Há 4 dias no
hospital, 1 completamente dopada e outros 2 com a consciência ainda abalada com
as fortes medicações, hoje era o primeiro momento em que Ana realmente tinha
condições de se expressar. E tudo o que ela fazia era chorar. Chorava pelas
lembranças, chorava pelas escoriações e machucados na pele clara, chorava por
saudade do filho com quem tinha apenas falado pelo telefone porque, devido ao
seu estado emocional, não pode vir ainda. Ana tinha medo pelo bebê que esperava
e implorava para voltar para sua casa.
Grey não sabia mais o que fazer. Já
tinha feito todos os preparativos para que Ana fosse bem atendida em casa, mas
não conseguia liberação do hospital para isso.
- Você ainda não teve alta, amor. É
pelo bebê. Por favor, só mais um pouquinho de paciência. – Esse argumento fazia
com que o choro parasse, mas a tristeza permanecia ali. – Eu vou falar com os
médicos. Volto num minuto. Carla...você fica aqui?
- Claro.
Na sala de espera Grey encontrou Kate,
Elliot e Grace. Todos sabiam da razão de sua preocupação. Fisicamente Anastásia
estava evoluindo bem. Apesar de ainda necessitar de cuidados, não corria nenhum
risco. O bebê tinha, corajosamente, superado a fase crítica e, mesmo ainda de
risco, a gravidez seguia.
O maior problema era emocional. Nunca
conseguiu lidar bem com as lágrimas de Ana. E elas não paravam de cair por sua
face nos últimos dias. Tinha medo dessa tristeza toda.
- Mãe...eu preciso levar a Ana pra
casa. Lá, perto do Teddy, com o carinho de todos, ela vai sofrer menos. Eu
preciso ver ela sorrir mãe.
- É pelo bebê que eles a estão
segurando aqui, Chris. Converse com o médico. Mas entenda o lado deles. Se a
Ana perder esse filho aí sim sofrerá muito mais.
- Nem diga isso mãe. Eu já falei com
Flynn. Ele vai vir aqui conversar com ela. Acho que quando se abrir ela ficará
melhor.
- Ela não te contou nada? –
Perguntou Elliot.
- Nada. Quando eu tentei puxar
assunto ela chorou ainda mais e eu não soube como lidar com isso. Mas em casa
será melhor. Ela se sentirá mais segura. Eu queria que Flynn a atendesse lá.
Não nesse lugar frio, mas no lar dela. Kate, eu preciso da sua ajuda.
- O que eu posso fazer? – As amigas
não tinham conversado muito nesses dias. Kate apenas tinha lhe emprestado o
ombro para desabafar, mas Ana preferiu o silêncio. E Kate sabia que Ana só
falaria quando tivesse força. Precisariam esperar. Mas ela estava ali.
- A Ana não fala nada mas...eu sinto
que o cabelo é algo que também a incomoda. Só que...se eu comentar algo ela
pode ficar chateada achando que eu não a acho bonita e essas coisas de
mulheres. Você poderia, sei lá, chamar o cabeleireiro dela aqui pra fazer um
corte no cabelo. Eu quero que a Ana volte a ver o quanto ela é bonita.
- Claro. Vou ligar pra ele.
- Eu vou ver se consigo a liberação
do hospital. Se conseguir, levo ela ainda hoje pra casa. Aí vamos precisar ver
uma roupa leve pra ela deixar o hospital. Algo que seja fácil de tirar e
colocar, por causa dos machucados. E bonito porque ainda há fotógrafos em todas
as saídas do hospital. Não quero que ela veja nenhuma foto em jornal e fique
chateada com sua aparência.
- Chamarei o maquiador para
disfarçar o hematoma no rosto. – Kate decidiu.
- Isso. – Grey concordou. – Eu quero
blindar Ana contra qualquer comentário que colabore pra piorar essa depressão
dela. Assim que estiver nós vamos viajar para um lugar tranquilo. Ela tem que
esquecer esses dias de terror.
Ana fechou os olhos...não queria
conversar com sua mãe. Queria sua cama, seu apartamento...queria a solidão.
Queria poder chorar sem ter ninguém por perto. Todos diziam que havia acabado o
pesadelo. Não era verdade. Não tinha acabado e não era um pesadelo. Era uma
realidade que faria parte de sua vida para sempre. Teddy...queria ver Teddy,
abraçar, beijar seu menino especial. Mas entendia o hospital. Estava com o
rosto destruído. Iria assustar ao filho. Tudo que havia feito era por ele.
Entregou-se ao um louco endemoniado para não permitir que Teddy fosse pego. Mas
acabou colocando a vida de seu outro filho em risco.
Não pensou na gravidez naquele
momento. Como pode? Era uma péssima mãe. Uma boa mãe não se esqueceria do filho
que estava em seu ventre. Jamais. Quando lembrou já era tarde, ele já corria
risco. E agora podia perder ele. Perder seu segundo pontinho. E tinha Grey. Ele
entrava e saía do quarto sempre nervoso, quando ela chorava seus olhos ficavam
mais escuros. Disse que desejava que ela tivesse o bebê. Era verdade. Grey não
mentia...nunca...ao contrário dela que escondeu dele esse bebê.
Kate entrou no quarto como um raio.
- Amiga, não durma! Você já dormiu
demais nos últimos dias. Tem que acordar para a vida agora. E tem um
compromisso na sua agenda.
- Compromisso?
- Sim. Importantíssimo.
- Eu não vou depor, não vou dar
entrevista a nenhum colega seu no jornal e nem ceder nenhuma foto para
imprensa. – Ela disse séria.
- Anastásia! Pensa que eu, sua amiga
há séculos, ia pedir isso?
- Não amiga...me desculpe. Eu estou
sendo péssima com todos vocês. É que eu acho que quero ficar sozinha.
- Não filha...nem pensar. Eu sou sua
mãe. Quero ficar com você. – Carla achava que Ana ainda guardava mágoa por ela
não tê-la acolhido há quase cinco anos, na época de se divórcio. Talvez
estivesse certa.
- Dona Carla...deixa eu com a Ana um
pouquinho?
- Claro meninas...claro. – Disse saindo.
- Precisamos colocar um sorriso
nesse seu rostinho Ana...urgentemente.
- Não tenho nenhum motivo pra sorrir
Kate.
- Você tem o homem que ama
desesperado pelo seu bem estar, um filho te esperando em casa, outro na
barriga, familiares e amigos dispostos a tudo pela sua felicidade. E a
Super-Kate aqui prontinha pra chutar o seu traseiro se você não se livrar dessa
depressão. Não é o suficiente.
Ana observou a amiga em silêncio por
um momento.
- Eu te amo tanto amiga. – Ana disse
antes de chorar mais uma vez.
- Não, não e não. Chega Ana. Ninguém
aguenta mais te ver chorar. Exploda, fique com raiva, se desespere, tenha ódio
por Jack e pelo que ele te fez, mas BASTA de lágrimas.
- Você está certa. – Ana enxuga as
lágrimas com o antebraço já que as mãos ainda estão enfaixadas. – E qual é o
meu compromisso?
- Ficar linda.
- Ha? Amiga, acho que você ainda não
deu uma olhadinha no meu estado. Toda lanhada e com esse cabelo acho difícil
ficar linda. Vai ver que é por isso que o Grey fica tão pouco tempo aqui. Deve
tá com nojo de me olhar.
- O que? Você bateu com a cabeça. Só
pode! Ele tá é movendo mundos e fundos pra conseguir te levar pra casa. Se você
soubesse amiga o desespero que esse homem passou sem você.
- Eu sei. – Havia feito todos sofrer
demais.
O cabeleireiro chegou e Ana tratou
de explicar que sabia que ele não faria milagres. Estava um horror e o máximo
que poderiam fazer era dar um corte bem desfiado e esperar o cabelo crescer
novamente.
- Vai ficar modernérrimo garota.
Nosssaaaaa faz muito tempo que eu queria arriscar um corte diferente em você.
Seu cabelo é lindo comprido, mas os curtos tão muito na moda. Todas as atrizes
estão cortando. E seu rosto fino e olhos grandes vão ficar divinos. Deixa,
deixa, deixa eu fazer jeito que sempre sonhei. Deixa? Se não quiser...podemos
colocar um aplique e você volta a ficar com ele longo.
- Arrisca amiga! – Kate a encorajou
.
A
animação deles a contagiou e Ana deu carta branca. O resultado ficou
surpreendente.
Enquanto o profissional da beleza
trabalhava no quarto de Ana, Grey cuidava dos últimos detalhes para transferir
a esposa para casa. Ele teve de preparar várias mudanças para receber Ana. Mas
com dinheiro, tudo é possível. Essa noite, Ana dormiria na cama deles. Gail foi
avisada e Teddy estava feliz por finalmente reencontrar a mãe.
Estava indo para o quarto da esposa,
mas viu Carla triste no corredor e foi conversar com a sogra.
- Aconteceu algo? Ana está bem,
Carla?
- Sim, sim. É que têm alguns
momentos em que eu queria ser mais próxima da minha filha. Ela parece ter mais
intimidade com a sua mãe ou com a amiga. Ela nunca me perdoou pelo que lhe fiz.
- A Ana não perdoa facilmente,
Carla. Eu sei disso. Mas ela te ama. Sempre fala em você com muito sentimento. –
Mas até hoje ele guardava uma curiosidade. – Porque vocês brigaram.
- No dia em que vocês se separaram, ela
me telefonou. Queria que eu lhe desse abrigo.
- Eu não a coloquei na rua, Carla.
Jamais faria isso com Ana.
- Eu sei. Ela me disse isso por
telefone. E eu sempre confiei em você, Grey. E por isso eu lhe disse não. Achei
que ir para o outro lado do país só pioraria as coisas. Fui dura com ela, disse
que deveria lutar por seu casamento. E, o que realmente a magoou, não
demonstrei preocupação pelo bebê. Não era isso. Eu sei como é ruim criar um
filho sozinha, não queria isso pra minha menina. Mas ela jamais me perdoará por
isso.
- Todos nós erramos com Ana nessa
ocasião. Não se condene, Carla. Na hora certa você e Ana vão conversar. Eu acho
que a chegada desse novo bebê vai nos ajudar a recompensar Ana por tudo o que
ocorreu.
- Eu amo o meu neto.
- Eu sei que ama, Anastásia também
sabe.
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Quando entrou no quarto onde a esposa
estava instalada Christian teve uma grata surpresa. Ela estava arrumada, com os
cabelos cortados e penteados. Tinha um perfume suave no ar e, o melhor, estava
mais feliz. Não era como se nada daquilo tivesse ocorrido, mas, dentro das possibilidades,
ela estava melhor.
- Você está linda. – Derreteu-se sem
se preocupar com a plateia de Kate e do profissional.
- Não exagere. Estou apenas menos
horrorosa graças ao corte no cabelo e a maquiagem.
- Não vou discutir isso apenas porque tenho
algo melhor pra fazer.
- O que? – Ela perguntou.
- Te beijar.
Ele, pela primeira vez com ela
consciente após o ocorrido, tocou seus lábios e a beijou com o amor e a paixão
de sempre. Mas a sentiu mais fria. Ficou claro que Ana não desejava aquele
contato. Não ainda, ao menos. O alerta da médica quanto a abusos que ela pode
ter sofrido voltou a tocar sua mente. Não iria pressionar ali. Quando ela
estivesse em casa eles conversariam.
- Consegui sua alta. Vamos pra casa? –
Foi só o que lhe disse antes de lhe beijar a testa selando um silencioso
acordo. Ele ia esperar pelo tempo dela.
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A ‘casa’ que Grey se referia era a
dele, a deles, a casa construída para Ana. Não o apartamento em que ela se
refugiou por tantos anos. E mesmo a casa não era a mesma que Ana conhecia.
Estava diferente e por causa dela.
Havia uma cadeira de rodas esperando
ao lado da porta de entrada. Grey passou reto por ela carregando a esposa nos
braços. Teddy não estava. Tinha ido ao parque com Ava para que só visse a mãe
já acomodada na cama e não sendo carrega. Podia ser uma imagem forte para o
garoto.
Ao lado da escada da sala tinha sido
instalado um moderno elevador. Ana olhou rapidamente.
- Para você poder circular livremente
enquanto precisar da cadeira de rodas. – explicou Grey.
- Mas não estou nela.
- E não vai usá-la muito. Só quando eu
não estiver em casa. A não ser que prefira ela aos meus braços.
- Sempre os seus braços. – Disse aconchegada.
- Foi o que imaginei. – Ele entrou no
quarto e a instalou na cama.
Ali também tinham feito mudanças. As
portas, de entrada, banheiro e closet, estavam mais largas. Grey viu a confusão
em seus olhos.
- Sim. A casa toda foi modificada para
o seu conforto. A cadeira passa com facilidade pelas portas dos cômodos que
você mais utiliza...incluindo a biblioteca. O nosso banheiro foi adaptado e
você conseguirá se banhar sozinha, se desejar. Coisa que eu não acho que vá
acontecer. E a sala de ginástica foi equipada com materiais para a suas sessões
de fisioterapia.
- Nem quero pensar no quanto isso
custou a você.
- Ótimo, não pense.
- Grey...quando eu falei que queria
vir para casa eu...
- Se referia ao seu apartamento. Eu
sei. Mas a resposta é não. Ana, lá você não tem espaço para circular numa cadeira de rodas, nem um cômodo
para a enfermeira, muito menos uma área para fisioterapia. Sem falar que Teddy
já está adaptado a essa casa. Esse é o lar de vocês.
- Cadê meu menino? Quero vê-lo.
- Já está vindo. Vou lá fora esperá-lo.
– Uma mulher de branco entrou no quarto. – Essa é Lisa. Vai te ajudar no que
precisar, Senhora Grey.
Quando estava saindo, Ana o chamou.
- Chris?
- Sim.
- Obrigada...por se preocupar comigo.
- Estamos aqui para satisfazer.
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Quando subia as escadas, dessa vez com
Teddy no colo, Grey estava ansioso. Sabia que o filho era o melhor remédio para
Ana. Teddy lhe daria a esperança e a felicidade que precisava.
- Tem que dar muito carinho pra mamãe,
Teddy. Dizer pra ela o quanto sentiu sua falta. Dar beijinhos. Só cuidado pra
não apertar ela muito. Tá bom?
- Tá papai!
- E diz pra ela que ela tá linda. As
garotas adoram ouvir isso. – O menino riu do pai. – É verdade. Um dia você vai
tentar ganhar o coração de uma garota e vai lembrar do que o papai te disse.
Mas Teddy não estava preocupado com
garotas nesse momento. Só queria saber de sua mamãe.
- Mãeeeeeeeeeeeeeee! Você demorou pra
voltar. – Disse ele correndo até a cama e se abraçando à Ana. – Você tá
machucada.
- Cuidado Teddy. – Christian orientava.
- A mamãe já está bem Teddy. Estou
aqui com vocês.
- Eu não quero mais ficar longe de
você.
- Não vai mais ficar longe. – Ana sentiu
as lágrimas correrem novamente. – Nunca mais. Nós vamos ficar coladinhos agora.
- Eu, você e o papai?
- Eu, você e o papai. – Disse Ana
chamando Grey para o outro lado da cama.
Eles ficaram abraçados em silêncio por
uns minutos. Até que Teddy lembrou de algo muito interessante.
- É verdade que o papai colocou um
bebê na sua barriga? – Perguntou o menino curioso.
- Quem te disse isso, Theodore? – Ana questionou.
- Eu ouvi a tia Kate falando com o tio
Elliott.
- Língua de trapo! – Dessa vez foi
Grey a xingar a amiga de Ana.
- Sim, filho. Tem um bebezinho, bem
pequenininho na barriga da mamãe.
- Aaaa e você gosta dele papai? –
Christian estranhou a pergunta. Era estranho como mesmo tão pequeno Teddy
parecia saber tudo o que se passava. – Mais do que gostava de mim?
- Teddy! Não diz assim. O papai sempre
gostou de você. – Ana tentou minimizar as coisas.
- Mas quando eu tava na sua barriga a
gente não morava aqui e o papai não brincava comigo quando eu era bem
pequenininho.
- Teddy, vem aqui com o papai. – O menino
ergueu os braços e Christian o fez saltar sobre Ana na cama. – Sabe como você
aprende muita coisa a cada dia? Fica mais esperto, mais inteligente, mais
legal?
- Ahaa. – Concordou o menino.
- Então, o papai também aprendeu
muito. A cada dia ele aprendeu a ser um papai melhor pra você. Eu não sou o
melhor...ainda...mas um dia
- Você é! É o melhor de todos!
- Mas não era quando você era
pequenininho e estava na barriga da mamãe. Por isso vocês não moravam aqui. Mas
você é um filho mais velho tão bom que ensinou o papai como ser legal.
- E agora a mamãe vai ter outro bebê. –
Ele ainda tava tristonho com a ideia de dividir os pais.
- E esse bebê vai ter um grande irmão
mais velho. – Ana disse. – Ele vai precisar de irmão pra aprender a brincar,
pra aprender a jogar futebol como você.
- Eu vou ensinar ele a tocar bateria! –
Grey não gostou muito disso.
- Ou piano. – Disse o pai.
- Isso também papai. – Agora ele já
estava bem mais feliz. – Eu quero contar para Ava que eu vou ter um irmão!
Ana e Christian acharam melhor
deixá-lo curtir o momento e não lhe falar da possibilidade de ser uma irmã.
Mais tarde falavam disso.
- Vai lá garoto. Você sabe o número da
tia Kate. – Disse Grey.
- E mamãe...- Disse da porta. – O papai
disse pra eu te dizer que você tá linda.
- Teddy! – Grey ria do filho.
Christian ficou ali com Ana. Estavam
abraçados na mesma cama em que dormiram nas ultimas semanas. Sexo não era um
pensamento agora.
- Eu não queria que ele soubesse. Se
alguma coisa acontecer ele vai sofrer também. – Disse Ana.
- Nada vai acontecer. – Ele beijou a
barriga dela. – A doutora virá aqui para acompanhar toda a evolução, você fará
repouso e nós vamos ganhar outro bebê saudável e com inteligência acima da
média.
- Você é um exibido. – Ana disse.
- Sou mesmo.
- Nós precisamos conversar, Grey. –
Ela ficou séria novamente.
- Eu vou te ouvir na hora que você
quiser. E o doutor Flynn também.
- Não quero fazer terapia. Quero
falar com meu marido.
- Shiiiiii. – Para acalmá-la, ele
lhe deu beijinhos na face. Quando chegou nos lábios ela enrijeceu. – Ana, me
conta o que houve. Você está fria comigo, não quer me beijar.
- Nada...é só que eu estou machucada
e...não posso fazer sexo pelo bebê e...
- E eu não sou um pervertido que
exigiria sexo nesse momento de você, mesmo que não houvesse bebê. – Grey não
gostava de mentiras. – Quero saber Ana! Quero saber o que te faz fugir até dos
meus beijos.
- Não, Ana. Eu não quero te fazer
chorar. Só quero que se abra. Que desabafe comigo. Quero que confie em mim. Eu
vou te apoiar, você sabe disso. Preciso saber o que aquele desgraçado te fez. O
que ele te falava. O que te fez ficar assim.
Ela não queria falar. Sentia que
nada a faria esquecer as horas em que pensou que iria morrer sozinha naquele
lugar. Nada que falasse a faria esquecer o gosto do medo, a vergonha pela
humilhação, a dor física e mental.
- Eu tenho vergonha. – Disse.
- O que eu posso te falar para que
entenda que nada do que aconteceu naquele lugar vai mudar a nossa relação?
Ana...aquele demônio não pode mais interferir na nossa vida.
- Não é fácil assim. Eu lembro de
tudo...lembro das ameaças, lembro da dor, lembro dele me tocando.
-
Eu sei o que é ter um trauma Ana. E sei que isso só passa com ajuda
profissional e com o tempo. Deixa eu te ajudar...eu te amo.
- Eu te amo, Grey.
Ele apenas lhe beijou a testa dessa
vez. Respeitar limites era algo tranquilo para ele. Sabia como agir.
- Eu falei com a médica. Ela me
garantiu que você não foi estuprada. Preciso que me diga, Ana, se ela está
enganada.
- Não, não está. Ao menos não
segundo a definição médica para estupro. Mas não foi porque ele não quis.
Ela estava falando no seu tempo.
Christian ficou calado esperando por mais.
- Ele queria, mas não se excitava.
- O que? – Por essa ele não
esperava.
- É...ele ficava se tocando. Mandava
eu...tocar...chupar...mas nada adiantava. Ele não endurecia.
- Estranho. No tempo que atacava as
secretárias ele não era assim. Deve ter ocorrido algo na cadeia que o deixou
impotente. Castração química, talvez.
- Não sei. Mas ele ia ficando
nervoso. Me tocava e ordenava que queria que eu o deixasse duro. Me colocava de
joelhos a sua frente e...
- Shiiii...não precisa.
- Aí ele me batia. Dizia que a culpa
era minha. Falava que alguém tava esperando uma encomenda. Que ia mandar partes
minhas para as pessoas.
- Era o seu cabelo. Para mim. Veio
numa caixa. – Ele fez carinho nos fios curtos. – Adorei seu cabelo assim.
- Não pode mais trançar.
- Realçou seus olhos. – Ele começou
a abrir a roupa dela.
- Ele dizia que ia tirar meus
dentes. Que alguém esperava pelos meus dentes. – Ana lembrava das ameaças.
- Esquece isso Ana. Era para te assustar.
– Disse enquanto abria seu sutiã.
- O que está fazendo?
- Você vai relaxar num banho de
banheira.
- E você?
- Estarei junto, é claro. Não pense
que irá se livrar de mim, senhora Grey.
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