- Esquece isso Ana. Era para te
assustar. – Disse enquanto abria seu sutiã.
- O que está fazendo?
- Você vai relaxar num banho de
banheira.
- E você?
- Estarei junto, é claro. Não pense
que irá se livrar de mim, senhora Grey.
Estavam os dois na banheira cheia de
espuma. Christian não tinha nenhuma intenção sexual naquele momento. Não que
deixasse de sentir desejo olhando e tocando o corpo de Ana, isso nunca, mas
agora existiam outras prioridades. Sabia bem o que era ter um trauma para
superar. Somente conseguir passar pelo seu graças a paciência e amor de
Anastásia. Agora era sua vez de retribuir.
Esse momento era na verdade um teste
e uma terapia. Queria que Ana soubesse que ele conhecia seu corpo como ninguém
e que não seria Jack a destruir sua intimidade. Quando a despiu foi muito
doloroso vê-la com tantos hematomas, mas ficou calado e não transpareceu nada.
Se pudesse faria com que ela não visse as marcas para não lhe dar chance de ficar
triste. Calmamente lavou seus cabelos, agora curtos e, com toda a delicadeza,
acariciou e banhou todo seu corpo. Queria que ela lembrasse apenas do seu toque
e esquecesse que outras mãos estiveram ali.
- Está bom o banho, senhora Grey? –
Perguntou querendo ouvir a melodiosa voz da esposa.
- Você repete isso tantas vezes que
eu estou quase esquecendo que estamos divorciados. – Respondeu ela constada ao
peito dele.
- Nós vamos resolver essa questão
rapidamente. Não quero ficar separado de você...mesmo que isso seja apenas um
papel. Na prática, Ana, você nunca deixou de ser minha mulher. Desde o dia em
que você caiu no meu escritório, desde que em vi você pela primeira vez,
gaguejando um ‘senhor Grey’ muito tímido, desde aquele dia eu sou só seu e você
é minha. Eu te amo.
- Eu...não..não seu se quero voltar
a casar Christian. – Ela viu os olhos dele ficarem tristes. – Eu também te
amo...mas...eu não sei se eu poderei ser a esposa que você quer.
- Ana, eu sei que eu errei com
Teddy. Mas eu não vou errar com esse bebê. Eu prometo que eu vou te recompensar
por todo o amor que te faltou. Eu só preciso de uma oportunidade. Uma
oportunidade para te provar que eu posso ser um bom pai.
- Não é isso. Você já é um ótimo pai
pro Teddy. Ele te ama. E esse bebê vai ter o melhor pai do mundo.
- Então porque não quer voltar a ser
minha?
- Eu sou sua...mas agora...depois de
tudo que ocorreu...eu não sei como eu vou reagir...como será quando nós formos
ter alguma intimidade e...
- Isso é uma bobagem Ana. Eu te amo.
Não é só sexo.
- Mas sexo é parte importante. Se eu
achar que não posso te fazer feliz, porque casaria com você? Pra nos separarmos
novamente mais pra frente quando você encontrar outra que te satisfaça
completamente?
- Ana? Do que você está falando?
Nenhuma outra vai me satisfazer como você. Eu nunca vou encontrar outra que
chegue aos seus pés.
- E as suas outras submissas?
Ele
sorriu ao perceber o ciúme que ela sentia.
- Sabe quando que eu fui ter outra
mulher, Ana? Depois daquele natal em que eu fui levar o leite do Teddy e te
encontrei sentada no chão da sala, lindíssima e feliz, brincando com seu filho.
Até aquele momento eu sonhava que nós íamos voltar...de alguma forma que eu não
sabia qual era. Mas ali eu vi que longe de mim e com o bebê você era feliz.
Além disso...não seria justo eu tentar tirar dele uma mulher tão maravilhosa. Eu
morria de inveja do meu filho.
- Eu não era feliz. Me faltava você.
- E agora você diz que quer me
deixar? – Não ia permitir. Dessa vez Ana não ira embora. – Como pode pensar
nisso?
- Não vou te deixar. Só se você me
mandar embora.
- Nunca. Nunca. Nunca. – Ele beijava
seus cabelos. – Então porque não quer anular o divórcio?
- Não sei...como será. Como vou
reagir a você...na cama. Quando passar o risco da gravidez e eu for liberada
pela médica, será que eu vou conseguir te satisfazer? Não quero te fazer
infeliz. Vamos ser namorados por enquanto. Pode ser?
- Você vai se recuperar. Eu vou
cuidar disso. Então a minha ex mulher, mãe do meu filho e atual namorada que está
grávida novamente não quer oficializar nossa relação. – Ele ria do absurdo. –
Minha assessoria de imprensa vai adorar
quando isso cair na mídia. Eu só imagino as revistas de fofocas.
Mas não estava ligando. Que falassem
a vontade, que estampassem todos os jornais com fotos dos dois. Ana estava ali,
a salvo, Jack estava morte e seu filho estava vivo. Era isso que contava. Secou
o corpo da esposa delicadamente e lhe deu um leve beijo nos lábios. Aos poucos
ela ia novamente se habituar ao seu toque. Tudo com muita delicadeza. Depois
lhe trouxe uma refeição. O cardápio ela que escolheu: bife e batata frita. Não
era muito saudável...mas não iria lhe negar nada.
- Você perdeu peso. Precisa se
alimentar bem. – Disse servindo o prato.
- Desconfio que você vai me engordar
rapidinho.
- Vou mesmo. – Ele cortava o bife e
lhe dava na boca já que ela não podia mexer os dedos recém operados. – Espero que
com coisas mais saudáveis que batata frita.
- É desejo. Não pode me negar. – Ela
disse com cara de sapeca.
- Desejo? Já? Achei que era só
depois dos cinco meses.
Ana o olhou atentamente. Como assim?
Christian Grey não sabia nada de bebês.
- E quem te disse isso?
- Você me pegou, Anastásia. – Tímido
ele se calou. – Coma. Depois eu te mostro.
E ele mostrou. Depois que ela comeu,
Christian a pegou no colo e levou até um quarto no segundo andar. Ela nunca
esteve naquela parte da casa e a porta estava trancada. Parecia que era um
quarto secreto. Seria outro quarto-vermelho-da-dor?
- Lembra que eu te falei que um dia
ia te mostrar umas coisas que te comprei e você nunca usou? – Ele lhe trouxe de
volta dos devaneios.
- Sim, lembro.
- Agora eu vou te mostrar.
Era um quarto cheio
de...coisas...tudo quanto é tipo de coisas. Caras em sua maioria. Ele a colocou
sentada na cama ao lado de uma verdadeira coleção de joias.
Uma
verdadeira coleção de relógios caríssimos.
Caixas
de lingeries finas.
Também
tinham livros sobre gravidez e bebês.
-
Você leu todos?
- Sim. Eu queria
entender...participar...mesmo que de longe.
Fora a todas as sacolas e caixas
fechadas. Era como estar em uma loja que vendia todo o tipo de coisas. E não
era só. Christian foi até o armário embutido na parede e abriu as portas.
Vestidos belíssimos se acumulavam,
lado a lado, todos com as etiquetas. Há quantos anos ele vinha acumulando tudo
aquilo. Não sabia o que falar. Reclamar por comprar compulsivamente? Agradecer?
Perguntar por que ele não veio lhe entregar cada um dos pacotes? Não disse nada
porque ele a fez chorar ao abrir a outra porta do móvel.
As lágrimas escorriam pelo rosto de
Ana, mas dessa vez era de felicidade. Nem tanto, porque era uma felicidade
perdida. Uma felicidade que deveria ter vivido com seu bebê. Era para Teddy ter
usado cada uma daquelas roupinhas, ter brincado com aqueles brinquedos.
- Porque? Porque escondeu isso? –
Estava confusa. – Porque comprou todas essas coisas se nunca ia ver Teddy? Você
dizia que não o queria, que não o amava e...comprava tudo isso? Porque Chris?
- Eu sempre quis vocês Ana, sempre, a
cada dia. Mas nunca achei que eu fosse fazer bem pra vocês. Então eu achei
melhor deixar vocês serem felizes sem a minha presença. O primeiro presente que
eu te mandei, você devolveu. Então eu comprava e guardava. Aí a cada viagem que
eu fazia eu te trazia um presente...as vezes alguns. Um dia eu estava em Tóquio
e foi num shopping escolher algo. Eu passei numa loja de bebê linda e entrei. A
vendedora me perguntou de que o meu filho gostava de brincar...e eu não sabia
responder. Eu senti vergonha. Comecei a comprar coisas pra ele também. Mas
depois eu comecei a ver as roupinhas ficando pequenas e ele crescendo mais e
mais. Então eu parei de guardar e comecei a mandar pra sua casa o que comprava
pra ele.
- Foi quando ele começou a frequentar
mais a sua casa.
- A nossa casa. Sim, foi aí que eu
comecei a me aproximar mais. Mas os seus eu continuei guardando...sabia que
você não iria aceitar.
- Meu Deus Grey! Sabia que você não
era insensível ao seu filho, mas nunca imaginei isso.
- Bom...não serve mais nele. Nós
podemos doar essas coisas e, eu ficaria muito feliz se você aceitasse os seus
presentes. Bom...você vai ter que selecionar. Umas coisas devem estar fora de
moda já.
- NÃO! Eu quero tudo. Quero todos os
presentes do meu namorado.
Christian a levou de volta para o
quarto, ajudou-a a usar o banheiro e escovar os dentes antes de ir para cama. A
enfermeira apareceu na porta um pouco constrangida. Grey não a deixava
trabalhar.
- Senhor Grey...eu poderia tê-la
ajudado.
- Não foi necessário. Pode ir descansar.
Eu ficarei com minha esposa.
Ana achava que a mulher não teria
muito o que fazer ali.
- Você pode dormir sozinha um pouquinho?
Eu vou ficar com o Teddy um pouco. Acho que ele está com um pouco de ciúme.
- Claro. Fica com ele um pouco. –
Respondeu ela aceitando um leve beijo nos lábios.
- Eu volto logo.
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