depois
acelerar a fuga. Achava que Neal iria matar Harabo ou o FBI prendê-lo. Mas não.
Ela eliminaria Harabo. O FBI prendê-lo não era o bastante. E Neal não merecia
se transformar em um assassino para vingar um crime que, na verdade, já fora
uma vingança contra ela. Joseph Harabo era responsabilidade sua e seria ela a
puxar o gatilho. Caminhou até a mesa e viu a marca que a força da caneta deixou
nas folhas do bloco. Conseguia ler claramente.
-
Obrigada, Mozz!
Enquanto
deixava o apartamento, Rachel ainda cruzou com June. A senhora pareceu ver que
havia algo de diferente em seu olhar.
-
Tudo bem,Rachel? Você está bem, querida? – A senhora questionou.
-
Sim. – Rachel parou por um momento. – Obrigada por tudo June. Tudo que já fez
por Neal, Eu, Mozz e George. – Era uma despedida.
Depois
saiu pela calçada e puxou o capuz do casaco para esconder o rosto. Logo Neal e
Peter poderiam perceber seu desaparecimento e colocar policiais para
procurá-la. Precisava agir rápido. O local era distante e ela não podia perder
tempo. A arma em sua cintura e a faca presa na perna a lembravam que não ia
perder dessa vez.
Quando
Neal chegou em casa trazendo George adormecido, não estranhou encontrá-lo
silencioso. Mas se apavorou ao constatar que Rachel não estava em parte alguma.
Nem ela, nem Mozz. Ao pegar seu celular para tentar encontrá-la, viu ligações
não atendidas. Ver que eram de Mozzie fez sua espinha gelar.
-
Onde a Rachel está, Mozz?
-
Rachel? Não sei...era para estar com você. – Mas isso não era o mais
importante. Ele pegava no bolso o papel onde havia anotado. – Eu descobri o
lugar! Espere que te digo! Harabo se esconde em no pórtico nos limites da
cidade. Aquilo é território militar. A polícia jamais procuraria lá.
Essa
estava longe de ser a preocupação de Neal. Andando pela casa, viu sobre a cama
a roupa que Rachel usou durante o dia.
-
Tem como a Rachel saber da localização dele?
-
Não...bom...eu acho. Só se ela ouviu quando... – Seria difícil, mas possível.
-
Droga, Mozz! – Neal se desesperou. O problema não era ela matar, mas morrer
tentando. – Vem pra cá agora! Preciso que fique com George enquanto vou atrás
dela.
Vinte
minutos se passaram até Mozzie chegar. Nesse tempo, Neal confirmou com June o
fato de Rachel ter passado pelo apartamento e saído transtornada. Ela sabia,
tinha certeza. E ia atrás de Harabo. Com a própria arma presa à cintura, Neal
saiu para procurá-la. Disse para Mozzie que não precisava alertar Peter. Quando
Rachel saísse do perímetro, a tornozeleira dispararia. Se é que o alarme já não
fora dado.
-
Ele vai me procurar! Vai querer saber de vocês!
-
Despiste-o, Mozz! Você sabe como fazer! – Estava saindo pela porta. – E fique
com George. O plano de fuga continua em pé e tem de estar com ele na hora de
por em prática.
Já
na rua, Neal olhava para New York como quem se despede. Não voltaria ali.
Quando amanhecesse, estaria fechando seu destino. Fugindo para outro lugar no
mundo, ou, sendo preso por assassinato.
Peter
achava que teria uma noite de sono tranquila. Mas quando o relógio marcou 11hs
e ele ainda acomodava a cabeça no travesseiro, seu celular passou a vibrar.
Quando atendeu, foi informado que a prisioneira que estava sob sua tutela havia
retirado a tornozeleira. Não sabiam onde estava Rachel Turner.
- O
que houve, Peter? – Elizabeth acordou assustada.
-
Ela encontrou o Harabo. Ela encontrou ele e foi atrás do desgraçado!
Peter
já sabia que seria assim, mas não estava pronto para iniciar uma nova caçada à
Rachel. Não surpreendeu-se, também, no fato de Neal não atender ao celular. Sua
única dúvida era se Neal estava com ela ou procurando-a. Mas sabia com quem
conseguir a informação. Deu o alarme e 30 minutos depois FBI e MI5 estavam na
casa de June. Até mesmo Elizabeth foi.
A
garrafa de vinho aberta, mas cheia, não convenceu Peter da aparente
tranquilidade que Mozz desejava passar. A primeira coisa que Peter fez ao
entrar foi olhar o berço de George. O menino estava ali. Sinal que Rachel e
Neal estavam presos a New York. Nunca iriam embora deixando o menino.
- Boa noite
para você também, Engravatado. – Mozz disse tentando ludibriá-lo.
-
Seria, se a tornozeleira de Rachel não tivesse sido rompida e encontrada em uma
lixeira há oito quadras daqui. Para onde foram Mozzie? Agora!
-
E porque eu saberia?
-
Porque você sempre sabe, Mozz! – Peter não tinha paciência. – Eles foram atrás
de Harabo! Pra onde? E depois? O que farão? Diga! Harabo vai matá-los, Mozz!
Aquele bebê no berço vai ficar sem mãe e pai e a culpa será sua por eu não
conseguir salvá-los!
Aquilo
era forte demais para Mozz. E Peter sabia. Usou o único argumento capaz de
convencê-lo.
- O
pórtico nos limites da cidade. – Disse por fim.
-
O antigo farol? Mas aquilo é território da Marinha Americana. – Entrar lá,
legalmente, dependia de autorizações.
-
Por isso Harabo se escondeu lá.
Shepherd
guiou sua equipe para lá imediatamente enquanto Peter incumbiu Diana de
conseguir autorizações para entrarem. Peter tinha ainda outra preocupação.
-
Vai ajudá-los a fugir?
-
Eu não sei do que está falando engravatado. – Mozz mentiu. – Vou tentar usar
das minhas fontes para descobrir mais informações de Harabo. Só isso.
Peter
riu sem acreditar em nada.
-
Só isso. Claro. – Então caminhou até o berço de George e pegou o bebê
adormecido. – Vamos pra casa, Ell. Você ficará com George, com um policial no
portão. Assim Mozz poderá trabalhar com suas fontes.
Mozzie
olhou a cena sem poder fazer nada. Assim Peter dificultava a fuga.
Quando
amanheceu, Rachel chegava ao pórtico. O lugar estava tranquilo. Apesar de ser
território da Marinha, hoje era utilizado apenas para o turismo nos finais de
semana. Ninguém vinha ali em outros dias e para entrar oficialmente era
necessário autorização. Ela não entrou oficialmente. Foi simples esperar um
momento de distração do guarda e passar pelos muros. Depois subiu a longa
escadaria feita em pedra maciça. Do alto das pedras o visual era lindo, cercado
por água e vegetação nativa, ao longe era possível ver a cidade. Já há algum
tempo, quando subia, teve a sensação de ser observada. Harabo sabia que estava
ali.
-
Rachel! Finalmente você chegou. Eu não esperava menos de você. – E lá estavam
eles, finalmente, cara a cara.
Ela
não respondeu inicialmente. Apenas lhe apontou a arma. Estavam em pé de
igualdade. Se um atirasse, o outro revidaria. Ambos terminariam mortos sobre as
pedras.
-
Perdeu a língua, Rachel? – Harabo continuava provocando-a. – Seu pai foi mais
falante antes de morrer.
-
Não devia ter me deixado viva, Harabo. Perdeu sua chance de me matar. – Rachel ignorou
a provocação contra seu pai.
-
É...mais um golpe com a barra de ferro e você estaria morta agora. Mas te tirei
algo bem importante, ou não?
Rachel
firmou o maxilar sentindo os dentes baterem. Era verdade. Joseph Harabo já lhe
tinha tomado duas pessoas muito importantes.
Bem
longe dalí, Mozz ficou sabendo que precisaria agir por uma ligação de Neal.
-
Tudo bem com o helicóptero?
-
Sim, com o helicóptero sim. – O problema era George estar na casa dos
Engravatados.
- É
hora de você vir. Você não poderá pousar, então precisará de cordas de resgate.
Mozzie
despediu-se de Neal já saindo para a casa de Elizabeth. Sabia que Peter havia
deixado Ell em casa e que o FBI demorou para seguir ao local por conta da
autorização. Mas Shepherd saiu antes. Agora, estranhamente, percebia que os
métodos dele não eram tão corretos quanto os de Peter. Rachel não aprendeu com
John tudo que sabia. A casa de Peter tinha um guarda na frente e outro nos
fundos. Sua única chance, era contar com a ajuda de Elizabeth. Ligou para ela.
-
Será que pode...
-
Vá para os fundos Mozz. Vou chamar o guarda para um cafezinho. – Ell nunca
decepcionava.
Quando
entrou, foi direto pegar George enquanto Ell ainda fazia companhia ao policial.
Logo ela veio encontrá-lo e sabia exatamente o que ele faria. Mozz sempre foi
contra despedidas. E não pretendia se despedir de Ell. Mas ali estava. Ele
arrumava George, que estava acordado e sorridente, para a viagem enquanto ela o
olhava com lágrimas nos olhos.
-
Isso vai te criar problemas com o engravatado. – Disse simplesmente. Estava
claro que iriam fugir.
-
Deixe Peter comigo. – Ell respondeu simplesmente. – Cuidem-se nessa...viagem,
Mozz.
Com
um abraço, eles se despediram.
-
Eu vou oferecer café ao outro guarda agora. Saia pela frente. – Era hora de
dizer adeus.
Quando Neal chegou ao pórtico ainda era muito cedo.
Ele ficou satisfeito. Rachel não devia ter chegado há muito tempo. Viu pouco
reforço militar e usou da esperteza, não da arma em sua cintura, para entrar.
Não foi difícil. O guarda era muito jovem e destreinado. Estava acostumado
apenas a pedir para turistas não deixarem lixo no local.
Ele
passou com todo o cuidado, sem ser visto. Era a vantagem de andar sozinho. Toda
a equipe do FBI, com suas sirenes e distintivos, não teve a mesma facilidade.
-
Eu preciso passar! – Gritava Peter.
-
Sem mandado ninguém passa, Sr. – Respondeu o jovem agente uniformizado.
Shepherd
estava preso na mesma barreira desde o amanhecer. Chegou ali antes, mas não o
haviam deixado entrar. Sabia que Rachel estava lá. E se Neal não estava ali,
tinha ido encontrá-la. Ele conseguiu alguma entrada. Desistindo dos meios
oficiais, deixou Henrique com a equipe de Peter e foi buscar outra entrada.
Iria subir na pedra sem o mandado.
No alto da pedra, Rachel e Harabo se encaravam.
Nenhum arriscava o primeiro tiro. Rachel o estudava e até pensava se não
valeria a pena dar o tiro, mesmo correndo o risco de morrer. Mas livrar-se
daquele monstro.
-
Eu também não devia ter te deixado vivo, quando tive a chance. Estamos quites,
Harabo. Hoje vamos decidir isso.
-
Vamos sem armas? Como daquela vez, Rachel? Só nos punhos. – Harabo ofereceu.
Rachel
riu.
-
Acha que eu sou burra? Se eu largar minha arma, você me mata na hora. – A faca
grudada em sua perna não seria útil naquela situação.
-
Que falta de confiança, Rachel. Veja. – Ele fez sinal para a água que cercava o
pórtico. – Juntos, nós atiramos a arma lá embaixo. 1...2...3...
Rachel
só largou a sua arma quando percebeu que realmente Harabo ia cumprir a palavra.
Seria punho a punho. Ele só fez isso por não acreditar que ela estava
recuperada do último atentado.
Rachel
escondia uma faca e sabia que Harabo podia ter outra arma também. Então
pretendia derrubá-lo logo. Não seria com uma bala que o matéria, mas teria o
prazer de atirá-lo naquele precipício, de preferência já morto. Avançou sobre
Harabo e lhe deu um primeiro chute na barriga. Ouviu-o gemer e vir revidar. Com
uma rasteira ele a derrubou nas pedras.
-
Quando John começou a me prosseguir eu o investiguei, Rachel. Queria descobrir
todos os podres do seu papai. – Ele gritou tentando esmurrá-la. Percebia que
ela continuava muito boa em se esquivar.
-
Meu pai não tinha podres para esconder. – Gritou em ela em resposta enquanto
lhe dava uma joelhada, mas o via revidar com um soco no ombro.
-
Você era o podre dele! Você é o que ele escondia! Passou a vida escondendo
porque você não era filha dele de verdade.
-
Eu sei disso. Não vai me desestabilizar falando da minha origem, Harabo.
Aproveita pra lutar. Assim não vai me vencer.
-
É, ele te achou quando seus pais morreram num acidente de carro. Mas você
acredita mesmo que ele não procurou pela sua família? Pela sua origem, Rachel?
Acha mesmo? Não era a sua família a morrer naquele carro. Eram os seus compradores.
Por isso ele e aquele parceiro dedicaram tanto da carreira a desmontar aquela
quadrilha de tráfico de crianças. Você era uma dessas crianças. Ele podia ter
encontrado seus pais. Mas não quis! Ele ficou com você! Manteve o crime!
Os
dois rolavam no chão e se desconcentrar ali seria perigoso. Harabo sabia e
usava isso contra ela. Mas não era uma surpresa. Já tinha juntado aquela peças
há algum tempo. Só preferia não pensar a respeito. Seu pai não ficaria sem
investigar o passado da criança que encontrou. E o desespero de Nicolle ao
saber que ela estava envolvida num caso de tráfico de crianças foi a dica
final. Não importava. Não mais. Não apagava tudo de bom que eles fizeram por
ela.
As
palavras de Harabo serviram apenas para lhe dar mais energia. Queria matá-lo. E
se ele resistia a seus golpes. Seria, mais uma vez, com uma faca.
-
Cala a boca! – Afastou-o dela com um chute antes de puxar a arma presa na sua
perna.
- Acha que vai me matar com essa faca? – Harabo riu
em deboche. Colocou a mão no bolso para pegar a outra arma que trazia.
Rachel
achava sim que conseguiria matá-lo com a faca. Chegou muito perto disso no
passado. Podia conseguir agora. Tremeu quando o viu colocar a mão na jaqueta.
Mas
Harabo não havia pego a arma ainda quando Rachel ouviu um disparo. A bala
atingiu o peito de Harabo, bem no centro. Ele caiu nas pedras sem poder fazer
nada.
-
Neal! – Rachel gritou ao vê-lo simplesmente largar a arma.
-
Acabou. – Foi só o que ele disse. Ainda sentia o peso de ter matado pela
primeira vez na vida. Mas estava aliviado pelo que fez. Pegou o celular e
mandou uma mensagem mandando Mozz se apressar. Precisavam fugir. – Mozz está
vindo. Temos que sair daqui logo.
Rachel
pegou a arma e limpou com a própria camiseta. Queria tirar dela as impressões
digitais de Neal. Ele viu e estranhou.
-
Você vai sair daqui, Neal. – Rachel olhou-o duramente. Não seria fácil
convencê-lo. – Você não é um assassino. Eu já tenho uma longa fixa. Sai daqui.
Ninguém sabe que você esteve nesse pórtico. Pode ir embora, seguir com sua vida
em qualquer lugar do mundo com George. Não tem mais nenhuma dívida com a
justiça. Eu...só em fugir e tirar a tornozeleira...acabou o acordo.
-
Não! – Ele disse simplesmente batendo o pulso na arma e fazendo-a voltar para o
chão.
-
Acabou para mim, Neal. Eu vou ficar aqui. Assumir a morte de Harabo! Ele ia
morrer pelas minhas mãos. Você apenas se adiantou. E George precisa de você!
Ele não pode crescer com os dois pais na cadeia! – Era doloroso, mas era
verdade.
-
Não! Ouviu bem? Não! – Ele a sacudiu. – Fui eu a matar Harabo, não você. Mozz
está chegando e nós vamos fugir. Ele já me avisou que o FBI teve dificuldade
para liberar a entrada. O juiz não entendeu porque você tiraria a tornozeleira
para vir a um antigo farol turístico. Ainda estamos bem a frente deles.
Ao
longe, eles ouviram o helicóptero se aproximar rapidamente. Se no passado Neal
a traiu para ajudar a prendê-la, agora ele enganava o FBI para fazê-la fugir.
-
Você vai passar a vida fugindo, Neal. Se ir sem mim, tem sua vida de volta. –
Rachel lembrou-o.
-
Eu já fugia muito antes de te conhecer, Rachel. Não se preocupe...vamos pra
longe.
-
Recomeçar? – Ela perguntou.
Neal
olhou em volta antes de responder.
-
É um belo lugar pra recomeçar. – Disse simplesmente antes de lhe dar um beijo.
O
piloto contratado por Mozz aproximou-se o máximo que pode e, com cordas de
resgate, deixaram a pedra. Perto dali, aterrissaram para seguir de carro até o
aeroporto onde, por um jato fretado, deixariam o país. Mozz seria o piloto.
Quando
Peter chegou ao topo da pedra com toda a equipe do FBI e da MI5 não encontrou
Rachel ou Neal. Mas o corpo de Harabo estava lá, com dois tiros no peito. A
arma também estava ali. Nas mãos de Shepherd.
Inicialmente, não entendeu o que o chefe da MI5 fazia na cena do crime e
segurando a arma.
-
Eu entrei sozinho enquanto vocês tentavam o mandado. – Shepherd falava
friamente. – Cheguei na pedra e os vi ali. Harabo iria matá-los. Fiquei nervoso
e atirei. Eu dei dois tiros no peito de Joseph Harabo.
Aquela
história estava errada. Peter percebia. Shepherd era um agente experiente. Não
ficaria nervoso. Ele estava mentindo.
-
E onde estão Neal e Rachel?
-
Eu não sei...tentei convencê-los a ficar. Mas eles fugiram. – Ele não sabia bem
o que dizer, mas era frio. – Rachel tirou a tornozeleira. Sabiam que ela
voltaria para cadeia. Fugiram.
-
Eu vi um helicóptero passando aqui perto. Eles fugiram nele? – Peter pressionou.
-
Não que eu tenha visto. – Isso era verdade.
-
Você está mentindo. – Peter acusou.
-
Essa arma é minha, Burke. Eu disparei. O exame de balística encontrará pólvora
nas minhas mãos. Pode testar.
-
Eu vou. – Peter respondeu já pegando o
celular para ligar para Ell.
Shepherd
não tinha medo do que iria enfrentar. Perderia seu cargo na MI5? Talvez. Mas as
agências não fariam questão de prender quem matou Joseph Harabo. Ele era
responsável pela morte de muita gente, inclusive agentes federais. Fez o que
tinha de fazer.
Quando
chegou no topo da pedra e viu Harabo morto ao lado de sua arma, soube o que
aconteceu. Rachel sabia onde pegar aquela arma. Ela havia cumprido a promessa
de vingar a morte da filha e havia matado. Ao longe ainda viu o helicóptero.
Ela tentaria fugir.
Ele
então juntou sua arma do chão e fez um disparo. Foi certeiro, no centro do peito
de Harabo, já morto no chão. Era importante para suas digitais ficarem na arma
e a balística bater. Alí não havia câmeras. Ninguém poderia questionar sua
confissão. Estava cumprindo sua promessa a John de proteger aquela garota que
ele viu crescer.
Enquanto
Rachel, Neal, Mozz e George decolavam para sua nova vida, Elizabeth dava a
notícia para Peter. Ela havia sim facilitado a entrada de Mozz na casa e ele
tinha levado George.
-
Como pode?!? Facilitou uma fuga?!?!? – Ele gritou. Temia nunca mais ver Neal.
-
Mozz nunca me disse que ia fugir.
-
Negação plausível, Ell? Você sabia!
-
Eles merecem ser felizes, amor. Eles merecem.
-
Eu sei, eu sei. Logo estarei em casa. – Ele respondeu simplesmente.
Aquela
mesma tristeza também era sentida no avião. A liberdade era bem vinda. Mas ela
vinha com tristeza por se afastarem dos amigos. Só mesmo George não percebia e
dormia tranquilamente sem saber que sua vida estava mudando muito.
Antes
de se livrar do celular, Neal fez uma última ligação. Precisava dizer adeus a
Peter. Não poderia abandoná-lo assim.
-
Obrigada por tudo, parceiro. – Disse assim que ele atendeu.
-
Não faça isso! – Peter se afastou de todos e não disse o nome do amigo. No
fundo, também acobertava a fuga. – Não precisa ser assim.
-
Sim, precisa. Despeça-se por mim de Ell, June, Diana e todos os outros. Nós
nunca vamos esquecer o que vivemos aí.
-
Não é o fim!
-
Sim, é. Adeus, Peter. – Disse Neal antes de desligar o aparelho e atirá-lo fora.
Agora era pensar no futuro.
-
Uma nova vida nos aguarda, meus amigos. – Mozz era o mais animado. Ele sentia
pela perda, mas superava melhor. – Demos adeus ao NY, mas ganhamos o mundo!
Neal
e Rachel se beijavam aliviados. Chegaram muito perto de dar adeus um ao outro
eternamente. Agora recebiam uma nova chance.
-
E posso saber para que parte do mundo nós vamos? – Rachel perguntou agarrada ao
marido.
- Oui, bien sûr. – Sim, é claro, disse ele em francês.
- França ? Paris ? – Neal cogitou.
- Não é porque vocês estão de lua de
mel que nós seremos tão obvios, Neal ! – Mozz reclamou. – Praia de
Marselha, ao sul da França. Nosso destino final.
- De muito bom gosto, mon ami. – Concluiu Neal
FIM
NOTA DAS AUTORAS: ainda tem epílogo e cap extra! Aguardem!!
Estou chorando já,não queria que acabasse amei o cap,sempre quis que fosse o Neal a matar esse homem,e ele não sentiu pq sabia que era o certo,ai o Mozzi é tudo de bom gente queria casar com ele e fugir junto,amei o Sheperd fazer o que fez que eles sejam felizes juntos ai que dor no coração por estar acabando buaaaaa
ResponderExcluirOIIII
ResponderExcluirBem isso amiga! Ele n sentiu nada pq sabia q estava livrando o mundo de um monstro. Eu amo o Mozz. Dizem q na sexta (e ultima :( ) temporada de WC aparecerá a mulher do Mozz. Ele tem família mas n aparece em casa há 5 amos kkkkkkk. Se é verdade, n sei. Mas ele é tudo de bom!!!!!!
nos falamos nos próximos. bjssss